© LusaNotícias ao Minuto 16/01/24
O chefe de Estado da Ucrânia falou sobre o conflito no país que preside e que dura há quase dois anos. Acusou ainda o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de ser um "predador" e apelou a consequências.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falou, esta terça-feira, no Fórum Económico Mundial, que se realiza em Davos, na Suíça. Começou por recordar que o conflito na Ucrânia dura há quase dois anos, mas que o combate por parte de Moscovo já dura há bem mais, dando o exemplo não só da Crimeia, que a Rússia anexou ilegalmente há quase dez anos, como também na interferência da Rússia em África. Enquanto a guerra na Síria decorre há quase 13 anos.
“Um homem roubou, pelo menos, 13 anos de paz, substituindo-a com dor, dor e mais dor e crises que têm impacto no resto do mundo”, apontou, defendendo que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, estava a tentar normalizar algo que deveria ter acabado já – Zelensky referia-se e a deportações em massa, cidades arrasadas e a sensação de que a guerra nunca vai acabar.
O chefe de estado da Ucrânia voltou ainda a defender que existe o perigo de o conflito se alastrar e que o melhor é colocar um fim neste conflito agora, enquanto isso não acontece.
Agradecendo toda a ajuda que tem sido colocada à disposição do país que preside, Zelensky defendeu que Putin deve ser obrigado a arrepender-se da invasão na Ucrânia.
“Quanto dinheiro e Putin e os seus aliados perderem, mais ele se vai arrepender desta guerra. “Temos de acabar finalmente com ilusão de que a união global é mais fraca do que o ódio de um homem”, sublinhou.
No seu discurso, Zelenesky questionou ainda se “'congelar' a guerra na Ucrânia” iria mesmo acabar com o conflito, mas recordou que já em 2014 houve tentativas de travar a guerra na região ucraniana de Donbass. “Putin é um predador que não fica satisfeito com produtos 'congelados", reforçou, acrescentando que Kyiv já tinha dado provas de que conseguiria derrotá-lo.
Após o seu discurso, Zelensky respondeu a algumas perguntas e, de acordo com o Guardian, foi questionado sobre quanto sobre quanto tempo é que o povo russo iria permitir a Putin a continuação desta guerra.. Apesar de o chefe de estado ucraniano ter dito que essa era uma pergunta para o povo russos, acrescentou que dependeria de quanto tempo o povo russo será capaz de fingir que está tudo bem. Dizendo que a pergunta deveria ser direcionada ao povo da Federação Russa, acrescentou: "Não acredito que Putin seja capaz de mudar, porque só os seres humanos é que o podem fazer".
Rematou ainda garantindo que o povo ucraniano nunca iria perdoar Putin e a apelar a consequências.
A superioridade aérea e o "não" à escalada
"Os nossos parceiros conhecem as nossas necessidades e qual a quantidade", assinalou durante o seu discurso, acrescentando que as suas forças já garantiram vantagem face à frota russa no mar Negro e que a Ucrânia já provou "conseguir atingir aviões militares russos que até ao momento ninguém abateu".
Ao renovar o seu apelo aos ocidentais para a entrega de mais armamento ao seu país, o presidente ucraniano assegurou que "as possíveis orientações e o próprio calendário de uma nova agressão russa para além da Ucrânia tornam-se cada vez mais evidentes".
Após solicitar ajuda para que Kyiv garanta "superioridade aérea" sobre a Rússia, assegurou ainda que "os nossos parceiros conhecem as nossas necessidades" e fustigou os apelos ocidentais para evitar uma "escalada" do conflito.
"Para nós, cada 'não à escalada' soa como um "Vocês vencerão" dirigido a Putin", sublinhou.
Zelensky também pediu que a indústria nuclear russa seja submetida a sanções, e pediu a entrega à Ucrânia e aviões russos imobilizados em diversos países da Europa.