segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Diplomata de Bissau diz que Marcelino da Mata é um problema português

Marcelino da Mata DR

Por PÚBLICO 

“Marcelino da Mata é um problema luso-português”, considera o diplomata Fernando Delfim da Silva, actual conselheiro para os Assuntos Políticos do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.

Fernando Delfim da Silva, que foi representante permanente da República da Guiné-Bissau nas Nações Unidas, marca distância em relação à polémica em Portugal que envolveu a memória do tenente-coronel Marcelino da Mata, que morreu a 11 de Fevereiro em Lisboa, vítima de covid-19. Num texto partilhado no Facebook por Sidney Monteiro, assessor de Nuno Nabian, primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Delfim da Silva defende que o passado de quem optou por lutar ao lado das tropas portuguesas não deve ter consequências presentes. “Não pode perturbar a construção de respeito, amizade e cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal”, defendeu.

Entre os que assinalaram ter sido o membro do Exército português mais condecorado pela ditadura e os que o acusaram de crimes de guerra e o voto de pesar aprovado nesta quinta-feira na Assembleia da República com os votos do PS, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega, Fernando Delfim da Silva opta por outro enfoque.

O diplomata recua 47 anos e recorda a proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau, em 24 de Setembro de 1973. Refere o apoio internacional que esta decisão do PAIGC [Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde] então suscitou e os problemas, externos e internos, que causou ao regime de Marcello Caetano, como prova da insustentatibilidade do império colonial português em África e prenúncio de novos tempos.

Sete meses depois da proclamação da independência do PAIGC, a 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas animado pelos capitães derrotava a ditadura e anunciava, no seu programa, os conhecidos três “D” do futuro de Portugal: democratizar, descolonizar e desenvolver.

“O grito de Medina do Boé [proclamação da independência] tinha acabado com todas as dúvidas”, recorda o diplomata. E, em 11 de Novembro de 1975, com a proclamação da independência de Angola, terminava o ciclo imperial português em África. “Era isto que devia contar para uma boa cultura histórica das novas gerações, claro, não apenas das novas gerações de guineenses”, escreve.

Por isso, Fernando Delfim da Silva considera que Marcelino da Mata foi derrotado na Guiné-Bissau, a terra onde nasceu. “Marcelino da Mata tropeçou e caiu na Guiné-Bissau”, lembra. E acentua que o passado de quem optou por lutar ao lado das tropas portuguesas não deve ter consequências presentes. “Não pode perturbar a construção de respeito, amizade e cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal”, sublinha.

A Guiné-Bissau tem acumulado 3115 casos de COVID.

Partilhamos a versão compacta do Boletim Semanal:

Na semana de 15 a 21 de fevereiro foram registados 191 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, totalizando 507 casos ativos no país.

Foi registado 1 óbito por COVID-19 na região de Gabú, subindo o total de mortes para 47.

#somos2milhõesdecomportamentos

Alto Comissariado para o Covid-19

Ensino - CONAEGUIB exige ao governo solução definitiva para evitar paralisações das aulas

Bissau, 22 Fev 21 (ANG)- O Presidente da Confederação Nacional das Associações Estudantis  da Guiné-Bissau (CONAEGUIB) Bacar Darame recomenda que o  governo negoceie com os sindicatos do sector educativo para que juntos possam encontrar uma solução definitiva de modo a não atrapalhar o sucesso do presente ano lectivo com sucessivas situações de paralisações das aulas.

A recomendação foi feita na conferência de imprensa conjunta da CONAEGUIB e a Associação Nacional dos Pais e Encarregados de Educação, na sequência do  levantamento da suspensão das aulas no Sector Autónomo de Bissau decidido pelo Conselho de Ministros no passado 18 do corrente mês.

Bacar Darame disse que a CONAEGUIB  nunca concordou com a  suspensão das aulas no Sector Autónomo de Bissau, e que, por isso, confrontaram o governo no sentido de não o fazer.

O Presidente da CONAEGUIB exortou as direcções das escolas públicas e privadas à tomarem  medidas administrativas rigorosas, de modo a cumprir  as orientações da Alta Autoridade de luta contra a Covid-19 para se evitar  possíveis casos de contaminação .

Por seu turno, o representante da Associação dos Pais e Encarregados de Educação, Lassana Bangura considera que não  havia  motivo se quer para a suspensão das aulas por um mês, uma vez que a escola não representa  um perigo  caso as medidas preventivas contra a Covid-19 sejam respeitadas.

“Eu não entendo as decisões dos nossos governantes. Se os transportes funcionam com a lotação completa, os mercados estão sempre cheios de pessoas sem respeito pelo distanciamento e medidas preventivas, o Ministério da Justiça aglomera as pessoas nos últimos tempos. Será que a covid-19 está apenas nas escolas?”, questionou Lassana Bangura.

Sublinhou que  a educação deve merecer bastante atenção por parte dos governantes devido a  sua importância no processo de desenvolvimento de uma nação.

Bangura considerou de alarmante ver as máscaras disponibilizadas para oferecer ao povo guineense  serem vendidas nos mercados. 

ANG/AALS/ÂC//SG

Covid-19: Músicos guineenses passam fome e pedem subvenção

Por capitalnews.gw  fevereiro 22, 2021

A Associação Profissional dos Músicos da Guiné-Bissau revelou esta segunda-feira (22.02), que os seus associados estão a passar fome e os seus filhos por “enormes dificuldades”, devido ao encerramento de espaços culturais, por causa da pandemia da Covid-19.

Os músicos realizaram conferência de imprensa, na qual denunciaram a “situação difícil” que dizem estar a enfrentar.

“(Podemos) sair às ruas com os nossos filhos, com tambores e latas e os nossos filhos a dizer pai, mãe, não comemos e estamos a passar, para as pessoas ouvirem. Mas não vamos fazer isso, porque somos ricos, somos ricos e somos a classe que mais trabalhou para a Guiné-Bissau. Vimos como associação de músicos legalizada, para não dizer que o Estado não pode dar alguma coisa de forma individual. Mas pode dar à associação para resolver os seus problemas”, disse Luís Mendes (Iche), vice-presidente da Associação Profissional dos Músicos da Guiné-Bissau.

Justino Delgado, presidente da organização, anuncia que vai entregar uma proposta ao governo e ao Alto Comissariado de Luta Contra a Covid-19, para “minimizar” as dificuldades.

“Vamos produzir um documento que vamos entregar ao governo e ao Alto Comissariado de Luta Contra a Covid-19. Quero que levem a conta de que já há um ano que os artistas não têm nada, há um ano que estão nesta situação e devem ser recompensados. Enquanto há confinamento, artistas têm que receber (dinheiro) até terminar o confinamento. Vamos elaborar um documento de forma cívica e pacífica para lhes entregar de forma a perceberem que somo gente que percebe. O que exigimos é a subvenção à classe artística, que é a única penalizada com o confinamento”, disse Justino Delgado.

Devido à pandemia do novo coronavírus e ao estado de calamidade decretado pelas autoridades guineenses, todos os espaços culturais, discotecas e salões de espetáculos foram encerrados.

Por CNEWS

A NAÇÃO PORTUGUESA E OS SEUS “CRIMINOSOS”

Por Umaro Djau

Nas memórias recentes norte-americanas, John McCain destacou-se como uma das figuras mais reconhecidas do país, um acto resultante da Guerra de Vietname. McCain foi um prisioneiro nessa guerra durante seis anos (1967 e 1973), quando o seu avião militar foi abatido sobre a cidade de Hanói. Esse estatuto de prisioneiro fez de McCain um herói nacional dos Estados Unidos da América.

Mais tarde, McCain teve uma brilhante carreira política como Senador pelo estado de Arizona (por mais de 30 anos), para além de ter sido um candidato presidencial por parte do Partido Republicano, entretanto, derrotado por Barack Obama em 2008.

McCain serviu na Guerra de Vietname com mais outros 2.5 milhões de norte-americanos, numa das guerras mais fratricidas para os EUA. Os leitores desta publicação podem também lembrar-se de uma outra figura, na pessoa de John Kerry, também um antigo candidato presidencial, presentemente a ocupar o lugar de Enviado Especial do Presidente Biden para os assuntos climáticos. Kerry é considerado um herói da Guerra de Vietname, tendo recebido várias medalhas de combate, incluindo a Estrela de Prata, Estrela de Bronze e três Corações Púrpuras.

Apesar das frustrações dos militares norte-americanos (quanto à estratégia da guerra) e dos populares (sobre a sua justificação), a América nunca retirou o heroísmo aos seus combatentes na “injusta” Guerra de Vietname. Porquê? Porque John McCain, John Kerry e outros tantos milhões de norte-americanos estiveram a servir a nação americana e a sua bandeira, independentemente da justeza ou não dessa guerra. Até hoje, John McCain e John Kerry continuam a ser heróis indiscutíveis da nação norte-americana.

No caso de Portugal, no auge da sua guerra colonial em África (1961-1973), durante a chamada “africanização” das Forças Armadas Portuguesas, mais de 400 mil africanos estavam a servir nas FAP, entre um total de aproximadamente 1 milhão e 400 mil soldados. Independentemente das suas origens, cada um desses soldados esteve a servir o Estado português e a bandeira de Portugal – voluntária ou involuntariamente – sobretudo depois da abolição do Estatuto Político, Civil e Criminal dos Indígenas em 1961. Esse acto permitiu o tratamento igual de todos (portugueses e africanos), independentemente da origem, cultura ou religião de cada um.

Sabemos o resto da história. Portugal perdeu as suas guerras coloniais – teórica ou praticamente, dependendo de quem faz o argumento. Mas, também é sabido que muitos desses soldados portugueses (das ex-colónias e da metrópole) foram agraciados com as mais altas condecorações do Exército de Portugal.

Todavia, só porque o Portugal perdera as suas guerras na Guiné/Cabo Verde e noutras suas ex-colónias africanas, não significa que os portugueses de hoje devem diabolizar àqueles que ontem serviram a bandeira lusitana, assumindo todos os riscos inerentes à uma guerra militar -- e sob o comando de Portugal. 

Aliás, no caso da Guiné, a ideia da progressiva substituição das tropas da metrópole com os destacamentos africanos, incluindo os comandos, era de próprio António Sebastião Ribeiro de Spínola, de acordo com os arquivos da Defesa Nacional portuguesa. Será Spínola, o ex-presidente de Portugal e um oficial militar, um criminoso da guerra? Será o General António dos Santos Ramalho Eanes, o ex-presidente de Portugal, também um criminoso da guerra?

Sei que o tenente-coronel Marcelino da Mata não ganhou o seu estatuto e a sua fama por ter sido um "Santo" nas frentes de batalha. Mas, qual outro militar português (ou dos movimentos de libertação) que pode reclamar o estatuto de "santidade" durante as guerras de ocupação/libertação mais sangrentas em África? 

A interrogação anterior leva-me a concluir que é mais fácil diabolizar o tenente-coronel Marcelino da Mata por se tratar pura e simplesmente de um nativo africano (nascido na Guiné), mesmo sendo o militar mais condecorado na história de Portugal.

O que não entendo, no entanto, é se essa diabolização trata-se apenas de uma distracção, de uma tentativa de lhe retirar o lugar e o mérito na história de Portugal, ou de uma pura manifestação racial contra um africano.

Todavia, cabe aos portugueses debater se devem reconhecer os seus heróis ou não. Mas, eu, sendo uma pessoa que vos é ligada através de uma história comum e até “criminosa”, cabe-me apenas lembrar-vos que milhares de ex-soldados africanos desmobilizados foram perseguidos, presos, exilados e fuzilados na Guiné-Bissau (e noutras partes do continente) por se terem lutado “criminosamente” (e inocentemente) sob à bandeira de Portugal que vocês, or portugueses, se orgulham tanto, e reconhecidamente. Uma nação portuguesa que -- criminosamente ou não -- Marcelino da Mata ajudou a construir com o seu suor e com o sangue (e invalidez) de milhares doutros combatentes africanos desconhecidos, esquecidos e negligenciados, até hoje, apesar do estipulado nos artigos 25˚ e 26˚ do anexo ao Acordo de Argel, de 26 de Agosto de 1974.

--Mestre Umaro Djau

22 de Fevereiro de 2021

Ministro das obras públicas Habitação e Urbanismo Sr. Fidelis Forbs em visita de trabalho dos troços no interior do país concretamente em Buba Fulacunda Nova Sintra Tite Intchude Sandjon…05


Vídeo by: Mustafa Cassamá

Ministro das obras públicas Habitação e Urbanismo Sr. Fidelis Forbs em visita de trabalho dos troços no interior do país concretamente em Buba Fulacunda Nova Sintra Tite Intchude Sandjon…04


Vídeo by: Mustafa Cassamá

Ministro das obras públicas Habitação e Urbanismo Sr. Fidelis Forbs em visita de trabalho dos troços no interior do país concretamente em Buba Fulacunda Nova Sintra Tite Intchude Sandjon…03



Vídeo by: Mustafa Cassamá

Ministro das obras públicas Habitação e Urbanismo Sr. Fidelis Forbs em visita de trabalho dos troços no interior do país concretamente em Buba Fulacunda Nova Sintra Tite Intchude Sandjon…02


Vídeo by: Mustafa Cassamá

Ministro das obras públicas Habitação e Urbanismo Sr. Fidelis Forbs em visita de trabalho dos troços no interior do país concretamente em Buba Fulacunda Nova Sintra Tite Intchude Sandjon…01



Vídeo by: Mustafa Cassamá

Guiné-Bissau: "GOVERNAÇÃO DE CAMPO 2021" - "FOME ZERO"

O ministro de Agricultura e Desenvolvimento Rural visitou este domingo, 21 de Fevereiro de 2021, as bolanhas de Campossa no setor de Bafatá, onde está em curso as operações da primeira Campanha Agrícola da época seca.

A visita, que começou este sábado, 20 de Fevereiro de 2021, nas regiões de Bafatá e Gabú, visa acompanhar de perto os primeiros passos a serem desenvolvidos pelos técnicos nesta Operação da época Seca.

Sob a orientação do titular da pasta de Agricultura, os técnicos estão fortemente empenhados na Instalação das moto-bombas e na produção dos viveiros.

Depois de percorrer quilómetros a volta das bolanhas de Campossa, Abel da Silva Gomes saudou os esforços dos seus técnicos e das Cooperativas Agrícolas prometendo uma luta sem tréguas no combate a fome e a pobreza.

A primeira Campanha Agrícola da época seca visa aumentar a produção e produtividade agrícola, reduzir o défice alimentar, a fome, a pobreza, melhorar a resiliência e diminuir os riscos de insegurança alimentar e nutricional crônicos na Guiné-Bissau. 



 










O assessor de imprensa

       Mamadú Baldé 

21 de Fevereiro de 2021

Ministério da Agricultural e Desenvolvimento Rural

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Tragédia: Poilão cai e destrói uma casa por completo


Um poilão caiu este domingo 20 de Fevereiro de 2021, em cima de um condomínio em Cuntum Madina, Subúrbios de Bissau, originando

Apesar de não houver vítimas mortais, o proprietário da casa Aguibo Djaló disse que há muito que tem alertado do perigo que o poilão constitui, mas foi informado que o lugar é ” sagrado ” e indicado para a realização das cerimónias tradicionais. O que segundo ele, impossibilita o seu derrube.

” Danificou quase a casa inteira, casa de banho, cozinha, sala jantar e despensa ” Informa acrescentando que o incidente aconteceu na madrugada de hoje provocado pelo forte vento, causando danos graves que sozinho não poderá reparar, por isso, apela apoio de pessoas de boa vontade.

O referido poilão, segundo uma testemunha tinha mais de duas décadas e tinha uma ” Baloba ” cujo nome de ” Cansarré ” considerado por muitos como juíz, uma vez que resolvia os problemas das pessoas que o confiavam seus assuntos, frisou Djaló

Guiné-Bissau: Boletim Diário n. 29... - 24 novos casos de COVID-19

Boletim Diário n. 29

- 24 novos casos de COVID-19

- 55 recuperados de COVID-19

- 1 óbito por COVID-19

- 507 casos ativos de COVID-19

Veja o post anterior e perceba como distanciamento social contribuí para travar a propagação da infeção.

#somos2milhõesdecomportamentos

Alto Comissariado para o Covid-19

Leia Também:

Covid-19: Guiné-Bissau regista mais uma vítima mortal e 26 casos

A Guiné-Bissau registou mais uma vítima mortal e 26 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, para um total acumulado de 3.115, segundo os dados divulgados hoje pelo Alto-Comissariado para a Covid-19.

Segundo as autoridades, no sábado registou-se, no país, mais uma vítima total e 26 casos.

Desde o início da pandemia, a Guiné-Bissau tem um total acumulado de 47 vítimas mortais e 3.115 casos de covid-19.

Os dados indicam também que há 507 casos ativos e que foram dadas como recuperadas mais 55 pessoas, elevando o total acumulado de recuperações para 2.555.

Na sequência do aumento de casos registado desde o início do ano, o Governo guineense decidiu na quinta-feira prolongar o estado de calamidade, que devia terminar terça-feira, por mais 30 dias.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.461.254 mortos no mundo, resultantes de mais de 111 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Presidente da República da Guiné-Bissau Umaro Sissoco Embaló - Na República do Tchade a convite do Presidente Marechal Idriss Déby, para uma visita oficial.

 Presidente da República da Guiné-Bissau Umaro Sissoco Embaló

Zona de fronteira: CENTENAS DE REBELDES FUGIRAM DE SAKUM PARA O LESTE DA GUINÉ-BISSAU

Por Jornal Odemocrata 21/02/2021 

[REPORTAGEM_fevereiro_2021] Centenas de rebeldes de uma das facções do Movimento das Forças Democratas de Casamansa (MFDC), dirigidos pelos comandantes Adama Sané e Ibrahima “Kompass” Diatta fugiram na calada de noite de suas bases de Sakum, no Senegal, em direção ao leste da fronteira da Guiné-Bissau, de acordo com as informações avançadas pelas populações das aldeias da linha da fronteira, que afirmaram terem visto um grande número de rebeldes a noite com armas e munições, fugindo dos ataques do exército senegalês.

A região de Casamansa que fica no Sul do Senegal, fazendo fronteira com o norte da Guiné-Bissau voltou a ser, pela quinta vez, palco de mais um conflito militar entre uma das facções dos rebeldes do MFDC e as Forças Armadas da República do Senegal, iniciada a 26 de janeiro (2021) último, e com o objetivo de destruir as bases dos rebeldes e reinstalar as populações deslocadas nas aldeias situadas na linha de fronteira.

O Democrata apurou que os rebeldes estão a procura de uma nova base na linha da fronteira e que reúna as condições adequadas para se instalarem e reabrirem o seu Estado-Maior, para reorganizar e preparar uma resposta às ofensivas das tropas do Senegal.  

“Os rebeldes de Casamansa não têm rosto que os distinga do cidadão comum do Senegal ou da Guiné-Bissau. Nem têm fardas que os distingam da população. Ninguém sabe o que estarão a fazer para conseguirem novo esconderijo nas florestas do Senegal nem onde estarão em concreto? Ou se estarão a desenvolver alguma iniciativa para iniciar uma ofensiva que lhes permita dar resposta aos militares do Senegal”, assegurou um dos habitantes da aldeia da linha de fronteira, interpelado pela nossa reportagem.

ATAQUES AOS REBELES PODEM LEVAR A REUNIFICAÇÃO DAS FACÇÕES PARA SE DEFENDEREM

Os analistas abordados pelo jornal O Democrata afirmam que a ofensiva desencadeada pelo exército senegalês sob o comando da zona militar nº. 05, chefiado pelo Coronel Souleymane Kandé, pode levar as facções (Grupos de Salif Sadio, de Ibrahima Diatta “Kompass” – comandante da base L’2 e Adama Sané, Comandante de base de Sakum) a reunificarem-se para se defenderem da ofensiva do Senegal.

Os estrategas da guerra de guerrilha garantiram à nossa reportagem que os rebeldes de Casamansa têm uma experiência nas técnicas de guerrilha e utilizam árvores de grande porte e palmeiras para se esconderem, também conseguem fazer ataques espontâneos e limitados com quatro homens.  

Os ataques de limpeza desencadeados pelas tropas senegalesas com recurso a armas pesadas e helicópteros, com os quais destruíram as bases dos rebeldes, obrigaram as facções do MFDC à negociação para uma possível reunião, de forma a defenderem-se em conjunto.

Para o grupo de Ibrahima “Kompass” e Adama Sané, é urgente encontrar um novo espaço na floresta de “Tchedoukou” para instalar o seu Estado-Maior, para poderem analisar novas estratégias, a nível interno e externo, como também as consequências dos bombardeamento das tropas senegalesas.

As pesadas derrotas e a destruição das suas bases com armas pesadas levou os guerrilheiros do MFDC a acusarem as Foças Armadas Revolucionária do Povo (FARP) da Guiné-Bissau de envolvimento no teatro de guerra, sobretudo ao permitir que os “Jambaars” – forças especiais senegalesas utilizem o território guineense para “caçar” os rebeldes.

A colaboração do exército guineense que é recusada pelas autoridades nacionais na linha da fronteira foi evidenciada pelo próprio comandante senegalês da zona militar nº. 05 (Ziguinchor), o Coronel Souleymane Kandé, que dirige as operações que, numa das suas declarações, enalteceu o que considera “a boa colaboração” das forças da defesa e de segurança da Guiné-Bissau, através de informações precisas para as suas operações de “destruições das bases dos bandos armados” e consequentemente o reassentamento das populações que há mais de 30 anos fugiram das vilas situadas na linha de fronteira, designadamente: Billas, Albondi, Nhadju, Samilique e Late Madina, ambos da secção de Bitupa Camaracunda.   

Sobre o envolvimento das tropas da Guiné-Bissau no referido conflito, as forças rebeldes liderados por comandante Ibrahima Diatta “Kompass” advertiu as FARP, através de um comunicado à imprensa, para não se envolver na guerra que os opôs contra o exército do Senegal.  

Os rebeldes do MFDC perderam o seu Estado-Maior e estão neste momento em fuga. Ninguém sabe muito bem onde estão escondidos. Quem chega às Tabancas de Papia, Nhalon, Mangomica 1º, Mangomica 2º, e Brenguilon situadas a dois  quilómetros da linha da fronteira com a República do Senegal e a escassos metros do seu Estado-Maior, não se encontra nenhuma alma viva dos rebeldes do MFDC. O seu Estado-Maior situado na floresta de Sikum é agora irreconhecível, porque sofreu um forte bombardeamento dos helicópteros e canhões das forças especiais senegalesas.

O fogo do incêndio em consequência dos bombardeamentos consumiu não somente as bases dos rebeldes do MFDC, mas também os pomares de cajú dos agricultores guineenses que se encontram na linha da fronteira. Esse fato levou as FARP e a Brigada da Guarda Nacional que garante a segurança de todas as tabancas guineenses na linha de fronteira a declararem todas as quintas e plantações de cajueiros e campos de cultivo de benon como zonas de risco. Proibiram, por isso, as populações de se deslocarem em todas as zonas de plantações agrícolas situadas a menos 500 metros da fronteira.

Os militares guineenses consideram que existe risco enorme de alguns agricultores pisarem minas que os rebeldes do MFDC poderão ter enterrado nos terrenos agrícolas próximos ou situados na linha da fronteira.

ALDEIAS FRONTEIRIÇAS SENTEM-SE SEGURAS GRAÇAS ÀS PRESENÇA DE MILITARES GUINEENSES

As FARP e a Brigada da Guarda Nacional presentes em todas as tabancas da linha da fronteira aconselharam os habitantes daquela zona a não se deslocarem à zona de risco, o que levou os populares a declararem à imprensa, “não vimos aqui nenhum rebelde”.

Todas as tentativas para encontrar uma explicação plausível para a fuga dos guerrilheiros do MFDC do seu Estado-Maior, na floresta de Sikum, teve sempre como resposta, “não vimos aqui nenhum rebelde”. Todos os habitantes das Tabancas de Papia, de Nhalon, de Mangomica 1º, Mangomica 2º e de Brenguilon que a reportagem abordou sobre a fuga dos rebeldes do MFDC, tiveram como resposta a mesma frase como se fossem programados.

O exemplo mais sintomático destas respostas programadas foi o do Comité de Tabanca de Papia, Barrato Ianca, que disse à nossa reportagem que desde o início das operações de limpeza na floresta de Sikum que não via um rebelde do MFDC na sua Tabanca. Curiosamente, ninguém na povoação junto a fronteira sabe explicar como é que os rebeldes que, quase todos os dias, conviviam com eles fugiram da floresta de Sikum.

Eram os rebeldes que os vendiam quase todos os dias carne de caça de qualidade para o seu consumo familiar. Aliás, havia entre eles uma enorme amizade e camaradagem.  

“Desde que as tropas senegalesas desencadearam a operação de limpeza na floresta de Sikum onde viviam os rebeldes do MFDC, nunca mais vimos por aqui na Tabanca um rebelde. Ou a passar por aqui na nossa estrada como era frequente “, explicou a nossa reportagem o ancião da Tabanca de Papia, Barrato Ianca, que garantiu ainda que com a chegada das FARP e da Brigada da Guarda Nacional, a sua Aldeia jamais teve a visita de um rebelde.

Também pelo mesmo diapasão afinou o Comandante das forças militares guineenses estacionadas na Escola Básica da Tabanca de Papia, Ansumane Djata que garantiu a nossa reportagem que desde que chegou naquela Tabanca da linha da fronteira nunca viu um rebelde do MFDC.

“Desde que cheguei aqui com os meus homens não vimos nenhum rebelde do MFDC. Todas as informações de fuga de populações e de que nós estamos a deter rebeldes em fuga é pura e simplesmente ‘Fake News'”, explicou a nossa reportagem.  

Na Tabanca de Nhalon a dois quilómetros da linha da fronteira, o espírito de medo e de susto generalizado que reinava no início, quando os militares senegaleses desencadearam o bombardeamento, já passou. A presença das FARP e da Brigada da Guarda Nacional trouxe a população local uma enorme confiança que acabou com o medo. Ninguém pensa agora abandonar a sua casa para se refugiar no interior da seção de Ingore ou das tabancas do setor de São Domingos.

Nas Tabancas de Mangomica 1º e Mangomica 2º, situadas a três quilómetros da linha de fronteira os jovens já não se preocupam com o barrulho dos bombardeamentos dos aviões das tropas de Senegal ao Estado-Maior dos rebeldes do MFDC. Quando a nossa reportagem chegou nas duas Tabancas no início da noite, os jovens estavam começar uma festa de batizado da criança (rapa), com uma aparelhagem de sons que fazia um enorme barrulho. Com certeza os seus antigos vizinhos da floresta Sikum que foram bombardeados pelas tropas do Senegal e obrigados a esconder algures nas tabancas vizinhas não gostaram de ouvir esse barrulho.

Instados a pronunciar se o barrulho da música da sua festa não poderia levar os rebeldes do MFDC atacarem as duas tabancas, a opinião dos jovens foi unânime que neste momento a população das Tabancas que vivem na linha de fronteira está muito bem protegida pelas tropas guineenses.

BOMBARDEAMENTO SENEGALÊS QUEIMA POMARES DE CAJÚ DE AGRICULTORES GUINEENSES

Para além de não haver segurança para desenvolver, neste momento, as atividades agrícolas nas propriedades situadas a menos de 500 metros da linha da fronteira, o fogo das bombas senegalesas destruíram algumas quintas de Cajú na zona de risco. Foi o que aconteceu com Uié N’Doque, o agricultor de Tarreiro, cuja quinta foi totalmente consumida pelo fogo das bombas dos helicópteros senegaleses

Com 17 membros na sua família, Uié N´Doque perdeu uma quinta de Cajú de 155 metros de largura e 255 metros de cumprimentos. Tudo porque a sua quinta está situada quase em cima da linha da fronteira com o Senegal e a escassos metros do Estado-Maior dos rebeldes na floresta de Sikum, seção de Bitupa Camaracunda.  

Mal se chega a Quinta de Uié N’Doque, na linha de fronteira percebe-se logo que, na verdade, os rebeldes do MFDC estão em fuga do seu Estado-Maior. Ninguém sabe para onde fugiram nem quantos é que perderam a vida. Na floresta de Sikum reina agora o silêncio total. A única voz que se ouve agora nas árvores de grande porte de Sikum é chilrear dos pássaros, quando não há bombardeamentos.

O exército senegalês canta o sucesso das suas operações de destruição das bases dos rebeldes, mas as populações que vivem na linha da fronteira lamentam a perda ou a fuga dos seus “camaradas” ou clientes que outrora lhes vendiam carne da caça da primeira qualidade. Os rebeldes não vendiam apenas a carne de caça aos habitantes da linha da fronteira, como também utilizavam as pequenas infraestruturas rodoviárias das tabancas da linha da fronteira para vendar madeira aos empresários estrageiros interessados que vivem na Guiné-Bissau e no Senegal.

SENEGALESES PERSPETIVAM O REGRESSO ÀS SUAS ALDEIAS ABANDONADAS HÁ MAIS DE TRINTA ANOS

Para os habitantes das aldeias da secção de Bitupa Camaracunda, a opinião é unânime que a operação da limpeza dos rebeldes do MFDC na floresta de Sikum visa acompanhar de perto o regresso da sua população e protegê-los, para poderem levar a cabo as suas actividades agrícolas tranquilamente. A população das aldeias próximas da floresta de Sikum deixaram os seus campos agrícolas há 39 anos, desde que a guerra fustiga as vidas humanas naquela seção.

Acreditam ainda que os militares dirigidos pelo Comandante da Zona Militar número cinco, Coronel Souleymane Kandé estão a combater também o tráfico ilegal de madeira. Por isso, aplaudiram quando, a 28 de janeiro de 2021, os militares anunciaram a intenção de neutralizar os elementos do MFDC que estabeleceram o seu Estado-Maior na floresta de Sikum, que abusavam na população.

No início de 2018, ressurgiu em Casamansa a violência com o massacre na floresta de Bofa, que ceifou a vida de 14 homens que foram cortar madeira. O exército do Senegal, prendeu na sequência desses acontecimentos 20 suspeitos que ainda estão a espera de julgamento.

Entretanto, analistas senegaleses criticam o silêncio do atual responsável pelo processo de negociações de paz em Casamansa entre os rebeldes MFDC e o governo do Senegal, Robert Sanhá e asseguram que perdeu agora uma boa oportunidade de convocar as duas partes para a mesa de negociações.

Para os analistas, Robert Sanhá deveria aproveitar logo no dia 26 de Janeiro quando se ouvia os primeiros tiros de ataques do exército do Senegal, convocar as partes em conflito para uma reunião de negociações de um processo de paz duradouro para discutir, pelo menos, a autonomia da região em relação ao governo de Dacar.

Os rebeldes sob a liderança do Movimento das Forças Democratas de Casamansa (MFDC) iniciaram o conflito nas florestas de Casamansa a 26 de dezembro de 1982, quando um grupo de jovens casamansenses liderados por Abade Augustin Diamacoune Senghor tiraram a bandeira do Senegal na administração de Ziguinchor e colocaram a bandeira branca de Casamansa, fato que desencadeou o conflito até a data presente com o propósito de lutar pela independência total da grande região de Casamansa, contudo os rebeldes, depois de vários anos, acabaram por dividir-se em facções, por causa do protagonismos de alguns chefes militares. 

Durante esse conflito registaram-se perdas incalculáveis de vidas humanas das populações civis e dos militares e rebeles, como também registaram-se vários deslocados de guerra e milhares dos refugiados em território da Guiné-Bissau.

Casamansa é uma região localizada no sul do Senegal e também ao sul da Gâmbia e a norte da Guiné-Bissau. Está dividida em baixa Casamansa (região de Ziguinchor) e alta Casamansa, região de Sédhiou e de Kolda, este último que se encontra a leste da Guiné-Bissau, concretamente nas zonas do setor de Perada, região de Gabú. 

Recorde-se que, foi na convenção entre Portugal e França de 1886 que Casamansa, na altura, o “coração” de império português na região passou para o domínio da França, integrando assim no território senegalês. Durante os 243 anos da presença portuguesa naquela região, nada mais restou em Ziguinchor senão o crioulo-português.

Por: António Nhaga, Enviado Especial

Marcelino da Mata? Por favor, não nos metam nisso!


Fonte:  Sydney Monteiro

"GOVERNAÇÃO DE CAMPO 2021" - "FOME ZERO"

O Ministro de agricultura e Desenvolvimento Rural está de visita este fim-de-semana, 20 e 21 de Fevereiro de 2021, aos campos onde já iniciaram a irrigação e as bolanhas onde estão a ser instaladas as motobombas para a primeira campanha da lavoura da época seca, nas regiões de Bafatá e Gabú, leste do país.

A surpresa visita de Abel da Silva Gomes ao setor de Sonaco nas bolanhas de Leba e Saucunda e ao setor de Contuboel nas bolanhas de Madina Ioba, Waquilaré, Saré Dhabel, Canghali e as Bolanhas plano IV e V, tem como objetivo de acompanhar de perto os trabalhos dos técnicos agrários para a primeira produção da época seca.

Abel da Silva saudou os esforços dos técnicos e encorajou-os na luta contra a fome e a pobreza.

“O primeiro passo para o desenvolvimento do país é combater a fome e a pobreza e todos devem empenhar-se nesta batalha” sublinhou o governante.

O ministro de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Abel da Silva Gomes, e sua equipa querem aumentar a produção e produtividade agrícola, reduzir o défice alimentar, a fome, a pobreza, melhorar a resiliência e diminuir os riscos de insegurança alimentar e nutricional crônicos na Guiné-Bissau.  

A visita prossegue este domingo na região de Bafatá.

Este domingo, 21 de Fevereiro de 2021, o Ministro de Agricultura e Desenvolvimento Rural vai estar nas bolanhas de Campossa (zona B, D e C2).




O assessor de imprensa
Mamadú Baldé
20-02-2021