sexta-feira, 22 de março de 2019

Militares têm ordens para disparar nas manifestações em França

Ministro do Interior, Christophe Castaner, no conselho de crise com o Presidente Macron, após violência nos Campos Elísios.  Christophe Petit Tesson/Pool via REUTERS

Na véspera de mais um sábado de manifestações de coletes amarelos em França, nova disfunção entre o governo, oposição, polícia e militares, após o ministro do Interior, ter anunciado que militares vão trabalhar com a polícia de ordem pública. Do seu lado, o governador militar de Paris, afirmou hoje que os militares estão autorizados a disparar se forem atacados.

A contribuição do exército francês durante as manifestações de amanhã dos coletes amarelos está a suscitar indignação entre partidos da oposição e associações dos direitos humanos.

É que hoje veio o governador militar de Paris, Bruno Leray, evocar a possibilidade dos soldados disparar ou  "abrir fogo" durante as manifestações de amanhã.

"As ordens dadas são extremamente precisas. Os soldados dispõem de diferentes meios de acção frente a qualquer ameaça; meios que podem ir até à abertura de fogo. Os soldados podem responder de maneira proporcionada", sublinhou o governador-general. 

Isto depois do governo, através do seu Ministro do Interior, Castaner, ter anunciado ontem a mobilização de militares da operação anti-terrorista Sentinela, ao lado da polícia de ordem pública e segurança, durante as manifestações.

Sem dizer, que o governo, já tinha proíbido manifestações nos Campos Elísios e nos principais bairros de Paris, em torno de instituições da República, para não se repetir a violência de extremistas, sobretudo, dos Black Blocs, da extrema esquerda, no sábado passado na bela avenida da capital francesa. 

Na oposição, o deputado dos Republicanos, Eric Ciotti, reagiu, dizendo: "em 2017 Emmanuel Macron prometia apaziguar a França, mas em 2019, ele mobiliza a força Sentinela, sem advertir o chefe do Estado Maior dos Exércitos, e deixa entender que os militares poderão disparar contra manifestantes.

Enfim, o líder da França Insubmissa e antigo candidato presidencial, Jean-Luc Mélenchon, pediu hoje  "solenemente", ao primeiro-ministro, Edouard Philippe, para comparecer perante o Parlamento e explicar à nação o porquê desta "declaração de mobilização militar tão aventureira como perigosa".

De recordar, que a França, foi criticada pelo Conselho dos direitos da ONU e pelo Conselho da Europa, guardião das liberdades dos países membros, por causa da violência durante as manifestações, sobretudo, da violência da polícia.  

Esperemos para ver como vai ser o dia de amanhã nas manifestações dos coletes amarelos em toda a França.

pt.rfi.fr

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