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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

"Unidades voluntárias": o que foi discutido no encontro entre Putin e ex-comandante do Wagner

SIC Notícias  29/09/23

Vladimir Putin reuniu-se esta quinta-feira com Andrei Troshev, um coronel russo reformado. O encontro teve ainda a presença do vice-ministro da Defesa russo, Yunus-Bek Yevkurov.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discutiu na quinta-feira à noite a criação de "unidades voluntárias" com o ex-comandante do grupo paramilitar Wagner, Andrei Troshev, revelou esta sexta-feira o Kremlin.

O encontro teve ainda a presença do vice-ministro da Defesa russo, Yunus-Bek Yevkurov, que teve nas mãos o processo de desmantelamento da companhia de mercenários após a rebelião de junho.

SPUTNIK

Troshev, um coronel russo reformado, conhecido dentro do Wagner pelo pseudónimo "Sedoy" (cabelos grisalhos), deixou o grupo mercenário após o fracasso da revolta liderada pelo falecido Yevgeny Prigozhin.

De acordo com Rybar, um analista militar pró-Rússia, que escreve sobre a guerra na Ucrânia, Troshev tem desde então tentado recrutar membros do Wagner atualmente na Bielorrússia, África e Médio Oriente para grupos mercenários afiliados ao Ministério da Defesa russo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou hoje à agência oficial de notícias russa RIA Novosti que Troshev já está a trabalhar no Ministério da Defesa.

Na reunião de quinta-feira à noite, Putin revelou que o ex-comandante do Wagner "participará na formação de unidades voluntárias que poderão realizar diversas missões de combate, principalmente, claro, na zona da operação militar especial", ou seja, a guerra na Ucrânia.

Troshev está sob sanções europeias por ter estado "diretamente envolvido nas operações militares do grupo (...) na Síria", segundo um documento da União Europeia datado do final de 2021.

Rybar disse que já existe um grupo de antigos mercenários do Wagner que recentemente começou a regressar à frente de batalha junto à cidade ocupada ucraniana de Bakhmut, na região oriental de Donetsk.

O núcleo desta unidade, estimado em cerca de 500 combatentes, irá juntar-se ao grupo mercenário Redut e ao chamado Corpo de Voluntários do Ministério da Defesa russo, acrescentou o analista.

O resto dos mercenários estarão a negociar, através do novo líder do Wagner, Anton Yelizarov, uma eventual inclusão em destacamentos da Guarda Nacional Russa.

A Duma, a câmara baixa do parlamento da Rússia, irá estudar em breve um projeto de lei que permitiria à Guarda Nacional incluir "formações voluntárias".

O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu no final de agosto, na queda de um avião entre Moscovo e São Petersburgo, juntamente vários membros da sua segurança pessoal.

Com LUSA

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Forças de Kyiv avançam em Donetsk no regresso de mercenários Wagner

© Reuters

POR LUSA   27/09/23

As tropas ucranianas avançaram na frente oriental de Donetsk, para onde regressaram cerca de 500 ex-mercenários do desmantelado Grupo Wagner, enquanto na região sudeste de Zaporijia o Exército Russo constrói novas fortificações em redor da cidade estratégica de Tokmak.

"Recebi relatórios sobre a situação na frente, o fornecimento de equipamentos e munições e dados dos serviços de informação. Há progressos na área de Donetsk", afirmou hoje o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sem dar mais detalhes.

O porta-voz do Grupo Oriental das Forças Armadas da Ucrânia, Ilya Yevlash, disse hoje que os militares tiveram "sucessos" perto das cidades libertadas de Klishchivka, Odradivka e Shumy, todas a sul da cidade ocupada de Bakhmut.

As tropas russas estão a tentar por todos os meios recuperar posições perdidas em torno de Klishchivka e da cidade vizinha de Andriivka (que também foi libertada pela Ucrânia), atacando e disparando constantemente contra estas duas aldeias, observou. Foi nesta zona da frente que, em maio passado, os mercenários russos do Grupo Wagner tomaram o controlo da cidade de Bakhmut, após uma batalha de dez meses.

Após a fracassada rebelião mercenária no final de junho passado, o grupo do falecido empresário Yevgeny Prigozhin foi desmantelado e os combatentes tiveram de se subordinar com contratos ao Ministério da Defesa russo ou permanecer no exílio na Bielorrússia.

Yevlash confirmou hoje ao jornal RBC-Ucrânia que "os membros do grupo Wagner estão no território do Grupo Oriental das Forças Armadas da Ucrânia".

"São combatentes que estiveram na Bielorrússia. Agora os seus campos estão a ser desmantelados. Havia cerca de 8.000 deles naquele país e agora alguns foram para África e outros negociaram contratos com o Ministério da Defesa russo e regressam para aqui, para o leste da Ucrânia, para participar nas hostilidades, tanto como instrutores como enquanto militares", explicou.

Segundo o porta-voz, são cerca de 500 combatentes e "não representam uma ameaça significativa, uma vez que o seu líder, Prigozhin, já não está aqui", depois de morrer num acidente de avião ainda não esclarecido, em agosto, num acontecimento cuja responsabilidade muitos atribuem ao Kremlin.

O autor de um blogue militar pró-Kremlin, Rybar, afirmou na véspera que as primeiras unidades Wagner "começaram a retornar a Bakhmut para contra-atacar posições anteriormente perdidas".

O núcleo deste grupo teria sido afiliado às empresas mercenárias Redut e ao Corpo de Voluntários do Ministério da Defesa Russo. Os restantes dos mercenários Wagner estariam a negociar através do seu suposto novo líder, Anton Yelizárov (conhecido como Lotus), com a Guarda Nacional Russa sobre a inclusão de destacamentos sob a sua responsabilidade.

A Duma russa ou câmara baixa pretende estudar em breve um projeto de lei que permitiria à Guarda Nacional incluir "formações voluntárias".

Por sua vez, na frente sudeste de Zaporijia, onde a contraofensiva ucraniana teve o maior sucesso em seis meses, o presidente da câmara da cidade ocupada de Melitopol, Ivan Fyodorov, observou no Telegram que os russos "continuam a construir fortificações".

As tropas ucranianas tentam avançar em direção a Melitopol a partir da cidade libertada de Robotyne e também de Verbove, em cujo flanco ocidental poderão abrir uma passagem na segunda linha de defesa da Rússia.

Antes de chegar a Melitopol, têm de tomar a estratégica cidade de Tokmak, cerca de 30 quilómetros a sul, já que daí existem duas estradas: uma para aquela cidade ocupada pela Rússia e outra para Berdiansk, porto também controlado pelas tropas inimigas.

Noutro desenvolvimento da situação do conflito, dois cidadãos ucranianos foram hoje condenados na Crimeia a 15 e 17 anos de prisão, depois de terem sido considerados culpados de espionagem pelo Supremo Tribunal da península anexada pela Rússia.

"O Supremo Tribunal da República da Crimeia concluiu a audiência do julgamento em que os cidadãos ucranianos S. Kotov e N. Petrovsky foram considerados culpados de espionagem", afirmou a mais alta instância judicial da Crimeia num comunicado divulgado pela agência Interfax.

O julgamento foi realizado à porta fechada porque os elementos do caso constituíam segredo de Estado, explicou a assessoria de imprensa do Supremo Tribunal.



Leia Também: Ucrânia. Desminagem pode custar 37 mil milhões de dólares e durar décadas

terça-feira, 26 de setembro de 2023

CRIMINALIDADE: 83% da população mundial vive em países com altos níveis de crime

© iStock

POR LUSA  26/09/23 

Cerca de 83% da população mundial vive em países com altos níveis de criminalidade e com baixa resiliência ao crime organizado, revela um relatório divulgado hoje pela Iniciativa Global contra a Criminalidade Transnacional Organizada (GI-TOC, na sigla em inglês).

O relatório 'The Global Organized Crime Index' (na designação original) de 2023 mostrou que, "embora a resiliência global tenha permanecido em grande parte nos níveis de 2020, a criminalidade continuou a crescer a um ritmo surpreendente em resposta à intensificação política, social, económica e desafios de segurança, mostrando as dificuldades envolvidas na abordagem do fenómeno".

No relatório esclarece-se que o índice é medido numa escala de 1 a 10, indo dos níveis mais baixos de criminalidade aos níveis mais elevados de atividade criminosa organizada. No caso do índice de resiliência uma pontuação de 1 indicaria baixos níveis de resiliência, enquanto uma pontuação de 10 indica alta resiliência.

Portugal aparece na posição 104.ª de um total de 193 países que tiveram os índices de criminalidade analisados. O país obteve pontuação de 4.88, dado que o colocou na 21.ª posição entre os 44 países europeus.

Já no indicador da resiliência, que calcula o nível de preparação de um país para lidar com a criminalidade organizada, Portugal obteve pontuação de 6.50, que o colocou na 30.ª posição entre os países com maior resiliência à criminalidade do mundo e na 21.ª posição entre os 44 países europeus.

O relatório cita que Portugal "é principalmente um país de destino para o tráfico de seres humanos, sendo a exploração laboral a forma mais prevalente deste crime (...) Acredita-se que os casos de tráfico de seres humanos sejam significativamente subnotificados."

Portugal é descrito como local de trânsito de armas de fogo ilegais traficadas para África e um centro de comércio ilegal de madeira de florestas, extraídas principalmente no Brasil, além de ser rota do tráfico de drogas da África e América Latina.

No que diz respeito a Governança, Portugal é avaliado como "uma democracia parlamentar estável, com um forte historial de proteção das liberdades civis e de transferência regular de poder entre partidos políticos rivais. No entanto, persistem preocupações relativamente à corrupção, às restrições legais ao jornalismo, às más condições prisionais e ao impacto da discriminação racial e da xenofobia". 

O Brasil aparece com a maior pontuação no índice de criminalidade entre os países lusófonos, com 6.77, o que coloca o país na 22.ª posição entre 193 nações com maior índice de criminalidade do mundo.

No que diz respeito a resiliência à criminalidade, o Brasil somou 4.92 pontos, ocupando a 94.ª colocação entre 193 países.

Cabo Verde, junto com as Ilhas Maurícias e o Ruanda, estão entre os países com baixa criminalidade e elevada resiliência ao crime organizado em África.

Segundo o relatório, esse país lusófono tem pontuação de criminalidade de 4.28, o que o colocou na 142.ª posição no total de 193 países analisados.

A Guiné Equatorial tem pontuação de 4,38 e está na 135.ª posição, Timor-Leste teve pontuação de 4,08 e ficou na 150.ª posição. São Tomé e Príncipe tem pontuação 1,70 e está na 192.ª posição.

Já Angola somou 5.58 pontos, ocupando a 70.ª posição do ranking. Moçambique somou pontuação de 6.20 e está na 42.ª posição. Não há dados sobre a Guiné-Bissau.

No que se refere a resiliência à criminalidade, Cabo Verde somou 6.58 pontos, Timor-Leste 3.83 pontos, Guiné Equatorial 2.21 pontos, São Tomé e Príncipe 4,92, Angola 4.50, Moçambique 3.29. Não há dados sobre a Guiné-Bissau.

No geral, o continente africano continuou a registar elevados níveis de criminalidade no período de dois anos desde 2021 quando a primeira edição do relatório foi divulgada, e permanece como o segundo continente com maior pontuação no mundo, atrás da Ásia.

A pontuação, tal como em 2021, parece ser impulsionada principalmente por atores criminosos, que, com uma pontuação de 5.45, aumentam a média da criminalidade em África. Os mercados criminosos tiveram uma pontuação inferior a 5.05.

O relatório também destaca a presença do Grupo Wagner, uma empresa militar privada russa, que estabeleceu operações em vários países africanos, incluindo a República Centro-Africana, Mali, Sudão, Líbia, Moçambique e Madagáscar.

Segundo o relatório, o grupo fornece serviços militares, incluindo assistência paramilitar direta e programas de formação, a governos autocráticos enfraquecidos que necessitam de apoio na repressão de insurgências e está ligado a uma rede de entidades privadas que operam crimes em diversos setores, incluindo madeira e mineração.

"Estes negócios, combinados com a corrupção generalizada nas partes de África onde opera, supostamente permitem à Wagner lucrar com economias ilícitas, especialmente flora e crimes contra recursos não renováveis, juntamente com as suas atividades legais. Algumas entidades económicas ligadas ao Grupo Wagner são acusadas de exploração ilegal de fontes minerais e contrabando", conclui o relatório.


domingo, 24 de setembro de 2023

Avião que se despenhou no Mali transportava soldados do grupo Wagner

© Lusa

Notícias ao Minuto   24/09/23 

O avião que se despenhou no sábado durante uma aterragem em Gao, no norte do Mali, pertence ao exército maliano e transportava soldados do grupo paramilitar russo Wagner, disseram hoje fontes militares e dos bombeiros locais.

O acidente está envolto em grande secretismo e não foram divulgados números oficiais nem de vítimas mortais ou de eventuais sobreviventes, sabendo-se, porém, que alguns dos passageiros ficaram feridos.

Mas o balanço humano e material é elevado, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) uma fonte aeroportuária e outra diplomática, sem dar mais pormenores sobre o número de vítimas, garantindo, todavia, que a grande maioria dos sobreviventes pertence ao grupo paramilitar de mercenário Wagner.

"O avião que se despenhou pertence ao exército maliano e posso confirmar que a aeronave estava numa missão em Gao com parceiros", disse à AFP um responsável militar maliano.

"Hoje, os investigadores regressaram ao terreno. No sábado à noite, os feridos brancos foram transportados por outro avião para um destino desconhecido", assegurou uma fonte aeroportuária, embora outros tenham sido assistidos medicamente em Gao.

"Quando os sobreviventes chegaram ontem [sábado] a Gao, eram quase exclusivamente soldados russos da Wagner", assumiu uma fonte próxima do corpo de bombeiros, que solicitou anonimato.

As causas do acidente ainda são desconhecidas, mas um porta-voz do exército alemão, ainda presente em Gao no âmbito da missão das Nações Unidas no Mali (Minusma), afirmou que o avião deve ter ultrapassado a pista, de acordo com as informações de que dispunha ao início da tarde de sábado.

O avião despenhado é, adiantou, um "modelo IL-76 de fabrico russo".

O aeroporto militar de Gao é utilizado pelo exército maliano, pelos seus parceiros russos e pela Minusma.

A junta no poder no Mali afastou a força anti-jihadista francesa em 2022 e a força da ONU em 2023, para se virar militar e politicamente para a Rússia. Afirma ter recorrido aos serviços de "instrutores" no âmbito da cooperação bilateral com a Rússia e nega a presença do Wagner, embora a existência de mercenários do grupo de segurança russo seja geralmente aceite por outros atores que trabalham no Mali.

O acidente ocorreu num contexto de tensões crescentes entre os diferentes atores armados da região e o exército maliano. 

Desde agosto, as regiões de Timbuktu e Gao têm sido palco de uma série de ataques contra posições do exército e civis.

O exército e os grupos armados lutam pelo controlo do território, numa altura em que a Minusma se retira.


sábado, 16 de setembro de 2023

Kim Jong-un "impressionado" com fábricas russas de produção de aeronaves

© Lusa

POR LUSA   16/09/23 

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ficou "impressionado" com a visita, na sexta-feira, a duas fábricas de produção de aeronaves na região de Khabarovsk, no leste da Rússia, informou hoje a agência de notícias estatal KCNA.

Kim Jong-un manifestou "profundo respeito pela tecnologia de aviação russa" e assegurou, no livro de visitas, que testemunhou o "rápido desenvolvimento" e "gigantesco potencial" da indústria russa, ainda segundo a agência.

O líder norte-coreano visitou uma das "principais instalações de produção de aeronaves", disse o ministro da Indústria e Comércio da Rússia.

"Vemos o potencial de cooperação tanto no campo do fabrico de aeronaves como em outras indústrias", sublinhou Denis Manturov.

"Isto é especialmente importante para cumprir as tarefas que os nossos países enfrentam para alcançar a soberania tecnológica", acrescentou o dirigente russo.

No entanto, segundo a presidência russa, nenhum acordo foi assinado entre os dois países durante a visita do líder norte-coreano ao país.

"Não foi assinado nenhum acordo, e isso não estava previsto", disse na sexta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, aos jornalistas em Moscovo, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Os Estados Unidos disseram suspeitar que a Rússia quer comprar armas a Pyongyang para usar na guerra contra a Ucrânia, enquanto a Coreia do Norte quer adquirir tecnologias para os programas nuclear e de mísseis.

Washington advertiu Pyongyang de que sofrerá consequências se contribuir para o esforço de guerra da Rússia na Ucrânia.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, reuniu-se com Kim Jong-un na quarta-feira no cosmódromo de Vostochny, no extremo oriente russo.



Leia Também: O general russo Sergei Surovikin, um dos comandantes emblemáticos da ofensiva russa na Ucrânia, demitido devido às suas ligações ao grupo de mercenários Wagner, reapareceu na Argélia após meses de ausência, durante uma visita oficial. 

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Exército ucraniano diz ter recapturado aldeia situada perto de Bakhmut

© Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images

POR LUSA   15/09/23 

O exército da Ucrânia reivindicou esta manhã ter recapturado a aldeia de Andriivka, dez quilómetros a sul da cidade devastada de Bakhmut, na frente oriental, num dos eixos da contraofensiva contra a invasão da Rússia.

"As Forças de Defesa tiveram sucesso parcial na área de Klichchiivka durante as operações ofensivas", disse o Estado-Maior ucraniano, no relatório diário publicado na rede social Facebook.

"Durante o ataque, libertaram Andriivka na região de Donetsk [e] infligiram perdas significativas ao inimigo em termos de pessoal e equipamento", acrescentou.

Na quinta-feira, a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Maliar, tinha escrito na plataforma de mensagens Telegram: "Andriivka é nossa". Uma publicação mais tarde editada, após o desmentido da unidade de assalto ucraniana no terreno.

"A declaração sobre a captura de Andriivka é falsa e prematura. Combates sérios e intensos estão a ocorrer atualmente nas áreas de Klichtchiivka e Andriivka", disse no Telegram a terceira brigada de assalto do exército da Ucrânia.

"Tais declarações são prejudiciais, colocam em risco a vida do pessoal e prejudicam a execução de missões de combate", alertou a brigada.

Bakhmut, situada na província de Donetsk, tem sido um dos principais pontos de combate entre as tropas de Kyiv e as forças de Moscovo nos últimos meses.

A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro do ano passado, reivindicou em maio o controlo de Bakhmut após a presença no local de mercenários do grupo Wagner. Depois de abandonarem as suas posições, estes elementos transferiram o comando operacional às forças russas.

O exército ucraniano tem liderado uma contraofensiva desde o início de Junho, com o objetivo de repelir as forças russas no leste e no sul, mas enfrenta poderosas linhas defensivas compostas por trincheiras, campos minados e armadilhas antitanque.

A pressão ucraniana intensificou-se nas últimas semanas, particularmente na frente sul, com a captura da aldeia de Robotyne, em direção à cidade de Tokmak, um importante ponto logístico para as forças russas.

Kyiv tem também procurado interromper as linhas de comunicação russas, tendo nas últimas semanas utilizado mísseis marítimos e aéreos e 'drones' para atacar bases russas na Crimeia e navios de guerra da frota russa perto da costa daquela península ocupada.

A Ucrânia reclamou na quinta-feira a destruição de um sistema de defesa antiaérea russo, avaliado em 1,1 mil milhões de euros, na Crimeia, no segundo dia de ataques com mísseis e drones consecutivos à península anexada pela Rússia em 2014.

No seu discurso diário à nação na quinta-feira, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, felicitou a inteligência militar, o SBU, e a Marinha pelo ataque, descrevendo o sucesso da operação como "muito significativo".



Leia Também: Ucrânia: Kyiv diz ter danificado mais dois navios russos no Mar Negro

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

EUA impõem sanções a mais 150 pessoas e entidades por apoiarem Rússia

© Lusa

POR LUSA   14/09/23 

Os Estados Unidos vão impor novas sanções a mais de 150 pessoas e entidades acusadas de apoiarem a Rússia no âmbito da invasão da Ucrânia, anunciou hoje o Departamento de Estado norte-americano.

"Como parte da ação de hoje, o Governo dos EUA tem como alvo indivíduos e entidades envolvidos na evasão de sanções, sendo cúmplices na promoção da capacidade da Rússia de travar a sua guerra contra a Ucrânia, bem como aqueles responsáveis por reforçar a futura produção de energia da Rússia", explicou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, num comunicado.

No âmbito desta nova iniciativa, que se segue a várias outras ações ao longo do último ano e meio, o Departamento de Estado impõe medidas sancionatórias a mais de 70 entidades e indivíduos envolvidos na capacidade de produção e exportação de energia da Rússia, nos setores metalúrgico e mineiro.

As outras 80 pessoas e organizações são sancionadas pela sua atividade de fuga às medidas punitivas impostas pelos Estados Unidos com vista a enfraquecer a máquina de guerra da Rússia, perante a invasão da Ucrânia.

Blinken explicou que o Governo norte-americano inclui como alvo um oficial dos serviços de informações russos e um oligarca russo-georgiano, que "têm aproveitado para influenciar a sociedade e a política da Geórgia em benefício da Rússia".

Neste novo pacote de sanções cabem ainda entidades que reparam e produzem sistemas de armamento para a Rússia, incluindo o míssil cruzeiro Kalibr, que tem sido utilizado pelas forças russas contra cidades e infraestruturas civis na Ucrânia.

"Ao mesmo tempo, o Departamento do Tesouro está a impor quase uma centena de sanções às elites da Rússia e à sua base industrial, às instituições financeiras e aos fornecedores de tecnologia, incluindo um funcionário do Grupo Wagner, por promover as atividades malignas da Rússia na República Centro-Africana", acrescenta o comunicado da diplomacia norte-americana.

Esta ação surge semanas depois de o Grupo Wagner ter ajudado a garantir a aprovação de um referendo constitucional, em 30 de julho, "que minou a democracia" da República Centro-Africana, de acordo com o Departamento de Estado norte-americano.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.



Leia Também: Rússia expulsa dois diplomatas dos EUA por ligações a caso de espionagem

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

ANALISTA: Uso de bandeiras russas por golpistas africanos não está ligado a Moscovo

© Lusa

POR LUSA   13/09/23 

O uso de bandeiras da Rússia por apoiantes de golpes de Estado em África é mais um sinal de descontentamento contra antigos colonizadores como França do que um alinhamento com Moscovo, defendeu hoje a analista Ornella Moderan.

"Penso que existe um desconforto pós-colonial em torno da França nos países francófonos da África Ocidental e uma sensação de que a relação não foi redefinida da forma que deveria", afirmou, durante um debate em Londres organizado pelo centro de estudos Chatham House. 

Imagens de manifestantes favoráveis aos golpes no Burkina Faso, em setembro de 2022, e no Niger, em agosto último, mostraram a bandeira de França a ser queimada e a serem exibidas bandeiras da Rússia. 

A especialista em assuntos africanos afirmou ser "evidente que esta situação é manipulada por outros atores no âmbito da competição global entre grandes potências" e que a Rússia está a aproveitar a instabilidade em África através do grupo paramilitar Wagner.

"Estas são realidades que não se devem ao facto de um país como a Rússia encarnar realmente os valores que a maioria da população da África Ocidental defende, mas porque encarna o [sentimento] anti-França, porque encarna o anti-Ocidente", argumentou.

O Coordenador do programa regional para África no Centro de Serviços Regionais para África do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Jide Okeke, questionou este diagnóstico.

"Não chegaria a uma conclusão convincente de que existe, de facto, uma correlação positiva entre o que se vê por aí, pessoas a celebrar e a queimar bandeiras francesas, e um sentimento anti-francês ou pró-russo claro, sustentável e a longo prazo. Penso que é demasiado cedo para o dizer", afirmou.

Okeke e Moderan falavam durante um evento intitulado "Compreender os golpes de Estado e a renovação democrática em África", onde foram apresentados os resultados do estudo do PNUD "Soldados e cidadãos: Golpes militares e a necessidade de renovação democrática em África".

Desde 2020, recordou Okeke, o continente registou oito golpes de Estado militares, incluindo os mais recentes no Níger e no Gabão, e três tentativas, mas, desde os anos 1970, contabilizaram-se mais de 268 em todo o continente, com destaque para a África Ocidental, e em especial a região do Sahel. 

Num inquérito a 8.000 africanos de oito países africanos onde ocorreram golpes ou transições geográficas, a maioria disse preferir a democracia e uma minoria afirmou explicitamente que preferia uma opção não democrática.

Além de fatores económicos e sociais, o estudo também concluiu que a cultura política em países com longas ditaduras militares torna os cidadãos mais tolerantes aos golpes. 

"As sanções não são suficientes. As sanções não impedem necessariamente os golpistas de planear novos golpes", afirmou Okeke, que defende que é preciso ir mais além e apoiar as transições políticas para democracias lideradas por civis.

"Fizemo-lo nos casos do Mali e do Chade, e é necessário que comecem a pensar em como restaurar a ordem constitucional e manter a ordem constitucional" depois dos golpes de Estado militares, disse. 

Este responsável do PNUD considerou que, no Sahel, "as intervenções militares são essenciais, mas não são suficientes".

"A intervenção no Sahel precisa de uma reconfiguração completa que privilegie os investimentos na governação, o reforço das instituições, a inclusão dos jovens nas negociações políticas, de forma a promover a estabilidade a médio e longo prazo", defendeu.


Leia Também: Banco Mundial melhora nota da Guiné-Bissau na avaliação das políticas

sábado, 9 de setembro de 2023

Rússia quer "defender investimento" em África após morte de Prigozhin

© Lusa

 POR LUSA   09/09/23 

Vários analistas consideram que a morte do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, em 23 de agosto, retira à Rússia uma importante ferramenta da sua expansão em África, mas o Kremlin vai "defender o seu investimento".

O Kremlin vai querer "defender o seu investimento" e "continuar a honrar os contratos" assinados com a República Centro-Africana (RCA), Mali, Líbia, Sudão, e outros países africanos onde o Grupo Wagner se tinha instalado, prevê Alex Vines, diretor do Programa África da Chatham House -- Royal Institute of International Affairs, em Londres, em declarações à Lusa.

Em contrapartida, acrescenta, "não será fácil a expansão de operações do tipo-Wagner a novos países" no continente.

"Neste momento, não sei se o Grupo Wagner está em posição de procurar novos negócios. Penso que estão na posição de solidificar, consolidar, gerir uma transferência de poder e depois ver o que se segue", diz também Theodore Murphy, diretor para os Assuntos Africanos do Conselho Europeu de Relações Internacionais, um instituto de análise dedicado à política externa europeia em Bruxelas.

Julia Stanyard, analista sénior da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional, em Genebra, prevê que será "muito difícil" a Putin encontrar uma liderança para o Grupo Wagner "à altura" de Prigozhin e da restante cúpula dirigente -- também morta no despenhamento do avião em que seguiam sete passageiros do grupo e três tripulantes no passado dia 23 de agosto -- mas não acredita na hipótese de uma "futura dissolução do grupo".

Não será fácil ao Kremlin encontrar ou mesmo reerguer uma entidade que ofereça o "bouquet" de serviços que o grupo liderado por Prigozhin proporcionava a Putin, sublinham os analistas abordados pela Lusa.

Não apenas porque esse "arranjo floral" era como que uma extensão da natureza do próprio líder da Wagner, como também porque, ao reconhecer publicamente em julho a ligação entre o Ministério russo da Defesa e o grupo, Putin deixou de poder usar, como até aqui, o argumento de que o Estado russo nada tem a ver com a atuação do Wagner, classificado por Londres esta semana como organização terrorista.

"O desafio para Moscovo é que os meios que utilizou para ganhar influência, através do GW, o destacamento de paramilitares, a desinformação, a interferência eleitoral, a troca de armas por recursos, são todos irregulares e muitas vezes ilegais", afirma Joseph Seagle, diretor de investigação do Africa Center for Strategic Studies, em Washington.

Se Prigozhin proporcionou à Rússia a "negação plausível" de que estava envolvida em "atividades irregulares", agora, ainda que Moscovo mantenha a intenção estratégica de retomar a sua influência em África, "vai ter de enfrentar desafios para o fazer, porque não tem a destreza nem os relacionamentos para fazer o que Prigozhin tem feito", afirma Seagle.

Por outro lado, Moscovo "vai enfrentar muito mais críticas por quaisquer abusos relacionados com as forças paramilitares ou com a interferência mais geral na política destes países africanos", sublinha ainda o analista.

As mortes dos líderes do grupo obrigam o Kremlin a um "trabalho de sensibilização muito ativo em torno da passagem de poder" dentro da estrutura, sublinha Theo Murphy.

"O grupo era um parceiro fundamental para muitos governos africanos, prestando uma série de serviços, alguns menos legais, outros mais abertos, e, de repente, o seu chefe desapareceu", diz Murphy. "Penso que isso deixa os parceiros africanos com algumas questões", acrescenta.

Vines recorda "uma bela citação de um alto funcionário da República Centro-Africana após o motim de Wagner": "Não interessa se é Wagner, Beethoven ou Mozart, desde que os russos continuem a apoiar".

"O que é interessante nesta discussão é que, se olharmos para os últimos meses, depois do motim, parece que [os russos] chegaram a acordo de que o Grupo Wagner continuará a operar como Wagner em África e na Síria", diz Stanyard.

A confirmar-se a previsão de Alex Vives, no entanto, Moscovo vai manter os atuais contratos em África, sem expandir-se a novas geografias, como o Níger ou o Burkina Faso.



Leia Também: O Presidente chinês, Xi Jinping, elogiou hoje os "importantes resultados" alcançados pela Coreia do Norte nos últimos anos, numa mensagem enviada ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, pelos 75 anos da fundação do país.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

RELATÓRIO: Rússia e China minam democracia em África e elevam cleptocracia

© Reuters

POR LUSA   07/09/23 

O novo relatório do Fórum Internacional de Estudos Democráticos aponta que a Rússia e a China têm reforçado as redes cleptocráticas em África e minado a democracia nesse continente, com destaque para o papel do grupo Wagner nesse processo.

Num debate virtual organizado pelo Fundo Nacional para a Democracia, uma organização não-governamental norte-americana que visa promover a democracia noutros países, vários especialistas abordaram hoje as conclusões do relatório e apontaram como Pequim e Moscovo têm desempenhado "um papel crucial na viabilização da cleptocracia" em toda a África Subsariana.

Para JR Mailey, especialista da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, o grupo mercenário russo Wagner posicionou-se como "tudo aquilo o que um Governo cleptocrata poderia querer e precisar".

"O Wagner é, de certa forma, um estudo de caso único porque tudo o que eles fornecem é uma espécie de kit de ferramentas rápido e sujo para se sobreviver como uma cleptocracia isolada(...). Simplesmente foram enviados instrutores para ajudar a reforçar a capacidade de um Governo para a segurança orientada para o regime, é disso que se trata universalmente. Eles ajudam a influenciar a opinião pública e não de forma a suavizar corações e mentes, mas, num sentido mais amplo, minam a capacidade dos adversários", disse Mailey sobre a atuação do Wagner em África.

De acordo com o relatório do Fórum Internacional de Estudos Democráticos, o motim de curta duração levado a cabo pelo grupo Wagner em junho na Rússia "colocou em evidência um dos obscuros tentáculos globais da influência da Rússia".

"Numa altura em que Moscovo está cada vez mais isolado diplomaticamente e economicamente, os interesses comerciais corrosivos do grupo Wagner e as relações acolhedoras em partes de África - com alguns dos regimes mais diplomaticamente isolados do continente - revelam até que ponto uma rede global de apoio cleptocrático tomou forma", diz o relatório.

Mailey frisou que o apoio militar oferecido pelo grupo paramilitar russo aos cleptocratas africanos tem pouco a ver com o fornecimento de segurança e estabilidade ao povo africano. Em vez disso, concentra-se na extração de recursos, na promoção de objetivos geopolíticos e em "servir como uma engrenagem brutal na máquina autoritária".

"Mesmo que o destino final do Grupo Wagner permaneça incerto, é pouco provável que estas tendências diminuam. As relações económicas opacas que o grupo Wagner desenvolveu no continente são, sem dúvida, demasiado lucrativas para que o Kremlin se renda", defendeu.

O relatório aponta também que o Governo Chinês e os seus representantes estão entrincheirados em redes corruptas em África, ajudando a encorajar e capacitar os cleptocratas locais que procuram enriquecer à custa das suas populações.

Além do envolvimento chinês de longa data nas indústrias madeireira e extrativa, Andrea Ngombet Malewa, fundador do Coletivo Sassoufit - organização que defende a democracia na República do Congo -, destacou a criação de um Banco Sino-Congolês para África que permitiria aos cleptocratas contornar os requisitos de transparência dos bancos ligados ao ocidente, proporcionando assim oportunidades de branqueamento de capitais com impunidade.

De acordo com o relatório, a cleptocracia é uma das principais causas do subdesenvolvimento, de violações dos direitos humanos e das guerras no continente africano.



Leia Também: O presidente francês, Emmanuel Macron, recusou na quarta-feira a possibilidade de existir bandeira russa nos Jogos Olímpicos de Paris2024, devido à invasão da Ucrânia em curso, apontando aos "crimes de guerra" cometidos pelo regime de Putin.

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Grupo Wagner será declarado organização terrorista no Reino Unido

© OLGA MALTSEVA/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto   05/09/23 

A ministra do Interior do Reino Unido, Suella Braverman, afirmou que o Grupo Wagner é "violento e destrutivo", além de "um instrumento militar da Rússia de Vladimir Putin".

O grupo de mercenários russo Wagner vai passar a ser considerado como uma organização terrorista no Reino Unido, anunciou, esta terça-feira, o governo britânico. Assim passará a ser ilegal ser membro ou apoiar o grupo, o que o coloca ao lado do Estado Islâmico e da Al-Qaeda.

Em comunicado, a ministra do Interior do Reino Unido, Suella Braverman, afirmou que o Grupo Wagner é "violento e destrutivo", além de "um instrumento militar da Rússia de Vladimir Putin", e que a sua atividade na Ucrânia e em África é "uma ameaça à segurança mundial". 

"As atividades desestabilizadoras do Grupo Wagner continuam a servir os objetivos políticos do Kremlin. São terroristas, pura e simplesmente - e esta ordem de proibição torna-o claro na legislação britânica", acrescentou, citada pela BBC. 

O futuro do Grupo Wagner  - empresa militar privada formada após a revolução ucraniana de 2014 e a anexação da Crimeia pela Rússia e que apoia os separatistas pró-russos - tem estado sob discussão após a morte dos fundadores Yevgeny Prigozhin e Dmitry Utkin, num acidente de aviação, ocorrido no mês passado. 

A morte de Prigozhin aconteceu dois meses após o líder do grupo de mercenários ter levado a cabo uma rebelião falhada contra o Kremlin, especificamente o Ministério da Defesa. Após a investida, que durou cerca de 24 horas e terminou com um acordo, Prigozhin passou a residir na Bielorrússia.

As autoridades russas até agora não avançaram quaisquer causas que expliquem a queda do jato privado Embraer Legacy que, segundo as autoridades de aviação civil russas, além de Prigozhin e Utkin, transportava outras oito pessoas.


sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Burkina Faso e Rússia discutem possível cooperação militar

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POR LUSA   01/09/23 

O Presidente de transição do Burkina Faso, Ibrahim Traoré, reuniu-se com o vice-ministro da Defesa russo, Yunus-Bek Evkurov, para discutir uma possível cooperação militar e económica, anunciou hoje a presidência burquinense.

Num comunicado divulgado na quinta-feira à noite pela imprensa local, Evkurov explicou que o encontro com Traoré na capital do país africano, Ouagadougou, foi uma continuação da conversa que tiveram durante a cimeira Rússia-África, realizada em julho passado na cidade russa de São Petersburgo.

"Também discutimos as conclusões dos intercâmbios entre os ministros da Defesa dos dois países na Rússia", acrescentou o vice-ministro, segundo meios locais que se referiram a declarações no final da audiência.

"São todas áreas que incluem a cooperação militar e técnica, mas também a cooperação no campo da economia, da energia nuclear e de todas as questões que podem gerar cooperação", acrescentou.

Da mesma forma, o chefe da delegação russa assegurou a Traoré "o apoio do seu país à transição e ao povo burquinense em todos os setores do desenvolvimento", segundo o comunicado.

Estes setores referem-se ao "campo militar, formação de cadetes e oficiais burquinenses a todos os níveis, incluindo pilotos na Rússia".

A visita sugere que a Rússia está a tentar reforçar os seus laços com o Burkina Faso para aumentar a sua influência em África, após a recente morte do chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, que através dessa empresa de mercenários construiu uma rede de interesses em vários países africanos.

Traoré negou, em maio passado, que o Wagner estivesse a colaborar com o Exército burquinense na luta contra o 'jihadismo' que ameaça o país desde 2015 e que se agravou nos últimos anos.

Uma junta militar, encabeçada por Ibrahim Traoré, protagonizou um golpe de Estado contra o líder Paul-Henri Sandaogo Damiba, e lidera agora o país.

A junta tem adotado uma postura de aproximação à Rússia e muito crítica da França, acusando a antiga potência colonial de apoiar de forma interesseira e insuficiente a luta contra o terrorismo, que tem aumentado com a instabilidade política dos últimos anos neste país africano do Sahel.


VOLODYMYR ZELENSKY: "Não haverá paz sustentável" sem devolução dos territórios à Ucrânia

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Notícias ao Minuto   01/09/23 

O presidente da Ucrânia defendeu que "haveria uma situação de caos permanente e insustentável" e lembrou o caso da península da Crimeia, que "atraiu turistas e negócios" e é "agora um território ocupado e militarizado".

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, considerou, esta sexta-feira, que "não haverá paz sustentável" se os territórios anexados pela Rússia não forem devolvidos. Num discurso, por videoconferência, no Fórum Ambrosetti, que decorre em Cernobbio, Itália, o chefe de Estado ucraniano alertou que "haveria uma situação de caos permanente".

"Não haverá paz sustentável na Ucrânia e, portanto, nem mesmo na Europa", referiu Zelensky, citado pela estação italiana RAI 1. "Vejam o que aconteceu na Crimeia. A ocupação trouxe civilização, turismo, negócios? Nada disso".

O presidente ucraniano lembrou ainda que "a Ucrânia e todos os países que se referem ao direito internacional não reconhecem que a Crimeia pertence à Federação Russa, nem mesmo as empresas o reconhecem".

"Haveria uma situação de caos permanente e insustentável", alertou, acrescentando, contudo, que "é o que a Rússia quer". "Uma península que atraiu turistas e negócios é agora um território ocupado e militarizado e não pode crescer", lamentou.

Neste sentido, Zelensky voltou a defender que existem dois caminhos para a paz: diplomático e militar. "As tropas russas deveriam deixar a península sem pressão, para salvaguardar vidas: tal como cuidados do nosso povo, Putin deveria pensar no seu", atirou.

Zelensky considerou que o presidente russo, Vladimir Putin, é "incapaz de respeitar as suas promessas e as suas palavras" e, por isso, "é impossível negociar" e a morte do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, mostra que "não se pode confiar" em Putin. 

"Não estamos preocupados que um terrorista tenha sido morto, mas este ano significa que não podemos confiar em Putin e nas suas palavras", explicou.

"Se é verdade que Putin matou Prigozhin, ele está a revelar-nos ainda mais a sua fraqueza. Mesmo sendo um terrorista, ele fez o que Putin lhe disse para fazer", acrescentou, lembrando a rebelião falhada de Prigozhin contra o Kremlin, nomeadamente o Ministério da Defesa. 

"Putin tentou marchar sobre Moscovo, o que significa que Putin foi incapaz de defender o seu estado. Isso é fraqueza. A marcha de Prigozhin em direção a Moscovo significa que nem todas as forças estavam sob o comando de Putin", considerou. 

Após o fim da rebelião, que durou cerca de 24 horas, Prigozhin e Putin chegaram a um acordo, mediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko. No entanto, para Zelensky, Putin "primeiro fez promessas e depois matou-o". "Isto mostra quão fracas são as suas palavras", atirou.

O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.

A ONU confirmou que quase dez mil civis morreram e mais de 16 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.



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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

"Para quem gosta de especular, estou bem". O último vídeo de Prigozhin

© Wagner Account/Anadolu Agency via Getty Images

Notícias ao Minuto   31/08/23 

De acordo com o site de jornalismo de investigação Bellingcat, o mercenário aparentava estar vestido com a mesma roupa com que surgiu num vídeo publicado a 21 de agosto.

Cerca de uma semana depois da morte do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, na sequência da queda do jato privado onde seguia com outros nove tripulantes, perto de Moscovo, na Rússia, eis que surgem aquelas que poderão ser as últimas imagens do mercenário.

No vídeo, divulgado pelo canal Grey Zone, associado ao Grupo Wagner, Prigozhin dirigiu-se àqueles que "gostam de especular", tendo assegurando que estava "tudo bem".

"Para todos os que estão a discutir se estou vivo ou não e como estou. É o fim de semana da segunda quinzena de agosto de 2023. Estou em África. Por isso, para quem gosta de especular sobre o meu assassinato, a minha vida privada, o meu trabalho, ou qualquer outra coisa: está tudo bem", garantiu.

De acordo com o site de jornalismo de investigação Bellingcat, o mercenário aparentava estar vestido com a mesma roupa com que surgiu num vídeo publicado a 21 de agosto, o primeiro desde a rebelião falhada contra a Rússia, em junho.

Sublinhe-se que a morte repentina do oligarca russo que liderava aquele grupo de mercenários desencadeou uma enorme onda de especulação, embora o Kremlin tenha garantido que não teve nada que ver com a queda do avião, que ocorreu a 23 de agosto.

O presidente russo, Vladimir Putin, expressou publicamente as suas condolências, tendo, contudo, ressalvado que o seu antigo aliado cometera "grandes erros na vida", numa referência velada à revolta protagonizada pelo líder do Grupo Wagner.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 9.511 civis desde o início da guerra e 26.717 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.


Mali. Rússia veta resolução da ONU que prorrogava sanções a malianos

© Reuters

POR LUSA    31/08/23 

A Rússia vetou esta quarta-feira uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que prorrogava as sanções contra os malianos que ameaçam a paz no país, medidas que a junta militar no poder exigia que fossem levantadas.

A resolução que previa prolongar por um ano o regime de sanções instituído em 2017 contra indivíduos que põem em perigo o acordo de paz de 2015, e o mandato do comité de peritos responsável pelo seu acompanhamento, recebeu 13 votos a favor, uma abstenção (China) e um voto contra (Rússia).

Moscovo concordou em prolongar as sanções, mas apenas uma última vez, e sobretudo quis dissolver o comité de peritos cuja objetividade contesta com Bamako, aliado do regime russo.

A resolução da Rússia nesse sentido foi rejeitada, com um voto a favor, um contra e 13 abstenções.

O último relatório do comité de peritos publicado na semana passada questionou a violência contra as mulheres perpetrada de forma "sistemática e organizada" pelas forças armadas do Mali e pelos seus "parceiros de segurança estrangeiros", presumivelmente membros do grupo paramilitar russo Wagner.

Este regime de sanções, que implica o congelamento de bens ou proibição de viagens, foi implementado em 2017 e afeta oito indivíduos, nomeadamente líderes de grupos signatários do acordo de paz de 2015, acusados de o colocar em perigo.

Estas sanções foram exigidas pelo governo do Mali na altura, mas a junta agora no poder exige o seu levantamento.

"A razão por detrás do pedido do Mali para a criação deste mecanismo deixou de existir", assegurou o ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, em meados de agosto, numa carta dirigida ao Conselho de Segurança.

A junta militar salientou ainda que as "hostilidades entre os movimentos signatários" tinham terminado.

Mas no seu último relatório, o comité de peritos observou a paralisia da aplicação do acordo de paz de 2015.

Destacando "o aumento das tensões" entre os grupos signatários do acordo, este comité manifestou-se também preocupado com informações de que alguns destes grupos se estariam a armar face ao que consideram ser ameaças das forças armadas do Mali.

Estas preocupações são reforçadas pela retirada da missão de manutenção da paz da ONU no Mali (Minusma), exigida por Bamako.

A missão da ONU já se retirou de quatro bases nas zonas mais remotas do Mali, seguindo um calendário que prevê que até 30 de setembro apenas fiquem em funcionamento quatro bases, entre as quais a de Timbuktu, que fechará até final do ano.

Desde 2012, o Mali enfrenta uma profunda crise de segurança que começou no norte e se espalhou para o centro do país, bem como para os vizinhos Burquina Faso e Níger.



Leia Também: Mali. Quase 13 mil soldados da ONU em retirada "sem precedentes"

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Mercenários russos assistem ao funeral do vice de Prigozhin

© OLGA MALTSEVA/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto   29/08/23 

A família de Valery Chekalov, chefe da logística do Grupo Wagner, juntou-se a dezenas de pessoas, incluindo mercenários, no cemitério de Severnoye, em São Petersburgo.

Um grupo de mercenários russos reuniram-se na tarde desta terça-feira para o funeral de um dos colegas de Prigozhin, morto no acidente de avião da semana passada.

A família de Valery Chekalov, chefe da logística do Grupo Wagner, juntou-se a dezenas de pessoas, incluindo mercenários, no cemitério de Severnoye, em São Petersburgo.

Segundo a Sky News, um padre ortodoxo conduziu a cerimónia. 

Ainda segundo o mesmo meio de comunicação, jornalistas da Reuters foram instados a parar de filmar.

Os meios de comunicação russos indicam que o funeral de Yevgeny Prigozhin poderá acontecer ainda esta terça-feira na sua cidade natal, São Petersburgo. 

O jornal Fontanka revelam que o homem de 62 anos provavelmente será sepultado no Cemitério Serafimovskoe – onde forças policias foram vistas esta manhã.

Fortes cordões policiais cercaram o cemitério, onde os pais de Putin também estão sepultados.



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Kremlin anuncia ausência de Putin no funeral de Prigozhin

 DW Português para África     29/08/23

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, estará ausente no funeral de Yevgueni Prigozhin, chefe do grupo Wagner, que pode ocorrer hoje ou na quarta-feira no cemitério de Serafimovskoe, em São Petersburgo.  

"A presença do Presidente não está prevista", disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em conferência de imprensa, acrescentando a que a família de Prigozhin é responsável por "tudo o que está relacionado com as cerimónias fúnebres". 

No passado dia 24 de agosto, Putin enviou condolências à família do oligarca que dirigia a empresa de mercenários. Segundo a versão oficial russa, Prigozhin morreu este mês na sequência da queda do avião em que viajava, juntamemtente com outros oito ocupantes. 


Leia Também:  Funeral de Prigozhin deverá acontecer ainda hoje

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

"Avião desmoronar-se-á no ar". Vídeo antigo de Prigozhin dá azo a teorias... O líder do Grupo Wagner afirmou, em abril, que a Rússia "está à beira do desastre" e que se as "engrenagens não forem ajustadas, então o avião desmoronar-se-á no ar".

© Wagner Account/Anadolu Agency via Getty Images

Notícias ao Minuto   28/08/23 

Um vídeo antigo de uma entrevista ao líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, deu origem a novas teorias acerca da sua morte, uma vez que pode ouvir-se o empresário russo a dizer que preferia ser morto a mentir ao país e a falar sobre um avião que se "desmorona" no ar.

Em causa está o excerto de uma entrevista publicada a 29 de abril, com o blogger militar russo Semyon Pegov, na qual Prigozhin afirmava que a Rússia estava à beira do abismo porque a Defesa estava a expulsar aqueles que dizem a verdade e se recusam a dar graxa. 

"Hoje, chegámos ao ponto de ebulição", disse o russo, no vídeo que foi publicado na plataforma Telegram do Grupo Wagner. "Porque é que estou a falar tão honestamente? Porque tenho o direito, perante as pessoas que vão continuar a viver neste país. Eles agora estão a ser esmagados."

"É melhor matarem-me, mas não vou mentir. Tenho de dizer honestamente que a Rússia está à beira do desastre. E se estas engrenagens não forem ajustadas hoje, então o avião desmoronar-se-á no ar", acrescentou.

De acordo com a agência de notícias Reuters, o vídeo divulgado pelo Grupo Wagner conta já com centenas de respostas. "Ele sabia", afirmou um utilizador.

Há também utilizadores que acreditam que Prigozhin está vivo e "rapidamente saltará de uma caixa de rapé e fará os demónios cagarem-se" ou então está com Sergei Surovikin, o antigo chefe das Forças Aeroespaciais que desapareceu após a rebelião falhada do Grupo Wagner, na Jamaica a "beber uma 'piña colada' e a fumar um charro".

Yevgeny Prigozhin, de 62 anos, estaria na lista de passageiros de um avião do Grupo Wagner que caiu na quarta-feira, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, e levou à morte de todas as 10 pessoas a bordo.

As autoridades russas até agora não avançaram quaisquer causas que expliquem a queda do jato privado Embraer Legacy que, segundo as autoridades de aviação civil russas, além de Prigozhin, transportava outros responsáveis do Grupo Wagner, incluindo o fundador Dmitri Utkin.

Após dias de especulação, o Comité de Investigação Russo revelou, no domingo, que a morte de Prigozhin foi confirmada por exames genéticos.


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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

RÚSSIA: A longa lista de desaparecimentos misteriosos de opositores do Kremlin

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POR LUSA   25/08/23 

A presumível morte do líder do grupo Wagner numa queda de avião, esta semana, junta-se a uma longa lista de desaparecimentos misteriosos de críticos e opositores do Kremlin.

Os casos - que envolvem políticos opositores, espiões traidores e jornalistas de investigação - variam desde os ataques exóticos - envenenamento ao beber chá misturado com polónio ou ao contacto com um agente nervoso mortal - até aos mais mundanos, como ser atingido por um tiro à queima-roupa ou uma queda fatal por uma janela aberta.

Contudo, até agora, não havia qualquer caso de uma morte na queda de um avião, como aquela que terá vitimado o líder do grupo de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, numa queda de um avião particular que se despenhou numa viagem entre Moscovo e São Petersburgo.

As tentativas de assassínio de inimigos do Presidente Vladimir Putin têm sido comuns durante o seu quase quarto de século no poder.

As pessoas próximas das vítimas e os poucos sobreviventes culparam as autoridades russas, mas o Kremlin negou sistematicamente qualquer envolvimento.

Também houve relatos de proeminentes empresários russos que morreram em circunstâncias misteriosas, incluindo quedas de janelas, embora às vezes seja difícil determinar se foram assassínios ou suicídios.

Entre os ataques a opositores políticos destaca-se, em agosto de 2020, aquele que visou Alexei Navalny, que adoeceu durante um voo da Sibéria para Moscovo.

O avião pousou na cidade de Omsk, onde Navalny ficou hospitalizado em coma, tendo sido depois transportado para Berlim, dois dias, depois, para conseguir a sua recuperação.

Os seus apoiantes asseguram que o opositor do Kremlin foi envenenado, mas as autoridades russas negaram.

Laboratórios na Alemanha, França e Suécia confirmaram que Navalny foi envenenado por um agente nervoso da era soviética conhecido como Novichok.

Navalny regressou à Rússia e foi condenado este mês por extremismo e sentenciado a 19 anos de prisão, a sua terceira condenação prisional em dois anos por acusações que diz terem motivação política.

Em 2018, Pyotr Verzilov, fundador do grupo musical Pussy Riot, adoeceu gravemente e também foi levado de avião para Berlim, onde os médicos disseram que o envenenamento era "altamente plausível".

Verzilov acabou por recuperar, mas no início daquele ano tinha embaraçado o Kremlin ao correr num relvado durante a final do Campeonato do Mundo de futebol em Moscovo para protestar contra a brutalidade policial.

O assassínio de maior destaque de um opositor político nos últimos tempos foi o de Boris Nemtsov, que fora vice-primeiro-ministro de Boris Ieltsin e que se tornou um duro crítico de Putin.

Numa noite fria de fevereiro de 2015, Nemtsov foi morto a tiro numa ponte adjacente ao Kremlin enquanto caminhava com a namorada.

Cinco homens da região russa da Chechénia foram condenados, e o atirador foi condenado a 20 anos de prisão, mas os apoiantes de Nemtsov garantem que o seu envolvimento foi uma tentativa de tirar a culpa ao Kremlin.

Em 2006, o desertor russo Alexander Litvinenko - antigo agente do KGB e da agência sucessora na era pós-soviética, o FSB - sentiu-se gravemente doente em Londres depois de beber chá misturado com polónio-210 radioativo, vindo a morrer três semanas mais tarde.

Litvinenko estava a investigar a morte a tiro da jornalista russa Anna Politkovskaya, bem como as alegadas ligações dos serviços de informações russos com o crime organizado.

Antes de morrer, Litvinenko disse aos jornalistas que o FSB ainda operava um laboratório de venenos que datava da era soviética.

Um inquérito britânico concluiu que agentes russos mataram Litvinenko, provavelmente com a aprovação de Putin, mas o Kremlin negou qualquer envolvimento.

Anna Politkovskaya, jornalista do jornal Novaya Gazeta cuja morte Litvinenko estava a investigar, foi baleada e morta no elevador do seu prédio em Moscovo, em 07 de outubro de 2006 - aniversário de Putin.

A repórter conseguiu reconhecimento internacional pelas suas reportagens sobre violações dos direitos humanos na Chechénia.

O assassino, oriundo da Chechénia, foi condenado pela morte e sentenciado a 20 anos de prisão e quatro outros chechenos receberam penas de prisão mais curtas pelo seu envolvimento no assassinato.

Yuri Shchekochikhin, outro repórter da Novaya Gazeta, morreu de uma doença súbita e violenta em 2003.

Shchekochikhin estava a investigar negócios corruptos e o papel dos serviços de segurança russos nos atentados à bomba em prédios de apartamentos em 1999, atribuídos a insurgentes chechenos.

Os seus colegas insistiram que foi envenenado e acusaram as autoridades de dificultar deliberadamente a investigação.


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