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Por LUSA 25/03/22
Altos funcionários europeus acusaram hoje a Rússia de "roubar" centenas de aviões alugados no estrangeiro, ao permitir que essas aeronaves fossem registadas no seu território, o que representa milhares de milhões de euros de prejuízos aos locadores.
A informação é avançada hoje pela agência de notícias France Presse (AFP), que afirma que as companhias aéreas russas têm até segunda-feira para devolver os aviões, ao abrigo das sanções aeronáuticas da UE adotadas após as forças russas terem invadido a Ucrânia.
Em causa está uma lei promulgada pelo presidente Vladimir Putin de 14 de março que veio autorizar as companhias aéreas do país a registar na Rússia os aviões que alugam no estrangeiro para que possam voar com eles no país.
A medida permite às companhias continuar a utilizar as aeronaves para voos domésticos, mas essas seriam apreendidas se voassem para o estrangeiro, explica a AFP.
"A maioria dos aviões em que eles (os russos) poderiam voar para o estrangeiro são aviões alugados, de origem europeia ou americana, que foram agora roubados aos seus legítimos proprietários, os locadores", disse o diretor-geral dos transportes da Comissão Europeia, Henrik Hololei, citado pela AFP.
Ao registar novamente as aeronaves na Rússia, as autoridades do país "violaram gravemente as leis do transporte aéreo internacional, e a lei básica da aviação civil, a Convenção de Chicago", acusou Hololei, durante uma conferência online do organismo europeu de controlo do tráfego aéreo (Eurocontrol).
"Uma enorme quantidade de bens foi de facto roubada pelos russos", acrescentou o director-geral da Eurocontrol, Eamonn Brennan, explicando que "existem cerca de 10 mil milhões (de euros) em bens, mais de 500 aviões apreendidos pelos russos e registados na Rússia, o que cria uma situação muito difícil para os locadores e seguradoras europeias".
A 12 de março, a Autoridade da Aviação Civil das Bermudas, onde várias centenas de aviões russos estavam registados, anunciou que retirava a sua certificação a partir do dia seguinte, abrindo o caminho para a proibição de voos.
Segundo o Ministério dos Transportes russo, em 11 de março, as companhias aéreas russas operavam 1.367 aeronaves, mais de metade das quais (739) estavam registadas no estrangeiro.
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O chefe da inteligência militar da Ucrânia, Kyrylo Budanov, prometeu hoje aos russos um "verdadeiro inferno" na Ucrânia, onde o Exército do Kremlin, que considerou "medieval", vai enfrentar um constante confronto de guerrilheiros ucranianos.
"Ocomando russo cometeu muitos erros e estamos a usar esses erros", disse o general ucraniano Kyrylo Budanov, numa entrevista ao semanário norte-americano The Nation.
"O Exército ucraniano mostrou que o Exército russo, o segundo Exército do mundo, era apenas um mito. É apenas uma concentração de poder medieval, métodos antigos de combate", acrescentou o jovem general de 36 anos.
Kyrylo Budanov juntou-se ao Exército após a queda da União Soviética e foi treinado pelos métodos da NATO.
O general foi nomeado para liderar a diretoria principal de inteligência do Ministério da Defesa ucraniano pelo chefe de Estado do país, Volodymyr Zelensky.
"Temos muitos informadores dentro do Exército russo, não só nas suas fileiras, mas também no seu círculo político e no seu comando", afirmou na entrevista.
Uma das suas prioridades nos últimos meses foi organizar uma força de guerrilheiros que vai permanecer atrás das linhas russas no caso de uma longa ocupação para realizar operações de combate.
Budanov não deu detalhes da força, mas observou que era "um grande número de pessoas" e mencionou a presença de combatentes.
"Os nossos combatentes, os nossos soldados e até os nossos caçadores vão começar a perseguir o agressor, as tropas russas, com as armas nas florestas. A primavera vai chegar em breve, as nossas florestas vão ficar verde novamente e um verdadeiro inferno vai se abrir diante do agressor", disse.
O general observou que, embora a resistência ucraniana tenha enfrentado o Exército russo por um mês, a situação continua "muito difícil".
"Temos grandes forças russas no nosso território que cercaram as cidades da Ucrânia. Quanto às perspetivas da paz, apesar das negociações, permanecem vagas e imprevisíveis", salientou.
Kyrylo Budanov também desprezou os combatentes chechenos que se juntaram às tropas da Rússia na frente ucraniana, observando que era fácil rastreá-los ao ouvir as suas conversas nos telemóveis.
"Temos muitos informadores nas fileiras chechenas. Assim que prepararem uma operação, nós sabemos graças aos nossos informadores", acrescentou.