Era uma vez um Lobo.
Muitos diziam que era bom, que era uma excepção entre os lobos.
No reino, o Leão gostou dele e nomeou-o encarregado dos poços do reino e das casas do próprio rei.
De repente, os poços todos secaram, até os maiores como DICOL, GUINÉGÁS, FÁBRICA DE TAMBORES DE LATÃO, que davam ao reino muito dinheiro para pagar trabalhadores, escolas, hospitais, estradas e que ainda lhe davam independência estratégica.
No dia seguinte, o Lobo que parecia Bom comprou esses poços secos por uma ninharia.
Dois dias depois, os mesmos poços já não estavam secos e davam muita água para toda a gente comprar ao Lobo Bom.
Milagre ou fraude de lobo?
O reino ficou pobre, mas isso não importa.
O Lobo que parecia Bom ficou muito rico e todos ficaram cheios de orgulho por terem um Lobo rico.
O Lobo que parecia Bom comprou um barco e começou a transportar coisas para outras terras a Norte. Transportava também farinhas que faziam das pessoas Dret, coisas que os do Norte não permitiam e quase apanharam essas farinhas.
Quase:
Porque o Lobo que parecia Bom mandou afundar o barco e, com ele, dezenas de Cobras, Patos, Galinhas, Cabras, Carneiros, Vacas e Bois.
E tudo ficou bem para o Lobo que parecia Bom e para os amigos que o Lobo que parecia Bom tem no Norte.
E o Lobo que parecia Bom continuou a fazer o que parecia Bem.
Oferecia géneros e dinheiro e fazia fontenários nos bairros do Círculo Eleitoral onde queria vencer as eleições para Deputados.
Os Patos, Galinhas, Carneiros e Cabras, os Bois e as Vacas, todos eles, votaram no Lobo que parecia Bom e fizeram dele Deputado.
Especialmente as Cobras, a sua equipa.
E o Lobo que parecia Bom ganhou o lugar de Deputado.
Logo, o Lobo que parecia Bom começou a declarar que o rei era mau e que devia deixar o reino.
E o Lobo Bom ajudou as Cobras a expulsar o rei e garantiu dinheiro à equipa das Cobras.
Ficou também com as casas do rei.
E com os poços, as farinhas e outros djitus di lubo.
As Cobras uniram-se ao Lobo que parecia Bom Deputado e fizeram dele o administrador dos fundos da sua equipa e, na assembleia de todos, conseguiram entregar-lhe a gestão do dinheiro da assembleia.
O Lobo que parecia Bom tornou-se indispensável às Cobras: dava-lhes dinheiro para tudo, desde o matabicho até carros e casas e casamentos e baptizados e viagens.
As Cobras reuniram-se e fizeram do Lobo que parecia Bom o seu Presidente e Chefe de Tabanca.
O Lobo que parecia Bom não esperou muito.
Obrigou todos a comprar água só nos seus poços, aqueles poços que ele tinha secado e comprado baratinho, baratinho e que depois começaram a dar água novamente, cada vez mais caro, caro, caro.
O Lobo que parecia Bom começou a ser pesado para muitos. Mas ele arranjou remédio rápido: começou a matar também e a espancar. Assim, tinha os poços, as farinhas de Dret e Cobras fardados e armados, que selecionou e a que paga bem: dez milhões para matar, ou seja, o custo de uma casa zincada, Mercedes de ocasião, roupas, sapatos, fios de ouro e algumas Zandas para comer carne de cabra com póbar e tudo o mais que as Cobras possam roubar.
Mas o Lobo que parecia Bom queria mais e mais. Até arranjou amizade com Lobos de Fora, que lhe mandaram muitos Lobos com farda e armas, para o ajudar a passear nas ruas e a fechar as ruas às Cobras, Patos, Galinhas, Carneiros e Cabras, Bois e Vacas.
Agora, o Lobo que parecia Bom quer ser Régulo. Com tanto dinheiro e força, quer mandar em todas as tabancas, todas as Cobras, Patos, Galinhas, Carneiros e Cabras, Bois e Vacas, todos eles.
Assim, passará a ter os poços, as farinhas, as tabancas, as Cobras, os Patos, as Galinhas, os Carneiros, as Cabras, os Bois, as Vacas, todos eles, e ainda o ouro, o petróleo, a bauxite, os fosfatos.
Moral da história: não há lobo bom; o Lobo é mesmo… lobo!
Publicada por didi lopes
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