© Getty Images Lusa 06/01/2025
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiu hoje que o Canadá devia passar a ser mais um Estado do país, realçando que o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, apresentou a demissão por saber isso.
"Muitas pessoas no Canadá ADORARIAM ser o 51.º estado. Os Estados Unidos não podem mais suportar os enormes défices comerciais e os subsídios que o Canadá precisa para se manter à tona. Justin Trudeau sabia disso e renunciou", frisou o republicano, numa publicação na sua rede social, Truth Social.
"Se o Canadá se juntasse aos Estados Unidos, não haveria tarifas, os impostos baixariam consideravelmente e estariam COMPLETAMENTE SEGUROS da ameaça dos navios russos e chineses que os rodeiam constantemente. Juntos, que grande nação seríamos", vincou ainda.
A proposta de Trump de que o Canadá se integre nos Estados Unidos, que tem repetido nos últimos dias mais como uma brincadeira do que como uma possibilidade real, gerou desconforto entre os canadianos, defensores da sua soberania.
Trump expressou esta ideia pela primeira vez durante um jantar com Trudeau em Mar-a-Lago, na Florida, em 29 de novembro, numa conversa que se tornou pública mais tarde.
O presidente eleito ameaçou impor tarifas de 25% sobre todos os produtos provenientes do Canadá e do México se não impedirem o fluxo de migrantes e drogas para os Estados Unidos, o que levou Trudeau a visitar Mar-a-Lago para tentar persuadir Trump.
Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial do Canadá e o destino de 75% das suas exportações. Cerca de dois milhões de canadianos, numa população de 41 milhões, dependem dos Estados Unidos.
O primeiro-ministro canadiano anunciou hoje a sua demissão, indicando que se manterá no cargo até que o seu partido escolha um sucessor.
Quase 10 anos depois de ter chegado ao poder, Justin Trudeau, 53 anos, estava sob pressão há semanas, com a aproximação das eleições gerais e numa altura em que a sua força política, o Partido Liberal (PL) do Canadá, está mal colocada em diversas sondagens.
"Este país merece uma verdadeira escolha nas próximas eleições. Tornou-se claro para mim que se tiver de travar batalhas internas, não posso ser primeiro-ministro", disse o governante, que tem estado a enfrentar um descontentamento crescente em relação à sua liderança.
A saída abrupta da vice-primeira-ministra e ministra das Finanças, Chrystia Freeland, no final do ano, que discordava de Justin Trudeau sobre a forma de gerir a guerra económica iminente com os Estados Unidos, fez transparecer uma turbulência crescente no seio do governo canadiano.
Trudeau referiu que pediu ao presidente do Partido Liberal que inicie o processo de seleção de um novo líder.
Segundo fontes governamentais, o parlamento, que deveria ser retomado a 27 de janeiro, será suspenso pelo menos até 24 de março, data que permitirá a realização de uma corrida à liderança do Partido Liberal.