DW.COMLíder do PAIGC diz que ainda não recebeu nenhuma notificação de mandado de captura internacional emitido pela PGR da Guiné-Bissau. E revela que vai regressar ao país após o fim do ano, apesar da "intimidação" política.
"Não tenho conhecimento de qualquer mandado de captura em meu nome". Esta foi a primeira reação oficial de Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ao anúncio da Procuradoria-Geral da República (PGR) da Guiné-Bissau. O órgão emitiu esta sexta-feira (18.12) um mandado de captura internacional contra o político guineense, no âmbito de um processo-crime que segue os trâmites legais na PGR.
Em entrevista exclusiva à DW África, Domingos Simões Pereira (DSP) confirmou ter conhecimento deste comunicado da PGR, questionando o porquê desta notícia, numa altura em que prepara o regresso à Guiné-Bissau.
DW África: Já recebeu uma notificação oficial da PGR da Guiné-Bissau:
Domingos Simões Pereira (DSP): "Não recebi nenhum mandado de captura. Temos a mesma informação. Admitindo que há essa intenção, o mínimo que se pode dizer, é que tudo isto é muito estranho. Numa altura em que todo o mundo que acompanha a atualidade política da Guiné-Bissau, sabe que eu anunciei o meu regresso ao país. Não se limita a ser estranho, porque eu sou líder de um partido politico, por sinal o maior na Guiné-Bissau, portanto, não deverá haver dificuldades em entrar em contato com o meu gabinete. Outro aspeto muito importante, todo o mundo sabe que sou um deputado da Nação, com um mandato ativo. Havendo esta necessidade de lançar um procedimento judicial, há um direito que assiste a todos os cidadãos, o de querer saber de que é que sou acusado. Qual é o problema?"
DW África: Não tem conhecimento deste processo do qual é indiciado?
DSP: Não conheço nenhum processo levantado contra mim. Pelo menos, o meu gabinete não dá indicação de numa notificação nesse sentido. Por algum motivo, isto acontece numa altura em que anunciei o meu regresso ao país.
DW África: Acha que é uma perseguição política, uma forma de impedir o seu regresso ao país?
DSP: Todos podemos deduzir isso. Acho que há muita gente que não está interessada no meu regresso à Guiné-Bissau, muitos por interesses completamente singulares. Talvez isto seja para me meter medo ou colocar-me alguma restrição. Eu sou guineense, estou muito à vontade enquanto político e cidadão. Vou para a Guiné-Bissau e quando chegar, espero que possa exercer o meu direito de cidadania. Tendo que responder por alguma situação, irei responder em total liberdade. A natureza das pessoas que acham que me podem intimidar, fica à vista de todos.
DW África: Vai a Guiné-Bissau antes do final do ano?
DSP: Não. O que eu disse foi que ia preparar o meu regresso ao país durante o mês de dezembro. Mas posso adiantar-lhe, em primeira mão, que irei voltar logo depois do final do ano."
DW África: Não tinha outro processo pendente no Ministério Público ou na Justiça da Guiné-Bissau ainda por responder?
DSP: Nunca fui notificado em relação à minha pessoa, enquanto líder político ou noutra competência. Não tenho conhecimento de nenhum processo. Apenas sei que houve uma tentativa de levantamento da minha imunidade parlamentar na Assembleia Nacional Popular, que terá sido rejeitada pela Assembleia, porque na altura, reclamavam não ter conhecimento dos pormenores deste processo."
DW África: Há condições para contiinuar a exercer a sua função política na Guiné-Bissau, enquanto lider do PAIGC?
DSP: Penso que é o mesmo que perguntar-me se há condições para eu continuar a ser cidadão guineense... A única coisa que lhe posso dizer é que tenho intenção de estar na Guiné-Bissau e eu penso que todos nós enquanto guineenses, deviamos questionar se podemos ser guineenses no nosso próprio país."