Por cnnportugal.iol.pt
O líder norte-coreano Kim Jong-un visita a base de treino das forças armadas de operações especiais do Exército da Coreia, num local não revelado, na Coreia do Norte, nesta imagem divulgada pela Agência Central de Notícias da Coreia do Norte, em 4 de outubro de 2024. KCNA
Tensão na Pensínsula Coreana, depois de Seul ter apresentado um míssil balístico, que diz ser o mais potente de sempre, e outras armas destinadas a dissuadir o Norte durante um desfile do Dia das Forças Armadas
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ameaçou utilizar armas nucleares para destruir a Coreia do Sul em caso de ataque, informaram os meios de comunicação social estatais esta sexta-feira, depois de o presidente sul-coreano ter avisado que, se o Norte utilizasse armas nucleares, “enfrentaria o fim do seu regime”.
A retórica inflamada não é nova, mas surge numa altura de tensão na Península Coreana e poucas semanas depois de os meios de comunicação social estatais norte-coreanos terem divulgado imagens de Kim Jong-un a visitar uma instalação de enriquecimento de urânio, que produz materiais nucleares para armas.
Durante uma visita a uma base militar na parte ocidental do país na quarta-feira, Kim disse que se o Sul invadir a soberania do Norte, Pyongyang “usará sem hesitação todas as forças ofensivas que possui, incluindo armas nucleares”, informou a Agência Central de Notícias da Coreia.
“Se tal situação ocorrer, a existência permanente de Seul e da República da Coreia será impossível”, acrescentou Kim, utilizando o nome próprio da Coreia do Sul.
As hostilidades entre os dois líderes coreanos têm vindo a aumentar este ano, uma vez que a Coreia do Norte parece ter intensificado os seus esforços de produção nuclear e reforçado os seus laços com a Rússia, o que tem suscitado uma preocupação generalizada no Ocidente quanto à orientação da nação isolada.
Os comentários de Kim parecem ter surgido em resposta direta ao presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol, que na terça-feira apresentou o míssil balístico mais potente de Seul e outras armas destinadas a dissuadir as ameaças norte-coreanas durante um desfile do Dia das Forças Armadas.
A Coreia do Norte e a Coreia do Sul estão separadas desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953, que terminou com um armistício e não com um tratado de paz, deixando as duas partes ainda tecnicamente em guerra.
Embora ambos os governos tenham há muito procurado o objetivo de um dia se reunificarem pacificamente, no início deste ano Kim Jong-un anunciou que o Norte deixaria de perseguir esse objetivo, chamando ao Sul o “inimigo principal” e demolindo um monumento que simbolizava a unificação.
A Coreia do Norte poderá revogar um acordo fundamental que consagra o potencial de reunificação das Coreias já na segunda-feira, altura em que se espera que a sua legislatura se reúna, informou o Ministério da Unificação de Seul à CNN.
No mês passado, os meios de comunicação social norte-coreanos divulgaram fotografias de Kim a visitar uma instalação nuclear, num raro vislumbre do programa de armamento do país, que se encontra bem guardado. Segundo os especialistas, as imagens - que mostram Kim ladeado por homens com uniformes militares e batas brancas - sublinham a crescente confiança da Coreia do Norte na sua posição de potência nuclear.
Visitantes observam o míssil Hyunmoo-5 da Coreia do Sul durante uma cerimónia para assinalar o 76.º aniversário do Dia das Forças Armadas da Coreia na Base Aérea de Seul, em Seongnam, a 1 de outubro de 2024. Jung Yeon-je/AFP/Getty Images
A Coreia do Sul também tem estado a construir o seu arsenal para responder a uma potencial ameaça do Norte.
Na terça-feira, Yoon apresentou o míssil balístico Hyunmoo-5, que, segundo consta, é capaz de penetrar nos bunkers subterrâneos norte-coreanos.
“Se a Coreia do Norte tentar utilizar armas nucleares, enfrentará a resposta resoluta e esmagadora das nossas forças armadas e da aliança SK-EUA”, afirmou Yoon, referindo-se aos Estados Unidos, o principal parceiro militar do país. “O regime norte-coreano deve agora libertar-se da ilusão de que as armas nucleares o protegerão.”
Os Estados Unidos sobrevoaram com um bombardeiro B-1B a cerimónia do Dia das Forças Armadas, na terça-feira, em Seongnam, perto de Seul, numa aparente demonstração de solidariedade.
Na quarta-feira, Kim Jong-un chamou Yoon Suk-yeol de “fantoche” e disse que ele era um “homem anormal” por se gabar de seu poderio militar às portas de uma nação que possui armas nucleares, informou a KCNA.