Por Jorge Herbert
A minha resposta a Nair Pinto Pereira, sobre um post em que afirma que a Guiné-Bissau não está preparada para ter um político como DSP!
RESPOSTA:
É justamente essa petulância de uma pretensa superioridade intelectual assente numa falácia estruturada de fora para dentro e a sua insensibilidade face ao sofrimento do comum dos mortais dos guineenses, que o levou enquanto líder partidário a bloquear o país durante uma legislatura inteira, que faz com que se torna difícil que consiga afirmar-se entre os seus pares... Sempre disse que, se tivesse tido a humildade de aceitar a sua exoneração como Primeiro-ministro e se colocasse humildemente na posição de líder partidário na consolidação das bases, decerto que hoje poderia ser o indivíduo com maior capital político na Guiné-Bissau... Optou pelo tudo ou nada e esvaziou quase todo o capital político que lhe proporcionaram fora do país, em lutas estéreis que tinha como objetivo desgastar a imagem de Jomav, mas que também agravava a situação social e política do país e do seu povo...
Usar o grau de analfabetismo do povo como argumento para justificar essa dificuldade na afirmação política, faz parte desse complexo colonial de que ele e a maioria dos seus apoiantes ainda não se despiram... Mahatma Gandhi, un intelectual de alto nível formado pelo colonialismo, conseguiu mobilizar para a sua luta, um povo milhão de vezes maior que a Guiné-Bissau, com milhões de analfabetos mais que a Guiné-Bissau, com problemas de divisão étnica mais graves que na Guiné-Bissau, porque soube despir-se dos símbolos coloniais, identificar e abraçar as causas nacionais e verdadeiras necessidades do seu povo... Amílcar Cabral fez justamente o mesmo. Despiu-se desses valores coloniais, estudou o seu povo no âmago dos seus valores e princípios e soube estar e ser morto como Ghandi, ao lado dos seus e do nível intelectual do seu povo...
Quando se quer fazer política na Guiné-Bissau, carregado com valores incutidos num dos cantos mais atrasados da Europa, com uma luta interna para a preservação dos valores coloniais em que tu és um elemento essencial para a sua difusão, o risco de fracasso político num pequeno país que tem uma história de séculos de resistência à imposição de valores coloniais, é grande, mesmo com altos recursos monetários e audiovisuais investidos a prometer um maravilhoso mundo novo, semelhante ao do ex-colonizador...
Não é a Guiné-Bissau que não está preparada para ter um político como DSP. Ele é que não está em conformidade política com a realidade da Guiné-Bissau e do seu povo, porque foi preparado numa e para uma realidade diferente, que ele e os seus apoiantes continuam a ter como referência e que de referência nada tem para os guineenses...
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