domingo, 25 de maio de 2025

Conselho de Segurança do Irão suspende lei de obrigatoriedade do hijab... O Conselho de Segurança Nacional do Irão desautorizou o parlamento e suspendeu a aplicação de uma lei controversa que obriga as mulheres a usarem o hijab, o lenço islâmico, em público.

© Lusa  25/05/2025

O presidente do parlamento iraniano, Mohamed Bagher Ghalibaf, confirmou hoje uma decisão do Conselho de Segurança que substitui a medida aprovada no ano passado por muitos deputados extremistas.

No entanto, o Conselho de Segurança iraniano é o mais alto órgão de decisão do país e, de acordo com a Constituição, pode também rever as decisões do parlamento e até do Governo.

"O Secretariado do Conselho Supremo de Segurança Nacional informou-nos por escrito de que a lei do hijab não será promulgada por enquanto", afirmou o presidente do parlamento numa declaração divulgada pelo portal de notícias Entekhab, e citada pela Europa Press.

A lei impõe multas pesadas, a retirada de serviços públicos e, em caso de reincidência, penas de prisão às mulheres que não cubram o cabelo em público. Até ao anúncio de Ghalibaf, a lei estava a ser revista após vários episódios de protesto e sob as reservas do presidente reformista do país, Masud Pezeshkian.

O parlamento, por seu turno, insistiu em aplicar a lei de uma vez por todas para defender os valores islâmicos da "invasão cultural do Ocidente".

A oposição à lei cresceu com os protestos em massa sob o lema "Mulheres, Vida, Liberdade", na sequência da morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini, no outono de 2022, devido a ferimentos sofridos enquanto estava sob custódia da Polícia da Moralidade por alegadamente ter violado o código de vestuário islâmico ao usar indevidamente o lenço na cabeça.


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UE pede "pressão internacional" sobre Rússia após ataques na Ucrânia... A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, pediu hoje "maior pressão internacional sobre a Rússia", depois de ataques aéreos russos na Ucrânia na última noite terem provocado pelo menos 12 mortos.

© Lusa   25/05/2025

"Os ataques de ontem à noite mostram, mais uma vez, que a Rússia está empenhada em aumentar o sofrimento e a aniquilação da Ucrânia. É devastador ver crianças entre as vítimas inocentes feridas e mortas", referiu Kaja Kallas, numa mensagem publicada na plataforma X (antigo Twitter). 

"Precisamos da maior pressão internacional sobre a Rússia para parar esta guerra", insistiu a diplomata comunitária.

Também hoje, a Comissária Europeia para a Igualdade, Preparação e Gestão de Crises, Hadja Lahbib, criticou o ataque russo, que classificou como um dos "mais duros desde o início da guerra".

Do lado de Kiev, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Andri Sibiga, foi no mesmo sentido e apontou que este foi "o maior ataque aéreo russo das últimas semanas".

Além dos 12 mortos -- dos quais três crianças -- os ataques aéreos da noite de sábado feriram pelo menos 60 pessoas, de acordo com dados da administração ucraniana.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, pediu aos atores internacionais -- nomeadamente Estados Unidos da América -- para que intensifiquem a sua pressão contra a Rússia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).


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A delegação empresarial chinesa concluiu esta semana uma visita de proteção a Bissau. Durante sete dias, os empresários mantiveram encontros com diversas autoridades nacionais, reafirmando a intenção de investir até 600 biliões de francos CFA em vários setores. A visita terminou no Porto de Pesca Artesanal, último ponto da agenda.

No encerramento da missão, Junyi Yé, Presidente do Comité de Trabalho China-África para Cooperação e Desenvolvimento, e o Embaixador guineense na China, Serifo Embaló, sublinharam a forte disponibilidade financeira da parte chinesa e a urgência na elaboração de projetos que impulsionem a transformação económica do país.

Nenè Embaló, cidadã guineense residente na Espanha, pede ao Governo da Guiné-Bissau a redução das taxas alfandegárias. Segundo ela, isso facilitaria o investimento dos guineenses na diáspora no país.

PR Umaro Sissoco Embaló, preside Colóquio alusivo ao Dia da África

Bissau acordou com polícia na rua e sem manifestantes, após apelos... A cidade de Bissau acordou neste domingo com o aparato policial habitual na convocação de protestos, mas sem a presença de manifestantes na marcha pela reposição da democracia convocada por duas plataformas da sociedade civil.

© Lusa  25/05/2025 

O apelo para sair às ruas da Guiné-Bissau neste domingo foi lançado pela organização cívica e social 'Po de Terra' (pau da terra), à qual se juntou a Frente Popular, plataforma que congrega associações de jovens e sindicatos.

A manifestação foi anunciada também para reivindicar o fim da supressão das liberdades fundamentais no país, em alusão à ordem do Governo de Iniciativa Presidencial que proíbe ações políticas e da sociedade civil nas ruas.

As duas organizações não divulgaram pormenores sobre a manifestação que convocaram para todo o país, escolhendo simbolicamente o Dia de África, que se assinala neste domingo.

A reportagem da Lusa percorreu várias artérias da cidade de Bissau e, nas primeiras horas da manhã, observou o habitual aparato policial colocado nas ruas nestas ocasiões, sem movimento aparente relacionado com o protesto.

Os promotores ainda não se pronunciaram.

Desde que o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento, em dezembro de 2023, já houve, pelo menos, dez tentativas de manifestações sem sucesso na Guiné-Bissau.

As convocatórias para estas ações começaram com a coligação PAI-Terra Ranka, afastada do Governo com a dissolução da Assembleia Nacional Popular, em dezembro de 2023, seis meses depois da tomada de posse e sem terem decorrido os 12 meses fixados pela Constituição, desde a data das eleições.

O chefe de Estado alega ter usado uma prorrogativa constitucional que lhe permite avaliar se há condições de governabilidade e mediante a qual concluiu que não existiam.

Sissoco Embaló considerou que o parlamento estava a pactuar com alegados atos de corrupção do Governo de maioria parlamentar da coligação liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

O Presidente da República substituiu o executivo por um de iniciativa presidencial e o presidente da Assembleia, Domingos Simões Pereira, líder da PAI-Terra Ranka e do PAIGC, por Adja Satu Camará, Madem G15, partido de que o Chefe de Estado é fundador.

A PAI-Terra Ranka tentou sem êxito uma primeira manifestação no início de janeiro de 2024 e voltou a insistir, com o mesmo resultado, a 18 de janeiro, já depois de o Ministério do Interior ter proibido qualquer manifestação na via pública.

Em abril, voltou a pedir, sem resultado, mobilização aos guineenses para protestar, por ocasião da primeira visita do novo Presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, à Guiné-Bissau.

Um mês depois, a Frente Popular, que se apresenta como uma organização cívica, convocou para 18 de maio uma manifestação em todo o país, sem mobilização.

A organização repetiu o apelo a 03 de agosto com o mesmo resultado e em novembro a PAI-Terra Ranka ameaçou com manifestações para o dia das Forças Armadas, 16 de novembro, e a 21 de novembro contra o adiamento das eleições legislativas antecipadas.

A PAI-Terra Ranka cancelou o protesto do dia das Forças Armadas e o seguinte não teve adesão, assim como o apelo que toda a oposição fez para a paralisação do país a 27 de fevereiro de 2025, data em que o Presidente da República completou cinco anos no cargo.

Os promotores dos protestos alegam que o aparato policial e militar e o lançamento de gás lacrimogéneo intimidam e desmobilizam.

O Chefe de Estado convocou, entretanto, eleições gerais, presidenciais e legislativas, para 23 de novembro de 2025.

Sissoco Embaló avisou que a manifestação marcada para este domingo teria "uma resposta adequada" e afirmou que foi convocada por organizações ilegais e que os seus promotores pretendem desestabilizar o país.

O comissário da Polícia de Ordem Pública (POP) guineense, Salvador Soares, disse desconhecer a intenção das duas plataformas da sociedade civil e avisou que a polícia estaria na rua para garantir segurança e tranquilidade, no âmbito da visita que o Presidente do Senegal realiza a Bissau entre segunda e terça-feira.

O general Soares afirmou que a POP não recebeu qualquer comunicação oficial sobre a manifestação, facto desmentido pelos líderes das duas plataformas, segundo os quais o Ministério do Interior se recusou a receber as correspondências para comunicar a realização da manifestação.


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Coreia do Norte detém três dirigentes após acidente com novo navio de guerra

Com  cnnportugal.iol.pt, 25/05/2025 
Os especialistas norte-coreanos estimam que serão necessários "dois ou três dias para restaurar o equilíbrio do navio de guerra que bombeia água do mar da secção inundada", disse a agência
A Coreia do Norte deteve três dirigentes no âmbito de uma investigação a um acidente ocorrido, na quarta-feira, durante a cerimónia de lançamento de um novo navio de guerra.

"As autoridades detiveram Kang Jong Chol, engenheiro-chefe do Estaleiro Chongjin, Han Kyong Hak, chefe da oficina de construção do casco, e Kim Yong Hak, vice-diretor de assuntos administrativos", disse o grupo que está a analisar o incidente, citado no sábado pela KCNA.

A agência de notícias oficial norte-coreana disse que o líder, Kim Jong-un, que esteve presente na cerimónia de lançamento do contratorpedeiro de cinco mil toneladas na cidade portuária de Chongjin, descreveu o acidente como um "ato criminoso".

Na sexta-feira, a KCNA tinha dito que uma inspeção subaquática e interna detalhada do navio de guerra "confirmou que, ao contrário do que foi inicialmente anunciado, não houve qualquer brecha no fundo do navio".

No entanto, "o casco de estibordo foi riscado e um pouco de água do mar entrou na secção de popa pela saída de emergência", acrescentou a agência, garantindo que os danos sofridos pelo navio de guerra "não foram graves".

"Não foram identificados mais danos no navio de guerra" e "o plano de reabilitação está a avançar conforme programado", informou no sábado a KCNA.

De acordo com os serviços de informação dos EUA e da Coreia do Sul, a "tentativa de lançamento lateral" do navio falhou.

O contratorpedeiro está atualmente inclinado na água, disseram os militares sul-coreanos. Imagens de satélite do local mostraram o navio deitado de lado, com a maior parte do casco submerso e coberto por capas azuis.

Hong Kil-ho, o diretor do estaleiro onde ocorreu o acidente, foi convocado por uma comissão militar na quinta-feira, acrescentou a KCNA.

Os especialistas norte-coreanos estimam que serão necessários "dois ou três dias para restaurar o equilíbrio do navio de guerra que bombeia água do mar da secção inundada", disse a agência.

A reparação do casco do contratorpedeiro deverá demorar cerca de dez dias, acrescentou.

O nome do barco não foi especificado. Em abril, Pyongyang divulgou imagens de um navio contratorpedeiro de cinco mil toneladas, chamado Choe Hyon.

Na altura, os meios de comunicação estatais transmitiram imagens de Kim a participar numa cerimónia com a filha, Kim Ju-ae, que muitos especialistas acreditam que será a sucessora no poder.

A Coreia do Norte alegou que o navio estava equipado com as "armas mais poderosas" e que "entraria ao serviço no início do próximo ano".

Segundo alguns especialistas, o Choe Hyon poderá ser equipado com mísseis nucleares táticos de curto alcance, embora a Coreia do Norte não tenha até ao momento provado ter a capacidade de desenvolver armas nucleares de pequena dimensão.

O reconhecimento público de falhas técnicas ou administrativas é altamente invulgar na Coreia do Norte.

Guiné-Bissau: Sociedade civil guineense convoca manifestação para exigir democracia

© Lusa   25/05/2025

Duas plataformas da sociedade civil guineense anunciaram para hoje manifestações pelas ruas do país para exigir a reposição da ordem democrática, uma iniciativa que a polícia disse desconhecer e para a qual o Presidente da República prometeu "resposta adequada".

O chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, afirmou esta semana que a manifestação foi convocada por organizações ilegais e que os seus promotores pretendem desestabilizar o país.

A manifestação é uma iniciativa da organização cívica e social 'Po de Terra' (pau da terra), à qual se juntou a Frente Popular, plataforma que congrega associações de jovens e sindicatos.

A manifestação visa igualmente reivindicar o fim da supressão das liberdades fundamentais no país, em alusão à ordem do Governo de Iniciativa Presidencial que proíbe ações políticas e da sociedade civil nas ruas.

O comissário da Polícia de Ordem Pública (POP) guineense, Salvador Soares, disse desconhecer a intenção das duas plataformas da sociedade civil e avisou que a polícia estará nas ruas do país para garantir segurança e tranquilidade, no âmbito da visita que o Presidente do Senegal realiza a Bissau segunda-feira e terça-feira.

O general Soares afirmou que a POP não recebeu nenhuma comunicação oficial sobre a manifestação, facto desmentido pelos líderes das duas plataformas, segundo os quais o Ministério do Interior se recusou a receber as correspondências para comunicar a realização da manifestação.

Os líderes do 'Po de Terra' e da Frente Popular não anunciaram os itinerários e locais da concentração dos manifestantes em Bissau e nas regiões do interior, para não alertar as autoridades.


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Chefe de Nutrição de agência da ONU alerta para “aumento histórico” de desnutrição crónica em Angola

Cabinda - Angola (arquivo)   cnnportugal.iol.pt, 25/05/2025

De acordo com o estudo, a desnutrição crónica em Angola aumentou de 38% em 2015-2016 (período em que foi realizado o primeiro IIMS) para 40% em 2023-2024. Neste período, o número de crianças com baixo peso aumentou de 19% para 21% e a percentagem de crianças com desnutrição aguda manteve-se em 5%

A chefe de Nutrição do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Angola disse que a desnutrição crónica no país teve um aumento histórico de quase 38% nos últimos 17 anos, defendendo investimentos nos cuidados primários e em alimentos nutritivos.

“A desnutrição crónica é quando a criança tem baixa altura para a idade e isso tem aumentado historicamente em Angola. Em 2007 a taxa era de 29%, em 2015-2016 estava 38% e agora em 2024 subiu para 40%”, afirmou a chefe de Nutrição do PAM em Angola, Gracy Santos Heijblom.

Em declarações à Lusa, a responsável alertou para as consequências da desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos, sobretudo para a baixa estatura para a idade e possibilidade de não ser atingido o potencial genético por falta de alimentos.

Para Gracy Santos Heijblom, médica nutricionista, o atual quadro da desnutrição crónica em crianças menores de 5 anos “é preocupante”, dada a elevada taxa atual do país à luz da classificação internacional.

“Na classificação internacional, 40% da população [infantil] em desnutrição crónica, em saúde pública é uma situação elevada. Então, o que se pode fazer? Uma das coisas que se pode fazer, por exemplo, são políticas públicas mais amplas para melhorar o acesso da população a alimentos nutritivos”, defendeu.

“Também tem de se melhorar o acesso da população aos serviços de saúde, para que elas possam fazer o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento dos filhos. As crianças têm de ter vacina. A cobertura vacinal em Angola é baixa”, frisou.

A taxa de desnutrição crónica em crianças menores de 5 anos em Angola é de 40% e subiu dois pontos percentuais em oito anos, segundo dados Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados na semana passada.

Segundo o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2023-2024, em Angola 40% das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição crónica, percentagem que aumenta para 51% na zona rural.

De acordo com o estudo, a desnutrição crónica em Angola aumentou de 38% em 2015-2016 (período em que foi realizado o primeiro IIMS) para 40% em 2023-2024. Neste período, o número de crianças com baixo peso aumentou de 19% para 21% e a percentagem de crianças com desnutrição aguda manteve-se em 5%.

A chefe de Nutrição do PAM em Angola fez igualmente alusão à atual epidemia de cólera no país lusófono africano, que já matou mais de 600 pessoas, para assinalar a importância de o país melhorar o saneamento e garantir o acesso à água tratada.

As pessoas “têm de ter água tratada e nas casas, porque o que acontece é que às vezes uma criança que tem desnutrição aguda tem a imunidade mais baixa. Então, elas são mais suscetíveis a doenças e aí entra-se num círculo vicioso”, observou.

Gracy Santos Heijblom recordou também que crianças com desnutrição podem ter alterações cognitivas e, com isso, afetar a aprendizagem e afirmou que os países que mais tiveram reversão de quadros elevados de desnutrição infantil foram os que investiram em atenção primária.

“Atenção primária é investir, por exemplo, em agentes comunitários de saúde, investir mais nos postos de saúde das comunidades, no sentido de estes fazerem a deteção precoce de desnutrição ou de outras doenças”, apontou.

A responsável do PAM destacou, por outro lado, a importância do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), elaborado pelo Governo angolano para o triénio 2025-2027, como um instrumento que deve garantir um estado nutricional adequado para as crianças em idade escolar.

Por isso, afirmou PNAE, que nasceu com base a cooperação trilateral (Governo de Angola, Governo da República Federativa do Brasil e o PAM), constitui uma “grande transformação que deve melhorar o acesso das crianças a alimentos nutritivos”.

“A grande transformação é que antes o programa tinha um valor fixo para cada município e agora o valor vai ser por criança. A intenção é de oferecer às escolas uma refeição quente para cada criança e não é um lanche. Essa refeição vai ser equilibrada, respeitando a cultura alimentar de cada região de Angola”, disse ainda Gracy Santos Heijblom.

O Governo angolano deve gastar em três anos um total de 1,3 biliões de kwanzas (1,2 mil milhões de euros) para concretizar o PNAE 2025-2027, que deve contemplar mais cinco milhões de crianças/ano.

Segundo o PNAE, a estrutura de custos contempla uma alimentação diária unitária de 376,82 kwanzas (0,36 cêntimos) com uma abrangência de 5,4 milhões de alunos matriculados e uma atribuição regular da alimentação ao longo dos 5 dias da semana.

"Tripla crise" deixa 5,2 milhões a precisar de ajuda em Moçambique, alerta ONU

Moçambique (AP)   Agência Lusa, 25/05/2025

O alerta da ACNUR surgiu um dia depois do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) estimar que mais de 3,4 milhões de crianças moçambicanas precisam de apoio urgente e ter apelado para o aumento da resposta humanitária às necessidades crescentes no país

A ONU disse que quase 5,2 milhões de pessoas estão a precisar de assistência, devido à "tripla crise" em Moçambique, resultado de "conflito armado, eventos climáticos extremos recorrentes e meses de agitação pós-eleitoral".

O coordenador e diretor adjunto para a África Ocidental e Central do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) sublinhou que a realidade é particularmente grave na província de Cabo Delgado.

Xavier Creach disse que a atividade de grupos armados não estatais aumentou o número de deslocações e a destruição de infraestruturas, dificultando também os esforços de recuperação.

Mais de 25 mil moçambicanos no norte do país foram obrigados a fugir das suas casas nas últimas semanas devido à escalada do conflito, lamentou o dirigente.

"Milhares de pessoas perderam as suas casas, muitas pela segunda ou terceira vez, e procuram segurança em comunidades já sobrecarregadas", disse Creach.

As mulheres e as crianças, em particular, enfrentam "sérios riscos" em termos de proteção num ambiente onde "a violência de género, a separação familiar e o acesso limitado à documentação estão a aumentar drasticamente", referiu.

A crise humanitária em Cabo Delgado já deixou 1,3 milhões de deslocados e poderá agravar-se devido a uma grave lacuna de financiamento para operações vitais de ajuda, alertou o responsável da ACNUR.

A capacidade de resposta da agência tem sido limitada pelo financiamento insuficiente, que mal cobre um terço do montante necessário de 42,7 milhões de dólares (37,5 milhões de euros) para este ano.

O coordenado da ACNUR alertou para o risco de alguns "programas vitais" serem abandonados se não forem mobilizados "apoios urgentes" para Moçambique.

"Está a formar-se uma tempestade perfeita. Se virarmos as costas agora, o país enfrentará uma emergência humanitária muito maior. A crise está a desenrolar-se agora. Temos uma escolha. Podemos agir para prevenir, apoiar e proteger, ou podemos ficar de braços cruzados", disse Creach.

O alerta da ACNUR surgiu um dia depois do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) estimar que mais de 3,4 milhões de crianças moçambicanas precisam de apoio urgente e ter apelado para o aumento da resposta humanitária às necessidades crescentes no país.

"Moçambique está a enfrentar múltiplos desafios que agravaram ainda mais a crise humanitária no país. Mais de 3,4 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente", lê-se num comunicado daquela agência das Nações Unidas.

Segundo a Unicef, os conflitos armados na província de Cabo Delgado e os fenómenos climáticos extremos "deixaram o país muito vulnerável", causando "surtos de doenças infecciosas, escolas e unidades de saúde destruídas".

A Unicef Portugal também lançou "um apelo urgente a donativos para apoiar as operações de emergência em Moçambique e garantir um futuro para estas crianças e as suas famílias".

sábado, 24 de maio de 2025

Ministro finlandês denuncia manobras fantasma da Marinha russa no Báltico

Por LUSA 

O ministro da Defesa finlandês denunciou hoje o aumento da presença militar da Rússia no Mar Báltico, onde a Marinha russa protege a sua "frota fantasma" de navios usados para contornar as sanções devido à sua invasão da Ucrânia.

Numa entrevista à emissora pública finlandesa Yle, o ministro Antti Häkkänen falou sobre a "nova e mais intensa" forma como a Rússia "está a proteger os navios pertencentes à sua frota fantasma", inclusive no Golfo da Finlândia.

"Houve atividades de escolta militar", observou Häkkänen, considerando que estas operações marcam uma "estreia completa" nas atividades russas na região báltica da Europa.

O governante declarou que "a Rússia está a fortalecer as suas capacidades militares e é uma vizinha agressiva e perigosa para toda a Europa".

"Isso é claríssimo", declarou o ministro da Finlândia, país que aderiu à NATO em 2023 e, juntamente com a Suécia (que aderiu em 2024) é a segunda nação mais recente a ingressar na Aliança Atlântica.

Ambas as nações nórdicas reagiram desta forma à guerra provocada pela agressão da Rússia contra a Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022 e já causou forte destruição naquele país, bem como milhares de mortos.

O ministro finlandês descartou a Rússia como uma ameaça imediata ao seu país e pediu à população que mantenha a calma, "mesmo que a Rússia esteja a executar essas reorganizações e seja um vizinho um pouco mais perigoso".

O ministro da defesa finlandês fez estas declarações depois que um navio da "frota fantasma" da Rússia ter desobedecido a ordens das autoridades estonianas esta semana, num incidente que envolveu um navio militar russo, informou a Yle.

A rádio finlandesa relatou também que duas aeronaves militares russas violaram o espaço aéreo finlandês na sexta-feira. 

Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade. Eis os riscos desta condição... Tenha atenção.

Por LUSA 

Este sábado, 24 de maio, assinala-se o Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade. A propósito da data, revelamos os riscos que esta condição pode trazer à saúde.

"A obesidade é um problema médico que aumenta o risco de várias outras doenças e problemas de saúde", lê-se num artigo publicado pela Mayo Clinic.

Eis os problemas que esta condição pode aumentar o risco de contrair, de acordo com a referida clínica:

- Doenças cardíacas e ataques;

- Diabetes tipo 2;

- Alguns tipos de cancro;

- Problemas digestivos;

- Apneia do sono;

- Osteoartrite;

- Doença do fígado gordo;

- Sintomas de Covid-19 severos.

Eduardo Jorge da Costa Sanca, Membro de Conselho Nacional de jurisdição e Fiscalização do PAIGC em Conferência de imprensa 24.05.2025

 

O Presidente da Associação dos Moradores e Amigos de bairro Ajuda, Dautarim Lurdes Gomes, promoveu hoje (24.05), Conferência de Imprensa para denunciar a suposta venda de espaço na Rua Soares da Costa, por parte da Câmara Municipal de Bissau

 

"A Europa não está em posição de ganhar - nem uma guerra comercial, nem uma guerra militar. E por isso deve concentrar-se no jogo que melhor conhece"

Por CNN 

ENTREVISTA || Os países da Europa Ocidental até podem estar esquecidos, mas "a Europa de Leste lembra-se": foi a UE que deu o maior passo "em direção a uma comunidade assente nos ideais de Kant, num mundo ainda governado por Maquiavel", e "não devemos ficar ofendidos por ainda não vivermos numa república kantiana, temos, sim, de aprender a jogar o jogo de Maquiavel". É o que defende Małgorzata Zachara-Szymańska, especialista em Relações Internacionais sediada em Cracóvia. Em entrevista à CNN, critica o facto de "continuarmos em busca de grandes visões, reformas instantâneas ou soluções rápidas", quando hoje mais do que nunca "temos de nos desligar da cultura da gratificação imediata"

A UE enfrenta dois grandes desafios imediatos no contexto da segunda presidência Trump: por um lado, uma guerra comercial pendente e o que pode ou não fazer para impedir que Washington aplique mais tarifas às suas exportações; por outro, o futuro da NATO e tudo o que isso envolve, dos gastos com defesa ao destacamento de tropas dos EUA na Europa. O que é que a Polónia pode ensinar ao resto dos Estados-membros nestas duas frentes?

A Polónia segue o princípio de que, se não se pode mudar as circunstâncias desfavoráveis, então é preciso procurar oportunidades dentro delas. Tanto a roleta tarifária como a posição hesitante dos Estados Unidos em relação à NATO obrigaram a Europa a reavaliar a sua posição – é o início de uma procura de oportunidades. Uma maior “europeização” da aliança no futuro poderia permitir aos países europeus negociar a partir de uma posição mais forte. O aumento das despesas com a Defesa não tem de significar militarização, algo de que a Europa tem justificadamente medo. Trata-se de uma estratégia de dissuasão. 

Olhando para a guerra tarifária em pausa, qual diria que deve ser a resposta da UE?

No que toca a respostas à guerra comercial, não existe uma estratégia polaca distinta. As tarifas foram impostas (e, mais tarde, suspensas) à UE como um todo, e a Polónia aborda-as como parte de uma resposta coletiva. Mas a mensagem do primeiro-ministro polaco [Donald Tusk] sobre o assunto é clara: “Não estamos em pânico, mas estamos a preparar-nos bem para as potenciais consequências destas tarifas”.

E o que significa isso na prática?

Que temos de estar preparados, expandir a rede de parcerias e deixar claro a Donald Trump que as suas tentativas de forçar a mão dos aliados europeus vêm com um custo. Um custo pago pelas empresas e os consumidores americanos – e, em última instância, um custo político para o próprio Trump.

Isso liga à ideia que destaca neste seu artigo: confrontada com grandes mudanças na chamada “ordem mundial do pós-guerra”, e dado que não tem como travar Trump, a UE tem de fazer uma escolha – ou concentra energias na resistência à erosão da diplomacia ou implementa uma estratégia de controlo de danos…

O primeiro-ministro polaco também é conhecido por outra frase reveladora: “Não podemos ofender-nos com a realidade.” É uma chamada de atenção para o facto de que, embora possamos não gostar da forma como a aliança transatlântica está a ser manchada, fingir que não está a acontecer não é uma opção. O pragmatismo, e não a indignação, deve guiar a nossa reação. O que pode diferenciar um pouco a perspetiva polaca da dos principais países da Europa Ocidental é uma maior consciência dos pontos fortes da União Europeia.

Bolseira Jean Monet no European University Institute, Małgorzata Zachara-Szymańska é professora do departamento de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Jagiellonian, em Cracóvia, na Polónia foto: DR

Os europeus ocidentais tendem a concentrar-se sobretudo nas crises internas, o que se traduz em instabilidade política nos seus sistemas individuais. Poucos se lembram da enorme e positiva transformação que a União Europeia trouxe à forma como pensamos o mundo e as regras que o governam. A Europa de Leste lembra-se. Foi a UE que deu o maior passo em direção a uma comunidade assente em ideais kantianos, num mundo ainda governado por Maquiavel. Não devemos ficar ofendidos pelo facto de ainda não vivermos numa república kantiana; temos, sim, de aprender a jogar o jogo de Maquiavel – lentamente, de forma consistente e, por vezes, meticulosa – para ganhar em sucessivas frentes.

E quanto à NATO? É uma frente sobre a qual a Polónia pode ter mais sabedoria a partilhar…

A questão é que, sem segurança, poucas outras coisas são possíveis. Se os Estados Unidos deixarem de ser o garante da segurança, os outros Estados-membros têm de se concentrar na forma de garantir essa segurança pelos nossos próprios meios. Neste momento, não existe qualquer hipótese realista de os Estados Unidos abandonarem a NATO – seria necessária uma maioria de dois terços no Senado [norte-americano]. Mas qualquer mecanismo de segurança coletiva só funciona quando os seus Estados-membros são unânimes no seu objetivo.

Como podemos garantir essa unidade com esta administração americana?

Atualmente, a forma mais rápida de garantir essa unidade é através dos compromissos de despesa com a Defesa assumidos pelos países europeus. É crucial não enquadrar este passo como “militarização”, mas antes como “dissuasão”. Ninguém quer produzir mais munições ou tanques só por produzir – isso seria muito “pouco kantiano” e atrasaria a transição verde. Mas se a Rússia produz 4,5 milhões de munições por ano, enquanto a Europa – mesmo depois de ter duplicado a sua produção – conseguiu apenas um milhão de munições em 2024, a mensagem que estamos a enviar à Rússia é clara: a Europa é fraca, descartável e a sua influência pode ser reduzida.

Diz que “a chave para o progresso da Polónia” desde a queda do comunismo tem sido a sua "capacidade de navegar habilmente no espaço transatlântico”. Quais os principais pontos dessa estratégia a nível interno e como podem ser transferidos para a esfera da UE considerando as atuais tensões e divisões dentro do próprio bloco?

A UE tem de se redefinir porque o ambiente externo mudou radicalmente. Tem de escolher as suas batalhas – não pode fazer tudo ou brilhar em todos os domínios. A Europa está dividida? Sim. Está agora, esteve no passado e estará no futuro. Faz parte do acordo. Quando há 27 músicos numa orquestra sem maestro, cada um a querer tocar a sua própria melodia, é irrealista esperar uma harmonia perfeita. Mas temos de deixar de tratar estas divisões como ameaças existenciais ao projeto europeu – ao fazê-lo, corremos o risco de transformar esse medo numa profecia auto-realizável.

"Quando há 27 músicos numa orquestra sem maestro, cada um querendo tocar a sua própria melodia, é irrealista esperar uma harmonia perfeita. Mas temos de deixar de tratar estas divisões como ameaças existenciais ao projeto europeu" foto: Geert Vanden Wijngaert/AP

Então o que devemos fazer?

Há objetivos estratégicos com os quais todos os Estados-Membros concordam: desenvolvimento económico e coesão social. Este é um valor extraordinário que a UE traz para o mundo. É preciso abrandar o capitalismo desenfreado – e os Estados europeus, mais do que quaisquer outros, têm experiência em equilibrar o crescimento económico com a responsabilidade social. Os objetivos ambientais devem ser alcançados a nível mundial. E, mais uma vez, a Europa lidera com as ideias mais ousadas e os conhecimentos mais profundos.

Sim, o sistema internacional está a mudar. Mas há espaço para uma nova liderança. O que é frequentemente referido como “o efeito Bruxelas” – a capacidade da Europa para moldar as normas globais através da regulamentação – continua a ser tão relevante neste mundo pós-americano quanto sempre foi. Os períodos de transição são caóticos e, em tempos de caos, os Estados e as organizações procuram desesperadamente normas. E a UE sabe como moldar normas.

Quão eficaz pode ser essa posição no contexto atual? Posto de outra forma: como pode a UE concentrar-se nas normas que mais precisam de ser moldadas e em que devemos investir?

No meu curso “Ordem Internacional e Desenvolvimento”, digo sempre aos alunos que não é por acaso que os estudos sobre desenvolvimento são agrupados com os estudos sobre a paz – a paz é uma condição prévia para o desenvolvimento. É compreensível que os países da Europa Ocidental e do Sul deem prioridade à aceleração do crescimento económico. No entanto, apesar da menor perceção de ameaça da Rússia nestas regiões, a guerra híbrida russa e as campanhas de desinformação estão também a desestabilizar os seus sistemas políticos.

Um objetivo político importante para a Europa é combater os efeitos das alterações climáticas. Investigações mostram que, quando as questões climáticas são enquadradas numa narrativa de segurança, sobem na agenda política, aumentando as hipóteses de uma ação significativa. As despesas com a segurança não têm de ser um cenário de uma coisa ou outra. O sucesso da Polónia em termos de desenvolvimento é a prova disso.

De que forma?

A Polónia tem tido capacidade de reforçar as capacidades de defesa sem ter de comprometer os seus objetivos de desenvolvimento. Tem um sistema de ensino público bem desenvolvido, uma rede de cuidados de saúde eficiente e continua a ser um país seguro – embora não excessivamente securitizado. A componente das alterações climáticas ainda precisa de grandes melhorias. Mas, como escrevi num outro artigo: temos de escolher as nossas batalhas.

A Polónia escolheu a segurança e o desenvolvimento – e isso tem dado resultados. Basta ver a reportagem de capa da revista The Economist esta semana: desde 1995, o rendimento por pessoa mais do que triplicou. Desde que aderiu à UE, em 2004, a Polónia nunca conheceu uma recessão, à exceção de um breve período no auge do confinamento provocado pela Covid-19. Durante estas duas décadas, o crescimento médio anual da Polónia foi de quase 4%.

Saída da II Guerra Mundial como um Estado-satélite da URSS, e após aguentar décadas de opressão, a Polónia transformou-se no que a Economist diz ser a "potência militar e económica mais negligenciada da Europa" na atualidade, com um exército maior do que o da Grã-Bretanha, de França ou da Alemanha e "padrões de vida ajustados ao poder de compra que estão prestes a eclipsar os do Japão" foto: Omar Marques/Anadolu Agency via Getty Images

Gostava de pegar na analogia de John C. Hulsman e A. Wess Mitchell em “The Godfather Doctrine: A Foreign Policy Parable”. Nesse livro de 2009, os autores comparam a Polónia ao padeiro Enzo, personagem leal e estável que monta guarda à família Corleone no filme de 1972, sendo os EUA Don Vito Corleone, um homem ferido que tenta manter a sua influência enquanto os seus filhos lutam para salvar o poder da família. Cita esta alegoria no seu artigo, levantando uma questão que gostava de lhe colocar de volta: a Europa deve aproveitar este momento para entrar em confronto com os EUA ou "deve assegurar os recursos possíveis de uma superpotência em declínio para se reforçar no contexto das suas próprias vulnerabilidades"? Dada a posição das peças no atual xadrez geopolítico, qual deve ser a próxima jogada da UE?

A confrontação é dispendiosa e destrutiva – especialmente se não estivermos em posição de vencer. E a Europa não está em posição de ganhar – nem uma guerra comercial, nem uma guerra militar. Envolver-se em qualquer forma de confronto só prejudicaria a UE, porque qualquer potencial adversário – sejam os Estados Unidos, a Rússia, a China ou os grandes gigantes da tecnologia – jogará o jogo da divisão da Europa. E é provável que consigam dividi-la. Em vez disso, a Europa deveria concentrar-se no jogo que melhor conhece: o trabalho lento, responsável e reconhecidamente pouco glamouroso de construir, peça por peça, um continente que as pessoas de todo o mundo invoquem se lhes perguntarem: “Se tivesse de viver e pagar impostos noutro lugar, onde seria?” É esse o grande potencial da UE, um potencial que ainda está por explorar.

Como pode esse potencial ser explorado?

O nosso problema em descrever a realidade política é que continuamos em busca de grandes visões, reformas instantâneas ou soluções rápidas. Para criar o espaço mental adequado para encontrar soluções, temos de nos desligar da cultura da gratificação imediata. A política não tem a ver com reuniões que são manchete ou dramas pessoais de curta duração que dominam o ciclo de notícias durante duas semanas e depois são esquecidos. É por isso que também devemos falar de “libertar o potencial da Europa” em termos de processos a longo prazo e não de acontecimentos isolados.

Como europeus, somos de facto muito hábeis a negociar tensões e a ultrapassar animosidades históricas. Vivemos perto uns dos outros, mantemo-nos em contacto e partilhamos uma grande quantidade de conhecimentos tácitos que podemos trocar entre nós. Se pegarmos na governação digital da Estónia, na literacia mediática da Finlândia, na ética de trabalho da Alemanha ou da Polónia e combinarmos tudo isso com o amor italiano e português pela beleza – e houver verdadeiramente uma troca desses pontos fortes – a Europa continuará a tornar-se um lugar melhor para viver. E isso, fundamentalmente, é política. Mas para que isso aconteça, as pessoas precisam de se sentir seguras. E, atualmente, muitas não se sentem seguras, não só por causa da guerra na Ucrânia.

E como é que se dá resposta a esse sentimento de insegurança?

Neutralizamos este sentimento de ameaça reconstruindo a confiança nas instituições e investindo no capital social. Se é possível? Absolutamente. Temos estado a fazer isso há muito tempo, e sabemos como fazê-lo. Se vai acontecer da noite para o dia? Não. Mas se mudarmos a nossa atenção para o jogo de longo prazo, isto vai tornar-se a nossa política do dia-a-dia, em vez dos dramas das redes sociais. E aí faremos também disso uma profecia auto-realizável.

O centrista Rafal Trzaskowski (na foto) obteve 31,3% dos votos na primeira volta das presidenciais polacas há uma semana, vencendo por pouco Karol Nawrocki (29,5%), o candidato apoiado pela direita populista do PiS. Para Zachara-Szymańska, a primeira votação trouxe consigo dois alertas, um para o atual governo de Donald Tusk, o outro para uma UE que tem de prestar atenção à desinformação e às câmaras de eco na internet. A segunda volta tem lugar daqui a uma semana foto: EPA

Estamos entre as duas voltas das presidenciais na Polónia. Após oito anos com o partido nacionalista conservador Lei e Justiça (PiS) no poder, entre 2015 e 2023, um governo que assumiu uma postura mais combativa em relação a Bruxelas e a Berlim, a Coligação Cívica lidera agora o executivo polaco e o seu candidato presidencial, Rafał Trzaskowski, acaba de se apurar para a segunda volta, disputada a 1 de junho. O que podem os polacos e o resto dos europeus esperar destas presidenciais?

Se o candidato democrático Rafał Trzaskowski perder, isso significará que a grande mobilização de 2023 – que retirou o PiS do poder – terá sido efetivamente anulada. O sistema político ficará ainda mais desestabilizado, o país entrará numa espiral de conflitos e lutas de poder desnecessárias, desperdiçando tempo, energia e potencial. Mas, ainda assim, a Polónia sente-se reconfortada por um facto crucial: os seus objetivos estratégicos continuam firmemente definidos. Os polacos querem fazer parte da União Europeia, e nem mesmo oito anos de retórica nacionalista e anti-UE [do PiS] mudaram isso. Também querem segurança e podemos esperar que esse rumo se mantenha firme, mesmo tendo Karol Nawrocki [do PiS] como Presidente.

Se o candidato da coligação democrática ganhar as eleições, isso enviará um sinal poderoso ao resto da Europa: de que o populismo, o extremismo e o radicalismo – forças com que outros países também se debatem – podem ser persistentes, mas podem ser contidos, podem ser relegados para segundo plano. Nesse cenário, é provável que a relação da Polónia com a UE se torne mais harmoniosa, assente no respeito mútuo. Os resultados da primeira volta das eleições serviram como um sinal de aviso para o governo – um sinal de que deve acelerar reformas, especialmente no que diz respeito ao restabelecimento do Estado de direito e à expansão das liberdades civis.

No caso recente das presidenciais repetidas na Roménia, como com o referendo sobre a adesão da Moldova à UE e até as recentes legislativas antecipadas em Portugal, têm sido noticiadas redes de desinformação e contas falsas nas redes sociais com impacto direto nos plebiscitos. Há pouco também falava do uso da desinformação pela Rússia, que afeta não apenas os países que estão mais próximos dela geograficamente. De que forma está esse assunto a ser abordado na Polónia agora que a votação presidencial está em curso?

Muito bem visto. A desinformação e as câmaras de eco são algo em que temos de nos concentrar quando reforçamos a resiliência da sociedade. Para responder à sua pergunta: na Polónia, não tem havido um debate público sério sobre a interferência russa no processo eleitoral, apesar do conhecimento generalizado da penetração russa na infosfera polaca. Os resultados da primeira volta podem servir de alerta. Grzegorz Braun, um candidato claramente pró-russo, abertamente xenófobo, antissemita e anti-ucraniano, ficou em quarto lugar com mais de um milhão de votos.

Este é um sinal de alarme. Se será ouvido – só o tempo o dirá.

Número de feridos sobe para 18 após ataque com faca na Alemanha

Por LUSA 

O ataque ocorreu pelas 18h00 locais (17h00, em Lisboa), na sexta-feira, numa plataforma da Estação Central de Hamburgo, a mais movimentada da Alemanha.

O número de feridos no ataque com uma faca na Estação Central de Hamburgo, Alemanha, no final da tarde de sexta-feira, subiu para 18,  sendo que quatro estão em estado crítico e seis sofreram ferimentos graves, escreve o jornal alemão Bild.

A polícia alemã já deteve a suspeita do ataque, uma mulher de 39 anos, que terá "agido sozinha" e esfaqueado as vítimas "de forma indiscriminada". 

O chanceler alemão, Friedrich Merz, reagiu ao ataque nas redes sociais, onde afirmou que "as notícias de Hamburgo são chocantes". 

"Os meus pensamentos estão com as vítimas e as suas famílias. Os meus agradecimentos a todos os serviços de emergência no local pela sua rápida assistência", disse, acrescentado que falou com o autarca de Hamburgo, Peter Tschentscher, a quem ofereceu o "apoio do governo alemão".

O ataque ocorreu pelas 18h00 locais (17h00, em Lisboa) numa plataforma da Estação Central de Hamburgo, a mais movimentada da Alemanha.

Estudiosas dizem que direitos de mulheres africanas não passam do papel

Por LUSA 

Três investigadoras dos assuntos das mulheres nas antigas colónias portuguesas de África realçaram que as legislações traduzem um reforço dos seus direitos nos últimos 50 anos, mas que em geral tais avanços não passam do papel.

"A independência de Moçambique abriu muitos caminhos para uma alteração qualitativa da vida das mulheres", disse à agência Lusa Teresa Cunha, que efetuou diversos estudos científicos neste país lusófono da África Austral.

Desde 2008, esta investigadora de Coimbra realizou estudos em diferentes regiões de Moçambique, incluindo "com mulheres deslocadas da guerra" na zona de Cabo Delgado, onde trabalhou "mais intensamente nos últimos anos".

"Temos ganhos de uma disputa intensa das mulheres e uma legislação de proteção dos seus direitos muito avançada", afirmou, mas lamentou que "muitas das promessas não foram cumpridas" em meio século de soberania política.

Com a luta de libertação do domínio colonial e depois com a independência, em 1975, as mulheres moçambicanas puderam "organizar-se e lutar pelos seus direitos de uma maneira mais decidida".

"Esse marco é muito importante para compreender o que se passa hoje em Moçambique", sublinhou.

Para Teresa Cunha, porém, "muitas dessas conquistas não chegaram até às mulheres como deviam ter chegado", o que foi também dificultado "devido às situações de conflito armado".

Por outro lado, "a atual atmosfera política não está fácil", o que explica "um aumento dos homicídios e violência de todo o tipo contra as mulheres".

"Há um recrudescer da violência civil em que as mulheres são também protagonistas e sobretudo vítimas, em termos de segurança e liberdade", referiu.

Os 50 anos de independência de Moçambique face a Portugal, bem como das restantes antigas colónias africanas, "deviam fazer-nos refletir e descolonizar as nossas mentes", defendeu a professora da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), ao lembrar que "muitas mulheres ainda não beneficiaram desses ganhos".

Também Isabel Maria Casimiro, do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, considerou que, "de uma maneira geral, a situação da mulher moçambicana melhorou", mas ressalvou que esses progressos não chegaram à maioria da população feminina.

Registaram-se avanços ao nível da legislação, "que estava toda ultrapassada", em áreas como a lei da família e a lei da violência doméstica contra a mulher, exemplificou.

"Chegámos a ter 50% de mulheres ministras e quase 40% de mulheres deputadas", num país onde a pobreza e o analfabetismo atinge sobretudo as que vivem no mundo rural.

Dos 65% de moçambicanos "abaixo da linha da pobreza, a maior parte é constituída por mulheres que estão no setor informal e não têm qualquer tipo de apoio", enfatizou a socióloga, filha de pais portugueses que, na década de 1950, se fixaram em Moçambique por serem opositores à ditadura de Salazar.

"Houve um grande acesso das mulheres à educação após a independência, mas temos ainda uma taxa de mortalidade infantil muito elevada", lamentou Isabel Casimiro.

A antiga deputada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde 1975 do qual veio a afastar-se, disse que "é tudo muito paradoxal" no país, que tem um crescimento "baseado sobretudo no desenvolvimento extrativista", em detrimento do desenvolvimento humano.

Por seu lado, Catarina Caldeira Martins, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), especialista em feminismos pós-coloniais e decoloniais, considerou que "nestes 50 anos não houve em geral uma resolução dos problemas das mulheres" em Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Moçambique.

"Houve uma concessão formal de direitos, incluindo os direitos sexuais e reprodutivos", defendeu.

Mesmo Cabo Verde, "o único desses países com uma democracia consolidada, não resolveu os problemas das mulheres", criticou a investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.

Na luta de libertação, conduzida pelo Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), de Amílcar Cabral, "o movimento contava com a participação das mulheres em vários papéis", exemplificou.

"Com a independência, toda essa promessa se desmoronou", afirmou a docente da FLUC, que tem desenvolvido investigação em países africanos de língua portuguesa, além de outros do continente.

Nas ex-colónias africanas, "os homens reforçam o poder patriarcal", no contexto de "um prolongamento neocolonial" de relações económicas com as antigas potências colonizadoras, concluiu.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Se toma estes medicamentos, o melhor é deixar o café de lado

Por   LUSA.  23/05/2025

A eficácia dos fármacos pode ficar comprometida. Veja o que deve evitar se for consumidor esta bebida comum.

Pode nunca ter pensado nisto, mas a verdade é que existem medicamentos que podem perder a sua eficácia quando consome algumas bebidas. Sabia que é algo que pode acontecer com o café?

Jennifer Bourgeois é farmacêutica e ao 'website' Beautier revelou os medicamentos que deve evitar quando ingere café.

Pode não cortar por completo, mas ajustar o consumo para que não se encontrem em conjunto no estômago.

Conheça os medicamentos.

  • Antidepressivos;
  • Medicamentos para a osteoporose e tiroide;
  • Medicamentos para alergia
  • Medicamentos para gripes e constipação;
  • Medicamentos para asma;
  • Anticoagulantes.

Leia Também: No programa 'The Zane Lowe Show', a cantora Miley Cyrus falou sobre um problema de saúde que a afetou em 2023. "Tive uma emergência médica. Foi uma rutura de quistos nos ovários." Sabe do que se trata?

Papel do Hamas e reconhecimento da Palestina marcarão conferência na ONU

Por  LUSA 23/05/2025

O futuro do movimento extremista Hamas em Gaza e o reconhecimento do Estado palestiniano serão os principais eixos da Conferência Internacional para a Solução de Dois Estados no Médio Oriente, a decorrer em junho na ONU, em Nova Iorque. 

A conferência, copresidida pela França e pela Arábia Saudita entre 17 e 20 de junho, terá dois dias introdutórios, seguidos pelo "segmento de alto nível" no dia 19, onde os dois chefes de Estado dos dois países devem comparecer.

Não está descartado que outros líderes, especialmente árabes, também participem, embora o nível das delegações dependa do progresso alcançado até lá.

Os organizadores realizaram hoje uma reunião preparatória na sede da ONU, em Nova Iorque, onde foram ouvidos apelos para um maior envolvimento da comunidade internacional para garantir o sucesso da conferência, num momento em que a crise humanitária na Faixa de Gaza está a atingir níveis nunca testemunhados e em que se verifica uma grave deterioração também na Cisjordânia.

França deu a entender nas últimas semanas que considera tomar a iniciativa de reconhecer o Estado palestiniano --- atualmente reconhecido por 140 dos 193 países do mundo com assento na ONU --- e acredita-se que a conferência possa ser o lugar onde esse passo será formalizado.

Se confirmado, teria grande valor simbólico, já que a França, assim como as demais potências do G7 - grupo dos sete países mais industrializados do mundo -, ainda resiste a reconhecer o Estado palestiniano e não seguiu o caminho trilhado por Espanha, Irlanda ou Noruega entre os europeus.

A representante saudita, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Manal Radwan, deixou clara a sua posição na conferência de hoje: "A paz começa com o reconhecimento do Estado da Palestina, não como um gesto simbólico, mas como uma necessidade estratégica. É a única maneira de eliminar o espaço ocupado por atores não estatais (numa alusão ao Hamas) e substituir o desespero por um horizonte político".

Sobre o papel do Hamas, a representante de França, a conselheira para o Médio Oriente Anne-Claire Legendre, foi categórica: "Devemos trabalhar para desarmar e eliminar o Hamas, para que ele nunca mais represente uma ameaça a Israel, bem como promover uma governança confiável e reformar a Autoridade Palestiniana, e a ONU deve desempenhar um papel nesse processo."

Remover o Hamas da Faixa de Gaza parece um objetivo amplamente partilhado pelos atores internacionais, mas o problema atual é que todas as estruturas institucionais do enclave estão nas mãos do grupo islamita palestiniano, e a Autoridade Palestiniana só tem jurisdição na Cisjordânia.

Também participou da reunião de hoje a diretora-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha para Assuntos do Magrebe, Mediterrâneo e Médio Oriente, Carmen Margariños, que enfatizou a importância de envolver a sociedade civil palestiniana no processo.

Margariños convidou os países participantes da conferência de junho a "identificar quais mecanismos legais, institucionais e diplomáticos podem ser implementados" para promover a ideia de dois Estados, já que, por enquanto, continua a ser pouco mais que uma ideia, ainda que amplamente partilhada na cena internacional.

Trump assina ordens para "renascimento" nuclear civil acelerado

Por LUSA  23/05/2025

O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou hoje quatro ordens executivas destinadas, segundo um conselheiro, a lançar um "renascimento" nuclear civil nos Estados Unidos, com a ambição de quadruplicar a produção de energia nuclear nos próximos 25 anos.

Trump, que prometeu procedimentos "muito rápidos e muito seguros", quer, em particular, que a análise de um pedido de construção de um novo reator nuclear não demore mais de 18 meses e pretende reformar a Comissão Reguladora do Nuclear, reforçando simultaneamente a extração e o enriquecimento de urânio.

"O tempo para a energia nuclear é agora", declarou Donald Trump numa conferência de imprensa na Sala Oval, enquanto o secretário do Interior, Doug Burgum, disse que o desafio era "produzir eletricidade suficiente para ganhar o duelo da Inteligência Artificial com a China".

"Queremos estar em condições de testar e instalar reatores nucleares durante o atual mandato", ou seja, até janeiro de 2029, disse um alto responsável da Casa Branca, que solicitou o anonimato, durante uma troca de impressões com jornalistas.

Os Estados Unidos continuam a ser a maior potência nuclear civil do mundo, com 94 reatores operacionais, mas a sua idade média está a aumentar (42 anos).

Perante a crescente necessidade de eletricidade, nomeadamente impulsionada pelo desenvolvimento da Inteligência Artificial, e a intenção de alguns países de descarbonizarem as suas economias, a energia nuclear está a despertar um novo interesse a nível mundial.

França que, com 57 reatores, continua a ser o país mais nuclearizado 'per capita', anunciou em 2022 um novo programa de entre seis e 14 reatores, estando a conclusão do primeiro prevista para 2038.

A China, particularmente ativa, iguala agora França, com 57 reatores no seu território, e tem mais 27 em construção.

Por sua vez, a Rússia continua a ser o principal exportador mundial de centrais nucleares, com 26 reatores em construção, seis dos quais no seu território.


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