sábado, 19 de abril de 2025

O dia em que Zelensky lamentou o erro que permitiu a Ucrânia ser invadida

©Fornecido por The Daily Digest  História de thedailydigest.com 
  • Um erro de seus antecessores
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky expressou, recentemente, uma opinião crítica com relação aos antigos líderes do país. Ele os acusou de haver decidido, na década de 1990, abandonar as armas nucleares sem obter em troca maiores garantias de segurança.

  • O Memorando de Budapeste foi um mau negócio
Em 1994, a Ucrânia voluntariamente desistiu de seus estoques de armas nucleares da era soviética, sob o Memorando de Budapeste.

  • Garantias de segurança não foram cumpridas
A Ucrânia aderiu, assim, ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e os Estados Unidos, o Reino Unido e a Rússia prometeram dar garantias de segurança ao país. Mas isso não aconteceu.

  • A invasão de Putin v i o l o u o Memorando de Budapeste
A invasão da Ucrânia pela Rússia v i o l o u o Memorando de Budapeste, e nenhuma daquelas nações vieram em auxílio da Ucrânia. 

  • Ninguém ajudou a Ucrânia quando foi atacada
“Na minha opinião, isso [aderir ao Memorando de Budapeste] não deveria ter sido feito, já que fomos atacados”, disse Zelensky em entrevista ao Il Foglio.
  •  Uma situação necessária no momento

Zelensky afirmou também que embora o acordo fosse necessário naquele momento, as garantias de segurança fornecidas a Kiev não eram suficientemente fortes.

  • Só a adesão à OTAN poderá salvar a Ucrânia

Somente a OTAN poderia ter fornecido à Ucrânia as garantias de segurança necessárias na década de 1990 e somente a OTAN poderia fazê-lo hoje, explicou o presidente ucraniano. 

  • A troca justa

"Se eu fosse trocar armas nucleares, eu as trocaria por algo muito forte que pode realmente parar qualquer agressor, independentemente de seu tamanho, seu território, seu exército. E isso seria um exército forte e um bloco de segurança", prosseguiu Zelensky.

  • Era ilógico desistir das armas nucleares

“Portanto, acho que foi e s t ú p i d o, absolutamente e s t ú p i d o e ilógico [renunciar às armas nucleares]”, acrescentou Zelensky.

  • Ucrânia pressionada a abandonar armas nucleares

"Estávamos sob pressão dos Estados Unidos e da Rússia para desistir da Ucrânia. Essas duas potências estavam nos pressionando. Esses dois estados negociaram para garantir que a Ucrânia não tivesse armas nucleares", explicou Zelensky.

  • Outras declarações críticas de Zelensky

Em declarações ao podcaster americano Lex Friedman, no começo de janeiro de 2025, Zelensky foi além. 

  • Esclareça seus comentários

Ele disse que, segundo a Interfax-Ucrânia relatou na época, os líderes ucranianos que assinaram o Memorando de Budapeste deveriam ser presos.

  • Prendam os líderes que assinaram o acordo

“A Ucrânia concordou… Agora só precisamos encontrar essas pessoas e colocar na prisão todos aqueles que francamente inventaram tudo isso”, acrescentou Zelensky. 

  • A primeira crítica pública a Zelensky

Antes disso, em outubro de 2024, na cúpula do Conselho Europeu em Bruxelas, Zelensky mostrou uma postura aparentemente mais agressiva.

  • Armas nucleares ou NATO

"Ou a Ucrânia terá armas nucleares e isso será nossa proteção ou deveríamos ter algum tipo de aliança. Além da OTAN, não conhecemos nenhuma aliança efetiva hoje", disse Zelensky, informou o site Politico.


  • “Não estamos construindo armas nucleares”

Zelensky, posteriormente, esclareceu seus comentários. "Não estamos construindo armas nucleares. O que eu quis dizer é que hoje não há garantia de segurança mais forte para nós além da filiação à OTAN", disse ao falar com o Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, em uma entrevista coletiva.

VARELA: População Revolta-se e Incendeia Máquina Chinesa de Exploração de Areia Pesada.

Uma máquina de grande porte pertencente a uma empresa chinesa, encarregada da exploração de areia pesada na vila de Varela, foi completamente reduzida a cinzas após um violento incêndio, alegadamente provocado pela comunidade local. 

O incidente, descrito como um acto de sabotagem, gerou forte reacção do Ministro do Interior, Aladje Botche Candé, que classificou a situação como “inadmissível” e prometeu mão pesada contra os responsáveis.

 Em resposta imediata, o governo anunciou a instalação de um posto avançado das forças de segurança para restaurar a ordem e garantir o normal funcionamento das atividades mineiras na zona.

Vladimir Putin acaba de decretar tréguas com a Ucrânia durante 24 horas na sequência das festividades do período da Páscoa. Esta é a primeira pausa no conflito em mais de três anos de guerra.

SIC Notícias/Com Lusa
 Vladimir Putin decreta tréguas na Ucrânia durante o período da Páscoa

O anúncio foi feito este sábado pelo Presidente da Rússia. O período de tréguas entrou em vigor às 15:00 deste sábado e vai até às 21h da noite do domingo de Páscoa.

Vladimir Putin acaba de decretar tréguas com a Ucrânia durante 24 horas na sequência das festividades do período da Páscoa. Esta é a primeira pausa no conflito em mais de três anos de guerra.

Este cessar-fogo unilateral entrou em vigor às 15:00 deste sábado e vai até às 21h da noite do domingo de Páscoa (Portugal Continental).

"Guiado por considerações humanitárias, o lado russo declara uma trégua de Páscoa", afirmou este sábado o líder do Kremlin durante uma reunião transmitida pela televisão russa.

Vladimir Putin garante que não vai existir nenhuma ação militar até segunda-feira e que espera que a Ucrânia faça o mesmo, caso contrário terá de retaliar.

"Dou a ordem de cessar todas as hostilidades durante este período", declarou Putin.

A reação de Kiev à trégua da Páscoa demonstrará "a sinceridade, o seu desejo e a sua capacidade de cumprir os acordos e de participar nas conversações de paz destinadas a eliminar as causas profundas da crise ucraniana", segundo o Presidente russo.

"Esperamos que o lado ucraniano siga o nosso exemplo. Ao mesmo tempo, as nossas tropas devem estar preparadas para repelir possíveis violações da trégua e provocações do inimigo, bem como quaisquer ações agressivas da sua parte", acrescentou.

"Alertas de ataques aéreos estão a espalhar-se pela Ucrânia"

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, recorreu às redes sociais para contrariar as declarações de Vladimir Putin.

Acusa o Presidente russo de continuar a "brincar com vidas humanas", uma vez que "os alertas de ataques aéreos estão a espalhar-se pela Ucrânia."

A defesa aérea e a aviação ucranianas já começaram a trabalhar para nos proteger. A presença de drones nos nossos céus revela a verdadeira atitude de Putin em relação à Páscoa e à vida humana.", lê-se na publicação do Presidente da Ucrânia na rede social X.

Leia Também: O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou o seu homólogo russo de "brincar com a vida das pessoas", numa declaração que acontece cerca de uma hora após Vladimir Putin anunciar uma "trégua da Páscoa."


Cerca de 100 presos fugiram de uma prisão perto de Mongo, no centro do Chade, na noite de sexta-feira, após um tiroteio, um incidente que deixou pelo menos três mortos, disserem hoje várias fontes.

Por  LUSA 19/04/2025 

Cerca de cem presos fogem de prisão no Chade após tiroteio com 3 mortos

Cerca de 100 presos fugiram de uma prisão perto de Mongo, no centro do Chade, na noite de sexta-feira, após um tiroteio, um incidente que deixou pelo menos três mortos, disserem hoje várias fontes.

 "Houve cerca de cem fugitivos, três mortos e três feridos", disse à AFP Hassan Souleymane Adam, secretário-geral da província de Guéra, onde Mongo está localizada.

"Foi às 21h18 que os presos se revoltaram. Eles invadiram o escritório do diretor para conseguirem armas. Houve uma troca de tiros com os guardas. Ao mesmo tempo, o governador chegou. Ele ficou ferido", disse um funcionário administrativo em Mongo à AFP, sob condição de anonimato.

Este último confirmou que a troca de tiros provocou três mortos, acrescentando que escapou "um total de 132 prisioneiros, todos presos de direito comum".

Segundo a mesma fonte, os presos reclamaram de "falta de comida" antes de se revoltarem durante a noite.

O ministro da Justiça, Youssouf Tom, contactado hoje por telefone, disse à AFP que apenas poderá dar informações mais precisas quando se deslocar ao local, o que deve acontecer nas próximas horas.

A prisão, localizada cinco quilómetros a leste da cidade de Mongo, tem menos de 10 anos e é considerada uma prisão de alta segurança.


Leia Também: Número de mortos em motim de prisão no Chade sobe para 11...    O motim registado na sexta-feira à noite numa prisão no Chade provocou pelo menos 11 mortos, entre eles quatro militares, presumindo as autoridades que mais de 100 detidos conseguiram escapar.

Tailândia apresenta seu primeiro robô policial com inteligência artificial

Por hardware.com.br 

Robô com IA faz sua estreia patrulhando festival na Tailândia com câmeras 360° e reconhecimento facial.

Durante as celebrações do festival Songkran, a Tailândia colocou em operação seu primeiro robô policial equipado com inteligência artificial. O dispositivo foi apresentado oficialmente pela Polícia Real Tailandesa (RTP) no dia 16 de abril, em uma publicação nas redes sociais.

Segurança reforçada no festival Songkran

Chamado de “Pol Col Nakhonpathom Plod Phai” — que pode ser traduzido como “Nakhon Pathom está segura” — o robô foi posicionado na Tonson Road, na província de Nakhon Pathom, para monitorar a segurança pública durante o evento. O projeto é fruto de uma parceria entre a Polícia Provincial da Região 7, a Polícia de Nakhon Pathom e a prefeitura local.

Um robô policial estilo Robocop com visão 360°

O robô, batizado oficialmente como AI Police Cyborg 1.0, lembra o estilo Robocop e vem equipado com câmeras inteligentes capazes de capturar imagens em 360 graus. Todo o sistema é apoiado por inteligência artificial embarcada que analisa imagens em tempo real, tanto das câmeras do próprio robô quanto de drones e das câmeras de segurança da região.

Essas imagens são enviadas diretamente ao Centro de Comando e Controle da província, permitindo uma resposta rápida a qualquer incidente.

O que o AI Police Cyborg 1.0 é capaz de fazer?

O robô não está ali apenas para impressionar. Ele conta com uma série de recursos avançados voltados para a segurança:

Reconhecimento facial e alertas automáticos: identifica rostos e emite notificações caso detecte pessoas procuradas ou consideradas de alto risco.

Acompanhamento de suspeitos: consegue rastrear indivíduos em meio à multidão com base em características visuais.

Busca avançada por aparência: localiza pessoas com base em traços faciais, tipo físico, vestimenta e gênero.

Detecção de armas: reconhece objetos perigosos, como facas e bastões, e ignora brinquedos típicos do festival, como pistolas de água.

Monitoramento de comportamento: analisa ações e detecta possíveis brigas, agressões ou comportamentos suspeitos.

Robôs policiais também ganham espaço na China

A Tailândia não é o único país da Ásia apostando na integração de robôs na segurança pública. A China já iniciou testes com robôs humanoides em cidades como Shenzhen. Os modelos PM01, desenvolvidos pela EngineAI, foram vistos patrulhando ruas ao lado de policiais humanos, usando coletes de alta visibilidade e interagindo com o público.

Esses robôs são capazes de acenar, responder a comandos de voz e até mesmo cumprimentar pedestres. Lançado oficialmente em dezembro de 2024, o PM01 tem mobilidade ágil, tela sensível ao toque e uma plataforma aberta, que permite a desenvolvedores do mundo todo criarem novas funções.

Além do PM01, a China também está testando o RT-G — um robô em formato esférico desenvolvido pela Logon Technology para operações de segurança e emergência.



Ucrânia nega que acordo sobre minerais reconheça apoio dos EUA como dívida

© JOHN THYS/AFP via Getty Images   Lusa  19/04/2025

O Ministério da Economia ucraniano negou hoje que o acordo sobre recursos minerais que Kyiv e os EUA querem fechar antes de 26 de abril reconheça o apoio de Washington como uma dívida do país atacado pela Rússia.

"Não há qualquer conversa sobre qualquer nova dívida ou sobre a conversão de ajuda anterior em dívida", uma vez que "não há lógica de 'dívida' nas propostas dos EUA ou da Ucrânia", garantiu o vice-ministro da Economia ucraniano, Taras Kachka, em declarações à televisão ucraniana, noticiadas pela agência de notícias local Ukrinform.

No texto que está a ser tratado por responsáveis da administração Trump e do poder executivo liderado por Volodymyr Zelensky, "trata-se de quanto os Estados Unidos e a Ucrânia querem ganhar com investimentos", acrescentou o responsável governamental ucraniano.

Segundo Kachka, tanto americanos como ucranianos entendem que o apoio a Kyiv contra a Rússia "não é uma dívida, mas sim uma cooperação mutuamente benéfica".

Na quinta-feira, soube-se que a Ucrânia e os Estados Unidos assinaram um memorando no qual Kyiv e Washington aproximaram as suas posições e onde está expresso que os dois países querem criar "um fundo de investimento para a reconstrução", como parte de uma aliança económica entre as duas nações.

"Este fundo, como instrumento financeiro, terá o direito privilegiado de investir numa vasta gama de instalações na Ucrânia, assim que surgirem oportunidades", acrescentou hoje Taras Kachka.

"Em primeiro lugar, estamos a falar de minerais, mas também estamos interessados em investimentos americanos em infraestruturas: estradas, portos, energia", detalhou.

De acordo com o responsável, que também desempenha as funções de representante comercial da Ucrânia, uma delegação ucraniana chegará a Washington na próxima quinta-feira para discutir o acordo.

O objetivo da viagem é concluir as discussões técnicas sobre o fundo de investimento para a reconstrução da Ucrânia, que será estabelecido no âmbito do acordo.

As equipas de negociação devem reportar o seu progresso até 26 de abril, com a intenção de "concluir as negociações até essa data e assinar o acordo o mais rapidamente possível", de acordo com o texto do memorando.


Leia Também: Rússia diz ter recapturado cidade sob controlo ucraniano em Kursk

Maputo: A Polícia da República de Moçambique (PRM) impediu hoje, no centro de Maputo, a marcha de um grupo de jovens que pretendia protestar contra "perseguição e baleamentos" de ativistas e opositores políticos em Moçambique.

© Lusa  19/04/2025

 Polícia moçambicana impede marcha contra "perseguição e baleamentos"

A Polícia da República de Moçambique (PRM) impediu hoje, no centro de Maputo, a marcha de um grupo de jovens que pretendia protestar contra "perseguição e baleamentos" de ativistas e opositores políticos em Moçambique.

A marcha, que era promovida por um grupo de conhecidos ativistas sociais, devia começar na estátua Eduardo Mondlane, no centro de Maputo, por volta das 08h30 (menos uma hora em Lisboa).

O destino era a Procuradoria-Geral da República, onde os manifestantes pretendiam submeter um documento de protesto contra a falta de esclarecimentos sobre o baleamento de figuras críticas à governação do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

Vários grupos da Unidade Intervenção Rápida (UIR), polícia antimotim, tomaram o local onde a marcha devia começar, contingentes fortemente armados e com veículos blindados e pelo menos um camião equipado com canhões de jato de água.

"Esta é mais uma prova clara de que o aperto de mão entre Daniel Chapo [Presidente moçambicano empossado em janeiro] e Venâncio Mondlane [político que liderou as manifestações pós-eleitorais no últimos meses] foi apenas para inglês [ver]. Hoje, depois de termos comunicado e seguido todos protocolos exigidos, não devíamos ser impedidos de marchar", disse à Lusa o ativista Clemente Carlos, um dos organizadores da iniciativa.

Embora tenham sido impedidos de permanecer na estátua, os manifestantes tentaram percorrer a avenida Eduardo Mondlane, mas, depois de quase um quilómetro, as autoridades, sem disparar, obrigaram o grupo a abandonar o local.

"Vocês têm três minutos para sair daqui", declarou um comandante de uma das unidades, enquanto os membros da força de proteção obrigavam, por vezes à força, os jovens com cartazes a abandonarem o local.

"Nós só queríamos marchar e submeter um documento para que se pare com todas essas matanças. Porque nunca vimos nenhum crime público destes a ser julgado, nunca vimos a própria polícia, que disparou contra população em vários momentos, a ser julgada", disse à Lusa Inocêncio Manhique, outro ativista na marcha.

A marcha foi convocada na sequência do baleamento, no domingo, de Joel Amaral, um aliado do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, no centro de Moçambique.

Amaral, que está em "cuidados intensivos embora a evoluir bem", foi baleado no bairro Cualane 2.º, na cidade de Quelimane, província da Zambézia, por um grupo que se deslocava numa viatura todo terreno, quando a vítima seguia numa bicicleta.

Joel Amaral é um músico, autor de temas que mobilizaram apoiantes de Mondlane nas campanhas eleitorais para as autárquicas (2023) e depois para as presidenciais (2024).

Venâncio Mondlane, que classificou o baleamento de Amaral como mais um caso de "intolerância política", ameaçou convocar protestos "100 vezes piores" se a "perseguição política" aos seus apoiantes continuar.

Mondlane, que rejeita os resultados das eleições de 09 de outubro, liderou, nos últimos cinco meses, a pior contestação aos resultados eleitorais que o país conheceu desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), com protestos em que cerca de 390 pessoas perderam a vida em confrontos com a polícia, segundo dados de organizações da sociedade civil, degenerando, igualmente, em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.

O Governo moçambicano confirmou anteriormente, pelo menos, 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

Contudo, em 23 de março, Mondlane e o Daniel Chapo, Presidente já empossado, encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de cessar a violência no país.

"Eu fui obrigado a ir apertar a mão ao Presidente que foi colocado pela Comissão Nacional de Eleições e pelo Conselho Constitucional porque me garantiram que a perseguição, as mortes e os sequestros iriam parar. Mas, com o que aconteceu com o Joel Amaral, eles estão a cumprir?", questionou o político um dia após o baleamento de Amaral.

Logo após as eleições gerais de 2024, o assessor jurídico de Venâncio Mondlane, o advogado Elvino Dias, e o mandatário do Podemos, Paulo Cuambe, partido que apoiava a sua candidatura presidencial, foram baleados mortalmente no centro de Maputo, crime que provocou a comoção na sociedade moçambicana e que continua por esclarecer.

O Presidente moçambicano reagiu ao baleamento de Joel Amaral classificando-o como uma "afronta à democracia" e pedindo uma "investigação cabal".


A França vai lançar, em maio, uma operação para atrair centenas de cientistas de todo mundo, numa altura em que os EUA estão a fazer um "massacre orçamental" na ciência, anunciou o ministro do Ensino Superior e da Investigação.

© Shutterstock  Lusa  19/04/2025 

 França lança operação para recrutar centenas de cientistas de todo mundo

A França vai lançar, em maio, uma operação para atrair centenas de cientistas de todo mundo, numa altura em que os EUA estão a fazer um "massacre orçamental" na ciência, anunciou o ministro do Ensino Superior e da Investigação.

Segundo o ministro francês Philippe Batiste, a operação "Choose France for Science" será apresentada no dia 05 de maio pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e visa "reunir a comunidade científica e de investigação europeia", assim como "discutir o retrocesso das liberdades académicas que se verifica em todo o mundo".

Em entrevista à France Info, hoje divulgada, Philippe Batiste afirmou que o seu país terá "orçamentos dedicados" para atrair e instalar cientistas de todo o mundo.

"Somos um grande país de investigação, como outros grandes países europeus, como outros grandes países do mundo", afirmou, antes de manifestar a sua convicção de que haverá "um afluxo maior" de cientistas.

O ministro exemplificou que uma universidade como a Aix en Provence-Marseille, que avançou com uma iniciativa para atrair cientistas, recebeu "várias centenas de candidaturas".

Embora reconheça que é muito difícil estimar o custo orçamental de um cientista vindo do estrangeiro, uma vez que existem muitas diferenças, por exemplo, em função da especialidade, Philippe Batiste estimou que a ordem de grandeza para um cientista de "muito bom nível" é de cerca de um milhão de euros em três anos, tendo em conta o tempo necessário para a sua instalação.

Questionado sobre se a França pode suportar esta despesa, numa altura em que o Governo diz que terá de reduzir o seu orçamento para o próximo ano em 40 mil milhões de euros, respondeu que o orçamento do seu departamento cresceu nos últimos anos e que, atualmente, ascende a 26.700 milhões de euros.

Em todo o caso, o ministro da Investigação insistiu que "é um esforço coletivo" que deve ser feito a nível europeu.

"Estamos a tomar iniciativas, porque nós, franceses, estamos na vanguarda desta questão e porque estamos muito convencidos, mas é verdade, que o esforço deve ser feito a nível europeu, e é por isso que no dia 5 de maio a Europa da investigação e da ciência estará com o Presidente da República".

Philippe Batiste criticou abertamente a política do Presidente dos EUA, Donald Trump, em relação à ciência e às universidades: "O que estamos a ver nos Estados Unidos não são cortes orçamentais, é um massacre orçamental".

Salientou que esta situação não afeta apenas os EUA, mas também os programas de cooperação internacional em todo o mundo, incluindo alguns em que a França participa.


Leia Também: Cientistas revelam como ficar preso no trânsito afeta a nossa alimentação

MF || REUNIÕES DE PRIMAVERA DE 2025 DO FMI/ GRUPO BANCO MUNDIAL.

Por Ministério das Finanças   19 de abril de 2025

S.E. Ministro das Finanças da Guiné-Bissau, Dr. Ilídio Vieira Té, vai à caminho de Washington DC, onde a frente de uma importante delegação, vai  representar a Guiné-Bissau nas reuniões de primavera de 2025 do Fundo  Monetário Internacional e do Grupo Banco Mundial, que serão realizadas de segunda-feira, 21 de abril, a sábado, 26 de abril. 

A Guiné-Bissau tem um acordo financeiro com o FMI, e nesta senda, em preparação das reuniões de primavera, uma equipa de técnicos do FMI visitou a  Guiné-Bissau entre 2 e 19 de abril de 2025 para realizar consulta de 2025 ao abrigo do artigo IV e ainda discutir as políticas económicas que poderão servir de base à oitava avaliação do programa ao abrigo da Facilidade de Crédito Alargado ( FCA ). 

Em jeito de conclusão dos trabalhos da missão técnica, conduzidos pelo chefe de missão, Niko Obdari, o FMI prevê que o PIB cresça cerca de 5% em 2025, graças a termos de trocas mais favoráveis e a um forte investimento privado. As autoridades continuam empenhados em reduzir o défice orçamental para 3% do PIB, em conformidade com a meta do programa de Facilidade de Crédito Alargado. 

Durante os seus contactos em Bissau, a equipa de técnicos do FMI, manteve diálogo produtivo com as autoridades, e as conversas prosseguirão durante as próximas reuniões de primavera FMI/BM, em abril, a fim de chegar acordo sobre as políticas que sustentem a conclusão da oitava avaliação do FCA. 

O acordo com o Governo guineense foi aprovado pelo Conselho de Administração do FMI a 30 de janeiro de 2023, num montante total de 28,4 milhões de dólares. 

Em 29 de novembro de 2023, o Conselho de Administração do FMI, autorizou um aumento de acesso de 40% de quota para os 11,36 milhões ( DSE ). 

www.mef.gw

Em Bissau, 19 de abril de 2025

Stress: o segredo está na dose certa - 5 dicas para ajudá-lo a encontrá-la

 

Por cnnportugal.iol.pt  19/04/2025

Nota do editor: O podcast Chasing Life With Dr. Sanjay Gupta explora a ciência médica por trás de alguns dos mistérios da vida, grandes e pequenos.

“O stress faz mal à saúde” é uma daquelas frases que ouvimos vezes sem conta.

E, de facto, é verdade: o stress pode ser prejudicial e contribuir para uma série de problemas físicos e mentais, sobretudo quando se torna crónico e constante.

Mas há uma nova perspetiva que está a ganhar força: certos tipos de stress podem, na verdade, ser motores de crescimento pessoal e, segundo uma médica e autora do livro "O Paradoxo do Stress: Porque Precisa de Stress para Viver Mais Tempo, com Mais Saúde e Felicidade”, a dose certa de stress pode até ser essencial para o nosso bem-estar.

“Sim, demasiado stress faz-nos mal. Mas pouco ou nenhum stress também pode ser prejudicial”, explica Sharon Bergquist, numa conversa recente com Sanjay Gupta, correspondente médico da CNN, no podcast Chasing Life.

Sharon professora na Escola de Medicina da Universidade de Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos da América e diretora do programa de saúde e bem-estar da universidade, sabe bem o que é lidar com situações de elevada tensão. Em criança, viveu a Revolução Iraniana e foi forçada a fugir do país com a família.

“Fomos no último avião a sair antes de (Ruhollah) Khomeini chegar ao poder”, recorda. “O aeroporto estava absolutamente lotado. Lembro-me do caos para passar pela segurança, da multidão, e de como conseguimos chegar à pista — recordo cada passo”.

A família acabou por se instalar nos EUA, depois de uma passagem por Inglaterra. Mas o desafio continuou: “No oitavo ano, eu mal conseguia escrever um parágrafo em inglês. Demorava a noite inteira”. Ainda assim, acabou por se tornar oradora da cerimónia de finalistas da escola secundária, frequentou a Universidade de Yale e, mais tarde, a Faculdade de Medicina de Harvard.

Essas experiências lançaram a semente daquilo que viria a tornar-se a sua paixão académica: “O que me fascina é perceber porque é que algumas pessoas crescem e prosperam com o stress e outras não”, explica.

Segundo a médica, tudo depende do tipo e da quantidade de stress a que estamos expostos.

“Trabalho com muitos profissionais que são altamente motivados, mas também profundamente apaixonados pelo que fazem”, diz, sublinhando que levam vidas que podem ser consideradas “stressantes”. Ela própria inclui-se nesse grupo.

“Chamo a isso stress positivo, que, na minha opinião, tem um efeito muito diferente no nosso corpo em comparação com o stress prejudicial, aquele que se tornou praticamente sinónimo da palavra ‘stress’”, afirma. “Penso que já posso dizer, com alguma segurança, que o tipo bom de stress liberta um perfil bioquímico que, na verdade, promove a saúde: libertamos, por exemplo, dopamina, serotonina e oxitocina”.

A dopamina resulta da recompensa de fazer algo com significado, explica. A serotonina vem da alegria associada à realização, e a oxitocina surge quando contribuímos para um bem maior.

O stress negativo, por outro lado, é aquele que é imprevisível, inevitável e contínuo. A nossa resposta bioquímica a esse tipo de stress leva à libertação de cortisol, uma hormona que, a longo prazo, conduz a efeitos prejudiciais no organismo, como a hipertensão arterial.

Mas há boas notícias: os químicos libertados em situações de “stress positivo” ajudam a equilibrar os níveis de cortisol. “É como se aumentássemos a nossa capacidade de resistência ao stress”, explica.

A resiliência é como um músculo: é dinâmica e precisa ser desafiada para se tornar mais forte.

“O essencial, na verdade, é perceber que as nossas respostas ao stress existem para nos ajudar. Servem para nos permitir adaptar ao mundo à nossa volta”, afirma, sublinhando que, ao longo de toda a história da Humanidade, foi assim que os humanos sobreviveram e prosperaram.

“Mas os elementos que nos ajudavam a ativar essas respostas ao stress foram sendo eliminados do tecido das nossas vidas”, explica. Já não temos de enfrentar fatores de stress ambientais como a escassez de alimentos ou a exposição a extremos de calor e frio.

“A introdução de muitas destas comodidades retirou-nos a ligação ao ambiente natural em que vivemos”, afirma. Como consequência, “estamos, no fundo, a limitar-nos a nós próprios, porque não permitimos ao nosso corpo fazer aquilo para que está tão bem preparado”.

O que pode fazer para introduzir stress positivo na sua vida? Sharon tem cinco dicas.

Encontre o seu “ponto certo” (a zona Goldilocks)

“Desafie-se a sair da zona de conforto sem se sentir sobrecarregado”, recomenda.

"O stress positivo é como medicina. E, tal como qualquer medicamento, a dose determina a resposta”, explica. “O crescimento a partir do stress acontece quando este se encontra numa zona hormética, ou zona Goldilocks — a quantidade certa, nem demasiado, nem demasiado pouca”.

Por outras palavras, desafie-se a entrar na água e nadar, mas não se deixe afogar.

Mantenha a integridade pessoal

"As suas escolhas estão alinhadas com os seus valores? Ou estão em conflito com eles?”, questiona Sharon.

“O seu coração e a sua mente sabem a diferença”, afirma. “Persistir em situações onde se sente bloqueado ou desconectado dos seus valores pode tornar-se numa forma prejudicial de stress”.

“O stress positivo não se trata apenas de reinterpretar o stress da nossa vida de forma positiva”, explica. “Mas, em vez disso, é sobre agir de forma deliberada, com desafios significativos e orientados por um propósito, como antídoto para os fatores de stress crónicos que não conseguimos controlar ou evitar”.

Isso pode envolver, por exemplo, aceitar ou criar uma oportunidade de trabalho que esteja alinhada com os seus valores ou aprender uma habilidade que considere gratificante.

Seja estratégico na recuperação

“Para crescer com o stress, é necessário reservar tempo para descanso e recuperação”, defende Sharon.

“Sob stress, o seu corpo entra em modo de conservação de energia e faz uma espécie de ‘limpeza interna’”, explica. “Quando recupera, o seu cérebro e o seu corpo remodelam-se e criam novas conexões que o preparam melhor para os desafios futuros".

A recuperação, segundo Sharon, é tão importante quanto o stress positivo para obter benefícios. “Até o stress positivo pode acumular-se e tornar-se prejudicial sem a recuperação adequada".

Abrace a conexão entre a sua mente e o seu corpo

“Submeter-se a stress físico pode ajudar a construir resiliência mental e o contrário também é verdade”, diz Sharon. “É um processo notável chamado de cruzamento adaptativo”.

“Quando é exposto a stress físico ou psicológico positivo, o seu corpo repara e regenera as células, o que torna cada parte do organismo mais saudável e mais forte”, explica.

Pode, por exemplo, reforçar a resiliência mental através do stress físico (de forma positiva) ao adotar práticas como “consumir alimentos de origem vegetal, ricos em fitoquímicos que aumentam a resistência ao stress, praticar exercício físico de forma vigorosa, expor-se brevemente ao calor e ao frio, e fazer jejum intermitente através de uma alimentação com horários restritos”, explica. “Temos à nossa disposição muitas ferramentas para gerir o stress e reduzir os seus efeitos nocivos”.

Confie: o seu corpo foi feito para lidar com algum stress

Viver momentos de stress não é uma falha — é uma característica natural. “A nossa história enquanto seres humanos é feita de superar o stress — e de nos tornarmos mais fortes por causa disso”, afirma Sharon.

“É através dos ciclos repetidos de stress e recuperação que ativamos a nossa capacidade natural. É um dom que herdámos no nosso ADN”, explica. “A resiliência é como um músculo que todos podemos fortalecer, independentemente do lugar onde estamos ou dos desafios que enfrentamos. É normal ter medos. E é normal querer evitar desafios".

“Confie e avance na mesma. O resultado pode transformar a sua vida”, afirma.

Esperamos que estas cinco dicas o ajudem a usar o stress a seu favor. Pode ouvir o episódio completo aqui. E junte-se a nós na próxima semana no podcast Chasing Life, onde vamos falar sobre um tema de saúde muitas vezes esquecido à medida que envelhecemos: a mobilidade.


Guiné-Bissau: A Guarda Nacional guineense deteve hoje um grupo de populares da aldeia de Nhinquin, na estância balnear de Varela, norte da Guiné-Bissau, por alegadamente atearem fogo a instalações de um projeto de exploração das areias pesadas.

Por LUSA   19/04/2025

Populares detidos na Guiné-Bissau por atearam fogo a mina de areias pesadas 

A Guarda Nacional guineense deteve hoje um grupo de populares da aldeia de Nhinquin, na estância balnear de Varela, norte da Guiné-Bissau, por alegadamente atearem fogo a instalações de um projeto de exploração das areias pesadas.

A informação foi confirmada à Lusa por várias fontes em Varela e Ingoré, para onde foram encaminhadas 16 pessoas, neste momento detidas no quartel militar.

De acordo com um jornalista da rádio Balafon de Ingoré, "duas carinhas cheias de pessoas" e escoltadas por soldados da Guarda Nacional deram entrada ao princípio da noite no quartel.

Fontes em Varela disseram à Lusa que entre os detidos se encontra uma empresária do ramo hoteleiro, de nacionalidade italiana.

As mesmas fontes explicaram que o incidente se deu a meio da tarde quando um grupo de mulheres da aldeia de Nhinquin, onde se situa uma mina de areias pesadas, atualmente a ser explorada por uma empresa chinesa, ateou fogo às instalações.

A mesma ação já tinha acontecido em 23 de janeiro, também protagonizada por mulheres daquela aldeia. Na altura, a empresa GMG Mininig SARL suspendeu as atividades.

Estudos do Governo guineense indicam que na aldeia de Nhinquin, em Varela, existe uma mina de areias pesadas, das quais, após extração, serão aproveitadas o equivalente a 119 mil toneladas de minérios como ilmenite, zircão e rutilo.

Esses minérios são usados nas indústrias metalúrgica e aeronáutica, assim como na indústria nuclear.

Desde o início da exploração das areias pesadas, nos meados do ano 2000, que as populações de Varela têm reivindicado a rejeição ao projeto, considerando o local de exploração de "zona sagrada", onde fazem os rituais da aldeia de Nhinquin.

Fonte da Guarda Nacional disse à Lusa que as pessoas foram detidas para serem ouvidas "sobre as motivações" do incidente que culminou no fogo posto.


CONVOCATÓRIA PARA Á REUNIÃO DE COMISSÃO PERMANENTE MADEM G-15 COORDENADORA ADJA SATU CAMARA PINTO.

 

O Ministro do Interior deslocou-se esta manhã ao sector de São Domingos, na zona fronteiriça rumo a Varela, acompanhado por um forte dispositivo policial, para se inteirar da situação tensa que se vive na região após actos de vandalismo registados contra instalações de uma companhia chinesa envolvida em actividades de prospecção na área.


  • Aladje Botche Candé Ministro do Interior reúne-se com autoridades locais após destruição por fogo de empresa chinesa em Varela. 

O Ministro do Interior reuniu-se esta este sábado (19.04) com as autoridades locais do sector de São Domingos, na zona norte do país, na sequência da destruição por fogo das instalações de uma empresa chinesa que operava na localidade de Varela para inteirar da situação antes da sua deslocação.

Opinião. Estratégia de Trump dificilmente funcionará perante uma China que mede o tempo em décadas e não em ciclos noticiosos

Por Manuel Serrano cnnportugal.iol.pt  19/04/2025

Se a miopia estratégica a nível económico é séria, a cegueira geopolítica poderá ser dramática. Sem a credibilidade dissuasora dos Estados Unidos e com a abordagem errática de Trump à política externa, a possibilidade de Taiwan ser abandonado ou trocado por vantagens comerciais não é impensável

No teatro que é a política americana, Donald Trump nunca desempenha o papel de estadista. Assume, antes, o de entertainer. E em poucos palcos essa sua inclinação para o espetáculo é tão visível como na sua confrontação errática com a China. Sob o manto do nacionalismo económico e do slogan America First, a escalada de tarifas contra Pequim transformou-se num ciclo vicioso de medidas improvisadas, sem bússola nem cálculos minimamente consequentes. A retórica beligerante não esconde o facto de que os Estados Unidos estão a perder influência – já terão perdido o rumo – enquanto a China se reposiciona com a habitual paciência.

O que começou como uma promessa de corrigir desequilíbrios comerciais, com os instrumentos menos adequados para o fazer, depressa resvalou para um braço-de-ferro inútil, em que Washington dispara primeiro e pensa depois. As chamadas tarifas recíprocas chegaram aos 145%, não como parte de um plano articulado, mas como uma exibição de força. A consequência será uma perturbação das cadeias de abastecimento globais e um encarecimento dos bens essenciais, prejudicando exatamente aqueles que o Presidente jurou proteger.

No centro desta estratégia está a ilusão de que os Estados Unidos terão sempre vantagem por importar mais da China do que o inverso. Mas o comércio não é uma esmola. É uma relação de dependência mútua. Muitos países não importam bens dos Estados Unidos devido a limitações económicas, geográficas ou simplesmente falta de interesse. Os americanos consomem produtos chineses porque precisam deles. Quando escasseiam ou se tornam proibitivamente caros, quem sofre mais são os consumidores americanos, não os dirigentes em Pequim.

A isenção, à última hora e explicada de forma desastrada, de produtos eletrónicos, como smartphones e computadores, não é mais do que uma assunção tácita de que as tarifas exerceram pressão sobre as empresas americanas. Gigantes tecnológicos como a Apple, cujos CEO fizeram fila para assistir à tomada de posse de Trump, enfrentariam dificuldades em manter os custos competitivos enquanto pequenas e médias empresas sofrerão com margens reduzidas. Este impacto não só enfraquecerá a capacidade dos EUA de competir, como comprometerá a inovação, dificultando o acesso a matérias-primas e tecnologias fundamentais.

Enquanto Trump tropeçava nos seus próprios anúncios, a China, fiel à sua fama de negociadora calma e perseverante, aguardava. A volatilidade de Washington, aliada ao desprezo pelo multilateralismo e intenção de esvaziar as organizações internacionais, ofereceu a Xi Jinping uma oportunidade estratégica. Apesar de retaliar, Pequim projetou-se novamente como um ator responsável e empenhado na estabilidade global, em contraste com os Estados Unidos, que coloca em causa os pilares de uma ordem internacional que foi construída à sua imagem.

Adversários regionais da China, incluindo o Japão e a Coreia do Sul, apesar da disputa territorial pelas Ilhas Senkaku ou do irritante provocado pela implementação do sistema antimíssil norte-americano THAAD na Coreia do Sul, começaram a aproximar-se de Pequim, procurando laços económicos ainda mais estreitos com o intuito de reduzir a dependência face aos Estados Unidos. Exemplo disso mesmo é o caso recente da Malásia, num sinal de que esta aproximação dificilmente se circunscreverá ao campo económico e poderá ter implicações estratégicas profundas na arquitetura de segurança da região, especialmente no contexto da crescente militarização do Mar do Sul da China. Caso Pequim consiga fortalecer os laços económicos com os países da região, provavelmente será capaz de diluir a eficácia das alianças militares lideradas pelos EUA – como o QUAD – ou até fragilizar a presença americana no Indo-Pacífico.

A própria União Europeia intensificou a sua aproximação diplomática, procurando conter os efeitos das tarifas e evitar que o mercado europeu seja inundado por produtos chineses. Neste sentido, Ursula von der Leyen e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, vieram sublinhar a importância da estabilidade de um sistema comercial fundamentado em regras. Numa reviravolta impensável há apenas alguns meses, é a China, hábil na mutação como método de permanência, que se apresenta agora como garante da estabilidade e parceiro da Europa para salvaguardar a Organização Mundial do Comércio e as instituições multilaterais.

Numa conferência de imprensa com o Presidente do Governo de Espanha, Xi Jinping apelou mesmo à União Europeia para que se una à China na resistência contra as tarifas unilaterais impostas pelos EUA, sublinhando que “não há vencedores” numa guerra comercial. Pedro Sánchez, durante a sua visita a Pequim, atuando como “porta-voz” daqueles que veem na cooperação com a China uma oportunidade, apesar das persistentes violações dos direitos humanos, criticou a decisão de Washington e apelou ao reforço da cooperação económica. Uma posição que não será consensual entre os vinte e sete, mas que expõe a recalibração estratégica da União Europeia em curso, entre uma “redução de riscos” com a China e necessidade de evitar um agravamento das relações transatlânticas.

Entretanto, Trump continua a viver entre os séculos XIX e XX, obcecado com o Japão e a União Europeia, ignorante perante a transformação tecnológica e científica da China, resultado de décadas de investimento estratégico. Mas seria um erro interpretar que estamos perante medidas de cariz exclusivamente económico: foram desenhadas também para reforçar a sua base popular, glorificando a produção “made in america” e proclamando o ódio à globalização.

Mas se a miopia estratégica a nível económico é séria, a cegueira geopolítica poderá ser dramática. Sem a credibilidade dissuasora dos Estados Unidos e com a abordagem errática de Trump à política externa, a possibilidade de Taiwan ser abandonado ou trocado por vantagens comerciais não é impensável, sobretudo tendo em conta a forma como as negociações com a Rússia e a Ucrânia têm vindo a decorrer.

Trump não negoceia, impõe. Acredita que tudo aquilo que não pode ser convertido em espetáculo deve ser marginalizado. Mas mesmo que vivamos numa época em que o primeiro lugar na escala de valores é ocupado pelo entretenimento, como lamentava Vargas Llosa, este tipo de estratégia dificilmente funcionará perante uma superpotência que mede o tempo em décadas, não em ciclos noticiosos. Reindustrializar a América, como Trump se propõe fazer, repatriando cadeias de abastecimento, exigirá, além de anos de investimento, capacidade para pensar a longo prazo e paciência, duas virtudes que Trump não possui.

A resposta da China revela uma abordagem radicalmente oposta. Paralelamente à ofensiva diplomática, adotou uma mentalidade de economia de guerra, reforçou os departamentos encarregues das relações com os EUA e intensificou a propaganda, com slogans nacionalistas e referências a líderes históricos, numa tentativa de transformar a guerra comercial numa questão de orgulho nacional. Mas a realidade é que desde há alguns anos que tinha vindo a diversificar exportações, relocalizando cadeias de produção e garantindo acesso a matérias-primas críticas, promovendo o consumo interno como motor económico e acelerando a autonomia tecnológica.

Ignorar que a China desta vez está preparada para uma guerra comercial de atrito é um risco. Apesar das fragilidades internas, a elite chinesa vê na turbulência política dos EUA uma oportunidade para reafirmar a superioridade do seu modelo autocrático. A desorganização americana, com políticas comerciais erráticas, alimenta a confiança na resiliência do sistema chinês. Contudo, a tragédia da política de Trump não é apenas a incoerência dos seus objetivos, mas o facto de desperdiçar uma oportunidade estratégica para conter a China. Em vez do protecionismo e duma retórica beligerante, outro Presidente poderia ter liderado um esforço multilateral para limitar as práticas comerciais desleais da China, reforçado uma ordem que favorecesse valores democráticos e regras comerciais justas, reduzindo o espaço para que Pequim molde a ordem geopolítica asiática – e talvez não só – à sua imagem.   

Trump optou pelo caminho oposto, preferindo associar-se a autocratas e chantagear aliados. Uma guerra comercial não subjugará a China, mas provavelmente isolará os EUA. Não revitalizará a indústria americana, mas certamente agravará o custo de vida. Não reafirmará a hegemonia americana, mas provavelmente acelerará a sua decadência, afastando os seus aliados e aproximando-os do seu verdadeiro rival.

Xi Jinping compreende que o verdadeiro poder não se mede apenas em tanques, mas na arte de moldar o ambiente estratégico: influenciar sem provocar, dissuadir sem mobilizar. Nesse jogo de sombras, não poderia ter-lhe calhado adversário mais conveniente do que Donald Trump, com a sua imprevisibilidade, o seus isolacionismo e hostilidade ao próprio sistema que sustentou a hegemonia americana. Já os líderes europeus terão de aprender a lidar com o facto de o seu maior aliado ser também o seu maior – e mais imprevisível – risco.

@CNN Brasil Money   Estratégia de Trump não funcionou com a China, diz especialista | Abertura de Mercado☝

Trump 'ameaça' Benfica e FC Porto com corte nos prémios do Mundial... FIFA ainda tenta negociar, com os EUA, uma isenção às tarifas.

Por noticiasaominuto19/04/2025. 

Afinal, os prémios prometidos pela FIFA aos participantes da primeira edição do 'revolucionário' Campeonato do Mundo de Clubes, como é o caso dos representantes portugueses, Benfica e FC Porto, podem não ser tão milionários assim, e tudo por culpa de... Donald Trump.

Isto porque, de acordo com a edição deste sábado do jornal britânico The Guardian, a FIFA ainda não conseguiu alcançar um acordo com os Estados Unidos da América (país no qual irá decorrer a competição, entre 14 de junho e 13 de julho) tendo em vista uma isenção às tarifas impostas por Donald Trump.

A manter-se o atual cenário, dezenas de milhões dos 926 milhões de euros prometidos aos participantes (nomeadamente, aos 29 estrangeiros) ficarão retidos nos cofres norte-americanos. No entanto, as complicações não se ficam por aqui.

O organismo liderado por Gianni Infantino tem tido dificuldades em lidar com uma série de complexidades, como é o caso de as ditas tarifas variarem de estado para estado, o que significa que as receitas de cada clube poderão até depender... de onde jogam.

A publicação dá como exemplo o Paris Saint-Germain, que fará dois dos três jogos da fase de grupos em Los Angeles, onde as tarifas são de 7%, mais do que, por exemplo, na Pensilvânia, onde estas estão fixadas em 3%.


Leia Também: O Presidente norte-americano, Donald Trump anunciou esta sexta-feira estar em curso uma revisão profunda do sistema da função pública, que lhe dará poder para contratar e despedir diretamente até 50.000 empregos reservados a funcionários federais de carreira.

Os bancos e os postos de abastecimento do Mali suspenderam a greve que começou quinta-feira, na sequência de um acordo com as autoridades do país, avançou a agência de notícias France-Presse (AFP).

Por  LUSA  19/04/2025. 

Banca e postos de abastecimento suspendem greve após acordo

Os bancos e os postos de abastecimento do Mali suspenderam a greve que começou quinta-feira, na sequência de um acordo com as autoridades do país, avançou a agência de notícias France-Presse (AFP).

O sindicato nacional que representa os setores em causa (Synabef) reivindicava a libertação de três dos seus membros, detidos há um mês no âmbito de um processo de garantias bancárias, mas também exigia melhores condições de trabalho para os seus membros.

Num comunicado conjunto, o Synabef e uma estrutura dependente do gabinete do primeiro-ministro anunciaram na sexta-feira à noite "a suspensão da greve", na sequência de uma reunião entre uma delegação governamental liderada pelo primeiro-ministro, general Abdoulaye Maïga, e representantes do sindicato.

"Chegámos a um acordo sobre os 15 pontos reivindicados. A direção do Synabef decidiu suspender a greve", declarou nas redes sociais Abdoulaye Keïta, um responsável desta organização sindical, sem detalhar os pontos do acordo.

Uma fonte do Synabef disse à AFP na sexta-feira à noite que os três membros detidos seriam libertados "na terça-feira ou quarta-feira, o mais tardar".

Muitos bancos e postos de abastecimento encerraram na quinta e sexta-feira no Mali, depois de o Synabef ter convocado uma greve no país governado por uma junta militar, após dois golpes de Estado, em 2020 e 2021.


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