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sábado, 24 de junho de 2023

RÚSSIA: Grupo Wagner suspende movimentações após negociar com Lukashenko

© Lusa

POR LUSA  24/06/23 

O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, aceitou hoje suspender as movimentações da rebelião na Rússia contra o comando militar, depois de ter negociado com o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.

"Yevgeny Prigozhin aceitou a proposta [...] de parar as movimentações dos homens armados do grupo Wagner e tomar medidas para reduzir as tensões", adiantou o canal não oficial da Presidência Bielorrussa no serviço de mensagens Telegram.

A informação foi entretanto confirmada pela Wagner, através da mesma rede social, numa mensagem assinada por Prigozhin.

"Iam desmantelar o grupo Wagner. Partimos no dia 23 de junho [sexta-feira] na 'Marcha da Justiça'. Durante o dia avançamos até ficarmos a cerca de 200 quilómetros de Moscovo. Neste período, não derramamos uma única gota de sangue dos nossos combatentes", disse Prigozhin numa mensagem de áudio transmitida no Telegram.

"Agora, chegou a hora em que o sangue russo pode ser derramado. E, por isso, compreendemos a responsabilidade por este derramamento de sangue russo numa das partes e vamos organizar-nos e regressar aos acampamentos de acordo com o plano", acrescentou.

Lukashenko conversou com o Presidente russo, Vladimir Putin, hoje de manhã para "abordar a situação no sul da Rússia" após a ocupação de Rostov pelo grupo Wagner.

Mais tarde, o chefe de Estado bielorrusso, "de acordo com o Presidente russo, conversou com o líder do grupo Wagner", tendo decorrido negociações ao longo do dia.

O chefe do grupo paramilitar Wagner apelou hoje a uma rebelião contra o comando militar russo, que acusou de atacar os seus combatentes.

Putin qualificou a ação do grupo paramilitar de rebelião, afirmando tratar-se de uma "ameaça mortal" ao Estado russo e uma traição.


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segunda-feira, 26 de junho de 2023

Prigozhin quebra o silêncio, após dois dias sem dar sinais de vida: "Ninguém do Grupo Wagner aceitou assinar qualquer contrato"

Por  
CNN Portugal26/06/23 

O líder do Grupo Wagner publicou um áudio no Telegram onde apresenta os motivos para a rebelião do último sábado, assegura que só recuou para “evitar um banho de sangue dos soldados russos” e alerta que o motim “colocou a nu as falhas de segurança” da Rússia

Depois de praticamente 48 horas sem dar sinais de vida, Yevgeny Prigozhin quebrou o silêncio para garantir que "ninguém do Grupo Wagner aceitou assinar qualquer contrato" e reforçar quais foram os principais motivos que o levaram a liderar a rebelião do último sábado.

“Não marchámos para depor a liderança russa. (…) Não demonstrámos hostilidade, mas fomos atingidos por mísseis e helicópteros. Foi este o gatilho. (…) O objetivo da marcha era evitar a destruição do grupo Wagner. Estava condenado a desaparecer a 1 de julho”, disse. 

"Durante a noite, fizemos 780 quilómetros. Ficámos a 200 e poucos quilómetros de Moscovo”, garantiu, apesar não haver qualquer evidência de que as suas forças tenham estado tão perto da capital russa.

Prigozhin assegurou que "nem um único soldado no chão foi morto” e lamentou “terem sido forçados a atacar aeronaves", mas justificou que “essas aeronaves lançaram bombas e lançaram ataques com mísseis."

O líder do Grupo Wagner acrescentou ainda que a marcha teve também por objetivo "levar à justiça aqueles que, por causa das suas ações não profissionais, cometeram um grande número de erros durante a operação especial militar" na Ucrânia.

Ainda no mesmo áudio, Prigozhin disse que a marcha parou quando o destacamento "fez um reconhecimento da área e era óbvio que, naquele momento, muito sangue seria derramado”. “Sentimos que demonstrar o que íamos fazer era suficiente", justificou.

"Nesse momento, Alexander Lukashenko [presidente da Bielorrússia] estendeu a mão e se ofereceu para encontrar soluções para o futuro trabalho do Grupo Wagner PMC dentro do quadro legal", acrescentou.

Prigozhin disse que o ministro da Defesa russo tinha planos para acabar com o Grupo Wagner a 1 de julho.
"Ninguém aceitou assinar um contrato com o Ministério da Defesa, pois todos conhecem muito bem a situação atual e sabem, pela sua experiência durante a operação militar especial, que isso levará a uma perda total da capacidade de combate", disse.
Admitiu, contudo, que alguns combatentes assinaram contratos com o Ministério da Defesa, mas alegou que era apenas um número mínimo."Aqueles combatentes que decidiram que estavam prontos para passar para o Ministério da Defesa fizeram-no. Mas esse é um número mínimo, estimado em 1 a 2%. Todos os argumentos para manter o Grupo Wagner foram apresentados, mas nenhum foi implementado", disse.

Prigozhin não dava sinais de vida desde sábado à noite, altura em que deixou território russo, através da Bielorrússia, depois de um suposto acordo moderado pelo presidente do país vizinho da Rússia, Alexander Lukashenko, que terá posto fim à rebelião armada.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, Lukashenko sugeriu o acordo ao presidente russo, Vladimir Putin, numa conversa telefónica que mantiveram no sábado de manhã.

domingo, 21 de maio de 2023

Ucrânia: Putin felicita Exército e grupo Wagner pela conquista de Bakhmut

© Reuters

POR LUSA  20/05/23 

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, felicitou hoje o Exército e o grupo paramilitar Wagner pela conquista da cidade de Bakhmut, leste da Ucrânia.

Putin também elogiou o apoio fornecido e a cobertura de flancos realizada pelas tropas das Forças Armadas russos aos grupos de assalto do Wagner, e anunciou condecorações para quem "sobressaiu", segundo o serviço de imprensa do Kremlin citado pela cadeia televisiva russa RBK.

Às primeiras horas de domingo (hora local), o ministério da Defesa russo indicou que o exército privado Wagner, com o apoio de tropas russas, assumiu o controlo total da cidade.

O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigojin, já tinha hoje reivindicado a conquista de Bakhmut pelas forças russas, uma declaração imediatamente desmentida pelo Exército ucraniano.

Na ocasião, as autoridades ucranianas referiram que o combate por Bakhmut prosseguia.

"A situação é crítica. Ao mesmo tempo, [...] os nossos defensores controlam algumas instalações industriais e infraestruturas na área, bem como no setor privado", disse a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Maliar, na rede social Telegram.

No entanto, e num comunicado divulgado na madrugada de domingo, as Forças Armadas russas anunciaram que Bakhmut está "totalmente libertada".

Os mercenários do Grupo Wagner têm estado envolvidos na batalha por Bakhmut, a mais longa e sangrenta desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

"A operação de tomada de Bakhmut durou 224 dias [...]. Aqui, só havia Wagner", disse Prigojin, que está em conflito aberto com a hierarquia militar russa.

Prigojin anunciou também que os seus homens vão entregar o controlo de Bakhmut ao exército russo na próxima quinta-feira.

"No dia 25 de maio, vamos vasculhar completamente a cidade, criar posições defensivas e entregá-la aos militares. Pela nossa parte, regressaremos às bases", acrescentou o empresário próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.

Ambos os lados sofreram pesadas baixas na batalha de Bakhmut, cuja importância estratégica é contestada.

A Ucrânia afirmou, esta semana, ter recuperado mais de 20 quilómetros quadrados às forças russas a norte e a sul da cidade.

Ao mesmo tempo, reconheceu um avanço dos combatentes do Grupo Wagner na própria cidade, onde apenas restava uma pequena bolsa de resistência ucraniana a oeste.

Os flancos onde os ucranianos dizem ter avançado perto de Bakhmut são ocupados por tropas regulares do exército russo.

Prigojin tem acusado as tropas russas de fugirem das posições na batalha de Bakhmut e o Estado-Maior em Moscovo de não fornecer munições suficientes aos mercenários do Grupo Wagner.

Se confirmada, a captura de Bakhmut daria a Moscovo uma vitória após vários reveses humilhantes.

As informações sobre o curso da guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser verificadas de imediato de forma independente.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada como a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Desconhece-se o número de baixas civis e militares no conflito, mas diversas fontes, incluindo as Nações Unidas, têm admitido que será muito elevado.


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terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

"Traição". Grupo Wagner volta a apontar o dedo a Estado-maior russo

© Lusa

POR LUSA   21/02/23 

O fundador do grupo Wagner, Yevgeny Prigojin, acusou, esta terça-feira, o Estado-Maior russo de "traição" por recusar-se a fornecer equipamento aos seus mercenários, na linha da frente no leste da Ucrânia.

As declarações do empresário Yevgeny Prigozhin mostram a existência de tensões entre o grupo Wagner e o exército russo, que parecem estar em competição no terreno na Ucrânia.

Prigozhin, conhecido pelos seus laços estreitos com o Kremlin, reconheceu que, por agora, a defesa russa tem ignorado todos os seus pedidos.

As tensões tornaram-se mais visíveis nas últimas semanas, à medida que as forças russas tentam conquistar a cidade oriental de Bakhmut com o exército e o grupo Wagner a reivindicar avanços, contradizendo-se.

"O Chefe do Estado-Maior e o ministro da Defesa dão ordens para que não deem munições ao grupo paramilitar Wagner, mas também para não o ajudar com o transporte aéreo", sublinhou Prigozhin, numa publicação no seu canal na rede social Telegram.

E acrescentou: "há uma oposição frontal que nada mais é do que uma tentativa de destruir Wagner. Pode ser comparada a uma traição à pátria, pois Wagner luta por Bakhmut sofrendo centenas de baixas todos os dias".

O grupo Wagner é um grupo privado criado por Prigozhin, um homem de confiança do presidente Vladimir Putin, que se dedica a combater em conflitos nos quais a Rússia é parte interessada.

Tornou-se influente em África, onde tem promovido a desinformação russa, construindo alianças com governos e obtendo acesso a petróleo, gás, ouro, diamantes e minerais valiosos.

O grupo mercenário instalou-se, nas últimas semanas, na parte oriental da Ucrânia, na região do Donbass, onde, segundo Moscovo, conseguiu avanços significativos para o exército russo.


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terça-feira, 9 de maio de 2023

Deputados franceses querem Grupo Wagner na lista de terroristas da UE

© Getty Images

POR LUSA  09/05/23 

A Assembleia Nacional francesa aprovou hoje por unanimidade uma resolução pedindo a inclusão do grupo paramilitar russo Wagner, acusado de cometer atrocidades na Ucrânia e em África, na lista da União Europeia (UE) de organizações terroristas.

O texto, sem caráter vinculativo, insta o Governo francês "a mobilizar-se diplomaticamente" para que a UE aceda a este pedido, que permitirá sancionar mais eficazmente os mercenários membros do Grupo Wagner e os seus patrocinadores, em especial no plano financeiro.

Apresentada por um deputado do partido presidencial Renascimento, a resolução é sobretudo motivada pelas "muitas atrocidades contra a população civil" cometidas na Ucrânia por esse grupo de mercenários, algumas das quais poderão ser classificadas como "crimes de guerra".

"A atividade do Grupo Wagner corresponde à definição europeia de terrorismo", sustentou o deputado, Benjamin Haddad, descrevendo-o como um "exército do caos" posicionado "do lado da Rússia de [presidente Vladimir] Putin" e cujos membros "semeiam a instabilidade e a violência".

Além da Ucrânia, a resolução, que foi aprovada com os votos da oposição de esquerda, de direita e de extrema-direita, salienta também atrocidades atribuídas ao Grupo Wagner na Síria e em vários outros países africanos, como o Mali ou a República Centro-Africana.

A ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, saudou no hemiciclo a resolução dos deputados, depois de ter enumerado as sanções já impostas pela UE àquele grupo de mercenários russo.

"Do ponto de vista estritamente jurídico", a classificação do Grupo Wagner como terrorista não terá "efeitos adicionais diretos", explicou.

"[Mas] não devemos subestimar a importância simbólica de tal designação, nem o caráter dissuasivo que poderia ter junto dos Estados que estivessem tentados a recorrer" aos seus serviços, argumentou.

Em meados de março, o parlamento lituano já tinha aprovado uma resolução classificando o Grupo Wagner como "uma organização terrorista", o que lhe valeu agradecimentos de Kyiv.

Os deputados franceses expressaram no fim de março o seu apoio à Ucrânia adotando uma resolução em que reconheciam como genocídio o Holodomor, a Grande Fome causada no início da década de 1930 (entre 1932 e 1933) na Ucrânia pelas autoridades soviéticas, que fez milhões de mortos.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu-lhes pelo gesto, que correspondeu a uma forte expectativa de Kyiv.

Por seu lado, a Rússia reagiu criticando o "zelo antirrusso" da Assembleia Nacional francesa.

Outra resolução relativa à guerra na Ucrânia que poderá ser em breve analisada em plenário visa condenar as deportações forçadas de pelo menos 16.000 crianças ucranianas para a Rússia desde o início da guerra, a 24 de fevereiro do ano passado.


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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

"Avião desmoronar-se-á no ar". Vídeo antigo de Prigozhin dá azo a teorias... O líder do Grupo Wagner afirmou, em abril, que a Rússia "está à beira do desastre" e que se as "engrenagens não forem ajustadas, então o avião desmoronar-se-á no ar".

© Wagner Account/Anadolu Agency via Getty Images

Notícias ao Minuto   28/08/23 

Um vídeo antigo de uma entrevista ao líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, deu origem a novas teorias acerca da sua morte, uma vez que pode ouvir-se o empresário russo a dizer que preferia ser morto a mentir ao país e a falar sobre um avião que se "desmorona" no ar.

Em causa está o excerto de uma entrevista publicada a 29 de abril, com o blogger militar russo Semyon Pegov, na qual Prigozhin afirmava que a Rússia estava à beira do abismo porque a Defesa estava a expulsar aqueles que dizem a verdade e se recusam a dar graxa. 

"Hoje, chegámos ao ponto de ebulição", disse o russo, no vídeo que foi publicado na plataforma Telegram do Grupo Wagner. "Porque é que estou a falar tão honestamente? Porque tenho o direito, perante as pessoas que vão continuar a viver neste país. Eles agora estão a ser esmagados."

"É melhor matarem-me, mas não vou mentir. Tenho de dizer honestamente que a Rússia está à beira do desastre. E se estas engrenagens não forem ajustadas hoje, então o avião desmoronar-se-á no ar", acrescentou.

De acordo com a agência de notícias Reuters, o vídeo divulgado pelo Grupo Wagner conta já com centenas de respostas. "Ele sabia", afirmou um utilizador.

Há também utilizadores que acreditam que Prigozhin está vivo e "rapidamente saltará de uma caixa de rapé e fará os demónios cagarem-se" ou então está com Sergei Surovikin, o antigo chefe das Forças Aeroespaciais que desapareceu após a rebelião falhada do Grupo Wagner, na Jamaica a "beber uma 'piña colada' e a fumar um charro".

Yevgeny Prigozhin, de 62 anos, estaria na lista de passageiros de um avião do Grupo Wagner que caiu na quarta-feira, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, e levou à morte de todas as 10 pessoas a bordo.

As autoridades russas até agora não avançaram quaisquer causas que expliquem a queda do jato privado Embraer Legacy que, segundo as autoridades de aviação civil russas, além de Prigozhin, transportava outros responsáveis do Grupo Wagner, incluindo o fundador Dmitri Utkin.

Após dias de especulação, o Comité de Investigação Russo revelou, no domingo, que a morte de Prigozhin foi confirmada por exames genéticos.


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sábado, 6 de maio de 2023

Grupo Wagner quer sair de Bakhmut e pede a Moscovo entrada das tropas do líder checheno

PRESS SERVICE OF "CONCORD

Por Lusa/SIC Notícias   06/05/23

Prigozhin tem acusado o Estado-Maior russo de não fornecer munições suficientes ao grupo Wagner, na linha da frente em Bakhmut, para impedir uma vitória que ofuscaria o exército do país.

O chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgueni Prigozhin, pediu este sábado permissão ao exército russo para entregar as posições na cidade ucraniana de Bakhmut às tropas do líder checheno Ramzan Kadyrov, em protesto pela falta de munição.

"Peço-lhe que emita uma ordem de batalha sobre a transferência, antes da meia-noite de 10 de maio, das posições do grupo Wagner para as unidades do batalhão Akhmat na localidade de Bakhmut e arredores", disse Yevgeny Prigozhin numa carta dirigida ao ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, citada pela AFP.

O líder checheno, Ramzan Kadirov, expressou na sexta-feira a disposição para substituir o Grupo Wagner em Bakhmut com as suas unidades especiais, depois do líder dos mercenários, Yevgueni Prigozhin, ter ameaçado abandonar esta frente de combate por falta de munições.

"Íamos tomar a cidade de Bakhmut antes de 9 de maio. Quando perceberam isso, os burocratas militares pararam as entregas", acusou Prigozhin num vídeo divulgado na sexta-feira.

Bakhmut é atualmente o principal objetivo da campanha militar russa

Bakhmut, palco desde agosto de 2022 da mais longa e sangrenta batalha da guerra na Ucrânia, é atualmente o principal objetivo da campanha militar russa.

Até agora, os mercenários e ex-presidiários recrutados por Prigozhin tomaram praticamente toda a cidade, onde os defensores ucranianos controlarão apenas 2,5 quilómetros quadrados.

O ultimato surge após semanas de tensão entre o grupo paramilitar e os militares russos.

Prigozhin tem acusado o Estado-Maior russo de não fornecer munições suficientes ao grupo Wagner, na linha da frente em Bakhmut, para impedir uma vitória que ofuscaria o exército do país.

Num outro vídeo publicado na madrugada de sexta-feira, Prigozhin acusou o ministro da Defesa russo e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de serem responsáveis pelas perdas do grupo paramilitar.

"Eles [mercenários] vieram aqui como voluntários e morrem enquanto vocês engordam nos vossos gabinetes", disse Progozhin dirigindo-se ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e ao chefe do Estado-Maior, Valeri Guerasimov.

Não é a primeira vez que Prigozhin ameaça a retirada do grupo Wagner de Bakhmut devido à falta de munições.

©The Times and The Sunday Times  Wagner boss Prigozhin slams Russian officials from a field of corpses☝

segunda-feira, 17 de abril de 2023

"O Grupo Wagner deu ordens para disparar contra os maiores de 15 anos"

© Reuters

POR LUSA   17/04/23 

Um antigo mercenário do Grupo Wagner recrutado numa prisão russa disse hoje que recebeu ordens para matar civis ucranianos com mais de 15 anos, segundo a organização Gulagu.net, que denuncia abusos em prisões russas.

"O Grupo Wagner deu ordens para disparar contra todos os maiores de 15 anos. Entre 20 e 24 pessoas foram baleadas, incluindo dez adolescentes entre os 15 e os 17 anos", disse Azamat Uldarov, recrutado pelo Grupo Wagner numa das campanhas de recrutamento nas prisões russas.

Uldarov, que teve a sua pena perdoada por decreto presidencial em setembro de 2022, confirmou que cumpriu este tipo de ordens e que "matou crianças" durante a campanha militar russa na qual participou.

"O que fizemos quando entramos em Bakhmut foi terrível. Eles deram-nos ordem para aniquilar todos", disse Uldarov.

Yevgueni Prigojin, chefe do Grupo Wagner, deu ordens para "não deixar sair ninguém", adiantou.

"Chegamos, eramos 150, e deram ordem para limpar a área com todos os meios e organizar a defesa. Nós matamos toda a gente. Mulheres, homens, idoso, crianças", descreveu o entrevistado.

No seu canal na rede social Telegram, Prigojin rejeitou as afirmações de Uldarov.

"Ninguém dispara contra civis ou crianças. Ninguém precisa disso. Nós fomos lá para salvá-los do regime que os subjugava", retorquiu o chefe do grupo Wagner, referindo-se ao governo ucraniano.

"Infelizmente agora não tenho a possibilidade de ver o vídeo [de Uldarov] completo. Assim que tiver, sem dúvida, vamos estudá-lo detalhadamente e fazer uma avaliação final", adiantou.

O vídeo da conversa entre Uldarov e o fundador da organização Gulagu.net, Vladimir Osechkin, foi publicado no canal da organização na rede social Youtube.

Osechkin, que já partilhou entrevistas com outros ex-mercenários recrutados pelo Grupo, defendeu que os testemunhos recolhidos devem contribuir para a abertura de processos criminais contra Prigojin e outros altos membros do Grupo Wagner por "dezenas de assassinatos cruéis, uma série de crimes de guerra e crimes contra a humanidade".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.


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terça-feira, 27 de junho de 2023

Putin acusa responsáveis pela rebelião de "disparar contra os seus"

© Lusa

POR LUSA   27/06/23 

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou na segunda-feira os responsáveis pela rebelião do último fim de semana de serem traidores e disse que as suas ações só beneficiaram a Ucrânia e aliados.

Num discurso de cerca de cinco minutos, transmitido pela televisão russa perto da meia-noite (22h00 em Lisboa), Putin acusou os responsáveis da revolta de tentarem forçar os mercenários do Grupo Wagner a "disparar contra os seus", numa referência aos soldados do exército russo.

Sem se referir ao líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, o chefe de Estado russo disse que "os inimigos da Rússia" esperavam que a rebelião armada dividisse e enfraquecesse o país, "mas eles calcularam mal".

Apesar de terem surgido, em vídeos publicados nas redes sociais, sinais de apoio da população à revolta, Putin garantiu que a Rússia permanece unida e elogiou os mercenários por terem evitado o "derramamento de sangue".

Horas antes, o Presidente russo tinha-se dirigido diretamente aos mercenários do Grupo Wagner, oferecendo-lhes a possibilidade de assinarem um contrato com o exército e de "regressarem às suas famílias e entes queridos" ou de "partirem para a Bielorrússia".

Putin teve ainda uma "reunião de trabalho" com responsáveis pela segurança do Estado, aos quais agradeceu o trabalho realizado durante a rebelião do Grupo Wagner.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, garantiu na segunda-feira que o seu país e a NATO não tiveram qualquer envolvimento na rebelião na Rússia pelas forças mercenárias do Grupo Wagner.

Biden confirmou que realizou uma videochamada com aliados no fim de semana e que todos estão em sintonia na necessidade de não dar ao Presidente russo "uma desculpa para culpar o Ocidente" ou a NATO pela rebelião.

Na rebelião armada de 24 horas, liderada por Yevgeny Prigozhin, os mercenários tomaram a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e avançaram até 200 quilómetros de Moscovo.

A rebelião terminou com um acordo mediado pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que, segundo o Kremlin, estabelece que Prigozhin fique exilado na Bielorrússia, em troca de imunidade para si e para os seus mercenários.

Yevgeny Prigozhin justificou na segunda-feira a "rebelião" do grupo com a necessidade de "salvar" a organização, rejeitando ter tentando um golpe de Estado e adiantando que 30 dos seus mercenários morreram em confrontos com militares russos.

"O objetivo da marcha era evitar a destruição do Grupo Wagner", disse Prigozhin numa mensagem áudio de 11 minutos, em que quebrou o silêncio que mantinha desde sábado, quando recuou na "marcha sobre Moscovo", sem revelar onde se encontra, embora o Kremlin tenha garantido ao líder da organização paramilitar a possibilidade de se deslocar para a Bielorrússia.

Segundo Prigozhin, o grupo Wagner "estava ameaçado de desmantelamento pelas autoridades" russas.


quinta-feira, 27 de julho de 2023

Kyiv diz que Wagner procura soldados bielorrussos para atacar a Polónia

© Reuters

POR LUSA  27/07/23 

O Centro para a Resistência Nacional (CRN), estabelecido pelas Forças de operações especiais ucranianas para promover atividades de subversão no outro lado da frente, disse hoje que o grupo Wagner pretende recrutar soldados bielorrussos dispostos a atacar a Polónia e Lituânia.

Estas tentativas de reforçar as fileiras do grupo paramilitar russo estão a decorrer no âmbito da instrução que os membros do Wagner estão a fornecer aos soldados da Bielorrússia em solo bielorrusso, onde se fixaram após a rebelião do seu chefe, Evegueni Prigozhin, contra as chefias militares do Exército russo.

De acordo com soldados bielorrussos que contestam o Presidente Alexander Lukashenko e que estarão em contacto com o CRN ucraniano e participam nos treinos, uma das condições para ser admitido no Wagner será "a disponibilidade de participar em ações militar no território de países vizinhos".

"Em particular, Polónia e Lituânia", indica o CRN ucraniano em comunicado publicado na sua página digital.

Em 23 de julho, Lukashenko assegurou durante um encontro em São Petersburgo com o seu homólogo Vladimir Putin que os paramilitares do grupo Wagner estacionados no seu país lhe pediram "autorização" para atacar a Polónia.

Estas declarações foram interpretadas apenas como uma forma de pressionar a Polónia, o principal país do flanco leste da NATO e um dos mais destacados apoiantes da Ucrânia.

Depois de liderar recentemente a captura de Bakhmut, província de Donetsk, no leste ucraniano, o grupo Wagner rebelou-se contra as lideranças militares russas na noite de em 23 para 24 de junho, após acusá-las de sabotar as atividades dos mercenários e até bombardear os seus acampamentos.

Depois de capturar sem resistência a cidade estratégica de Rostov, no sul da Rússia, o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, concordou em dar ordem aos seus soldados para fazer meia-volta quando as suas colunas já se encontravam a 200 quilómetros da província de Moscovo, num acordo obtido por mediação do Presidente bielorrusso, aliado do Kremlin, a troco de uma amnistia aos militares amotinados e possibilidade de incorporarem as forças armadas regulares russas ou instalarem-se na Bielorrússia.

A Bielorrússia faz fronteira com a Ucrânia a sul, e também com a Lituânia, Letónia e Polónia, o que suscita receios sobre possíveis ações dos elementos Wagner que para lá se deslocaram contra território ucraniano, em plena contraofensiva contra as forças invasoras russas, ou contra estes três países da NATO e da União Europeia.

Na semana passada, foi noticiado que mercenários do Grupo Wagner iniciaram exercícios conjuntos com tropas bielorrussas, levando a Polónia a aumentar a sua presença militar nas fronteiras.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.


sábado, 5 de agosto de 2023

Níger: Militares pedem ajuda ao grupo Wagner para enfrentar possíveis ameaças militares externas

General Abdourahmane Tiani (cen), líder do Conselho Nacional para Salvaguarda da Pátria Junta e autoproclamado Presidente no Niger, Niamey, 28 Julho 2023

Por VOA Português  05/08/23

O pedido terá sido feito durante uma visita de um membro da junta militar ao Mali, onde se encontra o grupo mercenário russo.

NIAMEY — A junta militar do Níger pediu ajuda ao grupo mercenário russo Wagner às vésperas do fim do prazo dado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para libertar e devolver o poder ao Presidente Mohamed Bazoum, deposto no dia 26.

O pedido foi feito durante uma visita de um dos membros do Conselho Nacional para Salvaguarda da Pátria (CNSP), como se autoproclamou a junta militar, general Salifou Mody, ao vizinho Mali, onde contatou alguém de Wagner, revelou Wassim Nasr, jornalista e pesquisador sénior do Soufan Center, à Associated Press (AP).

Ele acrescentou que três fontes do Mali e um diplomata francês confirmaram a reunião noticiada em primeira mão pela France 24.

“Eles precisam (de Wagner) porque serão sua garantia de permanência no poder”, disse Nasr, acrescentando que o grupo está a avaliar o pedido.

Um oficial militar ocidental, sob condição de anonimato porque não está autorizado a comentar, disse à AP que também ouviu relatos de que a junta pediu ajuda a Wagner no Mali.

Pressão da CEDEAO

O CNSP tem um prazo até amanhã, 6, imposto pela CEDEAO para libertar e devolver o poder ao Presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum, que a organização classificou de refém.

Na sexta-feira, 4, os responsáveis militares da CEDEAO finalizaram um plano de intervenção no país e instaram os militares a preparar recursos depois de uma equipa de mediação enviada ao Níger na quinta-feira não ter sido autorizada a entrar na capital, Niamey, nem a se encontrar com o líder da junta militar, general Abdourahamane Tchiani.

Após a visita ao Mali, também governado por uma junta militar, o membro do CNSP general Salifou Mody advertiu contra qualquer intervenção militar e prometeu que, em caso de uma invasão, o Níger faria o que fosse necessário para não se tornar “uma nova Líbia”.

Níger, Ocidente e o grupo Wagner

O Níger é visto como parceiro melhor colocado na luta contra o terrorimo pelos países ocidentais, numa região onde os golpes têm sido comuns nos últimos anos.

A França, antiga colonizadora do Níger, tem sido o principal alvo dos militares e dos seus apoiantes que atacaram e embaixada de Paris em Niamey e fizeram manifetações de apoio à Rússia, numa clara indicação de mudança de parceria.

O grupo russo Wagner está presente em vários países africanos, entre eles o vizinho Mali.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, Anne-Claire Legendre, através da emissora BFM, disse na sexta-feira que não se pode dizer que há uma implicação direta da Rússia no golpe do Níger, mas “claramente, há uma atitude oportunista por parte da Rússia, que tenta apoiar os esforços de desestabilização onde quer que os encontre”,

Legendre descreveu Wagner como uma “receita para o caos”.

Os líderes militares do Níger têm seguido a cartilha do Mali e do vizinho Burkina Faso, também dirigidos por juntas militares, mas avança mais rapidamente para consolidar o poder, ainda segundo o jornalista Wassim Nasr.

“(Tchiani) escolheu o seu caminho, então ele vai a fundo sem perder tempo porque há mobilização internacional”, afirmou.

A comunidade internacional, principalmente os países ocidentais, debatem agora em como se posicionar se o grupo Wagner entrar no país.

Nasr lembra que quando Wagner chegou ao Mali no final de 2021, os militares franceses foram depostos, logo depois, após anos de parceria, mais tarde Wagner foi classificado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, e os parceiros internacionais podem ter uma reação mais forte agora.

Há muito mais em jogo no Níger, onde os Estados Unidos e outros parceiros ocidentais investiram centenas de milhões de dólares em assistência militar para combater a crescente ameaça jihadista na região.

A França tem 1.500 soldados no Níger, embora os líderes do golpe digam que cancelaram os acordos de segurança com Paris, e os EUA têm 1.100 militares no país.

C/AP

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Putin: "O grupo Wagner não existe"

PRESS SERVICE OF "CONCORD\

Por SIC Notícias  14/07/23

O Presidente russo ofereceu aos mercenários de Wagner a oportunidade de continuar a lutar, mas afastando Prigozhin , numa reunião poucos dias após o motim fracassado.

Vladimir Putin ofereceu aos mercenários do grupo Wagner a oportunidade de entrar no exército da Rússia, mas sugeriu que Yevgeny Prigozhin fosse afastado em favor de um comandante diferente.

Em entrevista ao jornal russo Kommersant, citada pela Reuters, o Presidente da Rússia diz que fez a oferta numa reunião com Prigozhin e com os combatentes do grupo Wagner apenas cinco dias depois da rebelião, no final de junho. Reforça ainda que o grupo Wagner não existe, já que não há, no país, legislação sobre organizações militares privadas.

Acordo e destino de Wagner envoltos em mistério

Inicialmente Putin prometeu esmagar o motim de 23 e 24 de junho, comparando-o com a turbulência do tempo de guerra que deu início às revoluções de 1917, mas horas depois foi fechado um acordo para permitir que Prigozhin e alguns dos seus combatentes fossem para a Bielorrússia.

O Kremlin disse na segunda-feira que Putin conversou com os comandantes de Wagner e Prigozhin numa reunião em 29 de junho, cinco dias após o motim. Os mercenários, disse o Kremlin, reafirmaram a sua lealdade a Putin.

Mas o Kommersant, um dos principais jornais da Rússia, publicou as declarações de Putin ao seu correspondente mais experiente no Kremlin, Andrei Kolesnikov, em que deixa transparecer que o futuro de Prigozhin e de Wagner está em dúvida.

"Mas Wagner não existe", disse Putin quando questionado se o grupo seria preservado como uma unidade de combate. "Não há lei sobre organizações militares privadas. Simplesmente não existe"

Putin relata detalhes da reunião no Kremlin

Putin relatou detalhes sobre a reunião no Kremlin de 29 de junho com 35 comandantes de Wagner, em que sugeriu várias opções para eles continuarem a lutar. Uma delas era afastar Prigozhin do comando para que fosse assumido por um elementos de Wagner, conhecido pelo nome de guerra "Sedoi" - ou “cabelo grisalho”.

"Sedoi" é um veterano altamente condecorado das guerras da Rússia no Afeganistão e na Tchetchénia. É de São Petersburgo, cidade natal de Putin, e já foi fotografado ao lado do Presidente.

“Todos eles poderiam ter-se reunido num só lugar e continuar a servir. E nada teria mudado para eles. Eles teriam sido liderados pela mesma pessoa que havia sido o seu verdadeiro comandante o tempo todo”, disse Putin, segundo o Kommersant.

Putin disse que muitos dos comandantes concordaram com a sua sugestão, mas Prigozhin, que estava sentado em frente, não aceitou.

"'Não, os rapazes não vão concordar com tal decisão'", disse Putin, citando Prigozhin.

As declarações não aparecem na transcrição oficial do Kremlin dos comentários que Putin fez a Kolesnikov e a um repórter da televisão estatal na quinta-feira. Prigozhin não respondeu a um pedido de comentário.

Prigozhin não é visto em público desde que deixou a cidade de Rostov, no sul da Rússia, em 24 de junho.


terça-feira, 25 de abril de 2023

Sudão. Lavrov diz que Cartum tem direito a recorrer ao grupo Wagner

© Getty Images

POR LUSA  25/04/23 

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou hoje que o Sudão, atualmente envolvido num conflito que já fez centenas de mortos, tem o direito de recorrer aos serviços do grupo paramilitar russo Wagner.

"O grupo Wagner é uma empresa militar privada. [...] A República Centro-Africana, o Mali, bem como o Sudão e vários outros países cujos governos, cujas autoridades legítimas, se voltaram para tais serviços, eles têm o direito de o fazer", disse Lavrov, numa conferência de imprensa na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, onde se encontra por ocasião da presidência rotativa mensal russa do Conselho de Segurança.

"E quem está preocupado com esta questão, que dê uma olhada na internet e veja a quantidade de companhias militares privadas que existem nos Estados Unidos, no Reino Unido, em França... há dezenas delas. E muitas trabalham há muitos anos diretamente nas nossas fronteiras, inclusive dentro da Ucrânia", argumentou ainda o chefe da diplomacia russa.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, já havia manifestado na segunda-feira preocupação com a presença do grupo Wagner no Sudão, onde violentos combates persistem há vários dias opondo o exército a uma força paramilitar.

"Estamos muito preocupados com o envolvimento do grupo de [Yevgeny] Prigozhin - o grupo Wagner - no Sudão", disse Blinken numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo queniano, Alfred Mutua, em que criticou o papel desempenhado por alguns países do Médio Oriente.

"Já há algum tempo que estamos preocupados com o papel desempenhado por alguns dos nossos amigos no Médio Oriente, bem como pela Rússia e outros, no apoio a um ou outro lado", disse o ministro queniano dos Negócios Estrangeiros, salientou que "não é altura de tomar partido por nenhum dos lados".

Mutua não mencionou nenhum país em particular e disse que agora o importante é as "forças externas deixarem o Sudão em paz".

Blinken afirmou que o grupo Wagner, que também está ativo no Mali e na República Centro-Africana, traz "mais morte e destruição onde quer que esteja presente".

Segundo a imprensa, citando funcionários, o grupo Wagner forneceu armas aos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), lideradas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, que se opõe ao general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do Sudão.

Ainda sobre o Sudão, Lavrov classificou a situação no país de "tragédia".

"As pessoas estão a morrer. Existem ameaças aos diplomatas e são ameaças significativas. Estamos cientes disso. Estamos a acompanhar a situação. Hoje, representantes da UNICEF solicitaram à nossa embaixada que acomodasse de alguma forma o seu pessoal devido ao facto de não se encontrarem num local seguro. Não tenho certeza de como isso pode ser feito, mas vamos resolver a situação", afirmou o ministro.

Os combates no Sudão, iniciados no dia 15, opõem forças do general Abdel Fattah al-Burhan, líder de facto do país desde o golpe de Estado de 2021, e um ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda as Forças de Apoio Rápido.

O balanço provisório do conflito indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Os confrontos começaram devido a divergências sobre a reforma do exército e a integração das RSF no exército, parte do processo político para a democracia no Sudão após o golpe de Estado de 2021.


quinta-feira, 7 de setembro de 2023

RELATÓRIO: Rússia e China minam democracia em África e elevam cleptocracia

© Reuters

POR LUSA   07/09/23 

O novo relatório do Fórum Internacional de Estudos Democráticos aponta que a Rússia e a China têm reforçado as redes cleptocráticas em África e minado a democracia nesse continente, com destaque para o papel do grupo Wagner nesse processo.

Num debate virtual organizado pelo Fundo Nacional para a Democracia, uma organização não-governamental norte-americana que visa promover a democracia noutros países, vários especialistas abordaram hoje as conclusões do relatório e apontaram como Pequim e Moscovo têm desempenhado "um papel crucial na viabilização da cleptocracia" em toda a África Subsariana.

Para JR Mailey, especialista da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, o grupo mercenário russo Wagner posicionou-se como "tudo aquilo o que um Governo cleptocrata poderia querer e precisar".

"O Wagner é, de certa forma, um estudo de caso único porque tudo o que eles fornecem é uma espécie de kit de ferramentas rápido e sujo para se sobreviver como uma cleptocracia isolada(...). Simplesmente foram enviados instrutores para ajudar a reforçar a capacidade de um Governo para a segurança orientada para o regime, é disso que se trata universalmente. Eles ajudam a influenciar a opinião pública e não de forma a suavizar corações e mentes, mas, num sentido mais amplo, minam a capacidade dos adversários", disse Mailey sobre a atuação do Wagner em África.

De acordo com o relatório do Fórum Internacional de Estudos Democráticos, o motim de curta duração levado a cabo pelo grupo Wagner em junho na Rússia "colocou em evidência um dos obscuros tentáculos globais da influência da Rússia".

"Numa altura em que Moscovo está cada vez mais isolado diplomaticamente e economicamente, os interesses comerciais corrosivos do grupo Wagner e as relações acolhedoras em partes de África - com alguns dos regimes mais diplomaticamente isolados do continente - revelam até que ponto uma rede global de apoio cleptocrático tomou forma", diz o relatório.

Mailey frisou que o apoio militar oferecido pelo grupo paramilitar russo aos cleptocratas africanos tem pouco a ver com o fornecimento de segurança e estabilidade ao povo africano. Em vez disso, concentra-se na extração de recursos, na promoção de objetivos geopolíticos e em "servir como uma engrenagem brutal na máquina autoritária".

"Mesmo que o destino final do Grupo Wagner permaneça incerto, é pouco provável que estas tendências diminuam. As relações económicas opacas que o grupo Wagner desenvolveu no continente são, sem dúvida, demasiado lucrativas para que o Kremlin se renda", defendeu.

O relatório aponta também que o Governo Chinês e os seus representantes estão entrincheirados em redes corruptas em África, ajudando a encorajar e capacitar os cleptocratas locais que procuram enriquecer à custa das suas populações.

Além do envolvimento chinês de longa data nas indústrias madeireira e extrativa, Andrea Ngombet Malewa, fundador do Coletivo Sassoufit - organização que defende a democracia na República do Congo -, destacou a criação de um Banco Sino-Congolês para África que permitiria aos cleptocratas contornar os requisitos de transparência dos bancos ligados ao ocidente, proporcionando assim oportunidades de branqueamento de capitais com impunidade.

De acordo com o relatório, a cleptocracia é uma das principais causas do subdesenvolvimento, de violações dos direitos humanos e das guerras no continente africano.



Leia Também: O presidente francês, Emmanuel Macron, recusou na quarta-feira a possibilidade de existir bandeira russa nos Jogos Olímpicos de Paris2024, devido à invasão da Ucrânia em curso, apontando aos "crimes de guerra" cometidos pelo regime de Putin.

sábado, 3 de dezembro de 2022

Mercenários do grupo Wagner saqueiam diamantes na RCA para vender na Europa... A venda é realizada através de uma empresa de fachada.

Por sicnoticias.pt

O grupo paramilitar russo Wagner, liderado por Evgueni Prigozhin, está a saquear diamantes na República Centro-Africana (RCA) para depois os vender para a Europa, através de empresas de fachada, revelou esta sexta-feira uma investigação internacional.

Este trabalho conjunto de investigação, realizado pela European Investigative Collaborations, o projeto All Eyes on Wagner e o Dossier Centre, denunciou que a empresa Diamville opera como um braço de Wagner na República Centro-Africana.

Através de uma rede de empresas, com ligações ao grupo Wagner, a análise detalhada explica que uma especialista em diamantes mudou-se para a República Centro-Africana em setembro de 2018, onde avaliou as pedras preciosas e posteriormente as colocou à venda na sua rede social Facebook.

A Diamville, empresa alvo da investigação, foi inscrita no registo comercial da República Centro-Africana em março de 2019 e tornou-se um "escritório de exportação de ouro e diamantes autorizado por decreto do Governo" em outubro de 2019.

O email no registo aponta para um número de telefone russo e duas contas em duas redes sociais estão associadas a este contacto. A página do Facebook, explica a investigação, pertencia anteriormente a um utilizador chamado "Lanadiamanter".

Nesse perfil, cuja primeira publicação é de janeiro de 2020, havia fotos de diamantes à venda, além de fotos pessoais de uma mulher que foi identificada como Svetlana Troitskaia, que gosta de ponto cruz e desportos.

Troitskaia, além de engenheira especializada em física de diamantes, já trabalhou em diversas empresas e chegou a lecionar na Russian State University for Geological Prospecting (MGRI), segundo dados fornecidos no seu perfil na rede social LinkedIn.

Nesta plataforma, a própria Troitskaya garante que, de agosto de 2018 a agosto de 2021, desenvolveu um "projeto de negócios" na Rússia e em África através de uma empresa internacional, que não cita.

O seu papel, ainda segundo Svetlana Troitskaia, é valorizar os diamantes e oferecer suporte tecnológico para as suas operações de transformação, exportação e importação.

Segundo apurou este consórcio de jornalistas, o responsável pela Diamville tem nacionalidade centro-africana e chama-se Bienvenu Patrick Setem Bonguende, motorista de Dimitri Sitii, conhecida figura russa que tem ligações ao grupo Wagner na capital do país, Bangui.

Outra informação extraída da investigação é que a empresa centro-africana Bois Rouge, dedicada à extração de madeira, e ligada ao grupo de mercenários na República Centro-Africana, foi registada no mesmo dia que a Diamville.

A sua diretora, Anastasie Naneth Yakoima, é amiga de Patrick no Facebook.A investigação regressa a Troitskaya para revelar que esta aparece numa fotografia ao lado de Dimitri Sitii, e também de um dos principais assessores políticos de Prigozhin, Evgeny Kopot, em Lobaye, região no oeste do país onde o líder do grupo Wagner tem várias empresas, como a Lobaye Invest.

Os documentos recolhidos pela investigação mostram que Troitskaia viajou de Moscovo para Bangui, através de Casablanca, em setembro de 2018, quando trabalhava para a Russian Service K LLC, empresa de propriedade de Yana Nikitina e que ocupa vários cargos de recursos humanos em diferentes empresas ligadas a Prigozhin.

As provas recolhidas apontam que Troitskaia aparece em documentos que formam uma rede de empresas ligadas ao grupo Wagner, incluindo a M-Finance, para garantir o seu emprego durante o mês em que trabalha como avaliadora de diamantes naquele país africano.

terça-feira, 27 de junho de 2023

Como é que Lukashenko evitou guerra civil na Rússia? O próprio explica

© Contributor/Getty Images

Notícias ao Minuto   27/06/23 

O presidente da Bielorrússia disse que Prigozhin estava "eufórico" quando falou com ele ao telefone. Putin não acreditava que esta chamada resolvesse, tendo referido ao seu aliado que este nem atendia as chamadas.

O presidente da Bielorrússia, Alenxander Lukashenko, contou, esta terça-feira, como é que se desenrolaram os acontecimentos que marcaram os últimos dias, com a Rússia à beira de uma guerra civil, numa situação "extremamente complicada" - cenário ainda hoje reconhecido pelo próprio presidente, Vladimir Putin.

"Era sexta-feira. Estávamos a ter um dia maravilhoso com as cerimónias de licenciatura. Eu estava, naturalmente, muito ocupado, também", contou, citado pela agência de notícias Belta.

O líder bielorusso confessou, depois de uma cerimónia com militares, que quando começou a receber as primeiras informações, desvalorizou. "Para ser honesto, quando comecei a receber as primeiras informações sobre os desenvolvimentos em Rostov, não prestei muita atenção. A guerra continua, por isso coisas como esta não são uma surpresa", referiu.

Lukashenko confessou que não foi a marcha em si que achou que seria o mais perigoso, mas sim as possíveis ramificações. O líder bielorusso terá dito ao seu homólogo russo que deveria falar com o líder do Grupo Wagner, Prigozhin. Putin respondeu-lhe que não seria possível. "Ele nem atende o telefone, não quer mais falar", atirou.

Não contente com a resposta, Lukashenko insistiu, e Putin disse-lhe que este já tinha chegado a Rostov. "Eu disse-lhe [a Putin]: Uma paz má é melhor do que qualquer guerra. Vou tentar contactá-lo", insistiu, contando que Putin não se mostrou muito esperançoso.

Mas o 'Chef de Putin' atentou o telefone

De acordo com Alexandr Lukashenko, o vice-ministro da Defesa da Rússia, Yunus-Bek Yevkurov, tomou 'as rédeas' nestas negociações, assim como  o diretor dos Serviço Federal de Segurança da Rússia, Alexander Bortnikov.

"Mais ninguém participou nestas negociações na fase inicial", garantiu líder bielorusso, citado pela agência de notícias Belta. Lukashenko explica que foi o 'vice' russo quem fez a ligação para que este entrasse em contacto com o líder do Grupo Wagner. "Yevgeny estava completamente eufórico", contou, explicando que durante a primeira meia-hora a conversa foi baseada em impropérios. "O número de impropérios era dez vezes mais do que as palavras normais", garantiu.

Lukashenko confessou que tinha estado a pensar no que deveria dizer ao líder do grupo paramilitar por forma a começarem as negociações.

"[O Grupo Wagner] tinha acabado de regressar da frente de batalha. Viram milhares de mortos [que pertenciam à milicia]. Estão estavam extremamente insatisfeitos, principalmente, os comandantes. E, pelo que percebi, eles influenciaram o próprio Prigozhin. Sim, ele atua como um herói, vocês sabem, mas estava sob pressão e influência daqueles que estavam no comando de unidades e tinham visto aquelas mortes. Falei com ele quando foi, apenas por um segundo para Rostov e ele estava meio louco", afirmou. 

Os responsáveis envolvidos nesta situação já tinham dito aos combatentes do Grupo Wagner que restavam agora três opções: ficar na Bielorrússia, inscreverem-se no exército russo ou voltar para casa. A Prigozhin foi-lhe aberta a possibilidade de ir para a Bielorrússia, algo que só hoje Lukashenko confirmou que este aceitou. O líder do Grupo Wagner é esperado hoje em território bielorrusso.

Já hoje, o presidente do país disse que queria aprender com a experiência dos mercenários do Grupo Wagner, alertando para que as pessoas não tenham receio da presença deste - ou dos combatentes que pertencem ao grupo militar.


terça-feira, 8 de agosto de 2023

Níger. Prigozhin diz que EUA aceitam autores do golpe para evitar Wagner

© Reuters

POR LUSA   08/08/23 

O chefe do grupo mercenário russo Wagner disse hoje que os Estados Unidos estão dispostos a reconhecer a junta militar responsável pelo golpe de Estado no Níger, só para evitar a presença de elementos desta organização no país.

"Os Estados Unidos reconhecem um Governo, que não reconheceram ontem, apenas para evitar encontrar o grupo Wagner no país", afirmou Yevgeny Prigozhin, num áudio difundido nos canais do Telegram associados à organização.

O chefe do grupo Wagner comentava assim a visita da "número dois" do Departamento de Estado norte-americano, Victoria Nuland, ao Níger, onde se encontrou na segunda-feira com vários líderes golpistas, mas não conseguiu fazer progressos significativos no restabelecimento da ordem constitucional.

Durante essas conversações, Nuland colocou em cima da mesa várias fórmulas para restabelecer a ordem democrática no Níger através de uma "solução negociada", mas os líderes golpistas mostraram-se pouco interessados, disse a governante norte-americana numa entrevista telefónica a um grupo de jornalistas em Washington.

Após as reuniões, a diplomata afirmou que "as pessoas que tomaram a decisão" sobre o golpe de Estado no Níger estão bem conscientes dos riscos que o convite do grupo Wagner representa para a sua soberania.

Na semana passada, o Presidente deposto do Níger, Mohamen Bazoum, apelou aos Estados Unidos e a outros países para o ajudarem a restabelecer a ordem constitucional no país.

Num texto publicado no The Washington Post, Bazoum afirmou ainda que "toda a região central do Sahel poderia cair sob a influência russa, através do grupo Wagner, cujo terrorismo brutal foi claramente visto na Ucrânia".

No seu comentário, Prigozhin acrescentou que os elementos do grupo Wagner estão sempre "do lado do bem e da justiça".

"Do lado daqueles que lutam pela sua soberania e pelos seus interesses. Chamem-nos em qualquer altura", disse.

Prigozhin apoiou anteriormente a revolta militar no Níger, embora não tenha aludido ao seu possível papel na conspiração do golpe.

"O que se passou no Níger não é mais do que a luta do povo nigerino contra os colonizadores", afirmou Prigozhin num áudio reproduzido através do Telegram.


quarta-feira, 26 de julho de 2023

Mali critica sanções dos EUA relacionadas com o grupo Wagner

© Getty

POR  LUSA    26/07/23 

O primeiro-ministro de transição do Mali, Choguel Maiga, criticou hoje as sanções anunciadas pelos Estados Unidos contra dirigentes do seu país por terem permitido a implantação do grupo paramilitar russo Wagner no país.

Os três dirigentes malianos sancionados são o ministro da Defesa do Mali, coronel Sadio Camara, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, coronel Alou Boi Diarra, e o vice-chefe do Estado-Maior, tenente-coronel Adama Bagayoko.

Numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), Maiga criticou as medidas anunciadas segunda-feira pelo Departamento de Estado contra os que classificou como "corajosos oficiais".

"Não tem outro objetivo senão o de distrair o povo maliano", escreveu Maiga, que assegura que "nada distrairá as autoridades do trabalho de reconstrução do Mali".

As sanções foram anunciadas pelo Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos por "facilitar a implantação e a expansão das atividades" da Wagner, sublinhando que as medidas "não são dirigidas contra o povo maliano".

"Estes funcionários tornaram o seu povo vulnerável às atividades desestabilizadoras do Grupo Wagner e às violações dos direitos humanos, ao mesmo tempo que abriram caminho à exploração dos recursos soberanos do seu país em benefício das operações do Grupo Wagner na Ucrânia", justificou o subsecretário do Tesouro para o Terrorismo e Informações Financeiras, Brian Nelson.

A atual junta militar que governa o Mali desde o golpe de Estado de agosto de 2020, cortou as ligações com a França, antiga potência colonial, em 2022 e virou-se para a Rússia, abrindo a porta aos mercenários do Grupo Wagner, frequentemente acusado de cometer abusos de direitos humanos.

Esta opção conduziu ainda ao fim do destacamento da Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas no Mali (Minusma).

O Mali e os restantes países do Sahel registaram um recrudescimento da violência nos últimos anos, tanto por parte de organizações ligadas aos ramos da Al-Qaida e do grupo extremista Estado Islâmico que operam na região, como por parte da violência intercomunitária.

Além disso, os abusos cometidos pelas forças de segurança contribuíram para que estes grupos engrossassem as suas fileiras.


Leia Também: HUMANS RIGHT WATCH denuncia mais atrocidades pelo exército e grupo Wagner no Mali

terça-feira, 11 de julho de 2023

Bielorrússia confirma: Grupo Wagner treinará com as suas Forças Armadas

© Reuters

POR LUSA    11/07/23 

O Governo da Bielorrússia confirmou hoje que membros do Grupo Wagner, chefiado por Yevgeny Prigozhin, vão participar em manobras de treino das Forças Armadas, poucas semanas depois da rebelião destes mercenários na Rússia.

O Ministério da Defesa da Bielorrússia anunciou num comunicado divulgado na rede social Telegram que "logo que os representantes do Grupo Wagner cheguem e sejam colocados nos campos de treino, para troca mútua de experiências, espera-se que seja dada uma atenção especial às técnicas de combate e métodos pelas Forças Armadas da Bielorrússia".

O Ministério sublinhou que "estão a ser concluídos os preparativos" para a chegada de soldados russos para tarefas de "coordenação de combate" e treino, no quadro de uma estreita colaboração a nível militar entre Moscovo e Minsk.

O anúncio ocorre depois de o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, ter desempenhado o papel de mediador após a rebelião de 24 de junho, liderada por Prigozhin, cujas forças avançaram até à capital russa.

Horas depois do motim, as partes chegaram a um acordo que previa a retirada dos membros do Grupo Wagner com vista à sua eventual integração no Exército e a retirada das acusações dos envolvidos na revolta.

Embora inicialmente houvesse informação que o líder do Grupo Wagner poderia ter-se instalado no território da Bielorrússia, na semana passada Lukashenko admitiu que Prigozhin estava na cidade russa de São Petersburgo.

Na segunda-feira, o Kremlin confirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder do Grupo Wagner se tinham reunido em 29 de junho, para discutir os acontecimentos de 24 de junho.