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POR LUSA 28/07/23
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) anunciou que as suas operações no Níger estão "suspensas", na sequência do golpe de Estado realizado na quarta-feira por um grupo de membros da Guarda Presidencial.
"As nossas operações humanitárias estão suspensas enquanto o país enfrenta uma situação humanitária complexa relacionada com o aumento da violência, os desafios socioeconómicos e as alterações climáticas", declarou a organização num comunicado publicado no seu sítio Web.
A organização afirmou que o número de pessoas que necessitam de assistência humanitária aumentou de 1,9 milhões em 2017 para 4,3 milhões em 2023 e destacou que "mais de 370 mil pessoas estão deslocadas dentro do país, que também acolhe mais de 250 mil refugiados, principalmente da Nigéria, Mali e Burkina Faso".
"A violência dos grupos armados, tanto no país como nos países vizinhos, aumentou as nossas preocupações sobre a proteção dos civis e agravou a insegurança alimentar", disse, referindo que 2,5 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar grave.
O OCHA sublinhou que "este número deverá atingir os três milhões durante a época de escassez, que vai de junho a agosto", e recordou que o apelo para angariar 584 milhões de dólares (cerca de 500 milhões de euros) para atividades humanitárias está financiado a 32%.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, afirmou que todo o pessoal da ONU "está em segurança". "Como podem imaginar, pedimos aos nossos colegas que trabalhassem a partir de casa, se possível", afirmou.
"Temos alguns colegas no terreno que não podem deslocar-se devido a restrições de tráfego aéreo", disse Dujarric, que afirmou que a ONU tem cerca de 1.600 funcionários no país, dos quais 1.244 são nigerinos e 352 são estrangeiros.
O golpe começou na madrugada de quarta-feira, quando um grupo de membros da Guarda Presidencial - liderado por Oumar Tchaini desde 2011 - bloqueou as entradas do Palácio Presidencial. Nas primeiras horas da manhã de quinta-feira, anunciaram a demissão de Bazoum - que continua detido - e a suspensão da Constituição, uma declaração "endossada" horas mais tarde pelo Estado-Maior do Exército.
Estas ações provocaram uma avalanche de condenações por parte da comunidade internacional - Nações Unidas, União Africana (UA), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Europeia (UE) e países como os Estados Unidos, Espanha e França - que apelaram à libertação de Bazoum e à preservação da ordem constitucional.
O Níger é um aliado fundamental de vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos e a França, na luta contra o terrorismo e, até à data, tem conseguido evitar a instabilidade política que tem assolado outros países da região devido à insegurança causada pelo recrudescimento dos ataques da Al-Qaida, do Estado Islâmico e do Boko Haram.