sexta-feira, 11 de março de 2022

Lavrov diz que "Rússia não atacará outros países, tal como não atacou a Ucrânia": quão ameaçado deve o Ocidente sentir-se com esta declaração?

Sergey Lavrov (Associated Press)

Por cnnportugal.iol.pt

 Declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, pode ser entendida como "desinformação para justificar o que é injustificável". Mas também pode significar algo mais - e mais perigoso. Embaixadores e um ex-ministro da Defesa de Portugal ouvidos pela CNN fazem a análise

Foi o primeiro encontro entre ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e da Rússia desde o início da guerra: decorreu esta quinta-feira na Turquia e não resultou em qualquer desenvolvimento diplomático, mas uma frase dita pelo ministro russo Serguei Lavrov no final da cimeira ficou a pairar: “Não estamos a planear atacar outros países. Também não atacámos a Ucrânia”. Mas como olham os países vizinhos da Federação Russa para estas palavras?

“É óbvio que os países vizinhos interpretam essas declarações como uma ameaça”, considera o embaixador Martins da Cruz, que reforça que as palavras de Lavrov vão no sentido de reforçar a narrativa do Kremlin de que nunca houve um ataque à Ucrânia, apenas “a defesa dos dois pseudo-Estados que proclamaram a independência. No entanto, o embaixador divide os países vizinhos da Rússia em dois: os que pertencem à NATO e os que não pertencem, como a Moldova ou a Geórgia. “Os que são da NATO sentem-se, apesar de tudo, protegidos. Já os países que não são da NATO pensarão que, se um dia virem entrar as tropas russas, Moscovo vai dizer que não se trata de um ataque, mas sim de uma operação de defesa de minorias”.

Para o embaixador António Monteiro, estas declarações não constituem uma ameaça ao Ocidente, mas sim uma continuação da narrativa de Moscovo desde o início da invasão da Ucrânia – de que isto não é um ataque. “Não creio que seja uma ameaça. O que me parece que está a dizer é que não se trata de uma invasão, mas de uma entrada militar para proteger os interesses russos na Ucrânia. É desinformação para justificar o que é injustificável”, explicou. Estas declarações podem ser interpretadas também como “uma maneira de tranquilizar” os restantes países, sobretudo a ONU, acrescenta o também antigo ministro dos Negócios Estrangeiros. Ou seja, “estão a dizer que esta ação é limitada à Ucrânia e que não atacarão mais nada”. Mas, para o diplomata, estas declarações não passam de “manobras para disfarçar uma guerra, uma invasão absolutamente injustificada”.

Para o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, a questão trata-se de “um finca-pé da Rússia” acerca da “denominação jurídica desta invasão” que o Kremlin insiste não se tratar de uma guerra. Azeredo Lopes aponta mesmo que o discurso de Lavrov foi muito voltado para defesa dos povos da região do Donbass, que a Rússia diz “serem vítima de genocídio”. “O problema da Rússia é que isto faria algum sentido se fosse rápido e resolvido em dois ou três dias. Quantos mais dias passam, mais a Rússia fica enfiada na lama e mais agressiva fica.”

E, segundo o ex-ministro da Defesa, é neste momento em que o processo se torna mais perigoso. “Estas declarações têm de ser vistas com muito cuidado e nenhum triunfalismo. Zelensky tem dado mais provas de sabedoria do que algumas pessoas neste aspeto. Este é um momento muito delicado: há um país que sabe que está condenado, aí é que é preciso ter algum cuidado e pode tornar-se mais imprevisível.”

Diplomacia de consumo interno

A mensagem de Lavrov no final do encontro com Kuleba foi “seguramente feita para consumo interno”, defende Martins da Cruz, que não exclui que algumas das perguntas feitas por jornalistas russos na conferência de imprensa tenham sido combinadas. No entanto, o embaixador relembra que “os discursos para dentro” não são exclusivos da política russa e que muitos dos principais atores ocidentais estão a preparar-se para ir a eleições.

“Aliás, se nós virmos bem, muitas das intervenções, não só dos russos mas também de americanos e até de europeus, são para dentro, para as opiniões públicas internas. Não se esqueça que na América há eleições intercalares para o congresso e para o senado em novembro. Em França estamos em plena campanha eleitoral e o senhor Macron quer ser eleito já em abril. Na Alemanha, o chanceler Scholz sucedeu a 16 anos de Merkel e tem de se afirmar perante a opinião pública dele. O senhor Boris Johnson tem de fazer esquecer as festas em Downing Street, que quase provocaram a sua queda. Todos estão a fazer discursos para dentro.”

O embaixador acrescenta ainda que a Rússia foi à Turquia com uma intenção clara em mente: “Fazer com que estas negociações não resultassem”. O objetivo da delegação russa, argumenta, era mostrar abertura para a negociação, mas impondo condições de tal forma exigentes que o outro lado não pudesse aceitar. 

Por outro lado, Martins da Cruz acredita que “nós assistimos a alguma predisposição para cedências da Ucrânia” quando disse estar disposta a considerar a situação dos cidadãos ucranianos nas repúblicas do Donbass e da Crimeia. “A Ucrânia está a dar sinais mais fortes do que a Rússia de que está disposta a negociar. O nível de destruição e o número de refugiados da Ucrânia já é de tal maneira grande que o senhor Zelensky tem de pensar muito bem quando é que vai içar a bandeira branca porque senão no futuro pode vir a ser acusado de ser intransigente e de ser um dos que estão a provocar o genocídio do seu povo”, refere. “É óbvio que a última fase deste processo diplomático será feito entre a Rússia e os Estados Unidos. Aliás, acredito que, nesta fase, exista já uma linha direta de diálogo entre russos e americanos.”

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 RÚSSIA/UCRÂNIA: TV estatal russa está a informar que Rússia está a salvar ucranianos

© DIMITAR DILKOFF/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto  11/03/22 

A televisão estatal da Rússia está a informar os telespetadores de que as tropas russas estão na Ucrânia para salvar as pessoas de "neonazis" e desarmar aquele país, de acordo com uma investigação da agência de notícias AP.

As reportagens da televisão dizem também que pessoas em toda a Rússia estão a apoiar o que o Kremlin chama de "operação militar especial" na Ucrânia, formando filas de carros, nos quais exibem as bandeiras tricolores (branco, azul e vermelho) russas.

Ou os cidadãos se juntam em pátios e formam uma grande letra 'Z' - até aconteceu com crianças com doenças terminais -, que se tornou um símbolo dos militares russos. Ou se reúnem em parques de estacionamento, cantando: "Nós não abandonamos os nossos".

Crianças com doenças terminais obrigadas a fazer propaganda para Putin

Um pivot do canal estatal Rússia 24 citou os nomes das cidades que realizam essas manifestações. "Petropavlovsk-Kamchatsky, Chelyabinsk, Yekaterinburg, Stavropol, Tula - manifestações em massa em apoio à operação especial ocorreram nestas e em muitas outras cidades em todo o país", assinalou.

Noutro bloco informativo não muito diferente, um repórter adiantou que os motoristas têm colado "as letras 'Z' e 'V', retratadas em viaturas militares russas, nos seus carros em manifestações espontâneas [...] em todas as cidades" do país, como "sinal de solidariedade, apoio e orgulho pela coragem dos soldados russos".

Demorou vários dias após o início da invasão de 24 de fevereiro para a Rússia preparar a campanha que descreve o que diz ser um amplo apoio público ao ataque que já matou milhares de soldados e civis na Ucrânia e forçou mais de dois milhões a deixarem o país.

Analistas políticos dizem que os russos estão de facto a unir-se em torno da pátria, mas a grande questão é quanto tempo esse apoio vai durar face às sanções do Ocidente incapacitantes e da deterioração das condições de vida, ou se vai acabar por traduzir-se num maior apoio ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin.

"Um número significativo de russos percebe [...] como a Rússia se encontra num grande desafio e, nessas condições, não deve fazer frente às autoridades", disse à AP a fundadora do think-tank R.Politikl, Tatyana Stanovaya.

Na tentativa de controlar a narrativa, o Kremlin bloqueou a maioria dos meios de comunicação social independentes russos e forçou os restantes a pararem a cobertura da guerra, com ameaças de acusação e prisão por reportagens que se desviam do critério oficial.

A cadeia de televisão RT anunciou que estava a vender camisolas com a letra "Z" para apoiar as tropas russas.

Autoridades e a televisão do Estado insistem que os soldados russos têm como alvo apenas instalações militares na Ucrânia, culpando quaisquer ataques a civis ao que chamam de "neonazis" no Governo de Kiev, apesar de o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, ser judeu.

Para o investigador sénior do Programa Rússia e Eurásia da Chatham House Nikolai Petrov, com fontes de informação independentes canceladas, é mais fácil para os russos acreditarem na retórica do Kremlin.

"É um conforto psicológico para as pessoas. Elas não querem pensar que o seu líder é um criminoso e que está a cometer crimes de guerra. Elas estão mais confortáveis a pensar que o seu Exército vai resgatar alguém do nazismo", disse.

O Kremlin usa há muitos anos a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial como forma de reforçar o sentimento patriótico e tentou aproveitá-lo ao usar a ideia do "neonazismo" como uma ameaça da Ucrânia.

"Sangue, suor, destruição.... Os russos apoiam Putin, mas, devido à gravidade da situação, não há uma mobilização tão incrível como houve em 2014 [durante a anexação da Crimeia pela Rússia]", disse o analista do Carnegie Moscow Center Andrei Kolesnikov.

Nikolai Petrov observou ainda que o apoio ao Kremlin pode diminuir, sabendo que a economia sofre com as sanções ocidentais.

Economistas previram a escassez de bens, preços altos e possível incumprimento de crédito.

"É claro e inevitável que o clima vai mudar. [...] Acho que Putin tem um período de tempo bastante limitado para declarar vitória e trazer o Exército de volta", apontou Nikolai Petrov.

SINDICATO DOS PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO (ESE) SUSPENDE GREVE NAS ESCOLAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

O DEMOCRATA / 11/03/2022

O Sindicato dos professores e funcionários da Escola Superior de Educação (ESE) acaba de anunciar a suspensão da greve nas escolas de formação de professores, iniciada a 24 de janeiro deste ano com a entrega de um pré-aviso de greve a 19 do mesmo mês.

O anúncio da suspensão foi confirmado, esta quarta-feira 10 de março ao Jornal O Democrata, pelo próprio presidente do sindicato, Luís da Costa. A paralisação afetou o funcionamento de todas as unidades de formação de professores, incluindo “Tchico Té”.

Em entrevista telefónica, Luís da Costa disse que a greve foi suspensa a pedido do novo ministro do Ensino Superior e Investigação Científica, Timóteo Sabá Mbundé, depois de um encontro que manteve com a comissão negocial da greve.

Segundo o sindicalista, o ministro pediu que lhe seja dado um “tempinho” enquanto aguarda a aprovação da nova orgânica do ministério.

“Após concertação, todos os presidentes das unidades de base concordaram em dar ao ministro o benefício de dúvida até que seja aprovada a nova orgânica do ministério”, confirmou.

Na sequência desse pedido, o sindicato decidiu, a partir da aprovação da orgânica do ministério, dar trinta dias para se resolver a situação da afetação de horários aos professores da unidade de formação de professores de Buba, entre outras exigências.

“Depois dessa abertura, o sindicato dará mais trinta dias, somando ao todo sessenta para se avançar com a implementação da lei da carreira docente, a nossa principal luta”, enfatizou.

Luís da Costa disse ser compreensível aceitar o pedido e dar mais tempo. Apesar a nomeação de novo ministro para dirigir o pelouro, a instituição carece de uma orgânica para o seu funcionamento, sublinhado que os dois prazos dados começam a vigorar a partir da aprovação da orgânica.

Por: Filomeno Sambú

União Africana insta Putin a pôr fim ao conflito

Por VOA Português  março 11, 2022

Dacar (Senegal) - A invasão russa da Ucrânia tem evocado respostas mistas por parte de líderes africanos individuais, mas a União está a exortar Putin a procurar um cessar-fogo.

O Presidente senegalês e presidente da União Africana Macky Sall pediu ao Presidente russo Vladimir Putin que procurasse um cessar-fogo duradouro na Ucrânia. A conversa de Sall com Putin chega apenas uma semana depois de o Senegal se ter abstido de uma votação da ONU para condenar a invasão russa. As nações africanas têm interesse em ver o fim da guerra, mas também em não perturbar Putin.

O pedido de Sall como presidente da União Africana na quarta-feira foi um contraste com as suas acções como presidente senegalês uma semana antes, quando o Senegal se juntou a 16 outros países africanos na abstenção de uma votação da ONU para condenar a invasão russa.

O Senegal é considerado um farol da democracia na África Ocidental, pelo que a mudança foi uma surpresa para muitos.

“O não-alinhamento] tem sido a postura padrão para muitos países africanos ao longo dos anos, onde preferem não se envolver ou não se meter entre grandes rivalidades de poder", disse Joseph Siegle, director de investigação do Centro Africano de Estudos Estratégicos. "E assim, não é um voto de apoio à Rússia, mas um voto para tentar manter a neutralidade.”

A Rússia tem uma pletora de transacções comerciais em todo o continente africano. O Senegal, por exemplo, assinou um acordo de 300 milhões de dólares com a companhia petrolífera russa Lukoil no ano passado. A empresa também tem operações nos Camarões, Egipto, Gana e Nigéria. As empresas mineiras russas também estão activas em toda a África, desde a extracção de diamantes em Angola até ao alumínio na Guiné e ao urânio na Namíbia.

Mais notavelmente, Moscovo é o principal fornecedor de armas de África. Desde 2015, assinou acordos militares com mais de 20 países africanos.

Além disso, empresas militares privadas russas com laços estreitos com o Kremlin conquistaram uma posição cada vez mais forte em países africanos como o Mali e a República Centro-Africana.

Assim, embora possa ser do maior interesse de muitos países africanos evitar tensões com o Kremlin, os líderes começam a sentir os efeitos da guerra.

Abdou Rahmane Thiam é o chefe do departamento de ciências políticas da Universidade de Cheikh Anta Diop, em Dakar.

A Rússia é um país que exporta muitos produtos, nomeadamente gás e matérias-primas como o trigo", disse Abdou Rahmane Thiam, chefe do departamento de ciências políticas da Universidade de Cheikh Anta Diop, em Dakar. "Isso pode ter um impacto económico especialmente no que diz respeito ao comércio"

Felizmente, a União Africana tem alguma influência, diz Thiam.

As relações internacionais não são decididas apenas pelas grandes potências mundiais - a União Africana continua a ser uma instituição regional. Pode ser considerada uma voz influente", disse ele. "A Rússia também precisa de África. É do seu maior interesse ouvir o porta-voz da União Africana".

Numa declaração sobre a chamada, o Kremlin referiu-se à invasão como uma "operação militar especial para proteger Donbass" e não mencionou o pedido de cessar-fogo de Sall. Em vez disso, declarou que foi pedido à Rússia que evacuasse cidadãos estrangeiros em segurança e disse que ambos os líderes tinham reafirmado o seu compromisso de desenvolver ainda mais as relações russo-africanas.

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Inteligência dos EUA assume que subestimou capacidade de defesa ucraniana

© Kevin Dietsch/Getty Images

Notícias ao Minuto  11/03/22

Autoridades de inteligência dos Estados Unidos admitiram hoje que subestimaram a capacidade de defesa da Ucrânia, um erro para as agências governamentais norte-americanas que foram elogiadas por prever com precisão a intenção do Kremlin em iniciar uma guerra.

"[...] Com base numa variedade de fatores, os ucranianos não estavam prontos como eu achava que deveriam estar. Por isso, questionei a vontade deles de lutar. Essa foi uma má avaliação da minha parte, porque eles lutaram com bravura e honra e estão a fazer a coisa certa", disse o diretor da Defense Intelligence Agency, o tenente-general Scott Berrier.

Scott Berrier testemunhou ao lado de outros altos funcionários norte-americanos perante a Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos.

"Fizemos algumas suposições [...] que provaram estar erradas. Penso que avaliar a vontade, a moral e a vontade de lutar é uma tarefa analítica muito difícil. Tivemos diferentes contribuições de diferentes organizações e nós - na minha perspetiva como diretor - não no saímos tão bem como poderíamos", referiu Scott Berrier.

Assim como o Presidente russo, Vladimir Putin, pareceu ter julgado mal a capacidade do seu Exército de subjugar as Forças Armadas inferiores da Ucrânia, os Estados Unidos também o fizeram, disse o diretor da Defense Intelligence Agency, que lidera o braço direito de inteligência do Pentágono.

O reconhecimento de Scott Berrier segue as linhas de outro erro no Afeganistão, cujo Governo apoiado pelos Estados Unidos cedeu mais rápido para os talibãs do que era esperado em Washington.

As autoridades acreditavam que as forças afegãs -- treinadas e financiadas pelos Estados Unidos -- poderiam resistir por vários meses após a retiradas dos militares norte-americanos.

Em vez disso, sem poder aéreo e apoio de inteligência dos Estados Unidos, as forças afegãs desistiram de muitas cidades sem lutar em agosto passado.

A diretora da National Intelligence, Avril Haines, disse que Vladimir Putin subestimou a resistência dos ucranianos.

"Nós não nos saímos tão bem na previsão dos desafios militares que ele [Vladimir Putin] encontros nos seus próprios militares", acrescentou.

Questionada se a Casa Branca estava a pressionar analistas para avaliar se a transferência de aviões seria vista como uma escalada, Avril Haines respondeu que a objetividade era um "princípio ético" da inteligência.

Na quarta-feira, os Estados Unidos rejeitaram, em definitivo, a proposta da Polónia de entregar os seus aviões de combate MiG-29 ao Exército norte-americano, que depois seriam encaminhados para as forças ucranianas, revelou fonte do Pentágono.

"Os serviços de inteligência acreditam que a transferência [das aeronaves MiG-29] para a Ucrânia pode ser percebida como uma vantagem [para o conflito] e pode levar a uma reação russa significativa, que aumentaria a perspetiva de uma escalada militar com a NATO", sublinhou o porta-voz do Pentágono, John Kirby, em conferência de imprensa.

Na terça-feira, o governo polaco tinha manifestado a intenção de enviar todos os seus aviões de combate MiG-29 para uma base aérea dos Estados Unidos na Alemanha, abrindo caminho ao uso dos aparelhos pelas forças militares ucranianas, conforme solicitado pelo Governo de Kiev.


O Presidente ucraniano rejeitou hoje as acusações russas de que a Ucrânia possui armas químicas "ou outras armas de destruição maciça", alegações que afirmou serem parte da propaganda russa para justificar a invasão.

Volodymyr Zelensky disse que "não foram desenvolvidas armas químicas ou outras armas de destruição maciça na Ucrânia". E "todos sabem disso", sublinhou.

Zelensky ameaçou a Rússia de que se fizer alguma coisa contra os ucranianos "receberá a resposta de sanções mais duras", num discurso na plataforma de mensagens Telegram, no início do 16.º dia da invasão russa...Ler Mais

quinta-feira, 10 de março de 2022

Sua Excelência Presidente Umaro Sissoco Embaló, chegou esta tarde à Turquia para participar no Fórum Diplomático de Antalya.

 Presidente da República da Guiné-Bissau Umaro Sissoco Embaló

UCRÂNIA: Putin "cometeu um erro grave" e "perderá esta guerra"

© Getty Images

Por LUSA   10/03/22 

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, afirmou hoje, em Varsóvia, que o Presidente russo, Vladimir Putin, "cometeu um erro grave" ao atacar a Ucrânia e que vai perder a guerra que iniciou.

"Vladimir Putin cometeu um erro grave e perderá esta guerra que começou, devido à coragem, resiliência e inspiração dos bravos ucranianos, e também pela unidade, pela firmeza dos países aliados", disse Trudeau, repetindo a mesma frase em francês e inglês, numa conferência de imprensa com o Presidente polaco, Andrzej Duda.

Os aliados "não permitirão, não podem permitir que Putin ganhe depois de desrespeitar as regras internacionais, visando civis, invadindo o país vizinho", prosseguiu o primeiro-ministro canadiano, que está em visita à Polónia.

"Faremos tudo para garantir que Putin enfrenta graves consequências pelas escolhas que fez e por quaisquer más escolhas que possa fazer nos próximos dias e nas próximas semanas", prometeu.

O chefe do Governo do Canadá considerou que Vladimir Putin "contava com o facto de, em democracias, ser por vezes difícil encontrar entendimentos, mas encontrou uma união, uma ferocidade na resposta económica que demonstrou como as democracias podem e vão defender os princípios em que foram fundadas".

"A Polónia e o Canadá estão entre os países que mais pressionaram a ação", disse.

O Presidente polaco também se pronunciou a favor de sanções "multidirecionais" e "relâmpago" destinadas a atingir a economia russa, por um lado, e Vladimir Putin e aqueles que o rodeiam, por outro.

Andrzej Duda disse ainda que espera ver Putin a responder pelos seus "crimes de guerra" perante o Tribunal Penal Internacional.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 2,3 milhões de pessoas para os países vizinhos -- o êxodo mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 15.º dia, provocou um número ainda por determinar de mortos e feridos, que poderá ser da ordem dos milhares, segundo várias fontes.

Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje a morte de pelo menos 549 civis e 957 feridos.


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COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS 1️⃣0️⃣ 3️⃣0️⃣ 2️⃣0️⃣2️⃣2️⃣

O Governo reunido em sessão ordinária das quintas-feiras do Conselho de Ministros, deliberou entre outros, aprovar realização a nível nacional de um encontro intercultural da Sub-região e da CPLP, sobre a gastronomia, música e dança.

Confira na íntegra o teor do Comunicado do Conselho de Ministros de 1️⃣0️⃣ 3️⃣0️⃣ 2️⃣0️⃣2️⃣2️⃣👇

Nuno Gomes Nabiam- Primeiro Ministro da República da Guiné-Bissau

Sociedade russa "está em colapso", diz jornalista do Novaia Gazeta

© Getty Images

Notícias ao Minuto  10/03/22 

Um subeditor do jornal independente russo Novaia Gazeta disse hoje que os jornalistas enfrentam grandes perigos no seu país e que a sociedade "está em colapso", alertando também para os riscos da invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Eu penso que o meu país (Rússia) está à beira de uma 'espécie de guerra civil', existe muito ódio na sociedade russa, uma parte dos cidadãos são apontados como traidores, havendo um apelo para os expulsar do ensino, das universidades", lamentou Kirill Martynov num fórum internacional.

"Uma outra parte da sociedade russa está muito 'desinformada' e não sabe no que deve acreditar. Querem acreditar num governo forte e num presidente 'inteligente e sábio', mas eu penso que estes sentimentos sobre a realidade foram afetados e que pode haver um conflito no seio da sociedade russa: entre as elites políticas, mas também entre os cidadãos comuns", acrescentou o jornalista.

Para o editor do Novaia Gazeta, a sociedade russa "está em colapso", sublinhando que o que aconteceu há trinta anos (com a queda do Muro de Berlim em 1989) "foi apenas um capítulo do derrube do império soviético".

"Acredito que o Estado russo pode desintegrar-se e não apenas por causa de 'agentes estrangeiros' ou de mísseis estrangeiros, mas por causa das políticas do próprio Presidente (Vladimir Putin)", disse Martynov durante um debate 'online' sobre a sobrevivência do jornalismo independente na Rússia, organizado pelo organismo Presseclub Concordia, com sede em Viena.

Kirill Martynov participou no debate a partir da redação do jornal, em Moscovo. 

O jornal Novaia Gazeta, fundado em 1993 por jornalistas independentes russos, foi um dos poucos meios de comunicação social críticos das intervenções militares da Rússia na Chechénia.

Ao longo dos anos tem enfrentado atos de perseguição, tendo vários repórteres do jornal sido assassinados durante o exercício da profissão, nomeadamente Anna Politkovskaya morta em 2006.

Atualmente, no contexto da invasão russa da Ucrânia o jornal encontra-se sujeito às medidas legislativas de censura impostas pelo Kremlin à cobertura do conflito. Os deputados russos aprovaram no passado dia 04 alterações ao código penal com fortes multas e penas de prisão, entre 10 a 15 anos, para a "difusão de informação falsa" sobre a ação das forças armadas.

"Na verdade, eu penso que eles (o regime) não querem saber de leis. Na prática podem implementar qualquer lei proposta pelo Presidente (Vladimir Putin) em apenas um ou dois dias com o apoio total da Câmara Baixa do Parlamento (Duma). (...) só querem saber se podem torturar as pessoas que protestam contra a guerra", lamentou o subeditor do Novaia Gazeta.  

O jornalista refere que a publicação "ainda tem muitos jornalistas a trabalhar em Moscovo", com identidade e endereço conhecido.

"As autoridades sabem onde estamos e sinto que os nossos jornalistas correm grandes perigos, nesta altura", afirmou frisando o "empenho" no trabalho de informar os leitores, apesar das leis que visam os profissionais, incluindo os correspondentes estrangeiros.

"Neste momento sinto que não há Estado de Direito na Rússia. Se atacam o vizinho (Ucrânia) com mísseis podem fazer o que querem. O nosso jornal quer sobreviver e queremos defender o jornalismo independente na Rússia e, pessoalmente, estou motivado para desempenhar o meu trabalho da melhor forma que sei, em nome da sociedade russa e dos nossos leitores", afirmou.

Kirill Martynov referiu ainda que a maior parte dos leitores do Novaia Gazeta tem entre 25 e 30 anos e que o jornal utiliza todos os meios físicos e digitais para difundir as notícias.  

Neste momento, disse o jornalista, a rede social You Tube é o maior meio de transmissão de conteúdos, incluindo jornalísticos, no país, contabilizando cinco milhões de utilizadores diários.  

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

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Putin admite que sanções estão a "criar problemas"

© Shutterstock

Notícias ao Minuto  10/03/22 

O presidente da Rússia garantiu que estes problemas iam ser resolvidos "não importa como" e decidiu, como resposta, suspender temporariamente a exportação de fertilizantes.

O presidente da Rússia terá afirmado, esta quinta-feira, que se a pressão económica por parte dos líderes mundiais se mantiver, o preço da comida a nível global vai aumentar. Segundo a  Sky News, a Rússia decidiu suspender temporariamente a exportação de fertilizantes.

O ministro da Agricultura da Rússia, Dmitry Patrushev, terá garantido, segundo a Reuters, durante uma reunião com Vladimir Putin, que a segurança alimentar do país estava assegurada e que a Rússia continuaria a exportar, no caso de uma eventual subida de preços.

À semelhança do que acontece com o petróleo e gás natural, a Rússia é um dos principais produtores de fertilizantes. Também esta quinta-feira, o líder russo admitiu que as sanções que os países têm vindo a anunciar estão a "criar problemas" ao país. "Vamos resolvê-las", garantiu, acrescentando que o país iria aumentar a sua independência e ser "soberano".

Quanto ao setor energético, Putin afirmou ainda que, apesar das sanções, as "obrigações em termos de fornecimento de energia" estarão a ser respeitadas, acrescentando ainda que o país não era responsável pelo aumento dos preços.

Segundo Putin, "todas as remessas" terão sido entregues à Europa, como noutros lugares, e mesmo o sistema de transporte de gás através da Ucrânia estará "a 100%", sendo esta rede de gasodutos uma das principais artérias para abastecimento de gás do continente europeu, que depende em 30% da matéria-prima russa.

"Os preços estão a subir, mas não é culpa nossa. É o resultado dos seus próprios erros de cálculo. Eles não nos podem culpar", disse Putin, referindo-se aos países ocidentais.

Além das baixas civis registadas pela ONU, a guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 15.º dia, provocou um número por determinar de baixas militares.

Na sequência da invasão, mais de 2,3 milhões de pessoas fugiram para países vizinhos, na crise de refugiados com crescimento mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão da Ucrânia foi condenada pela generalidade da comunidade internacional e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

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Democratas e republicanos estão unidos em condenar a invasão das tropas russas e estarão a preparar uma revisão às lei tributária.

Depois de Joe Biden ter anunciado, esta quarta-feira, que os Estados Unidos iam deixar de importar petróleo da Rússia, os congressistas continuam à procura de outras sanções.

Segundo o USA Today, tanto democratas como republicanos irão pressionar o presidente dos Estados Unidos a aplicar sanções a compradores de ouro russo - quer o negócio seja feito física ou virtualmente -, e também vão sugerir uma revisão à lei tributária, por forma que os oligarcas russos não tenham o trabalho facilitado se tentarem esconder ativos...Ler Mais


O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, classificou hoje como "um crime de guerra odioso" o bombardeamento pelas forças russas de uma maternidade e de um hospital pediátrico em Mariupol, no leste da Ucrânia.

"Obombardeamento russo de uma maternidade é um crime de guerra odioso", escreveu Borrell na sua conta na rede social Twitter, sublinhando que a cidade de Mariupol está cercada.

"Ataques aéreos a zonas residenciais e bloqueios ao acesso pelos comboios da ajuda humanitária pelas forças russas devem parar imediatamente", escreveu ainda o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, apelando à necessidade da criação de um corredor de passagem seguro para os civis...Ler Mais


As Nações Unidas disseram hoje que a maternidade do hospital pediátrico de Mariupol, no leste da Ucrânia, não foi a única a ser alvo de bombardeamentos russos, tendo sido também destruídas maternidades nas cidades de Zhytomyr e Kharkiv.

Arevelação foi feita hoje pelo chefe do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), Jaime Nadal, durante uma entrevista em vídeo com jornalistas da ONU, em Nova Iorque.

Segundo indicou Jaime Nadal, os bombardeamentos russos atingiram também uma maternidade na cidade de Zhytomyr e na localidade de Saltivsky, em Kharkiv, desconhecendo-se, para já, o número de vítimas.

Segundo adiantou o responsável da UNFPA, existem na Ucrânia 69 maternidades e centros pré-natais, estimando que nos próximos três meses possam ocorrer neste país 80.000 partos...Ler Mais


A organização condena não só a “repressão sem precedentes” ao jornalismo independente, como também lembra que mais de 13 mil pessoas já foram detidas na sequência de manifestações pacíficas no país.

Pelo menos 150 jornalistas já fugiram da Rússia desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia, a 24 de fevereiro. Os dados são da Agentstvo, um jornal online russo especializado em jornalismo de investigação, e foram divulgados em comunicado pela Amnistia Internacional.

O jornal online independente não é o único meio de comunicação bloqueado na Rússia. Todos os meios de comunicação social receberam ordens do governo russo para que não usassem palavras como “guerra”, “invasão” ou “ataque” quando se referiam ao conflito entre os dois países.

Putin foi mais longe e acabou por autorizar uma lei que pune até 15 anos de prisão quem seja acusado de espalhar "notícias falsas" acerca deste conflito, o que significa que todos os meios não estatais passaram a estar ainda mais sob o  olhar atento do governo russo...Ler Mais


Kim Jong Un inspeciona a Direção Nacional de Exploração Espaciais

Pyongyang, 10 de março (ACNC) -- A Direção Nacional de Exploração Espacial (DNES) da República Popular Democrática da Coreia foi recentemente visitada por Kim Jong Un, Secretário geral do Partido de Trabalho da Coreia e Presidente de Assuntos de Estado da República Popular Democrática da Coreia.

Ele ouviu relatos sobre os resultados dos principais testes realizados recentemente pelo DNES, aprendendo sobre o desenvolvimento e preparação de equipamentos de fotografia óptica e vários tipos de transmissores e sensores de satélite.

Indicou que o desenvolvimento do satélite de reconhecimento ocupa um papel muito importante na consecução dos 5 objetivos principais para o aumento da capacidade de defesa nacional, definidos no 8º Congresso do Partido, especificando mais uma vez o alcance estratégico que tal satélite no reforço da força dissuasora do Estado e no aumento da sua capacidade de vigilância à guerra. E para continuar: o desenvolvimento do satélite de reconhecimento é um exercício dos legítimos direitos de defesa pessoal e elevação do prestígio nacional, bem como a defesa dos direitos soberanos e dos interesses do Estado.

Acompanhar de perto e distinguir o caráter das ações militares hostis perpetradas contra nossa República pelas tropas de agressão do imperialismo norte-americano e as forças por trás dele na Península Coreana e seus arredores, bem como aumentar a capacidade de controlar a situação e melhorar a resposta rápida capacidade das Forças Armadas do Estado de acordo com as situações, tudo isso faz parte da orientação estratégica e tática da defesa nacional à qual nosso Partido atribui grande importância, disse.

Ele observou que o objetivo do desenvolvimento e operação do satélite de reconhecimento militar é fornecer às forças armadas da República informações em tempo real sobre as ações militares realizadas contra o país pelas tropas de agressão do imperialismo. na Coreia do Sul, Japão e Pacífico. E ele disse que o Comitê Central do Partido apoia totalmente a decisão da Diretoria Nacional de Exploração Espacial de colocar um grande número de satélites de reconhecimento militar em várias órbitas polares sincronizadas com o sol durante o período do plano de cinco anos, a fim de equipar um grande potencial para coletar inteligência de satélites.


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Novo presidente sul-coreano preparado para dialogar com Pyongyang

© Chung Sung-Jun/Getty Images

Por LUSA  10/03/22 

O presidente eleito sul-coreano, o conservador Yoon Suk-yeol, afirmou hoje que vai manter a janela de diálogo com Pyongyang "sempre aberta" e prometeu reforçar a cooperação militar com Washington, depois de vencer as eleições presidenciais.

Yoon apresentou-se hoje como o Presidente eleito da Coreia do Sul, com um apelo à "unidade" e ao "senso comum", depois de obter uma vitória muito apertada nas eleições, realizadas na quarta-feira após uma campanha eleitoral marcada por diversos escândalos.

O líder do Partido do Poder Popular (PPP) conquistou a vitória eleitoral contra o liberal Lee Jae-myung, do partido no poder, por menos de 250 mil votos (0,73%), a menor margem registada em escrutínios livres nos últimos 35 anos na Coreia do Sul.

Yoon chegou ao poder depois de adotar um tom mais duro com o regime da Coreia do Norte do que o do presidente cessante, Moon Jae-in, que promoveu o degelo na relação entre os dois países vizinhos e facilitou as negociações com os Estados Unidos da América (EUA), para a desnuclearização da península coreana.

O Presidente eleito afirmou hoje que procurará fortalecer as defesas nacionais para dissuadir o regime de Pyongyang de qualquer "provocação", além de reforçar a cooperação na área da Defesa com os EUA.

Yoon, que durante a campanha falou de "ataques preventivos" contra o Norte, alertou hoje que "responderá severamente" se Pyongyang tomar "ações ilegais ou irracionais", embora tenha acrescentado que "sempre deixará a porta aberta para o diálogo".

A sua vitória eleitoral ocorre após o regime de Kim Jong-un testar várias armas, incluindo mísseis hipersónicos e projéteis balísticos de alcance intermédio.

A imprensa oficial norte-coreana, que ainda não comentou o resultado eleitoral no Sul, noticiou hoje uma visita de Kim às instalações aeroespaciais nacionais para supervisionar um programa de desenvolvimento de satélites destinados a espionar os EUA e os seus aliados.

O desenvolvimento de satélites de vigilância e de recolha de informações foi uma das medidas aprovadas no congresso norte-coreano de partido único, em janeiro de 2021, junto com outras, para ampliar o arsenal do país, o que sugere uma estratégia de longo prazo para tentar forçar o regresso das negociações com Washington, independentemente de quem governa em Seul.

Horas depois de se proclamar vencedor das eleições, Yoon Suk-yeol conversou por telefone com o Presidente dos EUA, Joe Biden, que o congratulou pela vitória e expressou o desejo de aprofundar uma aliança bilateral, que definiu como o "eixo da paz, segurança e prosperidade no Indo-Pacífico".

Ambos também se comprometeram a "manter estreita a coordenação na resposta às ameaças representadas pelos programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte", segundo a Casa Branca.

Um dos aspetos específicos em que os aliados podem reforçar as suas capacidades conjuntas é a implantação de sistemas de mísseis THAAD adicionais em território sul-coreano, mas que pode aumentar as tensões com China, que considera esses escudos como uma ameaça à sua segurança nacional.

O líder conservador, que deve assumir o cargo em 10 de maio, disse hoje que aspira construir uma relação de "respeito mútuo" com Pequim.

Em relação ao Japão, um país com o qual os laços se deterioraram nos últimos anos devido a disputas relacionadas à ocupação japonesa da Coreia antes da Segunda Guerra Mundial, Yoon disse que trabalhará para alcançar um "relacionamento que olha para o futuro".

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, felicitou hoje Yoon e defendeu relações "saudáveis" entre Tóquio e Seul.


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Declarações do PR, General Umaro Sissoco Embaló, hoje em OYO, República de Congo, no final de uma visita de 24h

https://youtu.be/Pw1KssB9mv0 

Um chama-se Punisher, o outro Bayraktar TB2 e há ainda o Spectre: os drones estão a travar os russos (uma explicação sobre a guerra pelo ar)



Os conflitos entre Estados são “cada vez menos humanos e cada vez mais tecnológicos". Quer um exemplo? Veja-se "a facilidade" com que os blindados russos, que custam milhões de euros, estão a ser destruídos pelos drones, uma tecnologia "baratíssima" em comparação com os custos da artilharia tradicional. E nesta história sobre o combate pelo ar é também preciso lembrar a guerra do Ultramar

Duas semanas depois do início da invasão relâmpago de Vladimir Putin, o exército russo continua sem fazer progressos significativos no terreno. Ao fim de 14 dias, o poderio militar da Rússia não se materializou e em nenhuma vertente esse facto tem sido mais notório do que no combate aéreo. Vladimir Putin iniciou a invasão da Ucrânia com quase dez vezes mais aviões e helicópteros que a Ucrânia: a Rússia contava com 1.328 aeronaves de várias classes, entre caças, bombardeiros e de transporte e mais de 478 helicópteros.

Para o antigo ministro da Defesa português  Azeredo Lopes, “as coisas não estão a correr bem à Rússia”, que se depara com uma capacidade defensiva dos ucranianos “cada vez mais robustecida a cada dia que passa”. A estratégia da Rússia, salienta Azeredo Lopes, passa pelo envio de mísseis e rockets para a Ucrânia, que, embora não esteja “totalmente desprovida de meios aéreos”, teria “muita dificuldade em combater diretamente as aeronaves russas”. O lado ucraniano contava com 146 aeronaves e apenas 42 helicópteros no início das hostilidades.

No entanto, acrescenta Azeredo Lopes, as forças ucranianas contam com “mísseis terra e mar que podem ser eficientes para causar perdas terríveis para a atuação russa”. Os russos estão a ser, por isso, mais cautelosos no ataque aéreo, como explica o antigo ministro: “É uma espécie de bluff ou de jogo do rato e do gato. A Rússia está a evitar, por enquanto, usar intensivamente as suas aeronaves e prefere atuar com meios destrutivos, como a sua artilharia, para ver se consegue destruir o mais possível as capacidades de defesa da Ucrânia, para que as suas próprias aeronaves não fiquem sujeitas ao risco de serem derrubadas com facilidade pelos meios ucranianos.”

Drones ucranianos dizimam coluna militar russa em questão de segundos

É neste contexto que Azeredo Lopes acredita que os conflitos entre Estados são “cada vez menos humanos e cada vez mais tecnológicos", dando como exemplo a facilidade com que os blindados russos, que custam milhões de euros, são destruídos pelos drones, uma tecnologia que considera "baratíssima" em comparação com os custos da artilharia tradicional.

“Do ponto de vista estratégico, a Ucrânia deu uma lição à Rússia”, argumenta o antigo ministro, salientando a “inteligência” das forças ucranianas, que têm conseguido resistir às ofensivas dos russos nas principais cidades, como Kiev, Kharkiv e Mariupol.

A complexidade operacional - e o caso português

O general Leonel de Carvalho explica à CNN Portugal a complexidade em causa das operações militares modernas, que exigem um elevado nível de coordenação entre os vários ramos do exército - da infantaria à força aérea e, em alguns casos, até da marinha. Numa ação militar "de larga envergadura" como a desenvolvida pelo exército russo na Ucrânia, há sempre um comandante no terreno que chefia e coordena todos estes ramos do exército, com o propósito de "atingir um determinado objetivo militar".

"As operações aéreas têm de ter sempre uma coordenação com as forças terrestres, porque, além de o objetivo ser comum, tem também que ver com uma questão de segurança", refere o general, que acrescenta que, numa operação que movimenta elevados números de militares, apoiados por blindados e aviões, um ataque a um alvo militar por parte da força aérea "pode facilmente atingir as nossas forças, como aliás já tem acontecido em muitas situações".

Para evitar estas situações, o exército tem de dar prioridade ao planeamento e evitar "falta de ligações e transmissões em determinado momento da operação" por parte dos elementos no terreno. No entanto, o general não garante que a aparente ausência de controlo dos céus por parte da aviação russa se deva a esse motivo, uma vez que desconhecemos as ordens e os objetivos propostos. "Podem ter recebido ordens para terem cuidado e não provocarem muitos danos na população."

Um dos motivos que podem estar por detrás da falta de domínio dos céus da Ucrânia, argumenta Leonel de Carvalho, pode ser a utilização eficaz do uso de armas antiaéreas terra-ar, que obrigam a força aérea a alterar as suas estratégias, até porque o custo do número de baixas e de perda material de uma aeronave destruída pode ser muito elevado.

Neste aspeto, destaca-se a utilização do sistema de mísseis terra-ar soviético S-300 e o sistema norte-americano portátil Stinger, que dispara um míssil terra-ar guiado por infravermelhos. Este último foi utilizado com grande efeito contra a força aérea soviética durante a Guerra do Afeganistão. Atualmente, o Ministério da Defesa da Ucrânia alega já ter conseguido destruir 48 aviões e 80 helicópteros, um número elevado. De acordo com a BBC, que cita a Royal United Services Institute, existe apenas confirmação visual do abate de 20 aeronaves russas.

"Têm de ter cuidados. Existe no terreno a capacidade de abate de aviões, que têm de voar com muito mais cautelas e, com isso, com muito mais dificuldade em conseguir atingir os seus objetivos. Isso dificulta muito a missão de cobertura à infantaria, por exemplo", refere o general, que relembra que o exército português foi confrontado com uma situação semelhante durante a guerra do Ultramar, mais concretamente na Guiné, com a utilização dos mísseis Strela por parte do PAIGC.

Drones: os justiceiros baratos que estão a ajudar a Ucrânia

Os drones fazer e muito a diferença no combate aéreo - embora, para já, não consigam vencer guerras. No caso do conflito que acontece em território ucraniano, estes veículos aéreos de combate não tripulados têm ajudado a conter o avanço russo, como aconteceu, por exemplo, com a destruição de parte da coluna militar russa.

O uso de drones por parte da Ucrânia tem sido uma estratégia, algo que não se tem verificado por parte da Rússia. Mas de que forma é que a Ucrânia fica a ganhar com estes veículo aéreo não tripulado? De várias. Uma delas é o facto de os drones, através de tecnologias de reconhecimento, permitirem “atacar pelo ar estes grandes conjuntos de veículos que se estendem por largos quilómetros e que são bastante imóveis”, começa por explicar Bruno Oliveira Martins, investigador no Instituto de Pesquisa de Paz de Oslo, na Noruega - e que se tem dedicado à investigação sobre a interseção entre desenvolvimentos tecnológicos e práticas de segurança. A outra vantagem diz respeito ao facto de a tecnologia antidrone ser menos eficaz e sofisticada do que a tecnologia usada nos drones, “o que permite que possamos assistir ao uso sem grande resposta da Rússia”.

“Em situações de combate, destruir um drone é bastante difícil. Aquilo que vemos é que a maior parte dos drones turcos que a Ucrânia usa não são intercetados por parte dos russos. A tecnologia antidrone, que permite identificar, localizar e interceptar drones, apresenta bastante limitações”, avança o investigador.

Segundo Bruno Oliveira Martins, há dois tipos de drones com funções distintas que podem ser usados em ambientes de guerra. Há os drones não armados, que têm como função “criar uma imagem do que está a acontecer para lá da linha de visão”, e, diz à CNN Portugal, “são raros os países hoje em dia que não têm drones que não consigam fazer essas funções, Portugal incluído”. Estes drones assumem as funções de inteligência, vigilância, aquisição de alvo e reconhecimento.

Um segundo tipo de drone usado em guerra é o drone armado, “que tem determinado armamento, que podem mísseis, por exemplo”.  “Não é uma diferença muito grande entre um drone e uma plataforma que lance mísseis num camião ou barco”, diz o investigador, embora saliente que acaba por ser um complemento de ataque. No leque de drones armados, Bruno Oliveira Martins menciona ainda aqueles que “são menos sofisticados”, como o caso de “drones comerciais”, que “podem ser armadilhados com granadas e com outro tipo de explosivos mais improvisados”.

Para o investigador, os drones são um elemento-chave atual. “Muitas pessoas falam como arma do futuro, mas são uma das principais armas do presente.” E dá exemplos de como foram aliados em combates recentes: “Se olharmos para os últimos conflitos internacionais, os drones foram fundamentais - são utilizados no Mali, no norte de África, na Síria e agora na Ucrânia”.

Na guerra que acontece há duas semanas na Ucrânia há dois drones que se assumem como estrelas aéreas na força militar ucraniana. Um deles chama-se Bayraktar TB2 e vem da Turquia. Segundo a imprensa internacional, os ucranianos têm cerca de 20 drones destes à sua disposição.

Este drone atua a média altitude, consegue carregar quatro munições inteligentes guiadas por laser e, além do ataque, é capaz de realizar missões de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR).

Segundo a Time, os drones turcos são pequenos e leves e têm uma envergadura de 12 metros, o que permite que permaneçam no céu até 30 horas. Para Bruno Oliveira Martins, estes drones turcos “estão a ter bastante importância neste conflito”.

Um outro drone usado pelos ucranianos é de fabrico caseiro. Chama-se Punisher (que significa justiceiro em português) e foi criado pela empresa ucraniana UA-Dynamics, pensada e fundada por veteranos de guerra que lutaram contra os russos em 2014, aquando da anexação da Crimeia.

Ao The Times, Eugene Bulatsev, engenheiro ucraniano que desenhou este drone elétrico, revela que este aparelho tecnológico está a “mudar as regras do jogo” e já protagonizou 60 missões “bem-sucedidas” desde o início da invasão russa.
O Punisher é “a maneira mais barata e mais fácil” de atacar a uma longa distância, diz o seu criador. Consegue transportar até três quilos de explosivos, pode voar durante horas a 1300 pés (cerca de 400 metros), tem um alcance de ataque de 45 quilómetros e precisa apenas de sete minutos de aquecimento para atacar.

Para atuar, este drone armado destaca-se por ser indetetável por radares e por ter um outro aliado ucraniano: o Spectre, um drone de vigilância que ajuda nos comandos de ataque: faz o trabalho de reconhecimento e ajuda a identificar alvos estacionários, tais como tanques ou até a coluna militar que os russos levaram até à Ucrânia.

Quando questionados sobre os riscos que os drones podem ter, o investigador português reconhece que não estão imunes a “danos colaterais”, mas defende que, “como plataforma para lançar mísseis, apresentam maiores níveis de rigor” do que outras armas usadas em guerra, como as bombas de vácuo ou de estilhaço, usadas pelos russos e que são proibidas.

“Não há nada nos drones que viole as Convenções de Genebra por si mesmo, claro que a utilização que é feita levanta problemas no Tribunal Internacional”, algo que poderá acontecer, por exemplo, “quando sai para assassinatos coletivos em áreas que não são consideradas de conflito ativo”, o que não é o caso do que acontece na Ucrânia - pois o mundo já “reconheceu” que há um conflito.