© GAVRIIL GRIGOROV/Sputnik/AFP via Getty ImagesNotícias ao Minuto 29/06/23
O militar terá sido detido pelas autoridades russas, depois de ter sido avançado pela imprensa que este saberia dos planos do Grupo Wagner que marcaram este fim de semana.
Sergei Surovikin é o homem ‘do momento’ no âmbito da rebelião levada a cabo pelo Grupo Wagner no último fim de semana. O general russo, que se tornou uma figura importante na invasão da Ucrânia em outubro passado, aparenta estar com um lado em cada lado da fronteira russa – com um pé apoiado no Kremlin e o outro o outro num tanque comandado pelo grupo paramilitar.
De acordo com o que duas fontes ligadas ao ministério da Defesa da Rússia disseram ao Moscow Times, na quarta-feira, o militar estará agora detido pelas forças russas, dois dias depois de ter ‘desaparecido’ – algo que aconteceu no meio de alegações avançadas pelo New York Times, que referiu que o general sabia da rebelião que o Grupo Wagner começou no início do fim de semana.
Já o Wall Street Journal avançou que a marcha até Moscovo não era o plano A, tendo sido encaminhado para aqui depois de o Serviço Federal da Rússia (FSB) ter descoberto os planos do líder da mílicia, Yevgeny Prigozhin. Segundo a publicação, os primeiros planos traçados seriam para capturar o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, e o general do exército, Valery Gerasimov, uma dupla a quem Prigozhin terá tecido duras críticas ao longo dos meses.
Mas quem é Sergei Surovikin?
O ‘General Armageddon’, como também é conhecido devido às suas táticas agressivas, tem 56 anos e nasceu na Sibéria.
Descrito como um “líder militar duro e exigente”, o responsável já passou por combates no Afeganistão, Chechénia, Tajiquistão e Síria. Segundo o que a imprensa internacional nota, Surovikin foi responsável pela destruição da cidade de Alepo.
Citando a agência Tass, a BBC apontou ainda na Chechénia, este homem deixou a promessa de “destruir três militares por cada soldado [de Putin] morto”.
A brutalidade deste homem em campo levou a que, em outubro, Putin o tivesse nomeado, logo a seguir à destruição da Ponte de Kersh, na Crimeia, e a uma espécie de humilhação russa, dado que nesta situação, muitos generais russos foram despedidos por “incompetência”.
Na altura da sua nomeação, a BBC sublinhou também que a vinda do siberiano foi vista como uma "concessão de Putin aos intransigentes".
Na ‘mira’ do Kremlin
A confirmar-se a detenção avançada pelo Moscow Times, Surovikin pode ser o primeiro militar de alta patente a ser punido pelo governo da Rússia.
Na quarta-feira, antes de a detenção ter sido avançada, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, já tinha falado sobre o possível conhecimento deste militar.
"Agora haverá muita especulação, boatos e por aí em diante sobre estes eventos. Acho que esse é um desses exemplos", referiu o porta-voz aos jornalistas, citado pela agência Tass.
Segundo o New York Times, que cita fontes dos serviços secretos dos Estados Unidos, o ‘General Armageddon’ sabia dos planos da rebelição do Grupo Wagner, que o líder desta milícia, Yevgeny Prigozhin ,rejeitou, desde início ser um “golpe militar”.
De acordo com a publicação norte-americana, os funcionários do governo dos Estados Unidos acreditam que esta rebelião não teria avançado se não houvesse o apoio de pessoas em cargos de poder. Uma análise estará a ser feita pelos mesmos responsáveis, por forma a perceber a extensão do apoio que Prigozhin teria dentro da liderança militar russa.
Surovikin, o bode expiatório?
Já numa análise conhecida esta quinta-feira, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) aponta que, apesar de a detenção não ser confirmada, é "evidente que a rebelião continua a ter ramificações substanciais".
"Se as autoridades russas detiveram Surovikin, o Kremlin vai provavelmente usá-lo - e aos seus afiliados - como bode expiatório para justificar publicamente a razão pela qual os militares russos e a segurança interna responderam de forma enfraquecida à rebelião", apontaram os responsáveis do 'think thank' norte-americano.