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terça-feira, 5 de dezembro de 2023
PAICISTAS BAI TENETA INVADE EMBAIXADA DE GUINÉ NA PORTUGAL.
Estudo confirma que medicamento preventivo contra HIV é altamente eficaz
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Notícias ao Minuto 05/12/23
A pesquisa, considerada a maior do género a nível mundial, foi feita em Inglaterra entre outubro de 2017 e julho de 2020.
Um estudo confirmou que o medicamento de Profilaxia Pré-Exposição ao VIH (PrEP) é altamente eficaz na prevenção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). A pesquisa, considerada a maior do género a nível mundial, foi feita em Inglaterra entre outubro de 2017 e julho de 2020.
De acordo com a BBC, o PrEP reduziu em cerca de 86% as possibilidades de contrair HIV, quando usado na vida quotidiana, tendo em conta o uso inconsciente ou incorreto do medicamento. Os ensaios clínicos sugeriram que o medicamento é 99% eficaz.
O médico John Saunders, especialista em saúde sexual e HIV, participou no estudo e garantiu que a pesquisa "demonstrou ainda mais a eficácia do PrEP" na prevenção do vírus. Saunders referiu ainda foi ainda verificado "o efeito protetor relatado" em estudos anteriores.
Em Inglaterra já há instituições que pedem que o medicamento seja disponibilizado em farmácias online, de forma a ampliar o acesso ao PrEP.
Harry Dodd, que participou em vários estudos sobre o PrEP, referiu que tomar o medicamento tem sido "fortalecedor", uma vez que já não teme contrair o vírus. “Não penso nisso há quase uma década. Depois de tomar o medicamento, tive parceiros com HIV. Isso não seria uma possibilidade antes", referiu o britânico.
Em Portugal, o medicamento passou a ser nos cuidados primários, organizações comunitárias, ou consultas realizadas no setor social ou privado, depois de o Ministério da Saúde ter publicado, na segunda-feira, a portaria que alarga o acesso à medicação que previne a infeção do VIH.
O diploma vem alterar a forma de prescrição e dispensa dos medicamentos destinados à PrEP e estabelecer um regime excecional de comparticipação de 69% sobre um preço atual que não deverá ultrapassar 40 euros mensais.
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ISRAEL/PALESTINA: Emir do Qatar critica comunidade internacional pela guerra em Gaza
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POR LUSA 05/12/23
O emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, criticou hoje a comunidade internacional pela política que considerou "de dois pesos e duas medidas" face a Israel, acusando-a de abandonar as crianças da Palestina.
O emir apelou ainda a uma investigação internacional sobre o que classificou de "crimes brutais" cometidos por Israel na Faixa de Gaza.
Al-Thani reiterou, no entanto, na abertura da cimeira do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) em Doha, o compromisso de prosseguir os esforços de mediação, "juntamente com parceiros", para restaurar a trégua entre Israel e o Hamas, em Gaza.
"É vergonhoso para a comunidade internacional permitir que este crime hediondo continue durante dois meses, durante os quais o assassinato sistemático e intencional de civis indefesos, incluindo mulheres e crianças (...) famílias inteiras foram eliminadas", afirmou.
"Toda a gente se interroga sobre o significado da comunidade internacional e, se essa entidade existe realmente, porque é que abandonou as crianças da Palestina", declarou o emir do Qatar.
Nesta linha, acrescentou que "expressões como 'dois pesos e duas medidas' tornaram-se as mais populares, e isso significa que a legitimidade internacional pode ser vítima desta guerra bárbara".
Segundo as autoridades de Gaza, mais de 15.800 pessoas foram mortas no território e estima-se que cerca de sete mil estejam sob os escombros desde o início da guerra, há dois meses, na sequência de um ataque do Hamas em solo israelita, que fez mais de 1.200 mortos e 240 reféns, parte dos quais regressaram a Israel, trocados por presos palestinianos.
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Alunos portugueses pioram a Matemática e a Leitura
NO COMMENT!!!
Chelsea Steiniger: Tem 31 anos e soma 63 detenções. É a mulher mais vezes detida do mundo
© Albemarle Police
Notícias ao Minuto 05/12/23
Chelsea Steiniger já cometeu diversos crimes. De roubo de identidade a posse de droga. Desta vez foi apanhada a conduzir bêbada.
Chelsea Steiniger, de 31 anos, é considerada pelos meios de comunicação social norte-americanos a mulher mais vezes detida do mundo.
A criminosa da Carolina do Norte, que já cometeu crimes tão diversificados como roubo de identidade e posse de drogas, foi novamente detida, no passado mês de outubro, pela 63.ª vez. Desta vez, por ter sido apanhada a conduzir sob efeito de álcool.
Ao The Daily Progress, o advogado local, Scott Goodman, afirmou que "o seu número de detenções excede o de qualquer outra pessoa de quem já se ouviu falar".
Recentemente, Chelsea tinha sido condenada pelo furto de uma scooter a uma enfermeira que trabalhava no Centro Médico da Universidade da Virgínia. Apesar da pena suspensa, não se manteve longe de sarilhos, por isso, em janeiro, regressa a tribunal.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA VISITA MINISTÉRIO DO INTERIOR
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
Tartaruga mais velha do mundo completa 191 anos (mas pode ter ainda mais)... Jonathan é também o animal terrestre vivo mais velho do mundo.
© Guinness World Records
Notícias ao Minuto 04/12/23
O animal terrestre vivo mais velho do mundo, uma tartaruga chamada Jonathan, celebrou o seu 191.º aniversário na ilha de Santa Helena - território britânico que fica no Atlântico Sul.
A idade exata de Jonathan é desconhecida, mas tinha pelo menos 50 anos quando foi trazido das Seychelles - arquipélago africano oriental - para a ilha em 1882, o que faz com que tenha pelo menos 191 anos (mas possivelmente ainda mais), anunciou o Guinness World Records (GWR).
Jonathan é o animal terrestre vivo mais velho do mundo, bem como a tartaruga/quelónio mais velha de que há registo na história.
Trata-se de uma tartaruga-gigante-das-Seicheles, uma espécie com uma esperança média de vida de cerca de 150 anos.
"Apesar de ter perdido o olfato e estar praticamente cego devido às cataratas, o seu apetite continua a ser grande. Continua a ser alimentado à mão uma vez por semana com uma dose fortificante de fruta e legumes por uma equipa pequena e dedicada. Isto não só complementa as suas calorias, como também fornece os fatores essenciais ao seu metabolismo: vitaminas, minerais e oligoelementos", disse o veterinário Joe Hollins à GWR.
Jonathan vive na Plantation House, a residência do governador de Santa Helena, há 141 anos.
Leia Também: Jovem partilha amizade com tartaruga que tem desde criança (e fica viral)
Níger anuncia fim das parcerias de segurança e defesa com a UE
© Balima Boureima/Anadolu Agency via Getty Images
POR LUSA 04/12/23
O regime militar que emergiu de um golpe de Estado no Níger anunciou hoje o fim de duas missões de segurança e defesa da União Europeia (UE) no país.
Num comunicado de imprensa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Níger anunciou a rescisão do acordo entre o Estado do Níger e a União Europeia relativo à missão civil europeia "EUCAP Sahel Níger", ativa desde 2012.
Esta missão, baseada em Niamey, conta com 120 europeus e apoia "as forças de segurança internas, as autoridades nigerinas e os atores não-governamentais".
O ministério declarou também a "retirada pelo Estado do Níger do consentimento dado para o destacamento de uma missão de parceria militar da UE" no Níger, denominada "EUMPM".
Esta missão foi lançada em fevereiro "a pedido das autoridades nigerinas" para "apoiar o país na sua luta contra os grupos terroristas armados", segundo o portal na Internet do Conselho da UE.
O Níger é afetado pela violência fundamentalista islâmica no oeste e no sudeste do país.
O Governo nigerino escreveu também que "decidiu retirar os privilégios e imunidades concedidos" no âmbito desta missão, sem dar mais pormenores.
Desde o derrube do Presidente eleito Mohamed Bazoum, em 26 de julho, através de um golpe de Estado, os militares no poder cortaram os laços com os parceiros ocidentais do país.
O regime assegurou a partida das forças francesas - que deverão partir no final de dezembro - e está à procura de novos aliados.
Também hoje, uma delegação russa chefiada pelo vice-ministro da Defesa chegou a Niamey para conversações com as autoridades militares.
NIGÉRIA: Ataque de drone militar nigeriano mata e fere civis por engano
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POR LUSA 04/12/23
Um ataque de um drone do exército nigeriano matou e feriu por engano civis que celebravam uma festa religiosa muçulmana numa aldeia do noroeste do país, anunciaram hoje as autoridades locais e militares.
Os muçulmanos que estavam reunidos numa celebração, domingo à noite, na área do concelho de Igabi, no estado de Kaduna, foram "erradamente mortos e muitos outros feridos" pelo drone, "que tinha como alvo terroristas e bandidos", declarou o governador Uba Sani.
As autoridades não confirmaram o número de pessoas mortas.
O escritório da Amnistia Internacional na Nigéria disse que 120 pessoas foram mortas no ataque, citando relatos dos seus trabalhadores e voluntários na área.
"Muitas delas eram crianças [e] estão a ser descobertos mais cadáveres", declarou o diretor da organização na Nigéria, Isa Sanusi, à Associated Press (AP).
A agência noticiosa France-Presse salientou que a maioria das vítimas são mulheres.
"Disseram que, por engano, atiraram uma bomba contra as pessoas", declarou o residente.
Os ataques extremistas e rebeldes têm devastado partes das regiões noroeste e central da Nigéria. As forças armadas do país visam frequentemente os esconderijos dos grupos armados com bombardeamentos aéreos.
Este incidente causou indignação entre os cidadãos, recordando a muitos as alegações de violações dos direitos humanos por parte das forças de segurança nigerianas, que suscitaram a preocupação de aliados ocidentais como os Estados Unidos.
O chefe da divisão do exército nigeriano responsável pelas operações em Kaduna foi citado pelo governo estatal como tendo dito hoje, durante uma reunião de segurança, que a operação com drones era uma operação de rotina.
"O exército nigeriano estava numa missão de rotina contra os terroristas, mas inadvertidamente afetou membros da comunidade", afirmou o major Valentine Okoro, chefe da divisão do exército, num comunicado emitido pelo Ministério da Segurança Interna do Estado de Kaduna.
"Os esforços de busca e salvamento ainda estão em curso" e "dezenas de vítimas feridas foram transferidas" para um hospital para tratamento, disse o Comissário de Segurança de Kaduna, Samuel Aruwan.
A força aérea nigeriana emitiu um comunicado em que afirma não ter efetuado qualquer operação em Kaduna, mas que "não é a única organização que opera drones armados de combate" na região.
Os meios de comunicação social locais informaram que os aldeões fugiram da zona, receando mais ataques de drones.
Ativistas afirmaram que incidentes semelhantes não foram investigados no passado, deixando as vítimas e os sobreviventes sem indemnização adequada ou justiça.
Sani, o governador do estado, disse que funcionários do Governo foram enviados para a aldeia afetada no domingo para se encontrarem com as famílias das vítimas.
"Está a decorrer uma investigação", afirmou.
"Estamos determinados a evitar a repetição desta tragédia e a garantir ao nosso povo que a sua proteção será prioritária na luta sustentada contra os terroristas, os bandidos e outros elementos criminosos", concluiu.
Leia Também: Colisão de dois camiões provoca pelo menos 25 mortos na Nigéria
MADEM G-15 : COMUNICADO DE IMPRENSA
𝗚𝗘𝗥𝗔𝗟𝗗𝗢 𝗠𝗔𝗥𝗧𝗜𝗡𝗦 𝗚𝗔𝗥𝗔𝗡𝗧𝗘 𝗔𝗦𝗦𝗨𝗠𝗜𝗥 𝗚𝗢𝗩𝗘𝗥𝗡𝗔ÇÃ𝗢 𝗔𝗧É 𝗡𝗢𝗠𝗘𝗔ÇÃ𝗢 𝗗𝗢 𝗡𝗢𝗩𝗢 𝗘𝗫𝗘𝗖𝗨𝗧𝗜𝗩𝗢
PRESIDENTE DA REPÚBLICA PRESIDE O CONSELHO DE MINISTROS
O Conselho de Ministros reuniu-se esta segunda-feira, 04 de Dezembro de 2023, em sessão extraordinária, sob a presidência do Chefe de Estado, General Umaro Sissoco Embaló.
Declaração depois de conselho de ministros... Geraldo João Martins continua como Primeiro Ministro, até nomeação de um novo Governo Presidente da República acumula funções de ministro do interior e ministro da defesa.
A JUADEM está preparada e decidida para responder com a mesma moeda quaisquer provocações
E apela jovens que fiquem quietos em casa e não se deixam levar pela emoção e ilusões de gentes que perderam o rumo!
Declaração do Presidente da Assembleia Nacional Popular após queda da ANP
Comunicado de conselho de estado: Presidente da República Umaro Sissoco Embalo desolve o Parlamento.
Rússia exportou armas para África no valor de 4,78 mil milhões em 2023
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POR LUSA 04/12/23
O consórcio estatal russo Rosoboronexport revelou hoje que África absorveu mais de 30% do total das suas exportações de armas em 2023, equivalente a um montante até agora de 5,2 mil milhões de dólares (4,78 mil milhões de euros).
"A quota de exportações para países africanos em 2023 excedeu 30% do total de fornecimentos da Rosoboronexport", afirmou Alexandr Mikheyev, presidente do monopólio de exportação de armas, citado num comunicado do consórcio.
Mikheyev, que participa esta semana na exposição internacional de armamento EDEX no Cairo, sublinhou que o conglomerado está a fazer o seu melhor para ser um "parceiro fiável" para os seus clientes africanos.
A Rosoboronexoport "está consciente dos desafios de segurança e das ameaças que os países africanos enfrentam", afirmou.
O consórcio, que exporta produtos militares e civis de dupla utilização, também coopera ativamente com os países africanos em áreas como a luta contra o terrorismo, a cibersegurança e os programas espaciais.
Desde a eclosão da guerra na Ucrânia, a Rússia intensificou as relações com os países africanos, especialmente no Sahel, cujos vários líderes se deslocaram a Moscovo para pedir armas, aviões e helicópteros, e mercenários, face às tensões destes líderes com a França.
O Kremlin está a tentar substituir no terreno os mercenários do Grupo Wagner, cujo chefe, Yevgeny Prigozhin, morreu em agosto, por novas empresas militares subordinadas ao Ministério da Defesa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, já se deslocou duas vezes à região, uma viagem imitada pelo seu homólogo ucraniano, Dmitry Kuleba, que também procura aliados em África.
A Rosboronexport afirma que a cimeira Rússia-África, realizada em julho passado em São Petersburgo, lhe permitiu "identificar áreas de interação crescente" com os países africanos.
Partido da Nova Democracia, PND, solidário com o Presidente da República.
COREIA DO NORTE: Kim Jong-Un apela às mulheres para que tenham mais filhos
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Notícias ao Minuto 04/12/23
Os dados demográficos da Coreia do Norte são difíceis de obter, mas os dados do governo sul-coreano indicam que a taxa de fertilidade do outro lado do Paralelo 38 tem vindo a diminuir de forma constante - e preocupante - nos últimos 10 anos.
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, disse no domingo que a população deverá ter mais filhos, afirmando que é dever das mulheres travar a diminuição da natalidade no país para reforçar o poder nacional, revela a agência Associated Press (AP).
"Travar o declínio das taxas de natalidade e proporcionar bons cuidados e educação às crianças são assuntos familiares que devemos resolver em conjunto com as nossas mães", afirmou o líder norte-coreano no seu discurso de abertura do Encontro Nacional de Mães do país, o primeiro do género realizado em 11 anos.
Embora seja difícil fazer uma leitura detalhada das tendências demográficas da Coreia do Norte, uma vez que o país divulga estatísticas limitadas, os dados do governo sul-coreano indicam que a taxa de fertilidade do outro lado do Paralelo 38 tem vindo a diminuir de forma constante - e preocupante - nos últimos 10 anos.
A taxa de fertilidade da Coreia do Norte, ou seja, o número médio de bebés que se espera que nasçam de uma mulher ao longo da sua vida, era de 1,79 em 2022, de acordo com a agência governamental de estatísticas da Coreia do Sul.
Estes números podem dever-se a vários fatores, acrescenta ainda a AP, tais como um mercado de trabalho em decadência, um ambiente escolar muito competitivo para as crianças, uma assistência tradicionalmente fraca em matéria de cuidados infantis e uma cultura empresarial centrada nos homens, em que muitas mulheres consideram impossível conciliar a carreira com a família.
"Muitas famílias na Coreia do Norte também não tencionam ter mais do que um filho atualmente, pois sabem que precisam de muito dinheiro para educar os filhos, mandá-los para a escola e ajudá-los a arranjar emprego", afirmou Ahn Kyung-su, diretor do um site dedicado a questões de saúde no país.
A Coreia do Norte implementou programas de controlo da natalidade na década de 1970-80 para abrandar o crescimento da população no pós-guerra.
Contudo, este ano, o país introduziu um conjunto de benefícios para as famílias com três ou mais filhos, incluindo alojamento preferencial gratuito, subsídios estatais, alimentação, medicamentos e bens domésticos gratuitos, assim como benefícios educativos para as crianças.
Leia Também: Número de nascimentos na China deve cair em 2023 pelo 7.º ano consecutivo
Sadjo Mancanhi - Tik-toker Sagita Dokolma na Disa aviso pa Mininus bonitus
Com a morte de Mandela, África do Sul "perdeu a referência ética"
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POR LUSA 04/12/23
O jornalista António Mateus e o investigador Fernando Jorge Cardoso, em declarações à agência Lusa, coincidem na análise de que após a morte de Nelson Mandela, em 2013, a África do Sul perdeu a referência ética que tinha.
"Tanto o Presidente que lhe sucedeu, Thabo Mbeki, como Jacob Zuma eram continuamente comparados à memória da atuação de Nelson Mandela, em termos de rigor moral, ético e de elevação de toda a comunidade, de todas as raças, independentemente do seu passado", defende António Mateus.
Mas, a partir do momento em que Mbeki, "que era uma figura mais tecnocrata, menos humanista e depois, mais tarde, para pior, Jacob Zuma, assumiram a Presidência da África do Sul", país vizinho de Moçambique, assistiu-se a "uma derrapagem cada vez mais evidente desses mesmos valores", acrescenta.
Fernando Jorge Cardoso reforça a crítica a Zuma, a quem imputa total responsabilidade pela "transformação da África do Sul numa bandalheira que é total e completa".
"Nós podemos dizer que o atual Presidente (Cyril Ramaphosa) não conseguiu reverter a situação. Eu diria que o atual Presidente da África do Sul apanhou com um tsunami em cima, independentemente das suas intenções, que eu não sei quais são. Mas independentemente das suas intenções, o efeito Mandela já não estava lá".
Para Fernando Jorge Cardoso, investigador do OBSERVARE da Universidade Autónoma de Lisboa e do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL, Mandela "fez o impossível".
"Ele fez o impossível perante uma situação que só é possível mudar em gerações", defende, e dá como exemplo a situação explosiva que existia.
"Enquanto foi vivo conseguiu conter uma explosão de violência dos negros contra os brancos ou vice-versa, porque havia 5 milhões de brancos a viver na África do Sul e eram sul-africanos. Ele conseguiu que esta separação, que só se consegue com grandes investimentos, com o próprio progresso das pessoas, com muito tempo, ele consegue no espaço em que sai da prisão, passam pouco mais de dez anos, consegue, mesmo que só fazendo um mandato na Presidência", explica.
Nelson Mandela "não só evitou uma guerra civil, como criou condições que depois foram desaproveitadas pelos seus camaradas, particularmente a partir do Zuma, em que este diz: Agora chegou a nossa vez", acusa o investigador.
Ao contrário do que se verifica agora, a corrupção na África do Sul "não era um problema endémico, ou seja, não era um problema sistémico".
O jornalista António Mateus, autor de dois livros sobre Nelson Mandela -- foi delegado da agência Lusa na África do Sul, Angola e Moçambique -, considera que a África do Sul "caminha num sentido muito, muito perigoso".
"Está a assistir-se a uma subida acentuada do peso eleitoral de um partido vincadamente racista negro, os Economic Freedom Fighters", liderado por Julius Malema, "um extremista que se revê em toda a conduta de Robert Mugabe do vizinho Zimbabué, que como se sabe, conduziu ao colapso do Zimbabué a todos os níveis. E esse é o grande pesadelo atual da África do Sul".
"Ainda recentemente assistiu-se a cenas de bloqueio e impedimento de acesso de estudantes brancos à Universidade de Pretória e esse tipo de manifestações racistas anti-branco está a desfazer tudo aquilo o que se esperava que Nelson Mandela tivesse conseguido" na África do Sul.
António Mateus reconhece que é "politicamente incorreto dizê-lo, mas é factualmente correto. Nelson Mandela, ele próprio, enfrentou não só o racismo branco como enfrentou o racismo negro".
"As pessoas com uma consciência social mais avançada, como aquelas que supostamente no Ocidente condenam e bem o racismo contra negros, devem com o mesmo vigor condenar o racismo negro. No entanto, quando isto acontece, calam-se porque é politicamente incorreto fazê-lo e isso é totalmente errado. Nelson Mandela não só combatia isso como o denunciava", vinca.
"Ficarmos calados quando isto acontece é estarmos nós próprios a trair a memória e o legado de Nelson Mandela", continua.
Para Fernando Jorge Cardoso, o legado principal de Mandela foram os valores e ter conseguido evitar a implosão na África do Sul.
"Quando se fala em Mandela uma pessoa pensa em dignidade. Pensa numa pessoa não corrupta, que está ali para servir os outros e não para se servir do Estado. Com uma estatura moral espantosa. E então nós não temos neste momento, na África do Sul, nenhuma figura que consiga assumir isto", lamenta.
Porque, conclui, "neste momento, a guerra que nós vemos é uma guerra pelo poder entre membros das elites negras".
O líder histórico sul-africano, Nelson Mandela, morreu em 05 de dezembro de 2013.