Depois de conversa à porta fechada com tradutores, conversações prosseguiram com mais elementos das respetivas comitivas.© Reuters
Foram meses de avanços e recuos. A cimeira esteve quase certa, chegou a ser cancelada, mas esta terça-feira em Singapura faz-se história: Donald Trump e Kim Jong-un reuniram pela primeira vez e deram um aperto de mão cujas imagens correrão o mundo por estes dias.
Os líderes da Coreia do Norte e o dos Estados Unidos estão frente a frente pela primeira vez. A desnuclearização da península coreana mas, acima de tudo, a paz, são temas em cima da mesa.
Entre EUA e Coreia do Norte não há apenas um oceano de separação. Há décadas de tensão de uma guerra na península que nunca foi inteiramente resolvida. Na verdade, o fim da guerra nunca foi formalizado. E o apoio que norte-americanos deram aos sul-coreanos é ainda relembrado no seio do isolado e empobrecido vizinho do Norte.
Tem agora a palavra a diplomacia pelas mãos de duas figuras invulgares, à sua maneira, na atualidade da política internacional. De um lado o líder de um regime fechado, sob pressão, e com necessidade de apresentar uma vitória aos seus. Do outro o líder de uma potência democrática que vem de um G7 sob críticas e que chega aqui com a possibilidade de levar também a sua vitória, para mostrar não só aos seus apoiantes mas também aos críticos.
O Notícias ao Minuto tem estado ao longo da noite acompanhar o antes, o durante e o depois de um encontro que começou às 9h da manhã em Singapura e que se prolongará pela manhã fora (madrugada em Portugal). Fique connosco.
06h40 - “Tivemos uma reunião histórico e estamos decididos a deixar o passado para trás. O mundo vai assistir a uma grande mudança”, afirmou Kim Jong-un, agradecendo de seguida a Trump pela cimeira.
"Estamos muito orgulhosos", declarou Trump, adiantando que as coisas daqui para a frente serão diferentes. "Quero agradecer ao Kim. Passámos muito tempo juntos hoje e posso dizer que isto correu muito melhor do que qualquer um no mundo esperava". O presidente dos EUA caracteriza o documento assinado como "histórico" e "abrangente" e fala ainda em "ligação especial" que construiu hoje mesmo com Kim.
Entre traduções, os dois líderes recebem aplausos na sala no final desta histórica cimeira.
06h38 - Kim Jong-un e Donald Trump surgem novamente juntos. Preparam-se para prestar declarações e assinar documento.
06h00 - Trump adianta a jornalistas que haverá "assinatura" de documento e que a cimeira "correu melhor do que qualquer um poderia ter esperado", reporta a CNN.
05h38 - Após almoço, Donald Trump e Kim Jong-un surgem juntos em pequena caminhada que não escapou às objetivas da imprensa internacional. Trump alerta que poderá haver declarações em breve. Eis uma imagem do momento.
[Caminhada dos dois líderes após almoço de trabalho]
© Reuters
05h00 - Não houve acaso nem no número de acompanhantes nem no número de bandeiras (seis de cada país) que surgiram lado a lado. Para a Coreia do Norte, esta questão era importante para mostrar que a reunião decorria com os dois países representados ao mesmo nível, explica a CNN. Ainda assim, nos EUA, surgiram críticas, tanto à Direita como Esquerda, pelo facto de a bandeira do país surgir como surgir, ao lado da bandeira de um país de regime ditatorial.
04h40 - Enquanto se espera por novidades das conversações, já é conhecida a ementa do almoço de trabalho. Há pratos ao gosto de ambos, representando também as diferentes culturas. Há salada de gambas com abacate e pepino recheado (chama-se 'oiseon' e é tipicamente coreano, dá conta a BBC). Há porco agridoce, costeletas e até bacalhau, sem esquecer sobremesas, de chocolate até gelado de baunilha da Häagen-Dazs, entre outras iguarias. Um pouco de Oriente e de Ocidente também à mesa de refeição.
04h30 - Conversações vão prosseguir, mas agora à mesa de refeição.
04h10 - De jornalistas em Singapura chega uma curiosa citação de Kim para Trump, já após o perto de mão e as primeiras declarações: "Muitas pessoas no mundo vão pensar que é fantasia... ou um filme de ficção científica".
03h50 - Jonathan Ernst, fotógrafo da agência Reuters, dá-nos uma perspetiva mais próxima do histórico aperto de mão.
[Um outro olhar sobre o histórico aperto de mão]
© Reuters/Jonathan Ernst
03h45 - Da Coreia do Sul chegam imagens do primeiro-ministro e presidente a assistirem, juntos, ao início da cimeira. "Pode-se ver a reação nos rostos deles", destaca no Twitter a jornalista Elise Hu.
South Korea's president and prime minister together watched a live stream of the summit opening. You can see their reaction on their faces #TrumpKimSummit
03h40 - A BBC reporta alguns números e curiosidades desta cimeira. A 'conta' de Singapura é de perto de 20 milhões de euros. A maior parte do dinheiro foi investido em segurança. Há também cerca de três mil jornalistas a acompanhar 'in loco' as incidências. É um número nunca antes visto em Singapura. Um que até já valeu um pequeno 'susto' no local onde se encontram os jornalistas: com a manhã a começar cedo para tanta gente, o stock de café do hotel foi 'vítima' a registar.
03h30 - Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul, admite que a última noite foi mal dormida, na expectativa de encontro entre EUA e Coreia do Norte. Falou também na esperança de "um novo capítulo" que este encontro poderá trazer.
03h00 - A conversa privada entre os dois líderes já terminou. Conversações prosseguem agora com a mesa mais composta, com elementos de ambas as comitivas a juntarem-se às negociações.
[Reunião prossegue para segunda etapa, agora com mais elementos à mesa] © Reuters
02h48 - Dennis Rodman, histórico jogador da NBA, apoiante de Trump e possivelmente o maior amigo norte-americano de Kim Jong-un, falou à CNN de forma emotiva. "Um grande dia para todos", afirmou por entre lágrimas, lembrando que chegou a estar sozinho a defender a ideia de que era possível um encontro diplomático a este nível.
Speaking with CNN’s @chriscuomo while wearing a “Make America Great Again” hat, former NBA star @dennisrodman describes his relationship with North Korean leader Kim Jong Un and his hopes for the country cnn.it/2sUFOUK
02h35 - A BBC reporta que houve aplausos na Coreia do Sul em locais públicos no momento em que Trump e Kim apertaram mãos. Reação semelhante já se tinha verificado quando os líderes das duas Coreias se encontraram em abril.
02h30 - A CNN realça o que podemos agora esperar. Primeiro, um encontro a sós (os dois líderes mais os tradutores) de 40 minutos. Conselheiros de ambas as comitivas deverão juntar-se depois para conversações alargadas. Encontro deverá prolongar-se ela manhã em Singapura até à hora de almoço mas não há hora prevista para terminar.
02h15 - Lado a lado, os dois líderes reservaram curtas palavras aos jornalistas antes de conversações começarem. Trump realçou esperar um "tremendo sucesso". Já o líder norte-coreano, com a ajuda de um tradutor, realçou os "obstáculos" e "antigos preconceitos" que se enfrentou para chegar a este momento. "Não foi fácil chegar até aqui", afirmou.
020h04 - Encontro histórico: o presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte apertam a mão para as câmaras antes de início de conversações. "O momento que o mundo esperava", escreve a BBC.
[Um aperto de mão para a história]
© Reuters
02h00 - São 9h da manhã em Singapura, a hora marcada para o início do encontro.
01h45 - Minutos antes de cimeira começar, Donald Trump enviou mensagem de apoio a Larry Kudlow, um dos seus conselheiros para a área de economia, que sofreu um ataque cardíaco.
Our Great Larry Kudlow, who has been working so hard on trade and the economy, has just suffered a heart attack. He is now in Walter Reed Medical Center.
01h30 - A comitiva de Kim Jong-un a chegar. Está (quase) tudo a postos para o início.
[Comitiva norte-coreana à chegada ao local de encontro ]
© Reuters
01h24 - Donald Trump acaba de chegar à cimeira. Comitiva norte-americana mostrou parte do percurso a caminho do Hotel Capella, na ilha de Sentosa.
01h00 - A CNN revela que, no dia antes da reunião, Trump falou ao telefone com os líderes do Japão e da Coreia do Sul (Shinzo Abe e Moon Jae-in, respetivamente). Entretanto, falta uma hora para o início da cimeira.
00h55 - Mike Pompeo, secretário de Estado dos Estados Unidos, a caminho da cimeira.
.@SecPompeo departs the Shangri-La Hotel for today’s historic #SingaporeSummit
00h30 - Conta a BBC que na Coreia do Norte há imagens curiosas na primeira página do Rodong Sinmun, o jornal estatal. É Kim Jong-un em passeio turístico a elogiar a "beleza" de Singapura. No Twitter circulam algumas imagens do passeio.
00h01 - Faltam neste momento menos de duas horas para que Donald Trump e Kim Jong-Un, acompanhados pelos tradutores, comecem a histórica reunião.
A segurança é pesada junto ao Hotel Capella, onde irá decorrer encontro.
[Jornalistas e forças de segurança junto ao local da cimeira]
© Reuters
Entre sinais positivos e sinais contraditórios
Apesar de tudo, e ainda que sejam necessários mais sinais concretos, 2018 fica já marcado por uma aproximação entre Norte e Sul, uma aproximação proporcionada (e aproveitada de parte a parte, apesar de todas as dificuldades) pelos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em fevereiro, em Pyeongchang, na Coreia do Sul. Em abril, houve outra histórica cimeira, uma que juntou precisamente os líderes das duas Coreias.
A dúvida do mundo passa agora por perceber como Kim Jong-Un e Donald Trump, depois de meses de mensagens de parte a parte, muitas delas mudando com aparentes contradições e até com 'nucleares ameaças', vão lidar um com o outro durante uma reunião que está a gerar expectativas no mundo inteiro.
Antes da cimeira de Singapura
Nenhum pormenor escapa ao acaso. Limpeza incluída. Da objetiva da Reuters chega-nos uma curiosa imagem de uma empregada junto às bandeiras dos dois países. Há não muito tempo, poucos imaginariam poder ver estas duas bandeiras lado a lado num evento oficial.
[Duas bandeiras lado a lado. Uma imagem impensável durante décadas]
© Reuters
Já por Singapura, Kim Jong-un conheceu alguns pontos turísticos na companhia do ministro dos negócios estrangeiros local, Vivian Balakrishnan. E até tivemos direito a selfie.
A cimeira encontra-se rodeada dos mais variados níveis de segurança. Isto inclui todos os preparativos de parte a parte mas também uma curiosa tropa especial vinda das montanhas do Nepal.
Em antecipação ao encontro têm sido várias as reações:
António Guterres, enquanto secretário-geral das Nações Unidas, mostrou-se confiante que haverá progressos. "O mundo está a seguir de perto", alertou.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou que este encontro é a prova de que os dois países estão "amplamente empenhados em chegar a uma solução que beneficiaria ambas as partes bem como o mundo inteiro".
A China, cada vez mais relevante no 'tabuleiro' da geopolítica mundial e parceiro próximo da Coreia do Norte, mesmo em alturas em que houve sanções por parte da comunidade internacional, disse também esperar resultados positivos.
De Portugal, surgiram também vozes de apoio, com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a reforçar os desejos de que a paz seja a 'vencedora' desta reunião.
Parte particularmente interessada é a vizinha Coreia do Sul. O presidente do país, Moon Jae-in, disse hoje esperar que a cimeira seja "um marco histórico no caminho para a paz".
Estas reações incluem também as da imprensa norte-coreana. Num regime que habituou os seus a poucas e controladas informações, o encontro já é assunto, tal como a desnuclearização, e há expectativas para o que aí vem.
O próprio Trump ‘puxou dos galões’ de negociador para afirmar que os primeiros minutos do encontro bastariam para perceber a margem de sucesso do encontro. E foi perentório caso ache que não há empenho do outro lado da mesa: “Não vou perder o meu tempo”, afirmou.
Também esta segunda-feira, via Twitter, Donald Trump deixou também mensagem aos "haters" e "losers".
The fact that I am having a meeting is a major loss for the U.S., say the haters & losers. We have our hostages, testing, research and all missle launches have stoped, and these pundits, who have called me wrong from the beginning, have nothing else they can say! We will be fine!
Aproveite também para espreitar a entrevista de Vozes ao Minuto com José Duarte de Jesus, ex-embaixador português na China que teve uma relação privilegiada com a Coreia do Norte.
[Notícia em atualização]
Fonte: NAOM