Por sicnoticias.pt
Três jornais nórdicos escrevem em russo para combater propaganda do Kremlin.
Três grandes jornais nórdicos anunciaram que vão traduzir para russo parte dos seus artigos sobre a guerra na Ucrânia, para chegar ao público na Rússia e contrariar a “propaganda” do Kremlin.”O nosso objetivo é dar aos russos acesso a uma cobertura não-partidária e fiável”, escrevem os editores-chefes dos jornais diários Politiken (Dinamarca), Dagens Nyheter (Suécia) e Helsingin Sanomat (Finlândia) numa coluna conjunta.”
A tragédia ucraniana não deve ser comunicada ao público russo através de canais de propaganda”, argumentam, denunciando o recente encerramento “dos últimos meios audiovisuais independentes na Rússia”, a Rádio Echo de Moscovo e o canal de televisão da oposição Dozhd.
Muitos órgãos de comunicação social estrangeiros também decidiram suspender as suas atividades na Rússia, depois de a Duma (Parlamento russo) ter aprovado uma lei que pune fortemente qualquer “informação falsa” após os militares russos terem invadido a Ucrânia.
O acesso à rede social Facebook também foi cortado, sinalizando, de acordo com os especialistas, a vontade do Kremlin de sufocar qualquer voz dissonante sobre o conflito ucraniano.
“As mães russas precisam de saber que os seus filhos foram enviados para o desconhecido, que civis inocentes são mortos e feridos, que dois milhões de ucranianos foram forçados a fugir do seu próprio país e que milhões de crianças ucranianas tiveram as suas infâncias destruídas”, escreveram os três editores, Christian Jensen (Politiken), Peter Wolodarski (Dagens Nyheter) e Kaius Niemi (Helsingi Sanomat).
No relato oficial russo, a invasão da Ucrânia é apresentada como uma operação de manutenção da paz limitada e destinada a proteger os ucranianos de língua russa de “genocídio”.A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,31 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
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SIC Notícias 12 Março, 2022 Cerca de 50 países dependem das importações de trigo e obtêm 30% ou mais de seu trigo da Rússia e da Ucrânia.
Segundo um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 8 a 13 milhões de pessoas no mundo poderão sofrer de subnutrição se o bloqueio às exportações de alimentos na Ucrânia e Rússia perdurarem devido à guerra.
Há 50 países que dependem das importações de trigo e obtêm mais de 30% do trigo a partir da Rússia e Ucrânia.
O diretor-geral da FAO disse que “as interrupções nas cadeias de produção e fornecimento de transporte de grãos e oleaginosas, e as restrições impostas às exportações da Rússia, terão repercussões significativas na segurança alimentar”. É o caso da Ásia, África Subsaariana, do Médio Oriente e do Norte de África.
O Presidente francês alertou que as falhas nas cadeias de produção e fornecimento de alimentos também se poderão sentir na Europa nos próximos 12 a 18 meses.
A organização internacional recomenda que os países continuem as trocas tanto quanto possível, a fim de “proteger as atividades de produção e comercialização destinadas a atender às procuras nacionais e mundiais”.
“Para o grande número de pessoas adicionais em todo o mundo que correm o risco de serem empurradas para a pobreza e a fome devido ao conflito, devemos fornecer programas de proteção social adequadamente direcionados sem demora”, disse Qu Dongyu.
Kirill, Alice e Polina são alguns dos nomes das crianças vítimas dos ataques no país.São já 79 o número de crianças vítimas da invasão russa contra a Ucrânia - iniciada no dia 24 de fevereiro - e mais de 100 feridas nos bombardeamentos e ataques russos no país.
O balanço é avançado pela Procuradoria Geral da República da Ucrânia, segundo o jornal The Kyiv Independent.
Kirill, Alice e Polina são alguns dos nomes das crianças vítimas dos ataques no país...Ler Mais
Alex e Maria são pais de um bebé de apenas um mês. Não queriam ter de fugir da cidade onde viviam: Kharkiv.Alex e Maria são um casal de russos que se viu obrigado a fugir da cidade onde moravam, Kharkiv, na Ucrânia, para a Polónia. Com um filho de apenas um mês, Alex queria acreditar no que dizia o presidente do seu país, Vladimir Putin, de que seria uma 'operação militar especial' que os civis não precisavam temer.
"Dois a três dias" era o tempo que o russo acreditava que duraria a invasão, mas tal não aconteceu. Não queriam acreditar que teriam de abandonar a sua casa em busca de segurança, descreve o jornal espanhol El País...Ler Mais
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© TwitterNotícias ao Minuto 12/03/22
Ucranianos afirmam que Força Aérea está a funcionar contra as tropas de Putin.
O Ministério da Defesa ucraniano anunciou esta manhã a destruição de um posto de controlo russo que se dirigia a Kyiv. Numa publicação feita na rede social Twitter é divulgado ainda um vídeo da destruição desse mesmo posto.
"A nossa Força Aérea está a funcionar", escreve o Ministério na publicação.
Recorde-se que a invasão russa à Ucrânia vai já no 17.º dia. Os ataques em várias cidades ucranianas mantêm-se intensos, no entanto, não se têm revelado tão eficientes quanto esperava o presidente da Rússia Vladimir Putin, revelando algumas fraquezas do exército russo.
Daniela Melo, politóloga luso-americana especialista em relações internacionais que leciona na Universidade de Boston, disse em declarações à Lusa que a "guerra não está a correr bem a Putin" que esperava uma guerra rápida e acreditava que o Ocidente não se envolveria.
Pelo contrário, o Ocidente envolveu-se em força e os ucranianos estão a resistir desde o primeiro dia.
A invasão russa iniciou-se na madrugada de dia 24 de fevereiro sob pretexto de uma 'desnazificação' do país. Desde então, a destruição tem sido massiva, tendo inclusive uma maternidade em Mariupol sido bombardeada.
Desde o primeiro dia que a generalidade da comunidade internacional condenou veemente o ataque. Foram impostos vários pacotes de sanções que podem não se ficar por aqui.
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© Amir Levy/Getty ImagesPor LUSA 12/03/22
Ao final da segunda semana de invasão da Ucrânia pela Rússia, o desenrolar da incursão militar está a causar surpresa e a demonstrar fraquezas no exército russo, disseram à Lusa cientistas políticos nos Estados Unidos.
"A guerra não está a correr bem a Putin", afirmou Daniela Melo, politóloga luso-americana especialista em relações internacionais que leciona na Universidade de Boston. "O que nós presumimos que eram as expectativas iniciais que ele tinha, de que esta seria uma guerra rápida em que o Ocidente não se quereria envolver e em que poderia pôr rapidamente um governo em Kyiv, saíram furadas".
Com notícias de que haverá falta de rações e de gasolina no contingente russo, a imagem do presidente Vladimir Putin e do seu exército está a deteriorar-se, algo que poderá enfurecer ainda mais o chefe do Kremlin.
"O que estamos a ver ao fim de duas semanas é uma série de surpresas", disse o especialista em relações internacionais Everett Vieira III, professor na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno. "Pensei que Putin atacaria de forma mais rápida e eficiente. O facto de que as forças ucranianas conseguiram resistir está a surpreender muita gente".
Considerando que isto "está a mostrar fraquezas no exército russo", o académico ressalvou que a expectativa é de que Moscovo endureça os ataques de forma esmagadora. "Putin ainda não mostrou todas as suas cartas e não fez o pior", sublinhou Vieira.
Putin pode ficar tão zangado e tão descontrolado que poderá começar a usar armas nucleares táticas
É por isso que está a aumentar o receio de que a Rússia passe a ataques nucleares ou recorra a armas químicas.
"O exército russo poderá ser significativamente mais fraco que o que qualquer um de nós pensava. Talvez Putin pensasse que, com 200 mil militares, só o número seria suficiente para dominar a Ucrânia, mas tal não aconteceu", disse Thomas Holyoke, chefe do departamento de ciência política na Fresno State.
"Putin pode ficar tão zangado e tão descontrolado que poderá começar a usar armas nucleares táticas, cujo poder nuclear é potencialmente maior que a bomba que caiu em Hiroshima", explicou. Um dos problemas, disse, é que o Kremlin não pode aceitar uma derrota. "Vai escalar e escalar, daí o medo de que use armas nucleares. Ninguém sabe bem qual é o objetivo final aqui".
Para Jeffrey Cummins, reitor interino da Faculdade de Ciências Sociais em Fresno, alguns sinais apontam mesmo para cenários catastróficos.
"Há sinais de alerta que mostram que Putin tem os olhos postos em mais que a Ucrânia", disse à Lusa. "Uma delas é o facto de esta ser uma invasão total, que está a tentar tomar o controlo de todo o país", contrariando as análises preliminares que apontavam apenas para a anexação de território ucraniano com movimentos separatistas.
O ataque a áreas civis, com a destruição de hospitais pediátricos e maternidades, evidencia essa intenção e é algo a que Daniela Melo chama de "estratégia de rendição": infligir o maior número de mortes e horror para forçar à rendição completa. "E uma certa certeza de que nunca serão levados ao Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra", frisou.
Por outro lado, Putin disse que via a ocidentalização da Ucrânia como uma ameaça existencial para a Rússia. "Não sei porque é que não pensará o mesmo de outros países da Europa de Leste que se tornaram mais ocidentais, alguns dos quais entraram na NATO", afirmou Cummins.
"Poderá colocar esses países na mira, porque falou de querer restaurar a antiga União Soviética e o império russo", continuou. "Se esse é o objetivo último, então a invasão da Ucrânia é apenas um passo numa tentativa muito mais alargada de expandir o território da Rússia".
O que os analistas consideram, apesar da resistência, é que Moscovo tem capacidade para tomar o controlo da Ucrânia, ainda que demorando mais tempo.
"Em termos de número de armas e de capacidade militar, o mais provável é que Putin consiga na mesma ganhar a guerra convencional e que chegue a um ponto em que consiga mudar o governo em Kyiv", referiu Daniela Melo. "Mas aí também há uma grande probabilidade de uma insurreição e de um conflito muito longo".
Everett Vieira III deu o exemplo do Iraque, onde a insurreição dura há vinte anos, e disse que a Ucrânia pode seguir o mesmo caminho. "Salvo se houver uma completa aniquilação, consigo ver isto a durar anos e anos".
Esse cenário indica que podemos passar a um jogo de espera. "O que é que aguenta mais tempo - a economia russa ou o interesse do Ocidente sobre o que se está a passar na Ucrânia?", questionou Daniela Melo.
Sublinhando a complexidade da situação, que pode seguir em direções muito diferentes, a politóloga frisou que os efeitos negativos desta decisão de Vladimir Putin tornam difícil compreendê-la.
"Não temos um tiro pela culatra político deste nível deste 1945", afirmou. "Temos a potencial criação de um estado pária, o isolamento internacional a um nível nunca visto desde o fim da II Guerra Mundial e o enfraquecimento geopolítico da Rússia, porque demonstrou que as suas forças armadas não são tão fortes nem tão organizadas quanto se acreditava".
A isso junta-se o colapso da economia russa, que pode acontecer já este verão. "Putin precisa de uma porta de saída, mas ainda não deu sinais de estar pronto para o diálogo e para abdicar do que ele julga ser o direito a controlar a política interna e externa da Ucrânia", frisou Daniela Melo.
No entanto, a especialista diz que ainda não há sinais de fissuras internas que levem a pensar num golpe de estado ou uma revolução dentro da Rússia.
O que há, disse Thomas Holyoke, é embaraço e estranheza. "Putin queria uma vitória esmagadora, porque isso fá-lo-ia parecer muito forte", afirmou. "E agora o que parece é que é um tolo".