segunda-feira, 21 de agosto de 2023

O Presidente ucraniano agradeceu hoje aos dinamarqueses por ajudarem a Ucrânia a resistir à invasão russa, um dia depois de a Dinamarca e os Países Baixos terem anunciado que irão fornecer caças F-16 a Kyiv.

© Getty Images

POR LUSA   21/08/23 

 "Todos os vizinhos da Rússia estão ameaçados se a Ucrânia não prevalecer"

O Presidente ucraniano agradeceu hoje aos dinamarqueses por ajudarem a Ucrânia a resistir à invasão russa, um dia depois de a Dinamarca e os Países Baixos terem anunciado que irão fornecer caças F-16 a Kyiv.

Num discurso no parlamento de Copenhaga, Volodymyr Zelensky reafirmou que outras partes da Europa estarão em risco se a Rússia tiver sucesso na invasão da Ucrânia.

"Todos os vizinhos da Rússia estão ameaçados se a Ucrânia não prevalecer", afirmou aos deputados dinamarqueses, citado pela agência norte-americana AP.

Desde o início da guerra, há 18 meses, Zelensky descreve a Ucrânia como defensora dos valores ocidentais de liberdade e democracia que deve ser devidamente armada para resistir à invasão da Rússia.

A Ucrânia tem vindo a pressionar os aliados ocidentais há vários meses para que lhe forneçam F-16 de fabrico norte-americano.

As forças ucranianas continuam a utilizar aviões de combate da era soviética e a contraofensiva iniciada em junho está a avançar sem apoio aéreo, o que, segundo analistas, constitui uma grande desvantagem.

Zelensky anunciou nas redes sociais que a Ucrânia vai receber 42 caças F-16.

A Dinamarca prometeu 19 aviões, que poderão ser entregues por volta do final do ano, quando estiver concluída a formação dos pilotos, que durará quatro a seis meses.

A preparação de esquadrões ucranianos para o combate poderá, no entanto, demorar "quatro ou cinco anos", segundo admitiu na semana passada o comandante das forças aéreas norte-americanas na Europa e em África, general James Hecker.

No parlamento dinamarquês, Zelensky reconheceu que tem sido difícil convencer os aliados ocidentais a aceitar fornecer aviões de combate a Kyiv.

Também mencionou o armamento doado pela Dinamarca e agradeceu aos dinamarqueses pelo tratamento dado aos refugiados ucranianos e pelo envolvimento na reconstrução da Ucrânia.

Referiu ainda que a Dinamarca está a ajudar a pagar pensões e outros benefícios sociais aos ucranianos que permaneceram na Ucrânia e que estão a sofrer as consequências económicas da invasão militar russa.

"Obrigado, muito obrigado, Dinamarca, em nome de todos os ucranianos, por toda a ajuda prestada à Ucrânia", afirmou, citado pela agência espanhola EFE.

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, destacou o apoio quase unânime do país à Ucrânia, que descreveu como "sem precedentes" na política dinamarquesa.

"Se olharem para esta sala, verão pessoas que trabalharam arduamente para encontrar formas de ajudar a Ucrânia e o povo da Ucrânia", disse a líder dinamarquesa, dirigindo-se à comitiva de Zelensky.

"E há muitas mais em toda a Dinamarca com a mesma convicção de que a Ucrânia deve vencer esta guerra", acrescentou.

Zelensky agradeceu a Frederiksen por ter sido uma das primeiras líderes europeias a visitar Kyiv após a invasão de 24 de fevereiro de 2022, facto que "ficará registado na história da Ucrânia".

Zelensky iniciou no sábado uma digressão europeia que o levou à Suécia, Países Baixos e Dinamarca.

Em declarações hoje aos meios de comunicação dinamarqueses, Zelensky disse que viajará de Copenhaga para outro país europeu para realizar outra "reunião muito importante" para os interesses da Ucrânia.



Leia Também: A Ucrânia anunciou hoje que as suas forças armadas libertaram na última semana mais três quilómetros quadrados nas imediações da cidade de Bakhmut, na província oriental de Donetsk, ocupada pela Rússia.

Human Rights Watch acusa Arábia Saudita de matar centenas de migrantes etíopes na fronteira com o Iémen

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita

Por  cnnportugal.iol.pt, 21/08/23

No relatório conclui-se que "os guardas fronteiriços sauditas utilizaram armas explosivas para matar muitos migrantes e dispararam sobre outros à queima-roupa, incluindo muitas mulheres e crianças, num padrão de ataques generalizado e sistemático"

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) afirmou esta segunda-feira que os guardas fronteiriços da Arábia Saudita mataram, em pouco mais de um ano, centenas de migrantes da Etiópia na fronteira com o Iémen.

A ONG defendeu ainda que "os abusos sistemáticos sobre os etíopes [na Arábia Saudita] podem constituir crimes contra a humanidade".

"Os guardas fronteiriços sauditas mataram pelo menos centenas requerentes de asilo e migrantes etíopes que tentaram atravessar a fronteira entre o Iémen e a Arábia Saudita entre março de 2022 e junho de 2023", apontou a HRW em comunicado.

A ONG apelou às Nações Unidas que iniciem uma investigação e exigiu à Arábia Saudita que revogue "imediata e urgentemente qualquer política de uso de força letal contra migrantes e requerentes de asilo".

No relatório conclui-se que "os guardas fronteiriços sauditas utilizaram armas explosivas para matar muitos migrantes e dispararam sobre outros à queima-roupa, incluindo muitas mulheres e crianças, num padrão de ataques generalizado e sistemático".

No mesmo documento afirma-se que, "em alguns casos, os guardas fronteiriços sauditas perguntaram aos migrantes em que membro deviam disparar e depois dispararam sobre estes à queima-roupa".

A investigadora da HRW sobre direitos dos refugiados e migrantes, Nadia Hardman, citada no relatório, disse que "gastar milhares de milhões na compra de campos de golfe profissionais, clubes de futebol e grandes eventos de entretenimento para melhorar a imagem da Arábia Saudita não deve desviar a atenção destes crimes horrendos".

Cerca de 750 mil etíopes vivem e trabalham na Arábia Saudita e, "embora muitos migrem por razões económicas, outros fugiram devido a graves violações dos direitos humanos na Etiópia, nomeadamente durante o recente e brutal conflito armado no norte do país", salientou a ONG.

Os homicídios "parecem resultar de uma escalada deliberada, tanto no número como na forma de assassínios seletivos", acusou.

Algumas das pessoas que viajaram em grupos mais pequenos ou sozinhas disseram que, assim que atravessaram a fronteira entre o Iémen e a Arábia Saudita, os guardas fronteiriços sauditas, munidos de espingardas, dispararam contra elas. Outras afirmaram que foram espancadas por guardas com pedras e barras de metal. Mais de uma dezena de entrevistados testemunharam ou foram alvo de disparos à queima-roupa. Seis foram atingidos tanto por armas explosivas como por disparos.

Algumas das testemunhas citadas no relatório disseram que os guardas fronteiriços sauditas espancaram os sobreviventes.

"Um rapaz de 17 anos afirmou que os guardas fronteiriços o obrigaram, juntamente com outros sobreviventes, a violar duas raparigas, também elas sobreviventes, depois de os guardas terem executado outro migrante que se recusou fazê-lo", referiu o documento.

África-Rússia: Uma relação complicada

Foto: Mikhail Tereshchenko/TASS/dpa/picture alliance

Por DW  21/08/23

Os países do BRICS vão reunir-se de 22 a 24 de agosto em Joanesburgo, numa altura em que o bloco pretende alargar a sua influência. Mas a ausência do Presidente russo, Vladimir Putin, já está a causar agitação.

De acordo com os organizadores, a próxima cimeira dos BRICS - que se realiza na África do Sul de 22 a 24 de agosto - tem como objetivo promover um sistema de governação global mais justo e contrariar o domínio económico das nações ocidentais.

No entanto, alguns observadores afirmam que a ausência do líder russo Vladimir Putin nas conversações pode prejudicar a sua crescente influência em África.

A Rússia é um dos cinco países membros dos BRICS - que incluem também o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul - que se consideram economias em rápido crescimento.

O Presidente russo é atualmente alvo de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, tendo como pano de fundo a invasão russa da Ucrânia, que tem sido amplamente condenada a nível internacional.

A sua potencial visita colocou a África do Sul perante um dilema diplomático e jurídico, até que mais tarde foi confirmado que o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, iria liderar a delegação russa.

Gideon Chitanga, investigador associado da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, disse à DW que a presença de Putin "vai ser uma enorme distração", devido a "todas as controvérsias que surgiram com a sua acusação" pelo Tribunal Penal Internacional.

"A sua ausência, pelo menos, ajuda, por enquanto, a manter o foco nas questões-chave", acrescentou Chitanga. "Por outras palavras, haverá menos ruído em relação ao Presidente Putin, à sua detenção e, provavelmente, a toda a questão que envolve as relações entre a Rússia e os países africanos."

Vladimir Putin participará em vídeo conferência.Foto: Mikhail Metzel/TASS/IMAGO

A ausência de Putin é importante?

Em julho, Putin desvalorizou a sua ausência da viagem à África do Sul.

"Não creio que a minha presença na cimeira dos BRICS seja mais importante do que estar agora aqui na Rússia", disse aos jornalistas.

No entanto, Gustavo de Carvalho, investigador sénior do Instituto para os Assuntos Globais Africanos da Universidade de Joanesburgo, disse que a Rússia está economicamente fraca neste momento, deixando potencialmente a porta aberta para negociações mais profundas se Putin tivesse feito a viagem.

"A guerra está a cobrar o seu preço. E assim, talvez alguns acordos de alto nível pudessem ter sido feitos, se o presidente Putin tivesse vindo", disse ele à DW.

"Mas não acho que [a sua ausência] vá ter um grande efeito de qualquer maneira".

Mas nem toda a gente está de acordo. No período que antecedeu a cimeira dos BRICS, o partido da oposição radical de esquerda da África do Sul, os Combatentes da Liberdade Económica, instou os líderes da China, Índia e Brasil a boicotarem o evento em solidariedade com a ausência de Putin.

O líder do partido, Julius Malema, apelou aos seus apoiantes para que realizassem protestos de apoio ao líder russo.

"Apelamos aos presidentes da República Popular da China, da Índia e do Brasil para que não compareçam na cimeira dos BRICS em solidariedade com o Presidente Putin", afirmou.

"Foi o [presidente sul-africano] Ramaphosa - o cobarde Ramaphosa - que não conseguiu garantir que não prenderíamos Putin", acrescentou. "Nunca apoiaremos o imperialismo contra o Presidente Putin".

As ambições russas para o Sahel na ribalta

O líder russo não está apenas a fazer ondas na África do Sul. A recente tomada de poder militar no Níger pôs também em evidência a crescente influência da Rússia na região do Sahel, na sequência de uma vaga de golpes de Estado na zona nos últimos três anos.

No Mali e no Burkina Faso - que assistiram aos seus próprios golpes de Estado em 2021 e 2022, respetivamente - os líderes militares expulsaram as tropas da antiga potência colonial francesa e reforçaram as relações diplomáticas com Moscovo. Ambos os países advertiram contra qualquer intervenção militar no Níger, com Putin a fazer eco do seu desejo de uma "resolução pacífica".

Durante o mandato do presidente democraticamente eleito do Níger, Mohamed Bazoum, o país era considerado um aliado do Ocidente.

No entanto, Frederick Golooba-Mutebi, investigador e comentador de assuntos sociopolíticos na região dos Grandes Lagos da África Oriental, disse à DW que a Rússia está simplesmente a perseguir os seus próprios interesses no Sahel, tal como outras potências ocidentais fizeram no passado.

"A Rússia, tal como qualquer outra potência ocidental, apoiará governos em África que estejam alinhados com os seus interesses", afirmou.

"Se a Rússia está a fazer o mesmo hoje em dia, o Ocidente não deve dar meia volta e ficar preocupado com a crescente influência da Rússia em África."

África a perseguir os seus próprios interesses

De acordo com o investigador Chitanga, a noção de que a Rússia contribui pouco para as economias africanas em comparação com as suas explorações militares continua a ser a narrativa dominante.

"No entanto, alguns africanos consideram Putin um aliado vital", afirmou, acrescentando que os cidadãos africanos estão mais interessados em "saber como os seus países irão beneficiar da cimeira dos BRICS e das relações emergentes em torno dos BRICS".

Chitanga acredita que os países africanos não vão necessariamente capitular perante a pressão ocidental.

"Existe uma grande preocupação entre os decisores políticos, os grupos de reflexão e os académicos africanos, que são muito críticos em relação ao que consideram ser a hipocrisia ocidental na tentativa de influenciar ou ditar a política dos países africanos", afirmou.

Frederick Golooba-Mutebi disse que os líderes africanos continuam a estar muito conscientes da posição das outras nações em relação à Rússia, em particular a que é divulgada pelos meios de comunicação social ocidentais. Na Cimeira Rússia-África de 2023, em julho, apenas 17 chefes de Estado africanos participaram, em comparação com 43 na primeira cimeira em 2019.

"Não se pode dizer que os líderes africanos viajaram ou estiveram representados em Moscovo porque gostavam de Putin. Eles tinham interesses com a Rússia que devem preservar", explicou.

domingo, 20 de agosto de 2023

Serviços secretos russos apelam a Putin para demitir ministro da Defesa

© Reuters

Notícias ao Minuto  20/08/23 

A linha dura da segurança da Rússia quer ainda que haja uma transição para uma guerra na Ucrânia mais agressiva, com uma mobilização em grande escala e a lei marcial.

Os serviços secretos da Rússia, estão a pedir ao presidente do país, Vladimir Putin, que despeça o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas, Valeriy Gerasimov, e que passe para uma guerra na Ucrânia mais agressiva.

Segundo a Bloomberg, que cita cinco fontes "familiarizadas com a situação", a tentativa de Prigozhin de destituir os dois oficiais teve algum apoio de importantes representantes de segurança do Estado.

Nesse sentido, a linha dura da segurança quer substituir Shoigu como parte de uma transição para uma guerra na Ucrânia mais agressiva, incluindo a mobilização em grande escala e a lei marcial.

No entanto, atualmente não há sinais de que venham a ser demitidos. Em vez disso, a liderança política russa está ocupada a lidar com os críticos de Shoigu e Gerasimov.

É de notar que muitos representantes da elite russa ficaram surpreendidos com a fraca reação de Putin ao motim de Yevgeni Prigozhin e com o subsequente fracasso em punir o líder do Grupo Wagner.

Este facto suscitou preocupações entre os funcionários russos quanto à possibilidade de uma oposição de alto nível a Putin ou de novos desafios.

Além disso, a insatisfação com os fracassos da Rússia no campo de batalha ainda persiste entre as forças de ocupação.

Até à data, o ministro da Defesa Segey Shoigu e Valeriy Gerasimov, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas, continuam nos seus cargos.



Leia Também: Russos protestam no Porto contra "assassino e criminoso" Putin

Níger. Gabinete de Bazoum diz que junta golpista fechou-se ao diálogo

© Reuters

POR LUSA   20/08/23

O gabinete do deposto Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, considera que o discurso de sábado à noite do líder golpista nigerino, general Abdourahamane Tiani, sugere que os militares se fecharam "hermeticamente" ao diálogo apesar das promessas de negociação.

O vice-chefe de gabinete de Bazoum, Oumar Moussa, afirmou que o discurso de Tiani foi "assustador" ao proferi-lo numa altura em que a missão de mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) acabava de deixar o país depois de protagonizar nova tentativa de diálogo com os golpistas, que mantêm o Presidente preso desde 26 de julho.

"Essas declarações mostram que estão hermeticamente fechados ao diálogo e são um verdadeiro ato de desprezo pelo povo do Níger, pelos chefes de estado da CEDEAO e pela comunidade internacional", lamentou Moussa à Radio France Internationale (RFI).

Moussa desvalorizou as manifestações de apoio aos líderes golpistas no país: "Todos nós sabemos como os manifestantes são criados: usamos recrutas e vestimo-los com roupas civis", disse.

O vice-chefe de gabinete do Presidente deposto confirmou que a missão da CEDEAO pôde visitar Bazoum e a sua família, detidos sem eletricidade na cave da residência presidencial, em condições que "não são nada boas".

O porta-voz rejeitou as promessas de transição no prazo máximo de 36 meses feitas por Tiani durante o seu discurso.

Sobre a possível intervenção militar da CEDEAO no Níger, Moussa limitou-se a manifestar a sua absoluta concordância com a organização, entendendo que "este golpe já é de mais" depois dos ocorridos no Mali e no Burquina Faso.

"A ordem constitucional não pode ser ignorada assim. Devemos restaurar o Presidente Bazoum e negociar a saída dos líderes golpistas para que as coisas voltem ao normal", acrescentou.

No sábado, o general Tiani assegurou que a transição não pode exceder três anos e alertou os países estrangeiros contra uma intervenção militar no seu país.

"A nossa ambição não é confiscar o poder", disse Tiani, durante um discurso, especificando que a duração da transição "não pode ultrapassar três anos".

"Se um ataque for realizado contra nós, não será a vitória fácil em que algumas pessoas acreditam", alertou, um dia depois de ter sido conhecida uma decisão da CEDEAO, afirmando que estava pronta para uma intervenção armada.

Num discurso que durou cerca de 10 minutos, o general Tiani anunciou o lançamento de um "diálogo nacional" dando 30 dias para formular "propostas concretas" com vista a lançar "as bases de uma nova vida constitucional".

As declarações surgem na sequência da visita, ao início do dia, de uma delegação da CEDEAO para procurar uma solução pacífica para a crise.

"A CEDEAO prepara-se para atacar o Níger através da criação de um exército de ocupação em colaboração com um exército estrangeiro", continuou o general Tiani, sem citar um país.

O novo líder do Níger também denunciou sanções "ilegais" e "desumanas" por parte da organização regional da África Ocidental.

Desde 30 de julho, o Níger está sob pesadas sanções financeiras e comerciais impostas pela CEDEAO, que quer o retorno ao poder do Presidente deposto, Mohamed Bazoum, mantido prisioneiro desde o golpe de 26 de julho.

O Níger é o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burquina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.


Balltze, o cão mais famoso da internet, morreu vítima de um cancro... O animal, de raça Shiba Inu, protagonizou vários memes.

© Balltze/Instagram

Notícias ao Minuto   20/08/23 

Cheems Balltze, o cão mais famoso da internet e protagonista de vários 'memes', morreu, na sexta-feira, vítima de um cancro. O animal, de raça Shiba Inu, tinha 12 anos e enfrentava vários problemas de saúde desde 2022.

O anúncio da sua morte foi feito pela família, através da rede social Instagram. "O Ball Ball adormeceu a 18/08. Adormeceu na sexta-feira de manhã durante a sua última operação de toracocentese", lê-se.

"Inicialmente, queríamos fazer quimioterapia ou outro tratamento possível para ele após esta operação, mas agora é demasiado tarde", acrescenta a nota.

A família pede ainda às pessoas que "não fiquem tristes" e se lembrem da "alegria que o Balltze trouxe ao mundo".

"Penso que ele está a correr livremente no céu e a comer muita comida deliciosa com os seus novos amigos. Ele estará sempre no meu coração. Espero que ele possa continuar a dar alegria a toda a gente no mundo online, é o meu único e humilde pedido", acrescenta a nota.

Nas redes sociais, são vários os tributos prestados ao animal, que residia em Hong Kong.

"Obrigada por todas as imagens engraçadas para usarmos nos nossos 'memes'" e "Obrigada por todos os 'memes' e risos" são das frases mais lidas na rede social X (antigo Twitter).


Russos protestam no Porto contra "assassino e criminoso" Putin

© Lusa

POR LUSA   20/08/23 

Um grupo de ativistas russos em Portugal concentrou-se hoje na Praça da Batalha, no Porto, para protestar contra o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que descreveram como "assassino, culpado e criminoso de guerra".

Vestidos com t-shirts negras com a inscrição em letras maiúsculas "killer e guilty [assassino e culpado]", e com máscaras com a cara de Putin em que se lia "I am a war criminal [eu sou um criminoso de guerra]", os manifestantes, que recusaram identificar-se por medo, contaram que na Rússia se vive um "regime terrorista, de propaganda e de censura".

Por este motivo, contaram, decidiram viver em Portugal, juntamente com as suas famílias.

Querendo "marcar uma posição em relação a Putin", os cerca de 15 manifestantes que estavam sentados na Fonte da Batalha referiram que os russos, "na sua grande maioria", não concordam com as políticas de Putin, mas aceitam-nas por medo.

"Vive-se realmente um clima de medo na Rússia, não se pode falar sem estar constantemente com medo", contou à Lusa Tim, que decidiu dar um nome fictício por temer represálias.

E acrescentou: "Vim para Portugal porque não quero que os meus filhos cresçam naquele clima de medo, propaganda e censura".

Já sobre a ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia, o grupo de ativistas atribuiu a total responsabilidade a Putin.

O conflito já causou, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Além deste protesto no Porto, sob o lema "Putin é um assassino", haverá um outro em Portugal, às 17:00, na Praça dos Restauradores, em Lisboa.

Também comunidades russas noutros países, desde os Estados Unidos a membros da União Europeia, têm protestos agendados para hoje, quando faz três anos que o líder da oposição e ativista russo Alexei Navalny foi envenenado.


Leia Também: Russos protestam em Lisboa e Porto contra "regime terrorista" de Putin

Zelensky confirma: Países Baixos vão enviar 42 caças F-16 para a Ucrânia... Os caças F-16 eram um pedido recorrente do presidente Zelensky para uma contraofensiva já em curso.

© Twitter/ Nexta

Notícias ao Minuto    20/08/23 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recorreu à rede social X (antigo Twitter) para anunciar o "acordo" entre a Ucrânia e os Países Baixos, "mais um passo para fortalecer o escudo aéreo da Ucrânia".

"F-16. Esses caças serão usados ​​para manter os terroristas russos longe das cidades e vilas ucranianas. Mark Rutte e eu chegamos a um acordo sobre o número de F-16 a serem enviados para a Ucrânia assim que os nossos pilotos e engenheiros concluírem o seu treino", declarou Zelensky, acrescentando que serão enviados 42 caças para território ucraniano.

"Este é apenas o começo", reiterou.

O anúncio, citado pela agência norte-americana de notícias AP, foi feito minutos depois de Rutte e Zelensky terem inspecionado dois jatos F-16 cinzentos, estacionados num hangar.

De acordo com Rutte, também a Dinamarca dará aviões de guerra F-16 à Ucrânia, cuja entrega será realizada quando determinadas condições forem cumpridas.

Recorde-se que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou na manhã deste domingo a uma base da força aérea neerlandesa em Eindhoven, no sul dos Países Baixos, dois dias após os Estados Unidos terem autorizado o envio de caças F-16 americanos para Kyiv.

Os caças F-16 eram um pedido recorrente de Zelensky para uma contraofensiva já em curso, com vista a expulsar as forças russas das zonas ocupadas no leste e no sul da Ucrânia.

A luz verde de Washington para a entrega dos F-16 da Dinamarca e dos Países Baixos foi anunciada na sexta-feira e era um passo necessário para o fornecimento dos caças norte-americanos, mas não significa uma entrega imediata, dada a necessidade de formação de pilotos ucranianas.

A Ucrânia tem contado com o fornecimento de armamento dos aliados ocidentais na guerra que a Rússia iniciou quando invadiu o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kyiv também decretaram sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.


Níger. Reunião da CEDEAO com junta militar sem resultados

© Lusa

POR LUSA   20/08/23 

A reunião entre a delegação da Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO) e o líder da junta militar que está a governar o Níger teve poucos ou nenhuns resultados, disse uma fonte citada pela AP.

De acordo com esta fonte não identificada citada pela agência norte-americana de notícias, a reunião de duas horas, no sábado, não trouxe qualquer resultado nem identificou os próximos passos, já que os militares que depuseram o Presidente Mohamed Bazoum se recusam a abandonar o poder.

A reunião, na qual participou o líder da junta, o general Abdourahmane Tiani, foi marcada pela diferença de tom que os militares adotaram, sendo inflexíveis na manutenção do poder, mas pedindo desculpa por qualquer eventual desrespeito relativamente ao bloco regional que está a pressionar os militares para devolverem o poder ao Presidente e que já garantiu uma intervenção militar se as negociações falharem.

Durante as conversações, Tiani defendeu o fim das sanções económicas e da proibição de viagens, impostas pela CEDEAO na sequência do golpe de Estado de 26 de julho, argumentando com o sofrimento da população, e mostrou-se convicto de que a França, a antiga potência colonial que tem 1.500 soldados no país, está ativamente a preparar um ataque.

Pouco depois da reunião, o general foi à televisão garantir que a transição para o poder político não pode durar mais que três anos e ameaçou as forças estrangeiras sobre um eventual ataque.

"A nossa ambição não é confiscar o poder", disse, durante um discurso no sábado à noite, acrescentando: "Se um ataque for realizado contra nós, não será a vitória fácil em que algumas pessoas acreditam."

Num discurso que durou cerca de 10 minutos, Tiani anunciou o lançamento de um "diálogo nacional", dando 30 dias para formular "propostas concretas" com vista a lançar "as bases de uma nova vida constitucional".

O também chefe da Guarda Presidencial nigerina anunciou em 26 de julho a deposição de Mohamed Bazoum e o encerramento das fronteiras, devido à profunda crise económica e de segurança no país, que enfrenta um aumento das operações das ramificações do grupo extremista Estado Islâmico e da Al-Qaida.

O Níger é o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burquina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.


Leia Também: Níger. Chefe militar diz que transição "não pode exceder três anos"

SECO SUMARE VULGO ANTONIO DA COSTA…


Por  Abel Djassi 

Morreu um familiar após a notícia do falecimento do jornalista João Umpa Mendes.

Fonte: Radio Voz Do Povo

Um familiar de João Umpa Mendes faleceu esta manhã logo depois de ter recebedo a noticia do falecimento, informou fonte familiar. 

A Rádio Tv Voz do Povo manifesta as mais sentidas condolências a Família enlutada. 

Em atualização...

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O que resta da oposição a Putin?

 Navalny, Gorinov e Kara-Murza acabaram na prisão, Boris Nemtsov, um dos mais duros críticos de Putin, foi assassinado em 2015.

O medo faz com que cada vez mais vozes se calem. Mesmo assim, da política ao teatro e aos meios de comunicação social, ainda há quem tenha coragem de relatar a repressão de Moscovo.

SIC Notícias

Arnaut Moreira: "Ocidente tem medo" e não dá tudo o que Kyiv precisa

© Reuters

POR LUSA  20/08/23 

O analista militar José Arnaut Moreira considera que os aliados da Ucrânia apostaram no gradualismo no seu apoio e não forneceram tudo o que Kyiv precisa para enfrentar a invasão russa, porque "o Ocidente tem medo do Ocidente".  

Quando se assinala um ano e meio da guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, o major-general do Exército destacou em entrevista à Lusa a "opção política" do Ocidente "em fornecer apenas aquilo que é necessário em cada um dos momentos".

Esta opção, prosseguiu, é difícil de compreender em Kyiv e justifica o avanço lento da contraofensiva ucraniana em curso, ao fim de meses de discussões entre os aliados sobre o envio de equipamentos pesados essenciais, como tanques alemães Leopard2 ou os norte-americanos Abrams, que ainda não chegaram ao terreno, os sistemas modernos de defesa antiaérea ou mais recentemente os caças norte-americanos F-16, que na quinta-feira receberam luz verde de Washington mas só deverão chegar aos céus do país no próximo ano.

Estas discussões levaram a "um enorme atraso" nas entregas, na análise do comentador militar, e permitiram a Moscovo "organizar e estabelecer linhas defensivas consistentes", numa atitude dos aliados de Kyiv do que chama "gradualismo de ir fornecendo apenas pequenos incrementos de capacidade de potencial de combate para não irritar a Federação Russa", nem escalar o conflito para lá das fronteiras da Ucrânia.

"Ou seja, a Ucrânia nunca dispõe do potencial de combate suficiente para realizar grandes manobras, porque não está a ser alimentada para isso", apontou, e, nesse sentido, é injusto acusar o Exército ucraniano de lentidão nas suas operações, "porque não tem capacidade para as conduzir mais depressa".

A montante de tudo isto, "o Ocidente tem medo do Ocidente", destacou, porque não quer desde o início as forças da NATO envolvidas numa confrontação direta com a Federação Russa, que também joga com essas cautelas e usa-as na sua narrativa e nas ações psicológicas dirigidas aos aliados sobre as suas 'linhas vermelhas' em relação ao armamento fornecido a Kyiv, como está a acontecer novamente com os mísseis de longo alcance alemães Taurus.

"O Ocidente não tem confiança no Ocidente", insistiu o major-general, numa situação que persegue os aliados desde o fim da guerra fria, em que "se passa o tempo todo a discutir a segurança da Rússia, quando o que se devia estar a discutir era os problemas da segurança da Europa e os seus interesses", incompatíveis com Moscovo, que "não perde nenhuma oportunidade para ameaçar os seus vizinhos", usando o seu mito de invencibilidade, mas que já enfrenta ataques no seu território.

Nesta fase, na ausência de perspetivas de negociações de paz e em que ambas as partes persistem na opção militar, mesmo que o apoio ocidental desaparecesse ou que os russos tenham dificuldade em repor os seus meios, segundo Arnaut Moreira, isso não seria necessariamente o fim da guerra, porque "há muitas outras formas de conduzir o conflito", que não passam necessariamente pela sua natureza convencional, existindo outras possibilidades do ponto de vista político, económico ou outros.

Se o Presidente russo, Vladimir Putin, pode alimentar esperanças em alterações políticas nos Estados Unidos nas eleições de 2024, que conduzam a uma inversão no apoio à Ucrânia - cenário no qual "sobra para a Europa" - Arnaut Moreira alertou que Kyiv aposta na sua contraofensiva militar e "as guerras são guerras de vontade e o que acontece quando o material falta é que mudam na forma como são exercidas".

No caso da Ucrânia, gerou "ódios insanáveis entre duas nações e dois povos que eram irmãos e ucranianos e russos não vão viver mais em paz, é impossível que isso aconteça".

Mesmo que a guerra fique congelada do ponto de vista convencional, "ela pode desenvolver-se noutros patamares na parte insurrecional, por exemplo, como atentados, perseguições de natureza cultural, linguística ou pressões que são feitas do ponto de vista económico sobre as populações".

O que está a acontecer no Mar Negro parece estar em linha com este pensamento, em que apesar do abandono russo da Iniciativa dos Cereais e dos bombardeamentos intensivos aos portos do sul da Ucrânia, as forças de Kyiv tomaram a iniciativa através de ataques estratégicos com os seus próprios meios, já que os ocidentais vêm acompanhados de "asteriscos", ou seja, sujeitos à condição de não serem usados em solo da Federação Russa, que, por sua vez, se sentia muito confortável com isso.

Depois da anexação da Crimeia, em 2014, segundo o comentador militar, a NATO não deu importância à região e, como não reagiu com a colocação de uma frota no Mar Negro, esse vazio foi ocupado pela Rússia, que entendeu que "era seu e só seu", o que leva a que "quem está a responder a este desafio estratégico é a Ucrânia".

Mas, se a Rússia era "dona e senhora do Mar Negro por ausência da NATO, já não é", analisou, porque Kyiv desenvolveu meios de ataque em profundidade com 'drones' navais com raio de alcance de 800 quilómetros, o que conduziu também à mudança da equação na região e não só.

As embarcações de guerra russas passaram a estar vulneráveis, quando dantes se sentiam seguras para fazer fogo à vontade sobre território ucraniano, mas "todas as marinhas do mundo estão preocupadas com o facto de, de repente, aparecer um conjunto de equipamentos que custam apenas alguns milhares de dólares e que podem afundar, danificar ou tornar inoperacionais navios de superfície" de muito milhões de dólares, numa nova demonstração de Kyiv de travar uma "guerra assimétrica", neste caso, por falta de comparência da NATO.


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UCRÂNIA/RÚSSIA: Guerra "está absolutamente perdida" e Putin sabe. Sonho imperial terminou

© Wojciech Grzedzinski/Anadolu Agency via Getty Images

POR LUSA   20/08/23 

O major-general José Arnaut Moreira defende que o sonho imperial russo acabou em abril de 2022, três meses depois da invasão da Ucrânia, e o líder do Kremlin, Vladimir Putin sabe, que a guerra "está absolutamente perdida".

Para o especialista militar, em entrevista à Lusa, a ofensiva russa, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, é "na verdade uma continuação da guerra de 2014", com a anexação ilegal da Crimeia e a insurreição no Donbass, leste da Ucrânia, e só acontece por "desleixo Ocidental", quer da NATO quer da União Europeia, que viviam "numa certa esperança de grande cooperação com a Federação Russa" e fecharam os olhos às ações hostis de Moscovo.

"A invasão de 2022 é a concretização do sonho imperial russo. Isto é, a Federação Russa considerou que estavam reunidas as condições de natureza política, porque a leitura daquilo que tinha feito o Ocidente em relação à guerra de 2014 mostrava o Ocidente desunido, fraco e sem capacidade de resposta", observou, a que se somou a militarização da Crimeia.

Criaram-se, segundo o analista militar, todas as condições para, "em 2022, o sonho imperial russo passar a ter afirmação e expressão territorial", mas que, na verdade, só durou três meses, quando se tornou claro que o poder político não ia colapsar em Kiev e que as forças armadas da Ucrânia eram capazes de conduzir ações de natureza defensiva contra o segundo maior exército do mundo.

"A partir de abril do ano passado começou um novo período a que eu chamaria o período da esperança ucraniana", sustentou Arnaut Moreira, que recordou a recuperação de território pelas forças de Kiev, logo naquele que se encontrava ocupado nas proximidades da sua capital, no norte do país, e da retirada das forças russas das regiões de Kharkiv, no leste, e de Kherson, no sul, no ano passado.

Uma ofensiva falhada de Moscovo no início de 2023 foi acompanhada de campanhas de destruição de infraestruturas civis em pleno inverno.

A anunciada contraofensiva ucraniana começou em junho, atrasada devido a demoras na entrega do equipamento moderno prometido pelo Ocidente, o que permitiu às tropas da Rússia estabelecer defesas bem montadas, justificando os avanços lentos das forças de Kiev desde então, o que, para o major-general, é "absolutamente normal em todas as guerras", porque todas "começam com planos brilhantes" que depois não se verificam.

"Às vezes concentramo-nos muito apenas no pequeno espaço de tempo do que aconteceu nas últimas semanas, mas a verdade é que a Ucrânia já recuperou mais de 50% do território que a Federação Russa conseguiu no início", observou. Adverte, por outro lado, que o número de quilómetros quadrados conquistados é irrelevante quando visto de forma mais ampla.

Segundo o analista, a confirmarem-se, ainda que lentos, os avanços ucranianos no sudeste do país, na direção de Berdyansk, Melitopol ou Mariupol, as tropas de Kiev nem precisam atingir o Mar de Azov, "porque a certa altura a profundidade estratégica é insuficiente" para a manutenção de forças da Federação Russa ocupantes.

"O que é importante não é chegar ao mar de Azov. O que é importante é olhar para onde passam as linhas férreas e para onde passam as linhas de abastecimento rodoviárias, que fazem a ligação entre o Donbass e a Crimeia e a zona de Armyansk, e se essas linhas forem cortadas, vão cair como um castelo de cartas todas as forças russas que se encontrem a ocidente delas (...) e muitos quilómetros quadrados sem disparar um tiro", apontou parecendo-lhe que estes objetivos de Kiev foram "muito bem escolhidos", tal como a Ponte da Crimeia, sem a qual "não é possível sustentar" um grande volume de tropas nesta zona.

"Putin sabe perfeitamente que esta guerra do ponto de vista militar para a Federação Russa está perdida", considerou Arnaut Moreira, que não vê "nenhuma capacidade" de Moscovo conquistar a Ucrânia neste momento, mas também do ponto de vista geoestratégico a derrota é evidente, "não há como esconder".

Ninguém apoia militarmente de forma aberta a Rússia, argumentou, enquanto todo o Ocidente alargado está a ajudar a Ucrânia do ponto de vista económico, financeiro e em armamento, contribuindo também para o isolamento de Moscovo a adesão da Finlândia à NATO, e provável da Suécia, países até aqui neutrais, o que significa que o Kremlin "não tem capacidade de atração sobre os seus vizinhos, apenas de repulsão" e não há liderança geoestratégica sem esse poder.

Um dos argumentos para a invasão russa foi justamente a aproximação da Aliança Atlântica às suas fronteiras, através da Ucrânia, mas ela acabou por acontecer de qualquer forma e bastante extensa, através daqueles países nórdicos - fazendo do Mar Báltico, "onde a Rússia ainda dispunha de alguma liberdade, um mar autêntico da NATO" - e futuramente com a possível adesão de Kiev, também candidata a estado-membro da União Europeia.

Em suma, "a Rússia sai perdedora de todo este conflito", a que se adiciona, ainda no capitulo das fragilidades, a debilidade económica de Moscovo, evidenciada pela acentuada queda do rublo, após o período em que as autoridades russas estiveram "a vangloriar-se de que as sanções não tinham qualquer efeito sobre a economia da Federação" e que mantinha "um conjunto grande de divisas acumuladas em face dos negócios milionários que ela conduziu com a própria Europa em relação àquilo que eram os bens de natureza energética".

Para o major-general, "tudo isso são coisas do passado" e a narrativa de que apenas o rublo conta para efeitos de economia doméstica não é verdade, na medida em que Putin retirou recursos da produção de bens para os colocar na indústria militar e que as importações ficarão mais caras, com custos para a classe média.

A própria guerra fria, lembrou, não terminou com uma derrota militar da União Soviética, mas "com uma derrota de natureza económica e social, porque nada daquilo que foi prometido acabou cumprido", tal como, no mesmo sentido, não augura "nada de bom" para a economia russa.   

Arnaut Moreira também não tem nenhuma perspetiva de negociação entre as partes, como foi levantado na semana passada por um alto funcionário da NATO, sugerindo que Kiev poderia abdicar de território a troco do acordo de Moscovo na sua adesão à Aliança Atlântica (opção prontamente desmentida pelo secretário-geral Jens Stolternberg).

"Cada novo território entregue é uma base de partida para novas aspirações imperiais depois", alertou o analista militar, recordando que cada conquista e derrotas de ambas as partes tiveram custos humanos, e materiais, e frisando que nem vê nenhum ator internacional com capacidade de persuasão para sentá-las à mesa.

A guerra vai então prolongar-se por tempo indeterminado, em que a Rússia, na análise de Arnaut Moreira, já denota dificuldades de reposição de forças, mantendo-se em postura defensiva, enquanto Putin "espera que isto se resolva do ponto de vista político" e pelas eleições para a Casa Branca em 2024, em que uma vitória de Donald Trump poderia virar o jogo a seu favor.


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Sonda russa Luna-25 despenhou-se na superfície da Lua... A nave caiu depois de girar numa órbita descontrolada.

© IKI RAS

Notícias ao Minuto   20/08/23

A primeira missão lunar da Rússia em 47 anos falhou depois da sonda russa Luna-25 ter girado numa órbita descontrolada, acabando por se despenhar na superfície da lua, anunciou a agência espacial russa, Roscosmos, citada pela Reuters.

A agência espacial disse que perdeu o contato com a nave logo depois da colisão.

"O aparelho entrou em uma órbita imprevisível e deixou de existir devido a uma colisão com a superfície da Lua", refere a Roscosmos em um comunicado.

Os problemas a bordo da nave espacial surgiram no sábado quando, às 14h10 de Moscovo (12h10 em Lisboa), os motores impulsionaram a Luna-25 para a órbita de aterragem pré-lunar, escreve a agência espanhola de notícias EFE.

A sonda, que foi lançada em 11 de agosto a partir do Cosmódromo de Vostochny, no Extremo Oriente russo, entrou em órbita na quarta-feira, após uma viagem de cinco dias e quase dez horas.

Em todos os momentos, a Roscosmos informou que os sistemas da sonda estavam a funcionar normalmente, tendo enviado para a Terra imagens da superfície lunar e detetado o impacto de um micrometeorito, entre outros fenómenos.

A sonda deveria aterrar na superfície da lua em 21 de agosto, dois dias antes da sonda indiana Chandrayaan-3, lançada em 14 de julho.


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Estamos de luto!: Faleceu, esta manhã, jornalista e apresentador João Umpa Mendes.

Por  TGB Televisão da Guiné-Bissau