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quinta-feira, 9 de maio de 2024

Rússia celebra o terceiro Dia da Vitória sem vitórias para Putin

Militares russos realizam ensaio geral para o desfile do Dia da Vitória (EPA/LUSA)
João Guerreiro Rodrigues  Cnnportugal.iol.pt  09/05/2024

Rússia prepara-se para celebrar o terceiro Dia da Vitória desde que começou a guerra na Ucrânia e o seu significado está a mudar diante dos nossos olhos

Para a Rússia, o dia 9 de maio é uma data complexa. O Dia da Vitória é uma data que celebra não só os sacrifícios feitos pela União Soviética no combate aos nazis, durante a Segunda Guerra Mundial, mas também serve como uma demonstração de poder militar e da grandeza da Rússia. Só que desde 2022 que os russos têm traçado a conquista de vários territórios ucranianos para coincidirem com esta data, mas Vladimir Putin não tem tido muito para apresentar ao país.


Este ano, a chefia militar russa definiu a conquista da cidade de Chasiv Yar como um dos principais objetivos para a data. Esta cidade ucraniana, vizinha de Bakhmut, está a aguentar há semanas alguns dos mais violentos bombardeamentos que atingem a linha da frente. Em abril, o próprio comandante-chefe da Ucrânia, Oleksandr, Syrskyi, admitia que a situação neste ponto da frente tinha “deteriorado significativamente”, depois de a Rússia ter definido a conquista desta cidade até ao dia 9 de maio.

O motivo era claro. Para a Rússia, esta cidade é vital para os seus objetivos na região do Donbass. Apesar de pequena, Chasiv Yar, que tinha apenas 12 mil habitantes antes da guerra começar, serve de nó logístico para o exército ucraniano na frente de Bakhmut. É a partir desta localidade que é distribuído todo o equipamento para as unidades que se encontram nesta frente.

Se a Rússia a conseguisse conquistar, colocava em causa o apoio logístico de toda a região, o que podia permitir ao exército russo aumentar a pressão nesta área. Se isso acontecer, a Rússia fica com o caminho aberto para Kostiantynivka, Druzhkivka, Kramatorsk e Sloviansk, os últimos grandes bastiões de Donetsk.

Mapa da Ucrânia após conquista de Avdiivka (CNN)
Nas últimas semanas de abril, a situação parecia mesmo ser uma possibilidade realista, com a Rússia a explorar a falta de munições antiaéreas e de artilharia ucranianas. Mas após a aprovação do pacote de ajuda militar norte-americano, os soldados ucranianos têm conseguido conter os ataques dos mais de 25 mil soldados russos que se encontram na região.

Não é a primeira vez que a Rússia estabelece metas de conquista territorial para o dia 9 de maio. Durante dez meses, Moscovo atirou tudo o que tinha para tentar conquistar a cidade de Bakhmut. Foi no início de 2023, quando o Grupo Wagner intensificou as suas operações na cidade, levando a algumas das mais sangrentas batalhas de toda a guerra, e que seriam decisivas para o desfecho de Yevgeny Prigozhin, icónico líder do grupo paramilitar. Segundo fontes ocidentais, a Rússia chegou a sofrer 60 mil baixas, entre as quais 20 mil mortos. Foi preciso esperar até ao dia 20 de maio para a cidade cair nas mãos russas.

E isso teve repercussões nas celebrações em Moscovo. Todos os anos, centenas de carros de combate desfilam nas ruas da capital. Mas, se na parada de 2022, o T-34, um icónico carro de combate muito utilizado na Segunda Guerra Mundial, foi acompanhado por vários dos mais modernos T-90 e T-14, o mesmo não aconteceu na cerimónia do ano passado. Nenhum destes modelos esteve presente, devido à intensificação do conflito. Em vez disso, o T-34 foi acompanhado por uma coluna de veículos de combate polivalentes, mas muito menos valiosos, o Tigr.

De fora ficou também a habitual passagem aérea sobre a Praça Vermelha, apesar de as previsões meteorológicas apontarem para um céu relativamente limpo sobre Moscovo.

Visíveis estiveram apenas os habituais elementos de propaganda militar russa, os lançadores de mísseis balísticos intercontinentais Yars, que fazem parte do arsenal nuclear de Moscovo, e o sistema de defesa aérea S-400, que a Rússia descreve como sendo o mecanismo mais evoluído do mundo.

Ao invés de demonstrar o seu poderio militar, numa altura difícil no campo de batalha, Vladimir Putin focou-se em apresentar-se como salvador e defensor de uma Rússia em apuros, alvo das “elites globalistas” do Ocidente. “Hoje, a civilização está novamente num ponto de rutura”, disse Putin. “Mais uma vez, foi desencadeada uma verdadeira guerra contra a nossa pátria”.

Em 2022, a expectativa era diferente. Embora não houvesse um objetivo geográfico delineado, uma vez que a Rússia ainda contava manter grande parte do território ucraniano, um medo pairava no ar. Várias fontes ocidentais temiam que o presidente russo declarasse formalmente guerra à Ucrânia a 9 de maio, decisão que permitiria a mobilização total das forças de reserva da Rússia, numa altura em que estas ainda não tinham sido convocadas.

Este ano, a expectativa mantém-se, mas com uma “conta” cada vez mais pesada para apresentar ao povo russo. Segundo o ministro das Forças Armadas do Reino Unido, Leo Docherty, a Rússia conta com mais de 450 mil baixas, entre os quais 150 mil mortos. Mas as perdas materiais também são significativas, com as fontes ocidentais a estimarem que mais de dez mil veículos blindados tenham sido destruídos pela Ucrânia.

A cada ano que passa, assistimos ao regime de Vladimir Putin a moldar um dos principais mitos coletivos russos em algo completamente diferente. “Eles transformaram este mito unificador que a Rússia tinha numa justificação para uma guerra real”, afirma Maxim Trudolyubov, um jornalista russo. “Isto virou subtilmente tudo de cabeça para baixo – transformou um culto à vitória num culto à guerra.”

 

 Leia Também: Dia da Vitória. Rússia celebra hoje um dos seus feriados mais importantes  

 

 Leia Também: "A Rússia fará tudo para evitar um confronto global. Mas, ao mesmo tempo, não permitiremos que ninguém nos ameace. As nossas forças estratégicas [nucleares] estão sempre em alerta", declarou o Presidente russo.  


sexta-feira, 12 de abril de 2024

Uma "Legião Estrangeira" para os Emirados Árabes Unidos?

O exército dos Emirados Árabes Unidos tem cerca de 65 mil efetivos, mas cerca de 40% do pessoal é estrangeiroFoto: Dominika Zarzycka/NurPhoto/picture alliance
Por Cathrin Schaer  DW  12/04/2024 

Os Emirados Árabes Unidos são um centro de mercenários em África e no Médio Oriente e querem criar a sua própria versão da Legião Estrangeira Francesa. Que implicações haverá para exércitos privados em áreas de conflito?


O anúncio de emprego intrigou muito mais pessoas do que se esperava, possivelmente porque parecia o início de um filme de ação: "Procura-se operadores para a Legião Estrangeira", dizia.

Os candidatos devem ter menos de 50 anos, ser muito disciplinados, estar em boa forma física, ter pelo menos cinco anos de experiência militar e ser capazes de lidar com "condições de elevado stress". O salário base seria de cerca de 2 mil dólares por mês, mas poderia aumentar se vier a ser destacado fora dos Emirados Árabes Unidos (EAU), para o Iémen ou para a Somália.

O anúncio foi descoberto pela primeira vez pelo site francês Intelligence Online, segundo o qual foi posto a circular por antigos soldados das forças especiais francesas. Investigações posteriores identificaram o anúncio como sendo de uma empresa de consultoria de segurança, a Manar Military Company (MMC), com sede em Abu Dhabi.

A empresa é dirigida por um antigo oficial das forças especiais francesas e está financeiramente ligada a uma família rica e politicamente influente em Abu Dhabi. O anúncio indicava que os Emirados Árabes Unidos pretendiam criar a sua própria legião de elite estrangeira, com 3 mil a 4 mil recrutas, até meados do próximo ano.

Os meios de comunicação social que contactaram a consultora de segurança MMC não conseguiram obter uma resposta direta. Os representantes da empresa afirmaram que o anúncio não era real, que o projeto tinha sido cancelado e que tudo não passava de um exercício de desinformação. A MMC não respondeu aos pedidos de informação solicitados pela DW.

🚨 🇫🇷 🇦🇪 Intelligence Online can reveal that a former French special forces officer is creating a new elite unit for the Emirates of at least 3,000 foreign recruits based on the model of the French Foreign Legion.

No entanto, especialistas disseram à DW que há hipóteses de este projeto - uma legião estrangeira dos Emirados Árabes Unidos - ser real.

A Intelligence Online tem ligações ao setor militar francês e esta fuga de informação é, muito provavelmente, a sua forma de dizer que a França não está satisfeita com o desenvolvimento, disse Andreas Krieg, professor da Escola de Estudos de Segurança do King's College, em Londres.

Os franceses estarão preocupados com o aliciamento do pessoal de segurança para empregos bem remunerados nos Emirados Árabes Unidos (EAU). "Parece algo que os EAU fariam, dada a sua história", concorda Sean McFate, professor da Universidade de Georgetown e autor do livro "As novas regras da guerra".

"Os Emirados têm uma tradição de externalizar o poder militar e têm-no feito de forma intermitente desde 2011", refere. Além disso, "atualmente, quando se ouve falar de mercenários, penso muito mais nos Emirados Árabes do que na Rússia", acrescenta Krieg. "Os Emirados tornaram-se uma espécie de centro de atividades mercenárias no Sul global."

Porque é que os Emirados recorrem a mercenários?

 
Os sete emirados que compõem os Emirados Árabes Unidos têm uma população de cerca de 9 milhões de pessoas, mas apenas um milhão é emiradense. Portanto, embora as forças armadas dos EAU  tenham cerca de 65 mil funcionários, entre um terço e 40% são estrangeiros.

Ao mesmo tempo, a liderança dos EAU tem sido agressiva em relação ao que considera seus interesses estratégicos em locais como o Iémen e a costa da Somália. Assim, os mercenários são contratados devido à "aversão a baixas", como afirma o analista Andreas Krieg.

"Os mercenários são atraentes para sociedades muito ricas que querem participar de guerras, mas não querem sangrar", explica McFate.

Outro aspecto da integração de estrangeiros nas forças armadas dos EAU é a "proteção contra golpes". Afinal de contas, por que motivo mercenários bem pagos derrubariam um governo autoritário num país no qual não têm interesses?

E há também a ideia de "negação plausível" que os mercenários oferecem aos seus empregadores se as operações militares forem clandestinas.

A proliferação das empresas militares e de segurança privadas começou com os EUA, que utilizaram empresas como a Blackwater (na foto) no Iraque e no AfeganistãoFoto: Chris Curry/dpa/picture alliance


Desde 2003, o uso das chamadas "empresas privadas de segurança militar", ou PMSCs, explodiu, escreveu o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo num relatório publicado em 2023. "Hoje, as PMSCs operam em quase todos os países do mundo, para uma grande variedade de clientes", afirma o instituto.

Para os Emirados Árabes Unidos, tudo começou em 2009, quando Erik Prince, ex-membro da Marinha dos EUA e fundador da PMSC Blackwater, criou uma brigada de 800 membros dentro dos Emirados.

Prince acabou por se desentender com os seus empregadores, mas a cooperação lucrativa entre altos funcionários dos EUA e os Emirados Árabes Unidos continua. Em 2019, a agência de notícias Reuters descobriu que os EAU pagaram para criar unidades de guerra cibernética. Em 2022, o jornal norte-americano Washington Post noticiou que os Emirados continuam a pagar ex-funcionários militares séniores dos EUA para obter assistência e instrução.

E há outros exemplos: uma investigação da BBC revelou que os Emirados Árabes Unidos contrataram mercenários, incluindo norte-americanos e israelitas, para realizar assassinatos com motivação política no Iêmen, ou treinaram moradores locais para fazer isso. Os EAU também são conhecidos por serem um centro de logística e financiamento para o famoso grupo mercenário russo Wagner.

O empresário norte-americano Erik Prince também ajudou a criar uma força de polícia marítima anti-pirataria na Somália para os Emirados Árabes UnidosFoto: Jackson Njehia/AP Photo/picture alliance


Uma legião legítima

Caso se concretize, uma legião estrangeira dos Emirados, como foi descrita na oferta de emprego, seria significativamente diferente das anteriores.


"Quando se contratam mercenários, isso traz muitas dores de cabeça", explica McFate, que também trabalhou no setor militar privado. "A maior parte tem a ver com segurança, responsabilidade e traição - o que não é de admirar. Os mercenários são como fogo: Podem incendiar a nossa casa ou acionar uma máquina a vapor", argumenta. "Por isso, uma solução para este problema é ter uma legião estrangeira", conclui.

Os soldados de uma legião estrangeira tendem a ter contratos mais longos, normalmente são parte oficial de um exército nacional e também estão sujeitos a regras e regulamentos locais.

Além disso, uma legião estrangeira é "uma espécie de ruptura com o passado [para os EAU] porque parece ser mais institucionalizada", disse Krieg à DW. "Isso dá-lhes a capacidade de recrutar pessoas de um modo semi-legítimo", disse.

Contingente militar da Infantaria Estrangeira da Legião Estrangeira Francesa durante desfile em Nova Deli, na ÍndiaFoto: Raj K Raj/Hindustan Times/Sipa USA/picture alliance

"Pode até ser uma espécie de mudança de jogo", argumenta. "Porque sempre que alguém denuncia os Emirados pelas suas atividades mercenárias, onde estão a cometer potenciais crimes de guerra ou talvez a facilitá-los, agora que estão a usar um modelo estabelecido como a Legião Estrangeira Francesa, podem desviar as atenções e dizer 'os franceses estão a fazê-lo, porque é que nós não podemos?'", explica.

O analista McFate acredita que, à medida que o mundo se torna mais multipolar e a política externa se torna ainda mais transacional, haverá ainda mais "mercantilização do conflito". Os Emirados Árabes Unidos, com liderança autoritária, muita riqueza e poucas restrições legislativas, estão em posição de explorar esse facto, disse ele.

Andreas Krieg concorda e acrescenta que "a mercantilização das guerras vem ocorrendo nos últimos 20 anos". Agora, "vemos mais sinergias entre entidades públicas e privadas trabalhando juntas na guerra, de modo que já não se pode dizer que se trata apenas de uma questão de Estado ou de uma questão privada. É uma mistura de ambos", explica. "E os Emirados são mestres nisso, tendo explorado essa área cinzenta durante anos", lembra ainda.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

NEGÓCIOS ESTRANGEIROS: Ministros da UE avaliam apoio à Ucrânia e relações com África

© Lusa

POR LUSA   03/02/24

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) estão hoje em Bruxelas para discutir a continuidade do apoio à Ucrânia, analisar uma maneira de diminuir as tensões no Médio Oriente e reenquadrar as relações com África.

A reunião informal, intitulada Gymnich por causa da primeira reunião, há 50 anos no Castelo Gymnich Erftstadt, na Alemanha, tem início a partir das 09h30 locais (08h30 em Lisboa) e o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, vai participar no encontro.

Praticamente dois anos depois do início da invasão russa da Ucrânia, os governantes com a pasta da diplomacia dos 27 da UE irão avaliar o apoio prestado a Kiev e analisar como é que podem resolver as lacunas que persistem, nomeadamente a incapacidade de entregar munições de artilharia atempadamente.

Em março de 2023, a UE comprometeu-se, também durante uma reunião Gymnich, em desenhar um plano para entregar até março de 2024 um milhão de munições de 155 milímetros à Ucrânia, que são as mais utilizadas pela infantaria ucraniana e pelo armamento que dispõe para tentar repelir as forças russas no território ocupado.

No entanto, até novembro de 2023, a UE apenas tinha conseguido pouco mais de 30% do objetivo e no início deste ano o próprio ministro João Gomes Cravinho admitiu que o bloco europeu ia falhar a promessa que fez.

O enfoque mudou, entretanto, e agora os 27 comprometeram-se com a mesma cifra mas até ao final do ano.

Em simultâneo, o incentivo para produzir e comprar mais munições é para fazer a reposição do armazenamento dos países da UE, depauperado desde o início da guerra na Ucrânia para corresponder às necessidades do exército ucraniano.

A compra conjunta de munições é um caminho viável, mas várias fontes diplomáticas e de Defesa têm insistido que tão ou mais importante é reforçar a capacidade industrial de cada um dos países.

As tensões no Médio Oriente, reacendidas com a incursão militar israelita no território palestiniano da Faixa de Gaza, também serão alvo de discussão entre os governantes, nomeadamente uma maneira de assegurar um cessar-fogo, ainda que haja países a preferir uma terminologia diferente, como "pausas humanitárias", e também o financiamento que alguns países da UE, como a Alemanha, cortaram à agência das Nações Unidas que apoia os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês).

O alegado envolvimento de alguns funcionários dessa agência nos ataques perpetrados pelo grupo islamita palestiniano Hamas no sul de Israel a 07 de outubro está na origem da suspensão do financiamento de alguns países europeus, apesar de a UE (como instituição) ter referido que, para já, vai continuar a apoiar.

A decisão de alguns países foi indiretamente criticada pelo alto-representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.

A reunião Gymnich, que se realiza no âmbito da presidência semestral belga do Conselho da UE, vai também abordar o reenquadramento das relações UE-África.

A presidência da Bélgica quer avançar com as conclusões da última cimeira entre as duas regiões, em fevereiro de 2022.

Numa altura em que grupos externos, como os mercenários da Wagner, estão a ganhar peso no continente africano, a UE quer olhar para um polo que pode trazer benefícios na cooperação político-económica, mas também ser um problema se outros atores da cena internacional, nomeadamente Moscovo e Pequim, encarados como concorrentes de Bruxelas, se anteciparem na região.



quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Governo de transição do Níger suspende Casa da Imprensa

© Shutterstock

POR LUSA   01/02/24 

O governo de transição do Níger, formado por uma junta militar, suspendeu a associação Casa da Imprensa, que durante o golpe de Estado de julho apoiou o Presidente deposto, informou hoje a agência de notícias ANP.

O Ministério do Interior do Níger aceitou, na quarta-feira, suspender a associação "até nova ordem", segundo a ANP.

Para gerir a associação foi criado uma comissão composta pelo secretário-geral do ministério como presidente e o secretário-geral do ministério da comunicação como relator.

A ANP referiu que a Casa da Imprensa detém todas as estruturas do setor da imprensa nacional.

A presidência cessante da associação tinha convocado por duas vezes uma assembleia para eleger os novos membros, mas o Ministério do Interior suspendeu ambas as reuniões.

A Casa da Imprensa convocou, a 26 de julho de 2023, dia do golpe de Estado que levou os militares ao poder, uma manifestação a favor da reintegração do Presidente deposto, Mohamed Bazoum, em frente ao Palácio Presidencial, onde se encontrava detido pelos militares.

A manifestação foi interrompida pelas autoridades. E Bazoum está desde então detido na residência presidencial em Niamey, a capital.

Os golpes de Estado no Mali (24 de maio de 2021), Níger (26 de julho de 2023) e Burkina Faso (06 de agosto de 2023) derrubaram governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder juntas militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial (França), de ingerência.

Em setembro, os três países, que tinham formado a Aliança dos Estados do Sahel (AES), acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa.

Os três países alegam também estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e criticaram os governos anteriores de terem falhado nessa matéria.

As tropas francesas foram expulsas e há o registo de elementos do grupo de mercenários russo Wagner no terreno.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) tem criticado os governos dos três países e vários governantes admitiram a possibilidade de ações militares no terreno para repor a ordem democrática.

Devido às críticas e às sanções impostas, os três países anunciaram a saída da organização sub-regional.



Leia Também: Opinião pública do Burkina Faso, Mali e Níger favorável à CEDEAO

Alto Comissário da ONU chocado com execuções de civis no Mali

© Pedro Rances Mattey/picture alliance via Getty Images

POR LUSA   01/02/24 

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos comunicou hoje estar "chocado com as alegações credíveis de que as forças armadas do Mali executaram pelo menos 25 pessoas na região central de Nara, a 26 de janeiro".  

Além destas alegadas execuções sumárias, Volker Türk manifestou-se também alarmado com a informação de que cerca de 30 civis foram mortos "em ataques de indivíduos armados ainda não identificados em duas outras aldeias - Ogota e Oimbe - na região de Bandiagara durante o fim de semana".

"É essencial que todas as alegações de privação arbitrária da vida, incluindo execuções sumárias, sejam investigadas de forma completa e imparcial e que os responsáveis sejam levados à Justiça em julgamentos que cumpram as normas internacionais", afirmou.

As autoridades do Mali devem igualmente garantir que as tropas, bem como os seus agentes ou aliados, respeitem o direito internacional em matéria de direitos humanos e o direito internacional humanitário, nomeadamente tomando todas as medidas possíveis para assegurar a proteção dos civis, segundo o alto representante. 

"A violência contra civis e pessoas fora de combate é estritamente proibida", reiterou.

Türk?referiu um episódio em que o seu "gabinete corroborou dois outros assassínios" cometidos por membros das forças armadas do Mali e por militares estrangeiros aliados, em que pelo menos 31 civis morreram.

"A 24 de setembro de 2023, 14 pastores foram alegadamente executados em Ndoupa, na região de Ségou, e a 05 de outubro, 17 outros civis foram alegadamente executados na aldeia de Ersane, na região de Gao. Não temos conhecimento de quaisquer investigações por parte das autoridades sobre estes alegados assassínios", concluiu.

Os golpes de Estado no Mali (24 de maio de 2021), Níger (26 de julho de 2023), Burkina Faso (06 de agosto de 2023) derrubaram governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder juntas militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial (França), de ingerência.

Em setembro, os três países, que tinham formado a Aliança dos Estados do Sahel (AES), acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa.

Os três países alegam também estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e criticaram os governos anteriores de terem falhado nessa matéria.

As tropas francesas foram expulsas e há o registo de elementos do grupo de mercenários russo Wagner no terreno.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) tem criticado os governos dos três países e vários governantes admitiram a possibilidade de ações militares no terreno para repor a ordem democrática.

Devido às críticas e às sanções impostas, os três países anunciaram a saída da organização sub-regional.

Até há dois anos, Portugal teve militares no Mali, no quadro da cooperação internacional.


segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

CEDEAO determinada em encontrar solução para Burkina Faso, Mali e Níger

© Lusa

POR LUSA   29/01/24 

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sublinhou no domingo que "continua determinada a encontrar uma solução negociada para o impasse político" no Burkina Faso, no Mali e no Níger.

Horas antes, as juntas militares não reconhecidas internacionalmente que governam os três países decidiram retirar-se, com efeitos imediatos, da organização que tinha até agora agido como principal mediador numa tentativa de regresso à ordem constitucional.

Num comunicado, a CEDEAO indicou que "ainda não" recebeu diretamente uma notificação formal dos três Estados-membros "sobre a sua intenção de se retirarem da organização".

No entanto, a organização admitiu que "continua ciente da situação e fará mais declarações mais tarde dependendo da evolução da situação".

A CEDEAO defendeu o seu trabalho, afirmando que, "de acordo com as instruções recebidas da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo, a Comissão da CEDEAO tem trabalhado arduamente com os países envolvidos com vista a restaurar a ordem constitucional".

No domingo, num comunicado conjunto, os governos do Burkina Faso, Mali e Níger justificaram a saída da organização sub-regional com as sanções impostas e com a condenação dos golpes de Estado.

As juntas militares, "assumindo plenamente as suas responsabilidades perante a história e respondendo às expectativas, preocupações e aspirações das suas populações, decidiram, em plena soberania, retirar sem demora o Burkina Faso, o Mali e o Níger" da CEDEAO, refere o comunicado, que foi lido nos órgãos de comunicação social estatais dos três países.

Os golpes de Estado no Mali (24 de maio de 2021), Níger (26 de julho de 2023), Burkina Faso (06 de agosto de 2023) derrubaram governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder juntas militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial, a França, de ingerência.

Em setembro, os três países, que formaram a Aliança dos Estados do Sahel, acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa.

As juntas militares alegam também estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e acusaram os governos anteriores de terem falhado no combate a este grupo.

As tropas francesas foram expulsas do Burkina Faso, Mali e Níger e tem havido notícias sobre a presença de elementos do grupo de mercenários russo Wagner no terreno.

A CEDEAO tem criticado os governos dos três países e vários governantes admitiram a possibilidade de ações militares no terreno para repor a ordem democrática.

Até há dois anos, Portugal teve militares no Mali, no quadro da cooperação internacional.


quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Partido de Vladimir Putin está a recrutar membros para o seu "exército privado", alegam secretas ucranianas

Conferência de imprensa de Vladimir Putin (AP) 

Cnnportugal.iol.pt,  03/01/24

De acordo com o serviço de informações militares ucraniano (HUR), o partido Rússia Unida adquiriu o seu próprio “exército privado” através da Hispaniola, e está a recrutar ativamente ‘hooligans’, ultranacionalistas e radicais de todos os géneros, incluindo neonazis e civis de regiões empobrecidas da Federação Russa e dos territórios ocupados na Ucrânia

O partido do Presidente russo, Vladimir Putin, está a recrutar membros para o seu “exército privado”, a empresa mercenária Hispaniola, informou esta quarta-feira a secreta militar ucraniana citada pela imprensa ucraniana.

De acordo com o serviço de informações militares ucraniano (HUR), o partido Rússia Unida adquiriu o seu próprio “exército privado” através da Hispaniola, e está a recrutar ativamente ‘hooligans’, ultranacionalistas e radicais de todos os géneros, incluindo neonazis e civis de regiões empobrecidas da Federação Russa e dos territórios ocupados na Ucrânia.

“Estes últimos são usados em ataques de ‘carne para canhão’ para criar o estatuto de ‘unidade de combate’”, descreve a secreta militar ucraniana citada pelo jornal Ukrainska Pravda, tendo sido referenciados em agosto de 2023 perto de um dos cenários mais sangrentos da frente ucraniana, em Bakhmut, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um ‘think thank’ norte-americano.

Mais recentemente, prossegue o jornal ucraniano, a Hispaniola está à disposição do partido de Putin e “a unidade terrorista reivindicou o estatuto de empresa militar privada, tendo iniciado uma campanha de recrutamento financiada por dinheiro da Rússia Unida.

O partido no poder na Rússia, formalmente presidido pelo ex-Presidente Dmitry Medvedev, injetou dinheiro no grupo e começou a procurar ativamente novos membros, assinala a agência ucraniana citada pelo jornal Kyiv Independent.

“Nos centros de recrutamento Hispaniola, que operam nos territórios ucranianos ocupados, são prometidos aos voluntários 220.000 rublos (cerca de 2.200 euros) por mês para participação direta em operações militares contra a Ucrânia”, afirma a DIU.

A secreta militar acrescenta que está igualmente previsto nos contratos, com a duração mínima de seis meses, “um incentivo adicional para morrer por Moscovo”, na forma de pagamento de seguros no valor entre um milhão de rublos (cerca de dez mil euros) por um ferimento ligeiro e três milhões de rublos (30 mil) por um ferimento grave e cinco milhões (20 mil) em caso de morte em combate.

“Mas os incentivos financeiros são apenas uma fachada. Para a maioria dos recrutas, a primeira batalha é uma passagem só de ida. Os russos não retiram nenhum recruta de ‘carne para canhão’ morto ou gravemente ferido do campo de batalha”, destaca a HUR, e estes combatentes acabam por ser registados como “desaparecidos” para evitar o pagamento de seguros às famílias.

O Ukrainska Pravda refere que em novembro passado o órgão de comunicação social russo Vazhnye Istorii informou que o Batalhão Hispaniola tinha começado a contratar mulheres para lutar em destacamentos de assalto.

Já em 30 de dezembro, a agência russa TASS noticiou que adeptos ‘ultras’ do futebol russo ligados à Hispaniola tinham estabelecido um destacamento especializado no uso de ‘drones’ ‘kamikaze’ de ataque e reconhecimento Privet na Ucrânia.

A Hispaniola foi supostamente cofundada em 2022 pelo líder do Batalhão Vostok, Alexander Khodakovsky, criado após os levantamentos pró-russos no Donbass, leste da Ucrânia, em 2014.

O outro fundador foi o nacionalista Stanislav Orlov, que, segundo o projeto Evocation (que mantém uma base de dados de “propagandistas e colaboracionistas” da Rússia), está ligado aos ‘ultras’ do clube de futebol CSKA de Moscovo e terá participado na segunda campanha da Chechénia.

Orlov, afirma o Evocation, criou com adeptos radicais de outros emblemas russos uma unidade militar a partir da companhia de reconhecimento “Caveiras e Ossos”, que usava o nome de código “espanhol”, e a nova formação militar seria uma resposta ao batalhão ucraniano Azov.

A unidade afirma ter participado no cerco da siderúrgica Azovstal em Mariupol, no sul da Ucrânia, logo após o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, e que foi então uma das batalhas mais violentas em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, até cair, praticamente destruída, em mãos russas em maio seguinte após a rendição do Batalhão Azov.

Segundo uma reportagem do diário turco Daily Sabah divulgada em junho passado, o grupo Hispaniola tem cerca de 600 membros, um dos quais Mikhail, conhecido como ‘Pitbull’, que destacava, nos arredores de Mariupol, a camaradagem que se desenvolveu entre estes combatentes.

“Segurando uma [metralhadora] kalashnikov e com o símbolo ‘Hispaniola’ tatuado na cabeça parcialmente rapada, o adepto do Zenit de São Petersburgo afirmou: ‘Na vida civil, lutamos entre nós, mas nas trincheiras, ficamos ombro a ombro’”, relata o jornal, adicionando na sua reportagem que, “embora historicamente desconfiados do Kremlin, os combatentes salientaram que a sua lealdade reside na nação russa, e não nas autoridades”.


Em março de 2023, a Hispaniola separou-se do Batalhão Vostok e ficou sob o controle da Redut, uma empresa militar privada dirigida pelo Ministério da Defesa russo, que continua a empregar companhias privadas de mercenários, apesar da rebelião falhada em junho passado do ex-líder do Grupo Wagner Yevgeny Prigozhin, morto num desastre aéreo a norte de Moscovo dois meses mais tarde.

O portal de notícias russo anti-Kremlin Meduza, sediado em Riga, descreveu em abril do ano passado uma palestra de dois membros do batalhão Hispaniola numa faculdade de São Petersburgo e que foi caracterizada por perguntas “inapropriadas” de cinco alunos, que acabaram por ser punidos.

“Os oradores ficaram particularmente ofendidos quando questionados sobre o significado dos emblemas de caveira e ossos cruzados nos seus uniformes. O estudante que fez a pergunta apontou a semelhança entre esses emblemas e o emblema da divisão SS alemã Totenkopf. Um dos combatentes argumentou, em resposta, que um emblema semelhante foi usado pelos Cossacos do Don de Yakov Baklanov, já no século XIX”, descreve o Meduza.

Outro participante perguntou como era possível defender o país de origem no território de outro estado e a restante audiência “aplaudiu a pergunta”, tendo um dos oradores argumentado que, “quando um país está em perigo, é possível defendê-lo no território de outro”.

E outro estudante ainda, relata o Meduza, questionou como é que a Rússia e a Ucrânia poderão desenvolver-se no futuro, merecendo a seguinte resposta: “Isto requer uma compreensão do que é vitória e do que é derrota. Naturalmente, não temos ideia sobre isso. Talvez o nosso chefe de Estado [Putin] seja a única pessoa que tem alguma ideia”.



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quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Mali: Exército e mercenários do Wagner executaram cerca de 30 pessoas

© Reuters

POR LUSA   20/12/23 

Cerca de 30 pessoas terão sido executadas por soldados malianos e mercenários do Grupo Wagner durante uma operação realizada na segunda-feira na localidade de Gathié Loumou, na região de Mopti (centro), segundo fontes citadas pela Rádio França Internacional.

As execuções terão ocorrido no quadro da ofensiva militar maliana contra movimentos fundamentalistas islâmicos.

Fontes da segurança e da sociedade civil disseram que entre 27 e 28 pessoas foram alegadamente executadas num mercado local e afirmaram que tinham sido baleadas.

Os corpos foram enterrados horas depois na cidade.

O exército maliano, que não comentou as acusações, garantiu que durante a operação "neutralizou" onze "terroristas" e apreendeu treze veículos, armas e rádios, segundo um comunicado publicado na sua conta da rede social X.

A operação enquadra-se na luta contra "grupos armados terroristas" e, no comunicado, o Estado-Maior do Exército garante à população que vai continuar as suas ações para garantir a segurança em todo o território e pede que "mantenha a calma e a tranquilidade".

Nos últimos anos, foram registados numerosos casos de assassínios perpetrados pelo exército e por mercenários do Grupo Wagner.

No centro do Mali, registaram-se igualmente massacres e confrontos intercomunitários entre membros dos Peul - pastores tradicionalmente muçulmanos identificados com grupos islamistas - e os Dogon, uma comunidade agrícola protegida por milícias de autodefesa.

O Mali é atualmente governado por uma junta militar após os golpes de Estado de agosto de 2020 e maio de 2021, ambos liderados por Assimi Goita, o atual Presidente de transição.

Goita afastou-se da antiga potência colonial, França, e apelou à retirada das forças de manutenção da paz da ONU, ao mesmo tempo que estreitou as ligações à Rússia.


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Rússia exportou armas para África no valor de 4,78 mil milhões em 2023

© Getty Images

POR LUSA   04/12/23 

O consórcio estatal russo Rosoboronexport revelou hoje que África absorveu mais de 30% do total das suas exportações de armas em 2023, equivalente a um montante até agora de 5,2 mil milhões de dólares (4,78 mil milhões de euros).

"A quota de exportações para países africanos em 2023 excedeu 30% do total de fornecimentos da Rosoboronexport", afirmou Alexandr Mikheyev, presidente do monopólio de exportação de armas, citado num comunicado do consórcio.

Mikheyev, que participa esta semana na exposição internacional de armamento EDEX no Cairo, sublinhou que o conglomerado está a fazer o seu melhor para ser um "parceiro fiável" para os seus clientes africanos.

A Rosoboronexoport "está consciente dos desafios de segurança e das ameaças que os países africanos enfrentam", afirmou.

O consórcio, que exporta produtos militares e civis de dupla utilização, também coopera ativamente com os países africanos em áreas como a luta contra o terrorismo, a cibersegurança e os programas espaciais.

Desde a eclosão da guerra na Ucrânia, a Rússia intensificou as relações com os países africanos, especialmente no Sahel, cujos vários líderes se deslocaram a Moscovo para pedir armas, aviões e helicópteros, e mercenários, face às tensões destes líderes com a França.

O Kremlin está a tentar substituir no terreno os mercenários do Grupo Wagner, cujo chefe, Yevgeny Prigozhin, morreu em agosto, por novas empresas militares subordinadas ao Ministério da Defesa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, já se deslocou duas vezes à região, uma viagem imitada pelo seu homólogo ucraniano, Dmitry Kuleba, que também procura aliados em África.

A Rosboronexport afirma que a cimeira Rússia-África, realizada em julho passado em São Petersburgo, lhe permitiu "identificar áreas de interação crescente" com os países africanos.


segunda-feira, 16 de outubro de 2023

MALI: Missão da ONU no Mali anuncia início de retirada na tensa região norte

© FLORENT VERGNES/AFP via Getty Images

POR LUSA   16/10/23 

A missão de estabilização da ONU no Mali (Minusma) anunciou hoje que começou a retirar-se de dois dos seus campos na região de Kidal, palco de uma escalada militar entre beligerantes pelo controlo do território.

"Num clima de grande tensão, a Minusma iniciou o processo de retirada dos seus campos na região de Kidal, começando por Tessalit e Aguelhok", declarou a missão em comunicado, acrescentando que poderá acelerar a retirada de um terceiro campo, o de Kidal.

Em junho, após meses de relações deterioradas, os coronéis que chegaram ao poder no Mali por um golpe de Estado exigiram a partida da Minusma, destacada desde 2013 no país, afetado pelo fundamentalismo islâmico e por uma profunda crise multidimensional.

A saída da Minusma dos seus campos exacerbou as rivalidades pelo controlo do território entre os grupos armados presentes no norte.

Os grupos separatistas predominantemente tuaregues retomaram as hostilidades contra o Governo central e o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GSIM, na sigla em francês), ligado à Al-Qaida, intensificou os ataques contra posições militares.

Desde agosto, a Minusma transferiu quatro campos para as autoridades malianas, mas a evacuação dos campos da ONU na região de Kidal e da própria Kidal, um reduto separatista, está a revelar-se a mais perigosa.



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sábado, 30 de setembro de 2023

Novo líder do Wagner visto por veteranos do grupo como "traidor"... Andrei Troshev reuniu-se, recentemente, com o presidente russo, Vladimir Putin.

© MIKHAIL METZEL/POOL/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto   30/09/23 

O Ministério da Defesa do Reino Unido acredita que muitos veteranos do Wagner consideram Andrei Troshev, um dos principais comandantes e o novo líder do grupo mercenário, um "traidor". 

Na sua mais recente atualização sobre a guerra na Ucrânia, divulgada na rede social X (antigo Twitter), os serviços de inteligência militar britânicos lembraram que, na sexta-feira, as autoridades russas publicaram imagens de uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e Andrei Troshev, que foi incumbido de assumir o comando das "unidades voluntárias" que lutam na Ucrânia.

Na curta rebelião Wagner em junho de 2023, Troshev "assumiu um papel nas forças de segurança oficiais da Rússia e provavelmente esteve envolvido no incentivo a outro pessoal de Wagner a assinar contratos" com Moscovo.

"Muitos veteranos do Wagner provavelmente consideram-no um traidor", nota o Ministério da Defesa britânico.

O vice-ministro da Defesa, Yunus-Bek Yevkurov, também esteve presente na referida reunião e já havia sido "fotografado a viajar por estados africanos.".

"O endosso presidencial de Troshev e Yevkurov indica a utilização contínua pela Rússia de unidades voluntárias e empresas militares privadas, e o planeamento para o futuro de Wagner", refere ainda a atualização.

De acordo com o Kremlin, durante uma reunião em Moscovo, na quinta-feira, Putin disse a Andrei Troshev -- sucessor na liderança do grupo de Yevgeny Prigozhin, que morreu numa queda de avião - que a sua tarefa é "lidar com a formação de unidades voluntárias que possam realizar várias tarefas de combate, principalmente na zona da operação militar especial", referindo-se à guerra da Ucrânia.

Os combatentes do grupo Wagner não tiveram nenhum papel significativo no campo de batalha desde que a companhia mercenária se retirou, depois de capturar a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, na batalha mais longa e sangrenta da guerra.

Após o motim abortado do grupo Wagner, semanas depois, aumentaram as especulações sobre o futuro destes mercenários que foram uma das unidades mais eficazes na guerra na Ucrânia, com vários observadores a antecipar que a companhia fosse integrada no Ministério da Defesa.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que Troshev agora trabalha para o Ministério da Defesa.

A reunião desta semana parece refletir o plano do Kremlin de realocar alguns mercenários Wagner para a linha da frente na Ucrânia, após o seu fracassado motim de junho e a seguir às mortes suspeitas de Prigozhin e de outros líderes num acidente de avião a 23 de agosto.

Troshev é um oficial militar reformado que desempenhou um papel de liderança no grupo Wagner desde a sua criação, em 2014, e enfrentou sanções da União Europeia pelo seu papel na Síria como diretor executivo do grupo.

Hoje, o Ministério da Defesa do Reino Unido informou que centenas de ex-soldados do grupo Wagner provavelmente começaram a ser redistribuídos por várias frentes de batalha na Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.


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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Russos celebram aniversário da anexação de regiões ucranianas. As imagens

© Getty Images

Notícias ao Minuto   29/09/23 

O comício-concerto, que tem como mote 'Um país, uma família, uma Rússia', pretende angariar apoio para o que o Kremlin apelida de "operação militar especial" na Ucrânia. 

Milhares de russos juntaram-se, esta sexta-feira, para um comício-concerto na Praça Vermelha, em Moscovo, para celebrar o primeiro aniversário da anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia. 

A iniciativa, que tem como mote 'Um país, uma família, uma Rússia', pretende angariar apoio para o que o Kremlin apelida de "operação militar especial" na Ucrânia. 

"Há exatamente um ano, a justiça histórica prevaleceu", disse um dos oradores, citado pela agência de notícias Agence France-Presse (AFP). "A Rússia não abandona os seus. Somos um só país", acrescentou.

De acordo com o Kremlin, o presidente russo, Vladimir Putin, não estará presente no evento.

Sublinhe-se que, em setembro de 2022, o líder russo assinou a anexação das quatro regiões ucranianas numa tentativa de estabelecer um corredor terrestre com a península ucraniana da Crimeia, anexada em 2014.

A Rússia incluiu os quatro novos territórios na Constituição, mas depois de mais de um ano e meio de combates sangrentos ainda não os controla na sua totalidade.

Veja as imagens das celebrações na galeria AQUI.

O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.

A ONU confirmou que quase dez mil civis morreram e mais de 17 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.



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"Unidades voluntárias": o que foi discutido no encontro entre Putin e ex-comandante do Wagner

SIC Notícias  29/09/23

Vladimir Putin reuniu-se esta quinta-feira com Andrei Troshev, um coronel russo reformado. O encontro teve ainda a presença do vice-ministro da Defesa russo, Yunus-Bek Yevkurov.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discutiu na quinta-feira à noite a criação de "unidades voluntárias" com o ex-comandante do grupo paramilitar Wagner, Andrei Troshev, revelou esta sexta-feira o Kremlin.

O encontro teve ainda a presença do vice-ministro da Defesa russo, Yunus-Bek Yevkurov, que teve nas mãos o processo de desmantelamento da companhia de mercenários após a rebelião de junho.

SPUTNIK

Troshev, um coronel russo reformado, conhecido dentro do Wagner pelo pseudónimo "Sedoy" (cabelos grisalhos), deixou o grupo mercenário após o fracasso da revolta liderada pelo falecido Yevgeny Prigozhin.

De acordo com Rybar, um analista militar pró-Rússia, que escreve sobre a guerra na Ucrânia, Troshev tem desde então tentado recrutar membros do Wagner atualmente na Bielorrússia, África e Médio Oriente para grupos mercenários afiliados ao Ministério da Defesa russo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou hoje à agência oficial de notícias russa RIA Novosti que Troshev já está a trabalhar no Ministério da Defesa.

Na reunião de quinta-feira à noite, Putin revelou que o ex-comandante do Wagner "participará na formação de unidades voluntárias que poderão realizar diversas missões de combate, principalmente, claro, na zona da operação militar especial", ou seja, a guerra na Ucrânia.

Troshev está sob sanções europeias por ter estado "diretamente envolvido nas operações militares do grupo (...) na Síria", segundo um documento da União Europeia datado do final de 2021.

Rybar disse que já existe um grupo de antigos mercenários do Wagner que recentemente começou a regressar à frente de batalha junto à cidade ocupada ucraniana de Bakhmut, na região oriental de Donetsk.

O núcleo desta unidade, estimado em cerca de 500 combatentes, irá juntar-se ao grupo mercenário Redut e ao chamado Corpo de Voluntários do Ministério da Defesa russo, acrescentou o analista.

O resto dos mercenários estarão a negociar, através do novo líder do Wagner, Anton Yelizarov, uma eventual inclusão em destacamentos da Guarda Nacional Russa.

A Duma, a câmara baixa do parlamento da Rússia, irá estudar em breve um projeto de lei que permitiria à Guarda Nacional incluir "formações voluntárias".

O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu no final de agosto, na queda de um avião entre Moscovo e São Petersburgo, juntamente vários membros da sua segurança pessoal.

Com LUSA