A instabilidade causada pela presença de grupos 'jihadistas' no Níger levou ao encerramento total ou temporário de 125 escolas no país desde o início do atual ano letivo, segundo um boletim da Organização das Nações Unidas (ONU).
De acordo com o documento do gabinete do Departamento para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) na capital nigerina, Niamey, as principais regiões afetadas foram Diffa e Tillabéri.
Na região de Diffa, o encerramento de 30 escolas e a suspensão temporária de outras 44 instituições de ensino impediu que 114.300 crianças participassem nas atividades letivas.
Já em Tillabéri, 33 estabelecimentos de ensino foram encerrados temporariamente, um número superior às 18 escolas da região que "tiveram de fechar devido às ameaças e abusos de grupos armados não estatais", lê-se no boletim humanitário.
Segundo o documento, as autoridades colocaram várias iniciativas em prática, como um reforço da segurança em algumas zonas de modo a "tranquilizar as populações amedrontadas e garantir a continuidade das aulas".
Também um "reagrupamento de escolas para zonas mais calmas" das regiões tem sido promovido pelas autoridades.
Na semana passada, a representação local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lamentou a "violência assustadora" promovida por grupos armados que "matam e sequestram civis" e "queimam escolas, saqueiam casas, empresas e gado".
Várias escolas na região de Diffa, localizada na fronteira entre o Níger e a Nigéria e que tem sido a principal porta de entrada de refugiados nigerianos que tentam escapar à violência do grupo 'jihadista' Boko Haram, estão fechadas desde 2017.
Escolas e igrejas são os principais alvos do Boko Haram.
Segundo dados da Associação Cristã da Nigéria divulgados este mês, o grupo terá já destruído mais de 900 igrejas no norte da Nigéria.
Em abril de 2018, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) anunciou que o grupo 'jihadista' foi responsável pelo sequestro de mais de mil crianças desde 2013, incluindo as 276 raparigas raptadas na escola de Chibok em 2014.
Segundo a Unicef, desde o início do conflito iniciado pelo grupo Boko Haram, há quase nove anos no noroeste da Nigéria, pelo menos 2.295 professores foram assassinados e mais de 1.400 escolas foram destruídas, sendo que a maioria das instalações não voltaram a ser reabertas.
Boko Haram, que na língua local significa "a educação não islâmica é pecado", luta para impor um Estado islâmico na Nigéria, país de maioria muçulmana na zona norte e predominantemente cristão nas regiões do sul.
Desde 2009 que o grupo radical islâmico causou dezenas de milhares de mortos e mais de dois milhões de deslocados internos.
NAOM
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