A apresentar mensagens correspondentes à consulta PTG ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta PTG ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Eleições legislativas com 20 partidos e duas alianças aprovadas pelo STJ

© Radio TV Bantaba  Maio 10, 2023

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) validou a participação de 20 partidos políticos e duas alianças nas eleições legislativas do dia 4 de junho, conforme as listas definitivas divulgadas recentemente.

Duas candidaturas partidárias foram recusadas pelo STJ.

Em abril, foram apresentadas ao tribunal as propostas de duas alianças e 22 partidos políticos.

Depois de solicitações de alterações pelo STJ, a aliança que envolve o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) adotou o nome de Plataforma Aliança Inclusiva — Terra Ranka.

Da mesma forma, o partido Resistência da Guiné-Bissau — Movimento Bafatá teve de mudar a sua denominação para Resistência da Guiné-Bissau.

A legislação não autoriza que os partidos políticos tenham em seus nomes referências a cidades, regiões, etnias ou religiões.

A campanha para as eleições legislativas inicia no sábado e se estende até 2 de junho.

A Comissão Nacional de Eleições deve ainda hoje realizar o sorteio dos boletins de voto, que serão impressos em Portugal.

Lista Definitiva dos Partidos que candidatam as eleições legislativa 04 de Junho de 2023

Coligação Plataforma Aliança Inclusiva – Terra Ranca

PRS

MADEM G15

PAPES

RGB

COLIDE – GB

PRID

PUSD

FREPASNA

APR

PTG

MSD

PUN

PALDG

PND

PDD MP- GUINE NOBU

CNA

PNP

PMP

PLGB

APU PDGB

C D



sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Tiros de armas de guerra ouvidos em Bissau

© Lusa

POR LUSA    01/12/23 

Tiros de armas de guerra foram ouvidos hoje, em Bissau, capital da Guiné-Bissau, por volta da 1h20 (mesma hora em Lisboa), prolongando-se por alguns minutos, como testemunhou a Lusa no local.

Os tiros foram ouvidos no bairro de Luanda, arredores de Bissau e desconhece-se a origem dos disparos.

Os tiros acontecem na sequência de tensões vividas durante toda a noite de quinta-feira, depois de o Ministério Público ter decretado a prisão preventiva do ministro das Finanças, Sulemaine Seide, e do secretário de Estado do tesouro, António Monteiro.

Os dois membros do Governo foram levado para a sede da Polícia Judiciária, de onde terão sido retirados das celas por elementos da Guarda Nacional, segundo indicaram à Lusa várias testemunhas.

O ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, foram hoje detidos no âmbito de um processo relacionado com pagamentos a empresários, disse à Lusa fonte judicial.

De acordo com a fonte, Seidi e Monteiro ficaram em prisão preventiva e foram conduzidos para as celas da Polícia Judiciária no bairro do Reno, perto do Mercado do Bandim, no centro de Bissau, após cerca de seis horas de audição no Ministério Público.

Os dois governantes estão a ser investigados no âmbito de um pagamento de seis mil milhões de francos CFA (cerca de 9,14 milhões de euros) a 11 empresários, através de um crédito a um banco comercial de Bissau.

A oposição, que denunciou o caso no parlamento, defende tratar-se de crime prevaricação e desrespeito a normas orçamentais, imputados ao Ministro da Economia e Finanças, ouvido na passada segunda-feira no parlamento.

Naquela instância, Suleimane Seidi confirmou a solicitação do crédito, defendeu que todo o processo obedeceu à legalidade e ainda reafirmou ser um procedimento normal entre os Governos da Guiné-Bissau.

A oposição, na voz do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15) considera o processo fraudulento por envolver "apenas empresários ligados ao Governo" da coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI - Terra Ranka).

Logo após a denúncia do caso, o Ministério Público efetuou buscas e apreendeu documentos no Ministério da Economia e Finanças e ainda no banco que concedeu o crédito para o pagamento aos empresários.

Vários dirigentes do Ministério da Economia e Finanças já foram ouvidos desde a semana passada e hoje os dois principais responsáveis da instituição foram detidos.

Suleimane Seidi e António Monteiro são dirigentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que lidera a coligação PAI -Terra Ranka, no Governo, juntamente com o Partido da Renovação Social (PRS), Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG) e mais cinco pequenas formações políticas.

O Madem G15 e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU - PDGB) são os únicos da oposição no parlamento.

A detenção do titular da pasta das Finanças ocorreu no dia em que o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, o Orçamento Geral do Estado para 2024, agendado para discussão e votação na sessão plenária da Assembleia Nacional Popular, que decorre até 27 de dezembro.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Xº Congresso do PAIGC: O PRESIDENTE DA COMISSÃO ELEITORAL DIZ QUE O EVENTO VAI SER REALIZADO NA DATA MARCADA

Odemocratagb.com

O presidente da Comissão Organizadora do Xº Congresso do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Manuel dos Santos, afirmou que a reunião magna do partido vai ser realizada na data marcada.

Manuel dos Santos disse que as regras que estão a ser estabelecidas neste momento pelo governo “são artificiais”,  não têm nada a ver com a realidade  que se vive no país e têm como intenção tentar impedir a realização do Xº Congresso do PAIGC.  

O presidente da Comissão Organizadora do Xº Congresso  do PAIGC fez essa afirmação esta terça-feira, 08 de fevereiro, na sede nacional dos libertadores. Manuel dos Santos disse aos jornalistas que o PAIGC  “é um partido democrático que cumpre as regras e as leis.

“Na única vez que perdeu eleições em 2000, não houve protestos e nem reclamações e foi calmamente ocupar o seu lugar na oposição”, enfatizou.

O veterano de guerra avisou para que ninguém se engane, porque o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde é uma formação política que nasceu e cresceu na luta, não podendo deixar nunca que os seus legítimos direitos  sejam “pisoteados” por quem quer que seja, nem  por ninguém “um pertenço ministro do interior”.

 “Temos os delegados ao congresso eleitos em todas as regiões, menos no Setor Autónomo  Bissau, porque no dia 05 do mês em curso, a polícia impediu os militantes do PAIGC de entrar na sede dos libertadores, apresentando como justificação uma suposta decisão de um juiz, devido a providência cautelar intentado por um militantes do partido”, lamentou.

“Nada pode impedir os militantes do partido de entrarem na sua sede, isso configura um intolerável abuso de poder perpetrado pelo Ministério do Interior”, acusou, para de seguida  frisar que a pandemia a nível do país e do mundo está a dar sinais de abrandamento, mas na Guiné-Bissau “assiste-se a um endurecimento das regras, particularmente a proibição de reuniões políticas, violando assim os direitos dos cidadãos”.

O responsável da Comissão Organizadora do Xº Congresso do PAIGC esclareceu que as forças da ordem não intervieram para pôr fim a uma eventual reunião que não estivesse a respeitar as regras sanitárias atualmente em vigor, mas sim para impedir os militantes de entrarem na sede do partido.

“Mais grave ainda é que realizaram congressos do Partido da Renovação Social (PRS) e Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), que envolveram miliares de pessoas, sem esquecer as presidências abertas que originaram grande concentração das pessoas, sem respeito às regras sanitárias”, salientou.

O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) marcou a realização da sua décima reunião magna para os dias 17  e 20 do mês em curso em Bissau.

Por: Aguinaldo Ampa

Foto: A.A     

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

RUI DUARTE DE BARROS: Primeiro-ministro guineense promete liderar um Governo "para resultados"

POR LUSA   21/12/23 

O novo primeiro-ministro guineense, Rui Duarte de Barros, prometeu que vai liderar o Governo, que hoje tomou posse, "para resultados" e que tudo fará para "levar o país para a frente".

Em breves declarações aos jornalistas no palácio da presidência, em Bissau, Rui de Barros desdramatizou as críticas de militantes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), do qual faz parte, que o acusam de "traição".


A coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI- Terra Ranka), liderada pelo PAIGC, vencedora das eleições legislativas de junho passado com uma maioria absoluta, distanciou-se do Governo de Rui de Barros, que considera ilegal e inconstitucional.

A PAI- Terra Ranka, que detinha 54 dos 102 deputados no parlamento, formou um Governo com outras formações políticas, nomeadamente o Partido da Renovação Social (PRS), que tinha 12 deputados no parlamento, e o Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG), que detinha seis mandatos.

O Presidente guineense dissolveu o parlamento e demitiu o Governo da PAI -- Terra Ranka no passado dia 04, invocando uma grave crise no país, na sequência de confrontos entre militares e a Guarda Nacional dias antes (na sequência da detenção de dois membros do Governo por alegada corrupção), situação que considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado.

A Constituição guineense estipula que o Presidente não pode dissolver o Parlamento nos 12 meses seguintes às eleições legislativas.

Vários militantes do PAIGC criticam o facto de Rui de Barros, deputado no parlamento agora dissolvido e dirigente do partido, ter assumido um Governo que aquela formação política não reconhece.

"Para nós, o importante é fazer tudo o que for possível para levar este país para a frente e para isso contamos com toda a gente", afirmou o novo primeiro-ministro guineense, que era presidente do Conselho de Administração no parlamento dissolvido.

Sobre a sua equipa, composta por 24 ministros e nove secretários de Estado, Rui de Barros disse que vai "trabalhar para resultados", sem olhar a personalidades e partidos, frisou.

Quem também tem sido alvo de contestações de militantes do PAIGC é Aly Hijazy, antigo Secretário Nacional do partido e que agora integra o Governo como ministro da Administração Pública, Emprego, Formação Profissional e Segurança Social.

Questionado sobre se a sua decisão mereceu a aprovação do PAIGC, do qual é também dirigente, Hijazy disse que sempre pensou e agiu com a sua cabeça.

"É uma decisão minha, aliás, todas as decisões que tomei são minhas, ninguém me influenciou a fazer o que eu não quero fazer", declarou Aly Hijazy, lembrando ser "um cidadão livre".

"Eu acho que a Luta de libertação Nacional foi por causa disto: A liberdade para caminharmos com os nossos pés e guiados pelas nossas cabeças. Em qualquer lugar onde eu estiver, eu tenho de decidir por mim", reforçou Hijazy.

Além destes dois dirigentes do PAIGC, fazem parte do novo Governo guineense outros membros do partido, nomeadamente, Carlos Pinto Pereira, ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e Comunidades, José Carlos Esteves, ministro dos Transportes, Telecomunicações e Economia Digital e Mário Muzante da Silva, ministro das Pescas e Economia Marítima.

A posse do novo Governo não contou com a presença de nenhum elemento da comunidade internacional, contrariamente ao que acontece normalmente no país.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Eleições na Guiné-Bissau. PAICV felicita coligação liderada pelo PAIGC

© Lusa

POR LUSA   12/06/23 

O presidente do PAICV, oposição em Cabo Verde, Rui Semedo, enalteceu hoje a forma "ordeira e responsável" como decorreram as eleições legislativas na Guiné-Bissau e felicitou Domingos Simões Pereira e a coligação PAI -- Terra Ranka pela vitória.

Numa missiva, o presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) começou por notar que, tendo em conta as relações históricas e as afinidades culturais entre os dois povos, normalmente as eleições em Guiné-Bissau são seguidas em Cabo Verde e pelos cabo-verdianos, em geral, com grande interesse.

"O PAICV e eu, particularmente, pudemos acompanhar todo o processo e todos os desafios que o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) teve que enfrentar para cumprir a missão de se apresentar ao último pleito eleitoral do passado domingo, dia 4 de junho, na sequência da dissolução do Parlamento", escreveu o líder do maior partido da oposição cabo-verdiana, da mesma família política.

Sublinhando a forma "ordeira e responsável" como decorreu o ato eleitoral, Rui Semedo entendeu que os resultados eleitorais foram "claros e reveladores" de uma grande vontade dos guineenses em conferir a Coligação Eleitoral Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka uma maioria absoluta para garantir a estabilidade e a governabilidade do país.

"O PAICV apresenta as suas calorosas e fraternais felicitações ao PAIGC e ao seu presidente, camarada Domingos Simões Pereira, e saúda ao povo irmão guineense, pelo civismo, elevada participação e pela escolha, livremente pronunciada", continuou.

Para o presidente, a Coligação PAI - Terra Ranka, da qual o PAIGC é "pedra essencial", terá as condições essenciais para implementar o seu programa eleitoral, melhorar as condições de vida dos guineenses e projetar este país para novos patamares de desenvolvimento.

A Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau divulgou na quinta-feira os resultados das eleições legislativas, que deram a vitória à coligação PAI - Terra Ranka, encabeçada pelo antigo primeiro-ministro e líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, com 54 dos 102 deputados ao parlamento, conquistando assim a maioria absoluta.

Os resultados provisórios anunciados quinta-feira pela comissão eleitoral guineense referem também que o Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15) obteve 29 deputados na Assembleia Nacional Popular, mais dois assentos do que em 2019.

O Partido de Renovação Social (PRS) conseguiu 12 deputados, uma grande descida em relação às legislativas de 2019.

O Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), criado no final de 2021, obteve seis deputados na sua estreia eleitoral.

O grande derrotado nas eleições legislativas é a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau, liderada pelo primeiro-ministro cessante Nuno Gomes Nabiam, que obteve apenas um deputado, quando em 2019 elegeu cinco deputados.


quinta-feira, 8 de junho de 2023

GUINÉ-BISSAU: Coligação vence legislativas com maioria absoluta na Guiné-Bissau

© Lusa

POR LUSA  08/06/23 

A coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) -- Terra Ranka venceu as legislativas da Guiné-Bissau com maioria absoluta, obtendo 54 dos 102 deputados do parlamento, segundo os resultados provisórios anunciados hoje pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

A coligação PAI -- Terra Ranka é liderada por Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu sem maioria as legislativas de 2019 com 47 deputados, e inclui também a União para a Mudança, o Partido da Convergência Democrática, o Movimento Democrático Guineense e o Partido Social-Democrata.

Os resultados provisórios indicam também que o Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15), liderado por Braima Camará, obteve 29 deputados na Assembleia Nacional Popular, mais dois assentos do que em 2019.

Em terceiro lugar ficou o Partido de Renovação Social (PRS) com 12 deputados, uma grande descida em relação ao resultados das últimas legislativas, quando obteve 21 assentos.

O Madem-G15 e o PRS faziam parte do Governo guineense desde 2020, depois de o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, ter demitido o primeiro-ministro Aristides Gomes, que liderava o executivo do PAIGC.

O Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), criado no final de 2021, e liderado por Botche Candé, obteve seis deputados na sua estreia eleitoral.

Nas legislativas de 2019, Botche Candé foi eleito deputado pelo PRS e assumiu as pastas do Interior e da Agricultura no Governo, que agora cessa funções.

O grande derrotado das eleições legislativas é a Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau, liderada pelo primeiro-ministro cessante Nuno Gomes Nabiam, que obteve apenas um deputado, quando em 2019 elegeu cinco deputados.

Quase 900.000 eleitores guineenses foram chamados às urnas no domingo para escolher os novos 102 deputados da Assembleia Nacional Popular, de onde sairá a formação do próximo Governo, depois de o Presidente guineense ter dissolvido o parlamento em maio de 2022.

Durante a campanha eleitoral, Umaro Sissoco Embaló reiterou, em declarações à imprensa, que não nomeará Domingos Simões Pereira primeiro-ministro, nem o vice-presidente do PAIGC, Geraldo Martins.

A coligação PAI -- Terra Ranka reivindicou na terça-feira, em conferência de imprensa, a maioria absoluta nas legislativas de domingo, enquanto o PRS, numa outra conferência de imprensa, disse que todos os partidos políticos conheciam os resultados das legislativas.

O PRS afirmou também que esperava que a CNE se pronunciasse de acordo com a "vontade expressa pelo povo nas urnas".

O Madem-G15, igualmente em conferência de imprensa na terça-feira, lamentou as "especulações demagógicas sobre os resultados eleitorais" para "abrir brechas à tensão política" e pôr em causa o processo eleitoral.

As várias missões internacionais de observadores eleitorais que acompanham o processo eleitoral consideraram na terça-feira que as eleições de domingo decorreram de forma pacífica e ordeira e foram bastante participadas.


quarta-feira, 29 de março de 2023

Chefe do Gabinete: “POLÍCIA JUDICIÁRIA PERSEGUE BOTCHE CANDÉ”

Com  JORNAL ODEMOCRATA  28/03/2023 

O Diretor de Gabinete do Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Braima Tcham, denunciou uma suposta perseguição ao seu ministro, Botche Candé, por parte da Polícia Judiciária (PJ), acusando esta corporação policial de investigação criminal de fazer trabalho parcial para denegrir a imagem do também líder do Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG).

Em conferência de imprensa, esta terça-feira, 28 de março de 2023, Braima Tcham avisou que o gabinete do ministro não vai admitir atos de “difamação, intriga e calúnia” contra a pessoa de Botche Candé, ameaçando interpor uma queixa-crime.

“Quando chegamos aqui, ministério de Agricultura, constatamos que os dois últimos ministros, Marciano Silva Barbeiro e Sandji Fati, contraíram uma dívida de mais de 700 milhões de Francos CFA à empresa SOCOVEN PROAGRE SARL, que fornecia materiais agrícolas ao ministério. Quando recebemos várias toneladas de adubo, a empresa disse-nos para fazermos um encontro de contas. Informamos a todas as instituições e fizemos tal e qual foi acordado. Demos setenta e um mil e duzentos e oitenta (71. 280) sacos de adubo a essa empresa” revelou, afirmando que se a PJ quiser investigar o caso das cinco mil toneladas de adubo doadas ao país, que interpele os dois últimos ministros, porque foram eles quem assinaram o contrato com essa empresa.

“Que a PJ deixe de nos perseguir. Somos perseguidos até aos locais onde tomamos café. Somos guineenses, não merecemos ser tratados desta forma. Não sabemos as motivações das difamações, perseguições e calúnias. Talvez haja alguém por detrás disso. Mas é bom que essas pessoas nos confrontem” insistiu Braima Tcham, denunciando que o Diretor da Agricultura para a região de Biombo terá desviado materiais agrícolas destinados à população daquela zona, o que motivou a sua exoneração, questionando as razões pelas quais o sindicato de base do ministério não falou desse assunto.

Questionado sobre o suposto envolvimento de alguns governantes no corte de madeiras no país, Braima Tcham desafiou a associação da indústria madeireira a exibir publicamente os documentos que comprovam a atribuição de licenças aos governantes que supostamente estão implicados no corte de madeira.

A associação da indústria madeireira denunciou que existiam 12 concessões industriais, mas nos últimos tempos este número subiu para 20 com “novos contratos ilegais”. Tcham refutou estas afirmações, informando que, depois de se ter realizado o concurso público para concessões industriais, apenas a 4 empresas foram dadas novos contratos.

“A empresa CUBA Lda, cujo proprietário é o atual ministro, foi concedida a licença em 2013. Portanto, não é verdade que ele favoreceu a sua empresa no concurso. Eu, enquanto diretor de gabinete, não escrevi e nem vi um contrato de concessão entre o ministro da agricultura, o primeiro ministro, o ministro da defesa e o antigo ministro do interior. Aquilo que aconteceu em 2012 jamais acontecerá aqui, enquanto Botche Candé estiver a frente deste ministério. Se a associação da indústria madeireira tiver esse documento que o apresente publicamente” desafiou, convidando os madeireiros a um debate público sobre esse assunto.

Por sua vez, o assessor de imprensa do Ministro da agricultura, Aliu Maquilo Baio, não duvida que a perseguição contra o seu ministro não é de hoje, lembrando que desde a polémica sobre o tráfico de droga que terá envolvido altos dirigentes do Ministério do Interior que as pessoas tentam envolver Botche Candé no caso, denunciando que o Ministro da Agricultura está sob “perseguição forte sem fundamentos e sem provas” da parte da polícia judiciária.

“Se quiserem investigar o contrato com a empresa SOCOVEN PROAGRE SARL, que interpelem os ex-ministros Marciano Silva Barbeiro e Sandji Fati, na qualidade de assinantes. As pessoas estão a ser instrumentalizadas, mas estamos tranquilos” concluiu.

Por: Tiago Seide

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Guiné-Bissau. Líder da coligação vencedora anuncia em breve nome para PM

© Radio TV Bantaba PAI Terra Ranka Conferência de imprensa sobre eleição

POR LUSA  09/06/23 

O líder da coligação vencedora das legislativas na Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, disse hoje que em breve será conhecido o nome a ser proposto para chefiar o novo Governo e garantiu estar aberto a falar com outros partidos.

"A plataforma nunca apresentou de forma clara quem seria o seu candidato a primeiro-ministro, é o que a plataforma vai fazer a partir desta altura", disse Domingos Simões Pereira, quando questionado pela Lusa sobre quem seria apontado como primeiro-ministro, depois de o Presidente guineense ter recuado na sua decisão.

O chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, afirmou durante a campanha eleitoral que não nomearia Domingos Simões Pereira primeiro-ministro do país caso vencesse as legislativas, mas na quinta-feira, numa mensagem à Nação, reconheceu os resultados e recuou na sua intenção.

"Vamos ter reuniões e discutir essas questões e muito proximamente não só a comunicação social, como o conjunto do povo guineense, ficará a saber qual é a proposta da plataforma para o cargo de chefe de Governo", afirmou Domingos Simões Pereira, na sede do partido, em Bissau.

Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), lidera a coligação Plataforma da Aliança Inclusiva -- Terra Ranka, que venceu com maioria absoluta as legislativas de domingo na Guiné-Bissau, obtendo 54 dos 102 deputados do parlamento guineense.

"Temos de esquecer tudo o que ficou para trás, temos de olhar para frente, temos de olhar de forma positiva e o que vamos encontrar olhando para a frente são as leis e, portanto, quem é homem ou mulher de Estado tem de ter um compromisso com as leis", disse o líder do PAIGC.

"O que se disse anteriormente ficou para trás, ao reconhecer que a plataforma PAI -- Terra Ranka venceu as eleições, ninguém tem dúvidas que é sua responsabilidade apontar um primeiro-ministro, formar o Governo e conduzir a ação governativa", salientou Domingos Simões Pereira.

Questionado sobre se a PAI -- Terra Ranka está disponível para coligações, o líder do PAIGC afirmou que o partido já deu provas da sua "capacidade de abertura, diálogo e inclusão".

"O que posso garantir é que estamos interessados e abertos a falar com todas as formações políticas, queremos ouvir todas as formações políticas, queremos analisar as várias ideias que essas formações podem trazer como contributo para aquilo que é o nosso programa eleitoral, se esse diálogo vai resultar num entendimento para uma eventual participação ou não, é algo que só o tempo irá dizer", afirmou Domingos Simões Pereira.

Nas declarações, o líder da PAI -- Terra Ranka destacou também que as prioridades do novo Governo vão ser resolver o problema da fome, que se faz sentir no país devido à fraca campanha de comercialização da campanha de caju, principal produto de exportação da Guiné-Bissau e do qual depende não só a economia, mas também, direta ou indiretamente, 80% da população.

Domingos Simões Pereira destacou também como prioridades imediatas garantir que o próximo ano letivo começa na data prevista e que decorra sem interrupções e a reintegração de dezenas de técnicos de saúde essenciais para um melhor funcionamento do setor.

A Comissão Nacional de Eleições divulgou na quinta-feira os resultados das eleições legislativas do passado domingo que deram a vitória à coligação PAI - Terra Ranka com 54 dos 102 deputados ao parlamento, conquistando assim a maioria absoluta.

Os resultados provisórios indicam também que o Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15) obteve 29 deputados na Assembleia Nacional Popular, mais dois assentos do que em 2019 e o líder do partido, Braima Camará, já felicitou o vencedor, manifestando-se pronto para colaborar e ajudar a arranjar soluções de estabilidade política para o país.

O Partido de Renovação Social (PRS) conseguiu 12 deputados, uma grande descida em relação às legislativas de 2019, quando obteve 21 assentos, e o líder da formação política, Fernando Dias, disse que respeita a vontade do povo e a mensagem de "repreensão pela companhia em que se encontrava", referindo-se ao facto de ter integrado o anterior Governo.

O Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), criado no final de 2021, e liderado por Botche Candé, obteve seis deputados na sua estreia eleitoral.

O grande derrotado nas eleições legislativas é a Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau, liderada pelo primeiro-ministro cessante Nuno Gomes Nabiam, que obteve apenas um deputado, quando em 2019 elegeu cinco deputados.


sábado, 17 de junho de 2023

GUINÉ-BISSAU: Líder do segundo maior partido da Guiné-Bissau renuncia ao cargo

POR LUSA / Radio Voz Do Povo   17/06/23 

O coordenador nacional do Movimento da Alternância Democrática (Madem-G15) da Guiné-Bissau, Braima Camará, renunciou hoje ao cargo, após a derrota do partido nas eleições legislativas do dia 04.

"Perante este órgão, eu apresento a renúncia do meu mandato", afirmou Braima Camará, quando discursava perante o Conselho Nacional do Madem-G15, reunido para analisar os resultados das eleições legislativas, nas quais o partido obteve 29 dos 102 lugares do parlamento guineense.

O Madem-G15 governava o país em coligação com o Partido de Renovação Social e com a Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau.

O anúncio feito por Braima Camará provocou a agitação entre os 542 membros do Conselho Nacional do partido (composto por 615), que começaram imediatamente a gritar "nunca" e a afirmar que não aceitavam a sua demissão.

Vários membros levantaram-se e juntaram-se, a chorar, à tribuna onde discursava Braima Camará, a pedir para não deixar de ser coordenador nacional do partido, obrigando alguns elementos das forças de segurança a entrar na sala, enquanto outros dirigentes do partido pediam às pessoas para se acalmarem.

Antes de o seu discurso ser interrompido, Braima Camará considerou que é o "único responsável pela derrota eleitoral" e que não "há bodes expiatórios, nem dois culpados".

"O Madem perdeu as eleições. Ponto final. Parágrafo. Não vou a tribunal por causa dos resultados", disse Braima Camará, salientando que a política deve ser feita com nobreza e que "nunca será um primeiro-ministro cozinhado num gabinete".

"Tenho uma visão e uma ideia clara para a Guiné-Bissau", afirmou.

Após a situação na sala estar mais calma, os jornalistas foram convidados a sair, para o Conselho Nacional prosseguir o seu trabalho, de onde deverá sair ainda hoje uma resolução final.

Os resultados das eleições legislativas deram a vitória à coligação PAI - Terra Ranka com 54 dos 102 deputados ao parlamento, conquistando assim a maioria absoluta.

O Madem-G15 obteve 29 deputados na Assembleia Nacional Popular, mais dois assentos do que em 2019.

O Partido de Renovação Social (PRS) conseguiu 12 deputados, uma grande descida em relação às legislativas de 2019, quando obteve 21 assentos, enquanto o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), criado no final de 2021, e liderado por Botche Candé, obteve seis deputados na sua estreia eleitoral.

A Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau, liderada pelo primeiro-ministro cessante Nuno Gomes Nabiam, obteve apenas um deputado, quando em 2019 elegeu cinco deputados.


sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

João Bernardo Vieira: “UM TERCEIRO MANDATO NÃO SERÁ BENÉFICO PARA O PARTIDO E MUITO MENOS PARA O DOMINGOS SIMÕES PEREIRA”

Odemocratagb.com

[ENTREVISTA dezembro_2021] O deputado e porta-voz do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), João Bernardo Vieira, afirmou que a iniciativa de o líder do partido vier a apresentar-se para um terceiro mandato não será benéfico para o partido, muito menos para o próprio presidente do partido, Domingos Simões Pereira, que deve ser preservado para outros desafios. João Bernardo Vieira disse que cabe ao partido determinar esses desafios, dado que têm outras metas a atingir, os próximos embates eleitorais por exemplo, para decidir como vai trabalhar.

João Bernardo Vieira fez essas afirmações em entrevista exclusiva ao semanário O Democrata para falar da sua intenção de concorrer à liderança do partido libertador ou se vai apoiar a candidatura de Domingos Simões Pereira para o terceiro mandato, bem como da situação interna do partido, análise da situação política e governativa do país.

“Sou parte de uma reflexão coletiva dos dirigentes e militantes do PAIGC sobre o futuro do nosso grande partido para os próximos anos e muito em breve farei um posicionamento claro e inequívoco sobre esse assunto. O PAIGC é um partido sério, com uma ideologia muito forte e um projeto de sociedade que visa proporcionar o desenvolvimento aos guineenses”, disse, defendendo que o partido precisa de um diálogo permanente que possa mobilizar as bases para que o PAIGC atinja os objetivos que vierem a ser definidos.

Vieira fez duras críticas sobre a forma como o país está a ser governado neste momento, tendo afirmado que está-se perante uma “catástrofe de governação” que vai levar este país à ruína total, porque “cada dia que passa os guineenses reconhecem que viver já não faz nenhum sentido no nosso país. Os protagonistas políticos que estão no poder estão num concurso de quem consegue destruir mais rápido este país!”

O Democrata (OD): João Bernardo Vieira candidata-se à liderança do PAIGC no próximo congresso que se realiza no mês de fevereiro. Fala-nos da sua motivação e linhas mestras da sua candidatura.

João Bernardo Vieira (JBV): Estando a dois meses do Xº Congresso é natural que qualquer militante ou dirigente que se sinta preparado e que preencha os requisitos previstos nos estatutos se apresente como candidato à liderança do partido. Se eu sou candidato ou não, os militantes e dirigentes do PAIGC devem ser os primeiros a serem informados na medida em que considero que não deve ser necessariamente uma decisão individual, mas sim coletiva.

A verdade é que sou parte de uma reflexão coletiva dos dirigentes e militantes do PAIGC sobre o futuro do nosso grande partido para os próximos anos e muito em breve farei um posicionamento claro e inequívoco sobre esse assunto. O PAIGC é um partido sério, com uma ideologia muito forte e um projeto de sociedade que visa proporcionar o desenvolvimento aos guineenses.

É meu entendimento que, qualquer subscritor de uma moção de estratégia ao congresso, deverá trabalhar mais afincadamente para um PAIGC unido e para todos e desse modo federar os militantes e dirigentes em torno de uma visão que possa catapultar o partido para os lugares mais cimeiros deste país.

OD: Não tendo uma posição clara se vai ou não candidatar-se à liderança do partido, ainda pensa apoiar a candidatura de Domingos Simões Pereira para um terceiro mandato no partido?

JBV: Permita-me em primeiro lugar dizer-lhe uma nota pessoal sobre isso. Eu tenho uma grande estima e consideração pelo presidente do partido, Eng. Domingos Simões Pereira. Devo dizer que cresci politicamente ao lado do Eng. Domingos Simões Pereira e jamais me esquecerei disso… Ele é meu irmão ontem, hoje e será sempre o meu irmão mais velho.

A mesma motivação que me levou a participar na fundação de um projeto político que ele liderou há sensivelmente dez anos. A mesma motivação é que me leva a afirmar que um terceiro mandato não será benéfico para o partido e muito menos para Domingos Simões Pereira. Penso que o nosso presidente deve ser preservado para outros desafios…

OD: Quais são estes desafios que, doravante, o Eng. Domingos Simões Pereira deve encarar ?  

JBV: Caberá ao partido determinar esses desafios. Temos outras metas a atingir. Temos ainda os próximos embates eleitorais e mediante isso o partido determinará como fazer.

OD Qual é a sua opinião sobre a situação interna no PAIGC. Que avaliação faz da liderança de Domingos Simões Pereira?

JBV: Como eu disse, tenho uma grande admiração por ele. Penso que tendo a possibilidade ou não de vir ser candidato, devo dizer que os problemas que o PAIGC tem vivido não são diferentes daqueles que os outros partidos vivem. Mas a verdade é que quando acontece com o PAIGC, ganha proporções maiores por se tratar do maior partido político na Guiné-Bissau e um dos maiores da África.

É normal que um partido com a dimensão do PAIGC conheça muitas vicissitudes, contudo entendo que é obrigação de qualquer chefe de fila trabalhar para promover permanentemente o diálogo entre todos os seus militantes no estreito respeito e cumprimento das regras do próprio partido.    

OD: De 2015 a esta parte o PAIGC tem vivido crises internas. Em caso de vitória, como pensa fazer a reconciliação interna no PAIGC?

JBV: Penso que é fundamental promover o diálogo entre as partes. O partido precisa de um diálogo permanente que possa mobilizar as bases para que o PAIGC atinja os objetivos que venha definir.  

OD: Há quem diga que o fracasso do partido nas eleições legislativas e presidenciais deveu-se à falta de empenho e dedicação dos dirigentes do PAIGC. Qual é a sua opinião? E o que deve ser feito para transformar o partido numa estrutura de massa como outrora era considerado?

JBV: É normal que se façam interpretações diversas sobre os resultados que o partido teve nos últimos embates eleitorais, mas também é preciso mencionar que o PAIGC nunca deixou de ser um partido de massas, a prova disso é que o partido foi vencedor das últimas eleições legislativas e continua a ser o partido com maior expressão popular na Guiné-Bissau.

OD: O partido caiu muito nos últimos tempos em termos de resultados nas eleições legislativas. Com a liderança de Domingos Simões Pereira, o partido saiu de 67 mandatos para 57 e depois desceu para 47. Que comentário oferece-lhe fazer sobre este assunto?

JBV: Isso é uma realidade política e o PAIGC até agora tem estado a trabalhar para encontrar respostas relativamente à esta situação. Mas temos que admitir que é o resultado das opções que nós fizemos. É o resultado das opções que o partido fez, portanto temos que aceitar as consequências das nossas ações. 

OD: O partido não teme que a existência dos partidos como MADEM e PTG, criado recentemente, possa criar dificuldades ao PAIGC e levá-lo a perder mais deputados nas próximas eleições?

JBV: Acredito que o PAIGC depende única e simplesmente de si. Depende como vamos encarar os novos desafios, como vamos reorganizar o partido e sobretudo se as pessoas estão dispostas a rejuvenescer o partido. Penso que isso é extremamente importante para que continuemos a ser aquele partido que é a esperança e o farol do povo guineense.   

OD: Enquanto porta-voz do partido, não tem tido um papel de destaque neste segundo mandato de Domingos Simões Pereira. Como explica esse seu afastamento,  porque se remeteu ao silêncio?

JBV: Não houve afastamento nenhum. Houve sim crescimento. Penso que tenho estado ativo no parlamento a mandar corrente elétrica aos detentores do poder no país. Estou sempre disponível para quando for chamado pela comissão permanente do partido para defender as posições do partido e tecer considerações sobre a vida política e social do país. Portanto, não o interpreto como afastamento.

OD: Há quem diga que a sua relação com DSP não está boa. Tudo começou na indicação de dirigentes para a lista de deputados, onde ficou na terceira posição. Que comentário faz?

JBV: Eu, por princípio, não alimento especulações. Reconheço que cada um tem a liberdade de pensar da forma como bem entender! No entanto, devo dizer que estou na política e no PAIGC por convicção, não por este ou aquele cargo. Nós estamos para servir o partido e não para nos servirmos do partido.

Eu não faço parte daquelas pessoas que, quando não são opção da direção superior do partido, fazem uma tempestade num copo de água e arranjam trinta por uma linha. Nos últimos cinco anos não fui opção da direção superior do partido nos vários governos e nem fui cabeça de lista ao cargo de deputado, mas nunca ninguém me ouviu a reclamar.

Respeitei sempre a decisão da direção superior do partido. No entanto, penso que é importante realçar que no momento da conclusão da lista de deputados no Comité Central eu pronunciei-me, sim, nos órgãos do partido, e não foi debaixo de nenhuma mangueira. Alertei para os riscos de inelegibilidade que incorria o porta-voz do partido tendo em conta a posição difícil que ocupava na lista de candidatos a deputado.

Achei estranho que a pessoa que fala em nome do partido e de todos os militantes e dirigentes fosse relegada para uma posição de quase impossível eleição na lista, mesmo sabendo do contexto de promiscuidade entre a política e a justiça em que estávamos a viver colocando assim o porta-voz à mercê dos devaneios do detentor máximo da ação penal.

Toda gente sabia que o PAIGC, nos últimos anos, não elegeu mais do que um ou dois deputados no círculo nove. Ainda assim, trabalhei na região de Biombo de uma forma determinada tendo mobilizado todos os meios financeiros e humanos ao meu alcance.

OD: O que PAIGC os militantes do partido podem esperar nos próximos anos?

JBV: Penso que é importante que o PAIGC retome o seu devido lugar no cenário político nacional, ou seja, na Presidência da República, que continue na Presidência da Assembleia Nacional Popular e que reconquiste a chefia do Governo.

Para isso, esperamos um PAIGC rejuvenescido, com uma coesão interna reforçada, firmeza na defesa dos princípios democráticos e que valorize ainda mais o capital humano existente no seu seio. Não podemos continuar a usar as mesmas estratégias e esperar um resultado diferente. Temos que continuar a ser aquela esperança, aquele farol do povo guineense.

OD: PAIGC está atualmente na oposição. Que mecanismo pretende usar para levá-lo à vitória nas eleições legislativas para governar com tranquilidade até o fim do mandato?

JBV: A reconquista do poder depende única e simplesmente da nossa determinação e coesão interna no partido. Penso que é preciso ter coragem para rejuvenescer o partido, trazendo novos protagonistas com maior determinação e energia que lhes permita uma permanência mais assídua nas bases do partido.

A população precisa sentir o calor e a confiança que o PAIGC transmitiu outrora e que se foi desvanecendo. Por outro lado, há todo um trabalho que deve ser feito para se adotar um discurso político que se enquadre à realidade atual. Por fim, é necessário fazer alianças com outras forças políticas que defendem os princípios do estado de direito, da justiça e da democracia.

OD: Qual é a sua opinião sobre a atual situação política do país?

JBV: Estamos perante uma catástrofe de governação que vai levar este país à ruína total. Cada dia que passa, os guineenses reconhecem que viver já não faz qualquer sentido no nosso país. Os protagonistas políticos que estão no poder estão num concurso de quem consegue destruir mais rápido este país!

De repente dá impressão que este país está pior do que no início da abertura política. Muita gente perdeu a esperança de que um dia este país poderá ver o sonho de Amílcar Cabral realizar-se.

Temos que reconhecer que a Guiné-Bissau está a sangrar e todos nós temos a obrigação moral de estancar esta hemorragia.

Por: Assana Sambú

Foto: A.S

quinta-feira, 8 de junho de 2023

"A Guiné-Bissau ganhou", diz vencedor das legislativas

© Lusa

POR LUSA   08/06/23 

O líder da coligação PAI -- Terra Ranka, Domingos Simões Pereira, vencedora com maioria absoluta as eleições legislativas de domingo, afirmou hoje que a "Guiné-Bissau ganhou" e pediu respeito por todos os que "contribuíram para produzir os resultados".

"A nossa mensagem vai ser muito curta e vai ser muito simples. Acabam de ser proclamados os resultados das eleições legislativas realizadas no dia 04 de junho e os resultados é de que a Guiné-Bissau ganhou", disse Domingos Simões Pereira.

"Como a Guiné-Bissau ganhou e como a plataforma PAI-Terra Ranka sempre prometeu, nós temos responsabilidades e celebramos sim, comemoramos sim, mas vamos respeitar todos os filhos da Guiné, que contribuíram para produzir esses resultados", pediu aos apoiantes o também líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Na sua curta declaração, Domingos Simões Pereira disse também que hoje começou a ser construída a "esperança num novo dia".

O líder da coligação remeteu para sexta-feira uma declaração, porque o chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, vai falar à Nação às 16:00 locais (17:00 em Lisboa), e para sábado as celebrações da vitória.

Enquanto o líder da coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) -- Terra Ranka falava, milhares de apoiantes a celebrar a vitória entraram para a Praça dos Heróis Nacionais, onde está também situada a Presidência guineense, e que está há vários dias encerrada ao trânsito, rompendo os cordões policiais.

As forças policiais reforçaram a segurança junto à Presidência e os apoiantes respeitaram a área delimitada pela segurança.

Até aquele momento, os militantes apenas tinham acesso à porta lateral e às traseiras do edifício, que dão para Avenida Pansau Na Isna, onde está situado o Hospital Nacional Simão Mendes.

A Comissão Nacional de Eleições divulgou hoje os resultados das eleições legislativas do passado domingo que deram a vitória à coligação PAI - Terra Ranka com 54 dos 102 deputados ao parlamento, conquistando assim a maioria absoluta.

O Partido de Renovação Social (PRS) conseguiu 12 deputados, uma grande descida em relação às legislativas de 2019, quando obteve 21 assentos.

O Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), criado no final de 2021, e liderado por Botche Candé, obteve seis deputados na sua estreia eleitoral.

O grande derrotado das eleições legislativas é a Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau, liderada pelo primeiro-ministro cessante Nuno Gomes Nabiam, que obteve apenas um deputado, quando em 2019 elegeu cinco deputados.


segunda-feira, 17 de julho de 2023

COLIGAÇÃO “PAI TERRA RANKA” PROMETE UM GOVERNO DE INCLUSÃO

 O DEMOCRATA  16/07/2023  

O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e da Coligação “PAI-Terra Ranka”, Domingos Simões Pereira, disse que a coligação vai formar um governo de inclusão para dirigir o país nos próximos quatro anos com o propósito de garantir a paz e estabilidade social e governativa aos guineenses.

“Defendemos um governo de inclusão como forma de garantir a paz, a estabilidade social e governativa, por isso, os partidos declarados perdedores vão ser convidados para a governação do país, porque são guineenses que igualmente aspiram o desenvolvimento da Guiné-Bissau”, afirmou. 

O político falava no sábado, 15 de julho de 2023, em Luxemburgo, à diáspora guineense na Europa em gesto de agradecimento aos eleitores pela vitória eleitoral da Coligação.

A Coligação da Plataforma Inclusiva – “Terra RANKA” formada por cinco partidos políticos, PAIGC, UM, PCD, PSD e MDG, foi o vencedor das eleições legislativas realizadas a 04 de junho do ano em curso, com a maioria absoluta, ou seja, conseguiu 54 mandatos, do total de 102, que constituem o hemiciclo da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau.

O MADEM ficou na segunda posição com 29 mandatos, PRS 12 mandatos, PTG 6 mandatos e APU-PDGB tem apenas um (01) mandato.

Falando para os apoiantes da coligação na diáspora, Simões Pereira aproveitou a ocasião para responder algumas questões levantadas nos bastidores sobre a sua participação no governo ou do lugar que vai ocupar no futuro Parlamento. 

Pereira explicou que qualquer função que venha a desempenhar no futuro governo ou mesmo estando fora do mesmo, será ele politicamente responsável pela governação do país nos próximos quatro anos.

“A questão frequente que circula neste momento entre os guineenses é saber se Domingos vai ser primeiro-ministro, se vai presidir o Parlamento? Ou se fará ou não, parte do governo? Prefere a Presidência da República, entre outras imaginações… Perante todo esse exercício de ideias, o que me interessa, em primeiro lugar, é corresponder às expetativas do povo guineense”, assegurou, sem avançar pormenores sobre o assunto.

“Fomos vítimas de maus tratos na governação deles! Não podemos fazer o mesmo para com eles”, assegurou o político.

Domingos Simões Pereira afirmou que está disposto a ser-lhe exigido pelos guineenses se desviar das ideias que convenceram os eleitores a votarem no programa eleitoral da Coligação PAI “TERRA RANKA”.

Refira-se que as autoridades nacionais agendaram a investidura de novos deputados para o dia 27 de julho. 

Entretanto, a formação do governo será depois da posse dos deputados.

Por: Assana Sambú

domingo, 13 de agosto de 2023

Novo governo é "para quatro anos", diz primeiro-ministro da Guiné-Bissau

POR LUSA   13/08/23 

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Geraldo Martins, disse hoje que o governo que lidera é "para quatro anos" e que as promessas eleitorais "devem ser cumpridas".

"Este será um governo de legislatura, um governo para quatro anos e, portanto, todas as promessas eleitorais que foram feitas devem ser cumpridas", afirmou, na tomada de posse dos 18 ministros e 15 secretários de Estado do novo executivo.

Assim, disse Geraldo Martins, o horizonte temporal para o cumprimento das promessas feitas durante a campanha não é "seis meses, não é um ano, são os quatro anos".

A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Indira Cabral Embalo, não esteve presente na cerimónia de tomada de posse.

O novo governo resulta da coligação Plataforma de Aliança Inclusiva (PAI)- Terra Ranka, liderado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu as eleições legislativas de junho com maioria, conseguindo obter 54 dos 102 deputados do parlamento.

Após a vitória nas legislativas, a coligação assinou acordos de incidência parlamentar e governativa com o Partido de Renovação Social (PRS) e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), que integram também o novo executivo.

"Os guineenses podem esperar um governo que vai tentar resolver os seus problemas", afirmou o primeiro-ministro, reiterando que o executivo sabe "quais são as expectativas" e "as preocupações das populações".

Segundo Geraldo Martins, as populações querem que o governo ajude a comercializar a castanha do caju, o controle dos preços dos produtos de primeira necessidade, que as escolas públicas voltem a funcionar normalmente e que a prestação dos serviços de saúde e cuidados primários melhore, além do alargamento do fornecimento de água potável e que haja energia elétrica nas principais localidades e onde seja possível.

Estas são as prioridades do programa de emergência que será "o foco da governação nos primeiros seis meses", assegurou.

Ainda de acordo com o primeiro-ministro, paralelamente ao programa de emergência, o programa de governação será levado para aprovação à Assembleia Nacional Popular.

O programa de governação, referiu, será baseado no plano estratégico e operacional Terra Ranka e no próprio programa eleitoral da coligação PAI-Terra Ranka.

O plano estratégico abrange seis eixos: reforma e modernização do Estado, crescimento económico e redução da pobreza, relançamento do setor produtivo e a infraestruturação do país, valorização dos recursos humanos, política externa e preservação da biodiversidade.

"Todos estes eixos vão agora ser transpostos no programa do governo com medidas detalhadas e um cronograma de execução", adiantou, acrescentando que será dada "prioridade àquelas medidas e áreas que são prioritárias".

"O mais importante é que no final da legislatura possamos cumprir com a promessa eleitoral que fizemos ao povo guineense", referiu.


segunda-feira, 7 de agosto de 2023

PR da Guiné-Bissau recebe formalmente proposta de Geraldo Martins para PM

POR LUSA   07/08/23 

A Plataforma Aliança Inclusiva (PAI)-Terra Ranka, vencedora com maioria das legislativas da Guiné-Bissau, entregou hoje formalmente ao Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, a proposta de nomeação de Geraldo Martins para o cargo de primeiro-ministro.

A proposta foi entregue pelo coordenador da coligação vencedora das legislativas de 04 de junho, Domingos Simões Pereira, ao Presidente guineense após audiências com todos os partidos com assento parlamentar.

"Já foi entregue", disse Domingos Simões Pereira.

Antes o também presidente da Assembleia Nacional Popular e líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) já tinha afirmado, no final da audiência com o chefe de Estado, que iria entregar ainda hoje a proposta formal de nomeação de Geraldo Martins para liderar o futuro Governo guineense.

Além da coligação PAI-Terra Ranka, o chefe de Estado guineense esteve reunido também com o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), que disse ao Presidente não se opor à nomeação de Geraldo Martins para o cargo.

"O Madem-G15 não tem nada a dizer sobre a proposta apresentada pela PAI-Terra Ranka. O Madem está disponível e aberto. Respeitamos os resultados eleitorais e vamos fazer uma oposição democrática no sentido de continuar a estabilizar o país", disse Abdu Mané, líder parlamentar do partido.

O Madem-G15 elegeu 29 deputados e vai liderar a oposição no parlamento.

O Presidente ouviu também o Partido de Renovação Social, que assinou um acordo de incidência parlamentar e governativa com a coligação vencedora das eleições, e o PTG (Partido dos Trabalhadores Guineenses), que está também a negociar um acordo com a PAI-Terra Ranka.

Os encontros terminaram com a audiência ao primeiro-ministro cessante e líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nuno Gomes Nabiam, que informou que entregou a sua demissão do cargo.

"Nós reiteramos a nossa total colaboração, no sentido de o Presidente avançar e nomear o candidato proposto pela PAI-Terra Ranka para primeiro-ministro e consequente formação do novo Governo. Também apresentei a demissão do Governo por mim liderado", afirmou Nuno Gomes Nabiam.

O líder da APU-PDGB, que elegeu um deputado nas legislativas de 04 junho, disse também que não vai assinar nenhum acordo de incidência parlamentar com a coligação vencedora e que vai "colaborar com o novo Governo em tudo o que for bom para o país", mas que também é bom haver oposição.

"Isto é um processo democrático e quem ganha tem de governar e tem de haver oposição. O exercício tem de ser feito assim. A APU está preparada para fazer o seu trabalho enquanto oposição", salientou.