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POR LUSA 08/02/23
Após sismos, o número de mortos ultrapassa 11.200 na Turquia e na Síria
O balanço do sismo de segunda-feira na Turquia e na Síria ultrapassou os 11.200 mortos, de acordo com os números oficiais divulgados hoje.
Na Turquia, já foram registados 8.574 mortos, anunciou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ao visitar a cidade de Kahramanmaras, onde foi registado o epicentro do sismo, citado pela agência francesa AFP.
Na Síria, um país em guerra, foram retirados 2.662 corpos dos escombros, mas os Capacetes Brancos (voluntários da proteção civil) nas áreas rebeldes disseram que há centenas de pessoas ainda sob os escombros de edifícios.
Médicos e autoridades sírias disseram que 5.000 pessoas ficaram feridas.
Erdogan disse que 50.000 pessoas feridas foram resgatadas na Turquia três dias após a catástrofe.
"Tivemos dificuldades no início com os aeroportos e nas estradas, mas hoje é melhor e será ainda melhor amanhã", disse Erdogan, numa resposta a crescentes críticas no país face à lentidão das operações de socorro.
"Mobilizámos todos os nossos recursos, o Estado está a fazer o seu trabalho com a Afad [agência de ajuda pública] e os municípios envolvidos com todos os meios à sua disposição", acrescentou, citado pela AFP.
Erdogan, que está no poder desde 2003 e deverá ser reeleito em maio, também anunciou a distribuição de 10.000 libras turcas (494 euros, ao câmbio atual) a cada família afetada.
O sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu o sudeste da Turquia e o norte da vizinha Síria.
Foi seguido de várias réplicas e de um novo terramoto de magnitude 7,5, que os especialistas disseram ter sido consequência do primeiro.
A Síria pediu hoje ajuda à União Europeia (UE) para os trabalhos de socorro através do mecanismo europeu de proteção civil, tal como já tinha feito a Turquia.
A UE já mobilizou 25 equipas de busca e salvamento, envolvendo cerca de 1.200 socorristas de 21 países, incluindo Portugal, para ajudar as autoridades turcas nas operações de resgate.
A ajuda internacional começou a chegar na terça-feira à Turquia, onde foi declarado um luto nacional durante sete dias.
O balanço provisório de 8.574 mortos é já o pior na Turquia desde 1999, quando um sismo de magnitude 7,6 perto de Izmit provocou mais de 17 mil mortos, incluindo mil em Istambul.
O sismo de Izmit foi seguido de uma réplica com uma magnitude de 7,2 três meses mais tarde, que ocorreu ao longo da mesma falha.
Os dois sismos de segunda-feira ocorreram em falhas separadas, mas próximas, segundo cientistas citados hoje pelo diário norte-americano The Wall Street Jounal (WSJ).
O sismo inicial libertou um 'stress' acumulado que foi depois transferido para uma falha próxima, resultando num segundo sismo nove horas mais tarde, de acordo com os cientistas do instituto norte-americano de geologia (USGS, na sigla em inglês).
Com base no tempo e na proximidade, os dois terramotos são considerados parte do mesmo evento sísmico, que ocorreu na intersecção de três placas tectónicas, segundo a cientista do USGS Dara Goldberg.
"Sabemos que as fronteiras tectónicas são os locais que apresentam riscos sísmicos significativos e normalmente pensamos naqueles onde duas placas se encontram", disse Goldberg ao WSJ.
"Uma junção tripla é muito mais complicada porque há três placas que se encontram no mesmo local", referiu.
O primeiro sismo ocorreu na falha da Anatólia Oriental, que corre no eixo Norte-Sul, enquanto o segundo terramoto ocorreu na falha de Malatya, que corre na direção Este-Oeste.
A pouca profundidade do hipocentro (local no interior da Terra onde ocorreu a rutura e libertação de energia) dos dois sismos, cerca de 18 quilómetros o primeiro e 10 quilómetros o segundo, contribuiu para o nível de destruição.
O sismologista britânico Stephen Hicks explicou ao WSJ que a vasta quantidade de energia libertada não tinha espaço suficiente para se dissipar antes de atingir as infraestruturas na superfície.