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POR LUSA 09/02/23
O líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, que tem sido impedido de sair da Guiné-Bissau por alegadas "ordens superiores", convocou hoje os guineenses para a "resistência" e anunciou que irá tentar sexta-feira viajar para o estrangeiro.
Numa mensagem na rede social Facebook, Domingos Simões Pereira afirma que tem escolhido o "caminho da verdade, da legalidade e da transparência" e tratado os "adversários mais ferozes" com "respeito e consideração".
"Infelizmente, isso tem sido continuamente mal interpretado e mal-usado, até por entidades oficiais que, perante as leis e tendo obrigações constitucionais têm preferido a violação, a força, o abuso", salientou.
O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) explica que o "último episódio" está relacionado com a sua interdição de viajar em 16 de dezembro.
"Com a simples menção verbal de ordens superiores voltei a ser impedido de embarcar, pondo em causa a convivência da família no período de festas, o tratamento médico que já tinha agendado, compromissos académicos e políticos", refere na mensagem.
Para Domingos Simões Pereira, aquela é uma "intenção de provocar o bloqueio do PAIGC" e, que já foi "publicamente expressa", para "acabar" com o partido, "silenciar o passado e apagar a história".
"Esta é uma condição que não podemos negociar, nem tolerar", salienta na mensagem.
Segundo Domingos Simões Pereira, não foram deixadas "muitas alternativas" e a mensagem representa a sua convocação "do povo guineense em geral, dos militantes e simpatizantes, em particular" para a "resistência".
"Depois de alertar a toda a diáspora e o conjunto da comunidade internacional, tendo ativado as instâncias judiciais internacionais, temos de ir à luta e enfrentar o nosso destino de pé, sem rodeios nem hesitações", refere.
Por isso, segundo Domingos Simões Pereira, na sexta-feira fará "mais uma tentativa de embarque" e irá exibir "todos os documentos que comprovam a não existência de qualquer restrição" contra a sua liberdade de circulação e exigir que lhe apresentem as "provas de qualquer dispositivo legal que contrarie isso".
De seguida, caso seja impedido de viajar, o líder do PAIGC referiu que convoca os guineenses a acompanharem-no na visita a "todos os bairros da capital, para constatar e denunciar todos os desmandos" que estão a "consumir" os guineenses e "alertar todos, sobretudo os que se vão deixando adormecer para a necessidade" de acordar "e alertar todos" os "irmãos e camaradas".
"Eu prometi nunca comprometer a paz e a tranquilidade deste país e continuarei a dar o meu melhor nesse sentido, mas também assumi sempre não entregar os meus direitos e liberdades, em troco de seja o que for", conclui Domingos Simões Pereira.
O líder do PAIGC já foi por várias vezes impedido de sair do país por "ordens superiores".
O congresso do partido também foi adiado por diversas vezes devido a decisões de judiciais, tendo a sede da formação partidária, situada no centro de Bissau, chegado a ser invadida pelas forças de segurança, em março de 2022, e cercada em agosto do mesmo ano.
O X congresso foi realizado em novembro de 2022, mas acabou também por ser invadido pelas forças de segurança para deterem, sem sucesso, o antigo primeiro-ministro guineense Aristides Gomes.
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