12/09/2020 / Jornal Odemocrata
A Polícia Judiciária (PJ) deteve, na tarde desta sexta-feira, 11 de setembro de 2020, o diretor dos Serviços da Migração e Fronteiras, Coronel Alassana Djaló, no âmbito de um processo sob investigação ligado ao tráfico de drogas.
O alto oficial do ministério do Interior, que pertence às estruturas do Comando da Guarda Nacional, terá ordenado a retirada de 83 cápsulas de droga apreendidas pelos agentes da brigada da PJ.
A droga, segundo a fonte da PJ, foi apreendida no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, a 14 de março deste ano, ao cidadão luso-guineense Aliu Baldé, que estava em viagem para Lisboa. O suspeito terá sido preso de imediato e ter-lhe-á sido retirado o passaporte.
Uma fonte da Polícia Judiciária informou ao semanário O Democrata que meia hora depois da detenção do luso-guineense, elementos da Guarda Nacional, fardados e armados com AK-47 invadiram os serviços da PJ, no aeroporto, e retiraram o suspeito pela força, alegando que estavam a cumprir ordens do comandante. Os agentes da Polícia da Guarda Nacional, de acordo com a mesma fonte, levaram Aliu Baldée as 83 cápsulas de droga que já tinham sido analisadas e confirmadas pela PJ como sendo cocaína
“Os elementos da Guarda Nacional recuperaram o suspeito da PJ. Ordenaram-no que entregasse o passaporte, retiraram-lhe todas as cápsulas. Levaram a droga e o o suspeito. Infelizmente, até hoje não apresentaram ao Ministério Público nem a droga, nem apresentaram o suspeito ao Juiz de Instrução Criminal”, lamentou a fonte, que informou que só mais tarde souberam que Aliu Baldé terá sido libertado pela Guarda Nacional, encontrando-se neste momento fora do território nacional.
O Democrata soube que o comandante que ordenou a missão de recuperação do suspeito, é o Coronel Alassana Djaló, que, naquele período comandava o serviço da investigação criminal da Guarda Nacional. Atualmente é diretor do serviço da migração e fronteiras, cargo que desempenha há mais de três meses.
A Polícia Judiciária, no âmbito de uma investigação levada a cabo pela sua brigada antidrogas, descobriu posteriormente que as 83 cápsulas de droga confirmadas como sendo cápsulas de cocaína, foram recuperadas três meses depois, das mãos do agora detido. A fonte lamentou o fato de todas as cápsulas apreendidas terem sido adulteradas ou falsificadas.
O Democrata apurou que o suspeito disse à PJ desconhecer que as cápsulas tenham sido adulteradas e alegou que não sabe o que aconteceu de concreto à droga apreendida pela PJ no dia 14 de março, como também desconhece o paradeiro do suspeito Aliu Baldé.
A Polícia Judiciária ouviu esta manhã o coronel Alassana Djaló, por suspeitas de envolvimento no tráfico de droga e de falsificação da droga apreendida. Na sequência da audição, determinou-se a sua prisão preventiva. Estando neste momento numa das celas da Polícia da Judiciária, em Bissau.
Entretanto, O Democrata soube que será apresentado na segunda-feira, 14 de setembro, ao Juiz da Instrução Criminal para a legalização da prisão preventiva. Soube-se ainda que a PJ está a receber pressões de personalidades influentes, exigindo a sua libertação.
Por: Assana Sambú
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