quinta-feira, 21 de setembro de 2023

"O medo passa a fazer parte da vida das famílias de crianças com cancro"

© Reprodução/ Acreditar

Notícias ao Minuto   21/09/23 

Margarida Cruz, diretora-geral da Acreditar - Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro, é a convidada desta quinta-feira do Vozes ao Minuto.

Setembro é o mês internacional de sensibilização para o cancro pediátrico e, por isso, é um momento muito especial para as crianças e jovens com cancro e as suas famílias. A este propósito, a Acreditar - Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro lançou uma campanha com o mote 'O cancro do meu filho mudou tudo', uma vez que o aterrador diagnóstico traz alterações profundas à vida destas famílias.

Em entrevista ao Notícias ao Minuto, a diretora-geral da associação, Margarida Cruz, destaca que o impacto da doença "é muito maior do que aquele que as pessoas pensam", nomeadamente no que diz respeito à perda de rendimento e aumento das despesas, à falta de apoio psicológico para os pequenos doentes e família, na inclusão dos irmãos no processo de tratamento, na alta e no luto, e na discriminação que os pais sofrem no emprego na sequência de longas ausências.

Apesar de ser uma doença rara em crianças, são diagnosticados cerca de 400 casos por ano em Portugal. A taxa de sobrevivência é de cerca de 80%, no entanto, Margarida Cruz destaca que há um "custo de sobrevivência", uma vez que "dois terços" desses pacientes "têm sequelas e, desses, mais de metade têm sequelas graves", nomeadamente devido à agressividade dos tratamentos a que são submetidos.

"Não posso deixar de referir que continua a haver muito pouco investimento nos tratamentos em idade pediátrica e isso terá seguramente consequências na qualidade dos tratamentos destes jovens", afirmou a responsável da Acreditar, salientando a importância do "investimento na oncologia pediátrica" e ainda os desafios vividos por estes jovens, como a "discriminação económica" porque tiveram um cancro que os irá acompanhar para a vida.

"A vida deles não volta a ser como era, assim como a vida dos pais", lamenta Margarida Cruz.

A vida dos pais de crianças com cancro tem um impacto tremendo, não apenas na questão da saúde, mas do ponto de vista socioeconómico

Setembro é o Mês Internacional de Sensibilização para o Cancro Pediátrico. Este ano o mote é 'O cancro do meu filho muda tudo'. Em que consiste esta campanha? 

É, no fundo, falar sobre a questão de como ter um filho com cancro afeta a vida das pessoas em seu redor e explicar um bocadinho a quem não passou por essa experiência que o impacto é muito maior do que aquele que as pessoas pensam. É claro que quando se pensa num cancro e pensa num filho doente, pensa-se imediatamente em hospital, tratamento e sofrimento físico. E tudo isso está lá presente e é uma coisa que afeta as crianças ou jovens enquanto estão doentes e depois de terem estado doentes, porque há sequelas - dois terços dos jovens sofrem sequelas sobretudo pela agressividade dos tratamentos - e a vida deles não volta a ser como era, assim como a vida dos pais.

Foi, nesse sentido, que um conjunto de mães que passaram por esta experiência quiseram dar voz à campanha de sensibilização que a Acreditar está a realizar, explicando que a vida dos pais de crianças com cancro tem um impacto tremendo, não apenas nestes aspetos que estava a falar que tem a ver com a questão da saúde, mas também do ponto de vista socioeconómico, porque a maioria tem de se deslocar para que os filhos façam tratamentos, que são apenas feitos no Porto, Lisboa e Coimbra, portanto, o resto das famílias tem de se deslocar, o que significa sempre uma despesa acrescida, não só para as deslocações, dependendo da frequência das mesmas, como para arranjar alternativas para os outros irmãos, que ficam em casa e às vezes precisam de um apoio, de um reforço. Tudo isto são acréscimos numa altura em que as pessoas veem de facto reduzidos os seus rendimentos.

Além da questão emocional, a parte económica é a mais preocupante...

A maior parte dos trabalhadores por contra de outrem vê o seu rendimento reduzido a 65% [subsídio para assistência a filho com doença oncológica] ao mesmo tempo que estão a ter mais despesas. No fundo, aquilo que nós estamos a tentar sensibilizar a sociedade e o poder político é pedindo que estas famílias tenham rendimento líquido equivalente ao que tinham antes da doença, não estamos a pedir mais, apesar de eles terem despesas acrescidas, mas pelo menos que mantenham o rendimento líquido disponível. Mas, se nós pensarmos nas pessoas que têm um pequeno negócio, seja qual for, deixam de trabalhar de todo. E portanto essas se calhar nem esse rendimento conseguem. É muito penalizador e não estamos a falar num mês. Estamos a falar de uma doença que requer, em termos médios, uma ausência da mãe ou do pai, às vezes de ambos, durante dois, três anos. Estamos a falar de um tempo longo.

Há ajudas governamentais que apoiem estas famílias, além do recebimento desse subsídio?

Sim, há mais alguns apoios, dependendo das circunstâncias, que as pessoas têm de tratar necessariamente quando entram no hospital e são normalmente as assistentes sociais dos hospitais que agilizam este tipo de informação aos pais. Mas até aí há algumas questões muito relevantes, porque muitas vezes a assistente faz o seu papel profissionalmente e dá a informação, mas quando um pai ou uma mãe entra no hospital com um filho com cancro, a capacidade de absorção de informação não é muito grande, nem sempre se apercebem de tudo aquilo que podem fazer, como é que podem tratar, às vezes a informação não entra e dizem que não a receberam. Às vezes recebem, mas está como se fosse uma nuvem. E, além disso, é muito burocrática. As pessoas têm de se deslocar a determinados locais para tratar de toda essa documentação numa altura em que não podem largar um filho que está doente. Portanto, a própria fórmula é complexa e difícil de obter para algumas destas famílias. Nós, Acreditar, temos dado apoio a bastantes famílias neste ponto de vista, que não sabem exatamente quais são os seus direitos, até onde é que vão, e, em meu entender, podia ser uma coisa mais simples. Mesmo online deveria ter uma linguagem que seja fácil, onde não haja 20 endereços para distribuir em vários locais diferentes.

Por acaso, sei que há hospitais – não é o caso dos Institutos Portugueses de Oncologia (IPO) nem do Hospital Pediátrico de Coimbra – que têm uma pequena divisão com um funcionário da Segurança Social dentro do próprio hospital, uma coisa simples que, para hospitais grandes com muita gente, é uma opção de uma facilidade incrível, mesmo que não seja a tempo inteiro.

O medo que acompanha os pais não acaba quando lhes dizem que o filho está curado. O medo passa a fazer parte inerente da vida destas pessoas

Um diagnóstico de cancro numa criança muda a vida da família inteira e um dos grandes impactos da doença são os irmãos. Quais são os grandes desafios durante e após o processo? 

Falamos muito pouco dos irmãos das crianças com cancro, mas os irmãos sofrem o afastamento dos pais, às vezes durante muito tempo, o facto de estarem longe do irmão ou da irmã doente e serem muitas vezes excluídos do próprio processo de acompanhamento e tratamento. Basta pensarmos que, na maioria das vezes, não podem fazer visitas aos hospitais e estarem com os irmãos, o que aconteceu durante toda a pandemia. Crianças doentes, que estavam com limitações nas visitas, e não puderam ver os irmãos durante praticamente todo o tempo da pandemia são situações muito penalizadoras. Dei o exemplo da pandemia, que é uma exceção, mas o impacto na vida destes irmãos não é uma exceção, em todos eles têm um impacto grande e todos eles se sentem mais ou menos postos de lado. Já cheguei a ouvir irmãos a perguntarem-se em voz alta porque é que não são eles que estão doentes. Isso significa que toda a atenção está concentrada no doente, logicamente, mas às vezes as crianças não percebem e isso vai ter um impacto nelas e na vida delas para o futuro.

Muitas vezes há complexos de culpa por deixar os outros filhos em casa a cargo de outras pessoas. São processos muito complicados para gerir e depois é a própria gestão do medo que os acompanha, que não acaba quando lhes dizem que o filho está curado. O medo passa a fazer parte inerente da vida destas pessoas, até porque muitas crianças, quando estão doentes, não se apercebem da gravidade da doença que têm e acabam por se adaptar de alguma forma, com umas grandes aspas neste adaptar… Mas conheço crianças para quem a vida de hospital é quase a normalidade da sua vida, eles não se apercebem do impacto. Os pais sim, apercebem-se do risco, dos altos e baixos dos tratamentos, num dia parece que as coisas estão a correr muito bem, no dia seguinte as coisas já não estão a correr tão bem, portanto, acho absolutamente essencial que houvesse um apoio psicológico de qualidade.

Os pais tornam-se o pilar dos filhos durante a doença, têm de suportar a dor do filho e a sua própria dor, enquanto a vida dá uma volta de 180º… O apoio psicológico disponível é insuficiente?

O acompanhamento psicológico em Portugal - como se sabe, ainda recentemente, houve notícias sobre isso para a sociedade em geral – é escasso e nos hospitais é muito difícil conseguir obter esse acompanhamento para os doentes, para os cuidadores e depois para a família que está doente também, porque toda a família fica um bocadinho doente também.

Aquilo que se passa nos hospitais é que não há técnicos que cheguem para dar apoio a todas as famílias que precisam. As instituições vão tentando colmatar - no caso da Acreditar temos uma consulta de psicologia para os pais, que criámos há cerca de dois anos, sentindo que isto era uma necessidade premente, mas também não temos a capacidade para suportar todas as consultas de psicologia de toda a gente que precisa e não chegamos a todo o lado como gostaríamos. Penso que se calhar se poderia tentar resolver, não tendo os hospitais capacidade, tentar uma situação de um cheque psicólogo como há um cheque dentista… Estou agora a especular, mas talvez isso ajudasse os pais a procurarem um técnico que pudesse apoiá-los. Mesmo quem tem seguros, a comparticipação destas consultas é muitíssimo baixa e a maior parte das famílias que nós acompanhamos não tem seguro e, na maior parte dos casos, os seguros excluem o cancro.

A discriminação laboral é sempre muito difícil de conseguir provar (...)  É fundamental tornar estas situações cada vez mais públicas para que as pessoas entendam que estamos a falar de uma doença que se prolonga

Outra questão focada na campanha é a discriminação no emprego. Após o período de ausência para assistência, os pais têm de continuar a faltar para acompanhar os seus filhos em consultas e tratamentos, o que também lhes traz novos problemas...

Não quero ser injusta para com as entidades patronais, até porque sei que há muitas que são inexcedíveis quando têm um colaborador que vive uma situação destas, ajudam em tempo, deslocações, em flexibilidade e compreensão, no fundo aquilo que é preciso. Há muitos que têm essa atitude.

No entanto, se pensar na experiência dos últimos mais de 20 anos, a maior parte das famílias que vejo serem afetadas neste ponto de vista, são famílias que têm empregos mais precários e menos especializados. Já têm outro tipo de problemas e passam a contar também com estes. Porque, normalmente, o empregador que tem um trabalhador que é muito especializado, que lhe faz muita falta, tende a ser mais compreensivo e mais flexível. Aquele que tem um trabalhador que cujo trabalho é mais ou menos indiferenciado e que pode contratar A, B ou C de alguma forma, acaba por ter uma atitude de não poder esperar, porque esta pessoa está sempre fora e não está a resolver o problema e assim por diante… Nesses casos, acabam por contratar outras pessoas e arranjar formas de tentarem escapar deste trabalhador. Já temos dado apoio jurídico a algumas pessoas que são alvo deste tipo de discriminação. Noutros casos são os próprios colegas que se sentiram sobrecarregados durante um período de tempo e que entendem que, agora que voltou ao trabalho, a pessoa tem de trabalhar mais, coisas deste género que são complicadas, até porque essa disponibilidade, pelo menos no início, não existe porque a criança pode ir para casa mas precisa de ir ao hospital, precisa de cuidados, de atenção.

Estas questões de incompreensão e, em último caso, de despedimento são fáceis de provar se levadas à justiça?

A discriminação laboral é sempre muito difícil de conseguir provar, não é impossível, mas é difícil, como toda a gente compreende. Muitas vezes são situações encapotadas, alegadamente de más práticas, má execução e outras coisas do género. Por isso é que é fundamental explicar e tornar estas situações cada vez mais públicas para que as pessoas entendam que estamos a falar de uma doença que se prolonga, uma doença que tem impactos muito alargados, sendo que, muitas vezes, a criança requer cuidados e uma presença permanente para dar a medicação a horas, para atender a criança que faz um tratamento e, a seguir, fica muito mal disposta, não tem força, não reage... É muito importante falarmos abertamente, darmos a conhecer, porque poderá levar a que muitos outros empregadores que ainda não assumiram os bons exemplos daqueles que falei no início possam vir a fazê-lo.

Têm-nos chegado não só mais pedidos, mas sobretudo noto que há uma necessidade de valores cada vez maiores

Tendo em conta todos os desafios que temos vindo a falar e até a situação que se vive no país, têm chegado mais pedidos de ajuda à Acreditar? O que visam esses apoios?

Têm chegado mais pedidos de ajuda e em volumes superiores àqueles a que nós estávamos habituados. Os pedidos de ajuda são essencialmente de dois tipos. De pessoas que têm este acréscimo de despesas e precisam de pagar o empréstimo da casa que subiu exponencialmente ou algumas contas que não conseguem pagar e nós tentamos ajudar na medida do possível com dinheiro. Têm-nos chegado não só mais pedidos, mas sobretudo noto que há uma necessidade de valores cada vez maiores. As prestações das casas são um encargo enorme sobre estas famílias e começam a ter muita dificuldade em fazer face. Também nos chegam crescentemente mais pedidos, agora já não das famílias portuguesas, mas das famílias que se deslocam, por exemplo, de Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde para tratamento em Portugal.

Ainda há bem pouco tempo tivemos a necessidade de apoio muito substancial para pagamento de um funeral de uma criança que não foi assumido pela Embaixada, não vou dizer o país porque é sempre desagradável, mas há uma criança que esteve cá, foi tratada e que não houve uma responsabilização por parte da Embaixada relativamente à trasladação do corpo, nem tão pouco da deslocação dos pais que acabaram por estar cá a acompanhar a criança no final de vida. São apoios que nós, cada vez mais, temos de dar resposta, porque não podemos dizer que não. Independentemente de onde vêm, são pais e mães de crianças com cancro e não podem ficar sem apoio.

Em alguns casos somos os únicos que os ouvimos. No caso desta família, fomos os únicos que os acolhemos e que lhe resolvemos o problema no momento em que eles precisavam. O pior momento da vida de uma família é quando têm um filho que morre. É cruel.

A Acreditar aloja várias famílias nas suas casas de acolhimento no país. A casa de Lisboa está a ser ampliada para receber mais famílias, certo?

Temos uma casa no Porto, outra em Coimbra e outra em Lisboa. Neste momento, a do Porto acolhe 16 famílias em simultâneo, a de Coimbra 20 e a de Lisboa, até há pouco tempo acolhia 12 famílias apenas. O IPO de Lisboa recebe cerca de metade de todos os diagnosticados do país e, portanto, era claramente uma casa pequena para dar resposta a todas as necessidades. Por outro lado, também sentimos mais a necessidade de apoiar, não apenas crianças - até aos 18 anos -, mas jovens até aos 25 anos, que é uma tendência internacional considerar estes adultos jovens mais próximos da pediatria pela necessidade de acompanhamento de um cuidador e por tantas outras vicissitudes. Sentimos que era uma necessidade premente e estamos a aumentar a casa, que vai passar a acolher 32 famílias, tem alguns quartos inclusivamente muito destinados aos jovens, em que tem uma pequena suíte com um quarto para o pai/mãe e um quarto para o jovem, para não terem de estar a partilhar o mesmo quarto, com duas casas de banho. Críamos ali um modelo para dar resposta a esta população e acho que está a ficar fantástica e sinto-me muito, muito orgulhosa do espaço que estamos a criar. Só tenho pena que não esteja já pronto, porque temos muita gente a precisar, mas contamos que consigamos abrir as portas até ao final do ano.

Estas casas destinam-se apenas às famílias que têm de se deslocar para os grandes centros para fazer os tratamentos ou também para aquelas que não consigam pagar rendas?

É preferencialmente para famílias deslocadas e o nosso alojamento é totalmente gratuito, as famílias não têm de fazer qualquer pagamento. Se nos aparecer uma família que não tem capacidade de pagar a renda e seja da zona da Grande Lisboa, por exemplo, procuramos ajudá-la a pagar a renda e a manter-se na sua casa. Apesar das nossas casas serem fantásticas, não há melhor do que a sua casa e, se as pessoas estiverem aqui por perto, é mais lógico ajudá-las socialmente e economicamente, procurar fazer um apoio temporário e encontrar soluções mais permanentes. Nestes casos, é preferível que se mantenha a criança dentro da sua área de residência, da escola, dos amigos e da família.

Dois terços dos sobreviventes têm sequelas e, desses, mais de metade têm sequelas graves

Apesar de o cancro ser a causa de morte mais frequente por doença em idade pediátrica, a taxa de sobrevivência é elevada.

A taxa de sobrevivência ronda os 80%, portanto é muito boa. Mas como disse há pouco, dentro da sobrevivência, dois terços dos sobreviventes têm sequelas e, desses, mais de metade têm sequelas graves. E esse é o impacto, o custo que tem a sobrevivência, sendo que a maior parte destas sequelas, como eu já disse, tem mais a ver com os tratamentos do que com a doença em si.

Essas sequelas ficam marcadas até à vida adulta…

Sim, e temos de falar em dois tipos de problemas: na saúde propriamente dita que acompanha os jovens, por exemplo, probabilidade de um cancro em adulto, problemas cardíacos, de fertilidade, de crescimento, às vezes até de aprendizagem… E não posso deixar de referir que continua a haver muito pouco investimento nos tratamentos em idade pediátrica e isso terá seguramente consequências na qualidade dos tratamentos destes jovens. Estamos à espera que exista mais informação e mais investimento na oncologia pediátrica, não sabemos em que moldes a pediatria vai integrar o plano oncológico nacional e será muito importante esse sinal – que o plano oncológico contenha disposições importantes para a evolução da oncologia pediátrica em Portugal, de forma a que o investimento não seja muito pequeno porque há poucos números, mas há impacto de muitos anos na vida de muita gente.

E depois há a questão social, como o caso da discriminação económica que é aquela que visa um jovem que teve um cancro com cinco anos de idade, que está curado e vai tentar obter um empréstimo para comprar uma casa, onde lhe é pedido um seguro de vida e não o consegue fazer. É uma discriminação que, à partida, a nossa lei não deveria permitir porque a legislação portuguesa proíbe a discriminação, nomeadamente na contratação de créditos, mas que acontece, mesmo depois de ter sido publicada a Lei do Direito ao Esquecimento, a tal lei que permitia que este tipo de jovem, após cinco anos, não tivesse de declarar sequer que teve um cancro, nem dar qualquer dado sobre a sua doença. Fomos, de facto, pioneiros na publicação dessa lei em janeiro de 2022. No entanto, a lei carecia de regulamentação, não foi regulamentada e a discriminação, de alguma forma, continua. Há seguradoras, empresas financeiras que consideram que a publicação da lei bastou, e há aquelas que entendem que não e continuam a exigir documentação adicional. Aliás, foi anunciado que o Parlamento Europeu iria consagrar o direito ao esquecimento e espero que essa notícia venha voltar a acordar os nossos governantes no sentido de regulamentarem uma lei que é fundamental para a não discriminação destes jovens.

Pais não conseguem fazer luto do filho em 20 dias, nem em 20 meses, nem sei se conseguem fazer em 20 anos

Pioneira foi também a petição 'O luto de uma vida não cabe em 5 dias', lançada pela Acreditar, a qual conseguiu alterar o período de luto pela morte de um filho para 20 dias. Foi uma luta ganha para os pais das crianças com cancro?

Foi fundamental para os pais poderem ter mais este bocadinho de tempo para começarem a pensar em reequilibrar a sua vida. Não conseguem fazer o luto em 20 dias, nem em 20 meses, nem sei se conseguem fazer em 20 anos, agora, o que eu sei é que este tempo era o mínimo e indispensável para que as pessoas pudessem voltar a casa, voltar a estar com os outros irmãos e acolher a sua dor. Se me pergunta... chega? Acho que não, mas é o equilíbrio possível entre ter cinco dias, como tínhamos, e que se calhasse perto de um fim de semana, nem cinco dias eram, e ter os 20 dias, que já dão um bocadinho de folga. Sinto que os pais ficaram confortados, de alguma forma, pelo facto de se terem lembrado deles numa altura tão difícil da sua vida.

Voltando à campanha, o 'Setembro Dourado' tem (novamente) o Alto Patrocínio do Presidente da República e de vários municípios que se associaram à causa. Que importância têm estas 'parcerias' para estas pessoas?

Imensa importância para os pais, o facto de sentirem que não estão sozinhos, de que existe uma sociedade que se preocupa com eles, porque há alturas muito críticas, com muito isolamento e a pessoa pergunta-se muitas coisas 'porquê eu? Porquê o meu filho?' e sente-se só. Quando há um Presidente da República ou uma autarquia que dizem 'nós estamos convosco' – convosco são pais de crianças com cancro, crianças com cancro, jovens com cancro – para eles é fundamental. Até porque este movimento do 'Setembro Dourado' é um movimento internacional, em favor do cancro pediátrico, é o mês de sensibilização para os problemas que existem, portanto, é mesmo fundamental que estas entidades se envolvam com as famílias e com os seus problemas.

De que forma é que as pessoas, nomeadamente os leitores do Notícias ao Minuto, podem ajudar estas famílias através desta iniciativa?

Podem partilhar a informação, que é uma forma de chegar a muito mais gente, podem associar-se a nós, tentando ajudar-nos nas mais diversas formas, e portanto basta irem ao site da Acreditar e verem o que podem fazer. Nós podemos servir de veículo para chegar a estas famílias, a estas crianças e a estes jovens, temos o maior gosto de o fazer e de ter a ajuda da sociedade e de todos os que queiram envolver-se.



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Nada substitui as Nações Unidas e Guterres está a "manter a bola em jogo" ...Marcelo Rebelo de Sousa

© Jeenah Moon/Bloomberg via Getty Images

POR LUSA   21/09/23 

 O Presidente da República considerou na quarta-feira que António Guterres tem conseguido "manter a bola em jogo" nas Nações Unidas, o que no seu entender é "um milagre", e insistiu na necessidade de reforma desta organização.

"Deixar cair as Nações Unidas é deixar cair o único sítio onde todos se podem encontrar. Se se perde isso, substitui-se por quê? Por nada", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, em Nova Iorque.

Segundo o chefe de Estado, "é um milagre aquilo que tem feito o engenheiro Guterres" enquanto secretário-geral das Nações Unidas, "que é manter a bola em jogo, puxando por aquilo que é convergência", condicionado pelo "veto de alguns membros do Conselho de Segurança".

No seu entender, Guterres tem procurado "não deixar deslaçar o tecido" da organização, colocando na agenda temas como "o clima, o futuro, a situação das mulheres, a proteção das minorias, as migrações, as crianças, as transformações sociais, a ciência e tecnologia" e procurando "intervir quando pode na parte da guerra, que é o mais difícil".

Enquanto Marcelo Rebelo de Sousa falava, à entrada da missão permanente de Portugal junto das Nações Unidas, soavam sirenes à medida que passavam comitivas dos países-membros, o que o levou a observar que, apesar de tudo, "o multilateralismo está vivo".

Para o Presidente da República, "a grande interrogação dos próximos anos" é se os líderes mundiais vão ser capazes de "reformar as Nações Unidas, para as tornar mais operacionais" e de "reformar as instituições financeiras para que os países ricos não fiquem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres".

No discurso que fez na terça-feira, primeiro dia do debate geral anual entre chefes de Estado e de Governo dos 193 países-membros das Nações Unidas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "é tempo de cumprir" essas reformas, apelando a que se passe das palavras à ação.

Pelas reações de outros líderes mundiais, o chefe de Estado ficou convencido de que o ouviram e parecem ter concordado: "Agora, se além de ouvirem e de concordarem, se são capazes e querem e vão dar passos nesse sentido, essa é a minha interrogação".

"Pode ser que sim, eu tenho a esperança de que sim, que tenham percebido que é do interesse de todos. E quando é do interesse de todos é bom que se faça um esforço para mudar aquilo que já se percebeu que não dá. Eu já ouço falar do facto de as Nações Unidas estarem desatualizadas há décadas", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que o futuro das Nações Unidas também depende de eleições nacionais que aí vêm: "Há eleições presidenciais americanas, há eleições europeias, há eleições presidenciais em vários países do mundo e, portanto, aí joga depois a política interna".

Nos últimos três dias passados nas Nações Unidas, além de discursar na 78.ª sessão da Assembleia Geral, o chefe de Estado interveio em cimeiras sobre o desenvolvimento sustentável e o clima, deixando uma mensagem sobre a responsabilidade dos políticos perante as populações, e num debate aberto do Conselho de Segurança em que reiterou o apoio de Portugal à Ucrânia contra a invasão da Federação Russa.

Sobre este último debate, o Presidente da República atribuiu à China a tentativa de "aparecer como neutral" e identificou a posição da Rússia como "muito defensiva", num contexto em que "a maioria esmagadora foi -- como se esperaria, pelas inúmeras resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas -- ao lado da Ucrânia".



Lula e Zelensky estiveram reunidos. "Conversa franca e construtiva"

© Zelensky / Rede social X

POR LUSA    21/09/23 

O Presidente brasileiro e o seu homólogo ucraniano estiveram hoje reunidos, com Lula da Silva a salientar "a importância dos caminhos para construção da paz" e Volodymyr Zelensky a referir a "conversa franca e construtiva".

Após o encontro, que começou por volta das 16:00 no hotel onde o Presidente brasileiro está hospedado durante a sua estadia na cidade norte-americana para participar da 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, os dois chefes de Estados lançaram breves notas nas suas redes sociais.

"Hoje me reuni em Nova Iorque com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Tivemos uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países", escreveu Lula da Silva, na nota, acompanhada por uma fotografia dos dois.

Por outro lado, Volodymyr Zelensky frisou que ambos tiveram "uma conversa franca e construtiva"

"As equipas diplomáticas receberam instruções para trabalhar nas próximas etapas das relações bilaterais e nos esforços para restaurar a paz. O representante brasileiro continuará a trabalhar nas reuniões sobre a Fórmula de Paz", acrescentou.

O encontro entre Lula da Silva e Volodymyr Zelensky, que aconteceu depois da reunião que o líder brasileiro teve com o Presidente norte-americano, Joe Biden, contou ainda com a presença do o chefe de gabinete da Presidência ucraniana, Andrii Iermak, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, um assessor para a política externa e o assessor para assuntos militares da Ucrânia, de acordo com a imprensa brasileira.

A comitiva de Lula da Sila contou com ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o secretário de Comunicação Social, Paulo Pimenta, e o assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim.

Mais tarde, um comunicado do Itamaraty, relativamente a uma conferência de imprensa do ministro das Relações Exteriores refere "os presidentes instruíram suas equipes a continuarem em contacto e o presidente Lula disse que um representante continuará participando das reuniões do Processo de Copenhaga, para discutir possibilidades de paz".

"O presidente Lula e o presidente Zelensky tiveram uma longa discussão em um ambiente tranquilo e amigável. Trocaram informações sobre os países e a situação do mundo neste momento", acrescentou o ministro.

Esta foi a primeira vez que Lula da Sila e Volodymyr Zelensky terão um encontro bilateral, depois de, em maio, à margem da cimeira do G7, o encontro ter acabado por não acontecer, com Volodymyr Zelensky a referir que "não houve diligências" por parte de Lula da Silva.

Por outro lado, o chefe de Estado brasileiro afirmou ter ficado "chateado" após a delegação ucraniana adiar o encontro até finalmente não aparecer.

Apesar de condenar a invasão da Rússia na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, o Presidente brasileiro já tinha, em abril, admitido a cedência da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014, como uma saída para o conflito e, na cimeira dos BRICS, voltou a pedir uma paz negociada e o abandono de uma "mentalidade obsoleta da Guerra Fria".

Lula chegou mesmo a afirmar que "quando um não quer, dois não brigam".

A reunião agora confirmada entre os chefes de Estado do Brasil e da Ucrânia acontece numa altura de relação conturbada entre os dois países, devido a declarações que Lula da Silva tem proferido em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a última das quais ao afirmar que não prenderia o Presidente russo, Vladimir Putin, ao abrigo de uma decisão do Tribunal Penal Internacional, caso este viesse ao Brasil.

O Presidente brasileiro voltou atrás nas declarações dizendo que tal decisão caberia à justiça brasileira, mas insistiu que o país deveria rever a sua presença no Tribunal Penal Internacional.

Putin é alvo de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional emitido em março, por suspeita de crimes de guerra pela deportação de crianças ucranianas.

"Quero muito estudar essa questão deste Tribunal Penal, porque os Estados Unidos não são signatários dele, a Rússia não é signatária dele. Então, eu quero saber por que o Brasil é signatário de um tribunal que os EUA não aceitam. Por que somos inferiores e temos de aceitar uma coisa?", afirmou Lula da Silva, na Índia, durante a sua participação na Cimeira do G20, na semana passada.

Dias antes, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, lembrara o homólogo brasileiro que os ucranianos são vítimas da invasão russa e que "a guerra não é no Brasil", afastando concessões territoriais e pedindo respeito pelos Estados independentes.

"A guerra é em concreto na Ucrânia, as vítimas são concretamente os ucranianos. Não são os brasileiros, ou outros europeus, nem americanos. São concretamente dezenas de milhares de pessoas, centenas de milhares, que morreram ou ficaram feridas, são as nossas casas que foram atacadas ou bombardeadas, não as casas do Brasil ou de outros países", afirmou Zelensky em entrevista à RTP.



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GUINÉ-BISSAU: O presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, defendeu hoje que, 50 anos após a independência, é chegado o momento de cumprir o prometido e colocar a população como única prioridade no país.

© Lusa

POR LUSA   21/09/23 

Após 50 anos, é preciso cumprir para com o povo da Guiné-Bissau

O presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, defendeu hoje que, 50 anos após a independência, é chegado o momento de cumprir o prometido e colocar a população como única prioridade no país.

A segunda figura do Estado guineense e presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) vincou, em entrevista à Lusa, a responsabilidade dos políticos nas condições atuais do país, que se prepara para assinalar, no domingo, os 50 anos da independência de Portugal.

Durante todo o fim de semana, deputados, restantes órgãos de soberania e convidados viajam até Lugadjol para recriar o momento da primeira assembleia constituinte, nas matas de Madina do Boé, um local de difícil acesso, que torna o evento "uma missão quase impossível", como admitiu o presidente do Parlamento.

"Mas eu penso que é essa impossibilidade que tem que tocar a nossa mente, tem que tocar a nossa responsabilidade para lembrarmos de onde é que partimos e o que prometemos a nós próprios há 50 anos e ter em conta que este povo já aguarda por nós há muito tempo", afirmou à Lusa.

Se os combatentes que declararam a independência há meio século no mato conseguiram lá chegar "em circunstâncias terríveis", Domingos Simões Pereira considera que os atuais responsáveis pelo país também têm "que conseguir", e sobretudo cumprir o desenvolvimento prometido à população.

"Depende de nós, depende dos guineenses, nós já fomos capazes de colocar muitos desafios e muitas prioridades, é chegado o momento de colocarmos a melhoria da condição de vida da nossa população como praticamente a única prioridade", preconizou.

O presidente da ANP defendeu que é necessário que todos conheçam a história do país, que os alunos possam aprender "a epopeia daqueles que de facto deram tudo o que tinham de mais valioso em troca da sua liberdade".

"Hoje beneficiamos de um quadro de paz, de alguma tranquilidade e tudo isto se deve às mulheres e homens que foram capazes de construir a independência. Ainda falta mudar muito, mas até a capacidade de sonharmos com essa mudança tem a ver com o facto de sermos livres e isso não pode ter preço", sublinhou.

O presidente do parlamento considerou que está por cumprir parte do sonho, que tem como símbolo maior o histórico Amílcar Cabral, pois continuam a faltar à população guineense "coisas concretas" como "uma melhor qualidade de vida, melhores escolas, melhores estradas".

Domingos Simões Pereira lembrou que "quando Cabral convocou o povo guineense para a luta de libertação, que se transformou em luta armada, lançou uma divisa extraordinariamente importante, o princípio da unidade, era a primeira vez que todo o povo guineense se juntava por um desafio".

"Todos nós que ouvimos Cabral dizer que a independência era o programa mínimo, o programa maior era a construção do país, agora estamos a perceber que ele se referia ao facto de nós não termos escolas, não termos urbanidade. Eu vejo, muitas vezes, sermos comparados com outras realidades e dizerem como é que estes conseguiram e como é que eles não estão a conseguir", observou.

"Há 50 anos, a Guiné-Bissau tinha 14 pessoas com formação média oficial, hoje temos milhares e portanto temos que assumir o desafio do momento, temos que rever toda a nossa programação e assumir um compromisso connosco e com a sociedade", acrescentou Simões Pereira.

O presidente da ANP considerou que "o desenvolvimento de uma sociedade não se faz com proclamações, não há como queimar etapas, formar uma geração leva tempo".

"Gostávamos todos de já estar num patamar maior, já estar a celebrar outro tipo de conquistas, mas temos que ter capacidade suficiente para compreender que essas etapas não se conseguem queimar. Estamos a aprender, eu espero que ainda viva o suficiente para conhecer o filho do meu filho e com esse poder falar sem complexo", disse.

Domingos Simões Pereira assumiu como responsabilidade própria "legar às próximas gerações de guineenses uma direção, uma orientação".

HFI // VM

Lusa/Fim

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Foto oficial da recepção oferecida pelo Presidente dos EUA terça feira a noite em Nova Iorque

Encontro à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, Presidente da República General Umaro Sissoco Embaló com o seu homólogo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden.

Duelo Ucrânia/Rússia na ONU: Zelensky pede fim do veto da Rússia e Lavrov fala em "nazismo" ucraniano

Zelensky apelou a que seja retirado o direito de veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU. O presidente ucraniano reforçou as principais exigências do plano de paz: a retirada de todos os soldados russos de território ocupado e o regresso às fronteiras originais da Ucrânia, incluindo a Crimeia, o Mar Negro e o Mar de Azov.

Zelensky deixou a sala onde decorria a reunião, quando Sergei Lavrov tomou a palavra.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA RECEBE PRÉMIO DE LIDERANÇA FIN 2023

A margem da 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente da República General de Exército Umaro Sissoco Embaló, recebeu hoje, o “Premio de Liderança de FIN 2023” - Rede de Investimento Estrangeiro.

Cerimónia do Premio de Liderança de FIN 2023 (Rede de Investimento Estrangeiro)... 👇


  Presidência da República da Guiné-Bissau 

Nagorno-Karabakh. Soldados russos mortos a tiro por desconhecidos

© Reuters

POR LUSA   20/09/23 

Um ataque com armas ligeiras contra um veículo em que seguiam soldados russos da força de manutenção da paz em Nagorno-Karabakh fez hoje um número indeterminado de vítimas mortais, informou o Ministério da Defesa da Rússia.

"Um veículo com militares russos foi alvo de fogo de armas ligeiras quando regressava de um posto de observação do contingente de manutenção da paz em Cayataq (cerca de 35 quilómetros a norte da capital de Nagorno-Karabakh, Jankendi). Em consequência do ataque, todos os soldados foram mortos", declarou, num comunicado, o Ministério da Defesa na rede social Telegram, sem quantificar.

O ministério russo também não especificou a hora do incidente, pelo que não se sabe se ocorreu antes ou depois do cessar-fogo declarado entre as partes no Nagorno-Karabakh, mas adiantou que investigadores russos e azeris estão no local para apurar as causas do ataque.

As autoridades da autoproclamada república do Nagorno-Karabakh anunciaram um acordo de cessar-fogo ao meio-dia de hoje, 24 horas depois de o Azerbaijão ter lançado uma operação militar no território separatista povoado por arménios.

As duas partes concordaram em desarmar as suas unidades e dissolver as forças de defesa de Nagorno-Karabakh e vão retomar quinta-feira as negociações, sobretudo no que diz respeito à integração do enclave no Azerbaijão e as garantias de segurança para os habitantes do enclave.

Entretanto, fontes da missão de paz russa indicaram que o cessar-fogo entre o Azerbaijão e os separatistas arménios em Nagorno-Karabakh está, "por enquanto", a ser respeitado.

"Não foram registadas quaisquer violações do cessar-fogo", referiu num boletim informativo o contingente russo, sublinhando que continuam as operações de retirada da população civil.

Segundo as fontes, as forças russas já retiraram 3.154 pessoas, incluindo 1.428 crianças, para o local onde estão instaladas.

Entretanto, em Moscovo, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou hoje quer a crise em Nagorno-Karabakh é "um assunto interno" do Azerbaijão.

"Não há dúvida de que a questão em Nagorno-Karabakh é um assunto interno do Azerbaijão", disse Peskov, citado pela agência Interfax.

"O Azerbaijão está a agir no seu próprio território, o que é reconhecido pela liderança arménia", acrescentou.

Segundo o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, os separatistas do Karabakh "começaram" já a entregar as suas armas.

Entretanto, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, falou hoje por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, mais de 24 horas após o início da ofensiva do Azerbaijão neste enclave separatista, segundo informou no Facebook a porta-voz de Pachinian, Nazeli Baghdassarian.

A Arménia responsabilizou hoje a Rússia pela segurança dos cerca de 120 mil arménios de Nagorno-Karabakh, na sequência da decisão dos separatistas de aceitarem depor as armas e negociar com o Azerbaijão.

O acordo, que pôs termo a uma ofensiva militar lançada pelo Azerbaijão em Nagorno-Karabakh há 24 horas, foi negociado pela força de manutenção da paz que a Rússia mantém no território desde 2020.

Situado no sul do Cáucaso, Nagorno-Karabakh é um pequeno território montanhoso que tinha cerca de 150 mil habitantes antes da guerra de 2020, maioritariamente arménios.

Nagorno-Karabakh foi uma região autónoma da então república soviética do Azerbaijão, mas as autoridades locais anunciaram a intenção de pertencer à Arménia no processo de dissolução da União Soviética.

Estados Unidos, Rússia e França têm mediado o conflito entre a Arménia e o Azerbaijão, um exportador de petróleo para a Ásia Central e Europa.


ONU: Blinken invoca "crimes" russos, Lavrov defende direito de veto

© Lusa

POR LUSA    20/09/23 

 O secretário de Estado norte-americano acusou hoje a Rússia de "crimes contra a humanidade" na Ucrânia "quase diariamente", perante o Conselho de Segurança da ONU, onde o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, defendeu o direito de veto.

"O uso do direito de veto é uma ferramenta legítima estipulada na Carta das Nações Unidas", disse o chefe da diplomacia russa perante o Conselho de Segurança, depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter apelado a que Moscovo fosse privado desse poder.

Lavrov defendeu o direito de veto - detido apenas pela Rússia, Estados Unidos, China, França e Reino Unido - num dia em que também os dez membros não permanentes do Conselho de Segurança pediram que esse poder seja restringido.

O russo, com quase vinte anos à frente da diplomacia do seu país, acusou os Estados Unidos e seus aliados de "tentarem abertamente e sem subterfúgios privatizar o Secretariado (Geral) da ONU (porque acreditam) que têm o direito de acusar aqueles que por uma razão ou outra são inconvenientes para Washington".

Lavrov referiu-se longamente à guerra na Ucrânia, limitando-se a repetir os argumentos de que o Governo de Zelensky discrimina e maltrata os falantes de russo nas áreas orientais.

O chefe da diplomacia russa terminou o seu discurso com palavras favoráveis aos países em desenvolvimento - muitos deles emergentes de golpes de Estado - que estão sujeitos a sanções do Conselho de Segurança.

"As limitações humanitárias às sanções devem ser consideradas, pois devem ser acompanhadas por considerações das agências da ONU sobre as suas consequências humanitárias, em vez de serem acompanhadas por exortações demagógicas de colegas ocidentais. É tão simples quanto isto: que as pessoas comuns não sofram", disse.

Embora não tenha mencionado nenhum Estado em particular, muitos dos países sujeitos a sanções são aliados de Moscovo, como a Síria, o Irão, a Coreia do Norte, Cuba, Venezuela ou Mali.

Do outro lado da mesa estava o embaixador ucraniano, Sergíy Kyslytsya, com os olhos postos no telefone durante pelo menos algumas partes dos comentários de Lavrov, enquanto Blinken, por sua vez, chegou a fazer anotações manuscritas.

Numa reunião em que se antevia um possível confronto entre Zelensky e Lavrov, os dois líderes acabaram por não se cruzar, com o chefe de Estado a abandonar a sala antes de o ministro russo se pronunciar - num movimento que já era esperado por analistas que falaram com a Lusa.

Na reunião do Conselho de Segurança, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou a Rússia de cometer frequentemente "crimes contra a humanidade" na Ucrânia, que invadiu em fevereiro de 2022.

"A Rússia comete crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia quase diariamente", disse Blinken ao Conselho de Segurança da ONU, pouco depois da intervenção de Zelensky.

Antony Blinken atacou ainda a proximidade entre a Rússia e a Coreia do Norte, e alertou para um possível apoio militar de Pyongyang à Rússia face à guerra na Ucrânia.

O norte-americano referia-se a uma reunião da semana passada entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a quem chamou de "ditador".

"Putin disse que discutiram formas de cooperar militarmente e Kim expressou o seu apoio incondicional à Rússia na guerra. Um carregamento de armas entre Moscovo e Pyongyang violaria múltiplas resoluções deste Conselho", frisou.

Blinken disse que é "difícil encontrar um país que despreze mais os princípios das Nações Unidas" do que a Rússia, acusando Moscovo de ter violado os princípios de soberania e integridade territorial com a invasão da Ucrânia.



Leia Também: Zelensky propõe na ONU medidas para limitar poder da Rússia

Liga Guineense dos Direitos Humanos pede liberdade provisória dos detidos no caso de 1 de fevereiro.

Radio TV Bantaba

Técnicos de diferentes estruturas hospitalares e clínicas do País estão numa formação de dois dias, sobre a manutenção dos equipamentos Biomedicinais assim como a apresentação do Software e debate sobre o Estado da energia nos Hospitais, sob lema: A Importância da Engenheria na Saúde.

Radio TV Bantaba

Guiné-Bissau inicia vacinação gratuita contra meningite A e Covid-19

© Lusa

POR LUSA   20/09/23 

O Governo da Guiné-Bissau inicia, na quinta-feira, uma campanha de vacinação gratuita contra a meningite A e a covid-19, que abrangerá todo o país até ao final do mês, anunciou hoje o Ministério da Saúde.

A campanha destina-se a pessoas adultas com idade igual ou superior a 18 anos, no caso da vacina da covid-19, e crianças com idades entre um e 7 anos, na vacinação para a meningite A, segundo o Governo.

O lançamento oficial da campanha está marcado para quinta-feira, no Ministério da Saúde, com a presença do ministro Domingos Malu, e o plano de vacinação prolonga-se até 29 de setembro, por todo o território da Guiné-Bissau.

A vacinação decorre "em instalações de saúde e em outros locais públicos devidamente identificados" e o Ministério da Saúde encoraja todas as pessoas elegíveis a vacinarem-se, "a fim de se protegerem a si próprios, às suas famílias e à sua comunidade", como refere, em comunicado.

O Governo sublinha a importância da vacinação contra a meningite pelo facto de a Guiné-Bissau fazer fronteira com os países africanos da cintura desta doença, "caracterizada por fatores que favorecem a ocorrência de epidemias, tais como viagens e grandes movimentações das populações, más condições de vida, a superlotação, entre outras".

A meningite, como explica, é causada por vários tipos de bactérias ou de vírus que provocam a inflamação das membranas protetoras finas do cérebro e medula espinhal, de origem infecciosa.

A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, geralmente através de gotículas de secreções respiratórias ou de tosse do doente, e os sintomas são febre alta, dores de cabeça, dificuldade de olhar para baixo e a fotofobia.

A campanha "visa contribuir para a eliminação das epidemias da Meningite "A" como problema de saúde pública, sendo o objetivo vacinar todas as crianças de um aos sete anos de idade".

Relativamente à covid-19, apesar de declarado o fim da epidemia, o Governo guineense convida "toda a população adulta" a vacinar-se, alertando que é a forma mais eficaz de evitar manifestações graves da doença.

O Governo guineense conta com apoio técnico e financeiro do UNICEF, Organização Mundial de Saúde (OMS), Banco Mundial, Aliança Global para a Vacinação (GAVI), povo e Governo do Japão, Fundação Bill e Mellinda Gates, Solina, Centro de Prevenção e Controlo de Doenças para África, entre outros parceiros.


A delegação da Câmara do Comércio de Ziguinchor, Senegal está em Bissau no quadro da cooperação com a Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau, CCIAS. A missão acompanhada pelo Secretário Geral da CCIAS, Saliu Bá foi recebida pelo Ministro do Comércio, João Handem Jr.

 Radio Voz Do Povo

Domingos Simões Pereira, presidente do Parlamento em reunião com Pais e Encarregados da Educação da Escola Patrício Lumumba em Bissau.

Radio Voz Do Povo 

Ucrânia reivindica autoria de explosões na Crimeia

Ponte Kerch (AP Photo)

CNN Portugal, 20/09/23

"Podemos confirmar que se trata de ações das forças de segurança e defesa ucranianas contra alvos militares dos ocupantes", disse um porta-voz dos Serviços Secretos do Ministério da Defesa da Ucrânia

Uma série de explosões registadas na Crimeia foram obra das forças ucranianas, confirmaram os Serviços Secretos do Ministério da Defesa da Ucrânia.

"Podemos confirmar que se tratam de ações das forças de segurança e defesa ucranianas contra alvos militares dos ocupantes. O trabalho planeado das forças de segurança e defesa ucranianas continua, é claro, nas instalações militares dos ocupantes, invasores nos territórios temporariamente ocupados, incluindo a Crimeia ucraniana. Muito em breve os pormenores serão tornados públicos pelas Forças Armadas e pelo Estado-Maior", disse o porta-voz da agência, Andrii Yusov à televisão ucraniana.

Segundo Yusov o "objetivo final é, evidentemente, a desocupação da Crimeia ucraniana".

"Nesta fase, as posições do inimigo devem ser enfraquecidas. A Crimeia ainda está a ser utilizada como centro logístico para, entre outras coisas, a transferência de forças e meios inimigos para outras partes da frente. Para destruir este centro logístico, estão a ser utilizadas e implementadas determinadas operações: no mar, em terra e no ar".

Como consequência das explosões, o tráfego na ponte da Crimeia foi suspenso cerca das 13:00 locais.

"O tráfego na ponte da Crimeia está temporariamente suspenso. Pede-se às pessoas que se encontram na ponte e na zona de inspeção que mantenham a calma e sigam as instruções dos agentes de segurança dos transportes", anunciou o Centro de Informação Rodoviária local no Telegram.

Ao mesmo tempo que o tráfego era cortado, foi vista uma cortina de fumo na zona de Sebastopol, do outro lado da península da Crimeia. As cortinas de fumo são frequentemente utilizadas pelas autoridades russas na Crimeia, numa tentativa de impedir tentativas de ataques com drones.

"Como resultado do trabalho dos meios de defesa aérea, de acordo com dados preliminares, os veículos aéreos não tripulados abatidos caíram em Verkhnesadovoye e em Kacha (ambos perto da cidade). Não houve vítimas", afirmou o governador de Sebastopol, Mikhail Razvozhaev, acrescentando que estavam a ser utilizados "meios de dissimulação de aerossóis".


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Foi a primeira vez que o presidente ucraniano discursou presencialmente na ONU desde que Vladimir Puttin mandou invadir a Ucrânia. O tema chave foi a militarização e Zelensky afirma que os crimes de guerra devem ser punidos.


Empreendedorismo - PNUD abre Centro de Inovação e de Oportunidades “KAU CRIAR” em Bissau


Bissau, 20 Set 23 (ANG) – O Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) vai abrir hoje a tarde , em Cupelum de Cima,Bissau, o primeiro Centro de Inovação, Empreendedorismo e de Oportunidades, designado “Kau Criar”.

Para além deste Centro, segundo um documento da Organização distribuida à imprensa, será também apresentada uma plataforma virtual para apoiar e complementar o espaço físico.

“O nosso objectivo é fornecer um espaço para aproveitar o espírito empreendedor vibrante da Guiné-Bissau, cultivar start-ups e promover as capacidades necessárias que gerarão efeitos multiplicadores em toda a nação e além”, lê-se no documento.

Informa que o Centro e o Portal online oferecerão diversos programas e serviços com o objectivo de acelerar o desenvolvimento empreendedor de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), permitindo que contribuam para o desenvolvimento de negócio competitivo, sustentável e resiliente.

O PNUD pede  as pessoas à se juntarem a iniciativa,não só para explorar ideias inovadoras e contribuir para crescimento de estratégias inovadoras, mas também para aproveitar os recursos e oportunidades oferecidos pela plataforma virtual para impulsionar suas ambições empreendedoras e causar um impacto duradouro na Guiné-Bissau.

ANG/LPG/ÂC//SG

Gabão. Detidos filho do PR deposto e colaboradores acusados de "traição"

© STEEVE JORDAN/AFP via Getty Images

POR LUSA   20/09/23 

O filho mais velho de Ali Bongo Ondimba, Bongo Valentin, e colaboradores próximos do gabinete do Presidente deposto do Gabão foram presos e acusados na terça-feira por "alta traição" e "corrupção ativa", anunciou hoje o procurador de Libreville.

O filho mais velho de Ali Bongo, a antiga porta-voz presidencial, Jessye Ella Ekogha, e outras quatro pessoas foram "acusados na terça-feira e colocados em prisão preventiva", disse André-Patrick Roponat, procurador de Libreville, capital do Gabão, em declarações à agência de notícias francesa AFP.

No dia 30 de agosto, menos de uma hora depois do anúncio, a meio da noite, da reeleição de Ali Bongo, no poder desde 2009 e acusado de fraude massiva, os militares, liderados pelo general Brice Oligui Nguema, depuseram-no, acusando o seu regime, nomeadamente, do "desvio massivo" de fundos públicos.

No mesmo dia do golpe de Estado, os militares prenderam um dos filhos do chefe de Estado deposto, bem como outros cinco jovens altos funcionários do gabinete do ex-presidente e da sua mulher, Sylvia Bongo Valentin, que está em prisão domiciliária, mas que os advogados consideram uma detenção arbitrária.

Ali Bongo, primeiro em prisão domiciliária em Libreville durante alguns dias após o golpe, está "livre para se deslocar" e tem a possibilidade de "ir para o estrangeiro", anunciou o general Oligui em 06 de setembro.


SAÚDE: Três problemas de saúde que se manifestam nas mãos... Nunca ignore estes sinais.

© Shutterstock

Notícias ao Minuto   20/09/23 

Tal como outras partes do corpo, as mãos oferecem pistas sobre o estado de saúde de cada um e, infelizmente, nem todos conseguem reconhecer os sinais mais preocupantes. Por isso, no Huffpost, agregador de blogues, especialistas falaram sobre três problemas de saúde graves que se manifestam nas mãos. 

1- Tem saliências vermelhas ou roxas nos dedos

Chamam-se nódulos de Osler e podem ser um sintoma de endocardite, "uma doença rara, mas por vezes fatal, em que o revestimento do coração fica inflamado".

2- Tem um caroço sensível nas mãos e/ou os dedos estalam regularmente

Quando tenta dobrar ou endireitar o dedo ele fica preso ou estala? Pode sofrer de tenossinovite estenosante. Normalmente, acontece quando "um tendão, do qual dependemos para mover os dedos, fica demasiado inflamado para deslizar facilmente através das articulações das mãos".  É, muitas vezes, o resulta do uso repetitivo dos dedos ou, em alguns casos, está relacionado com problemas na tiroide,  diabetes, ou artrite reumatoide.

3- Fica com os dedos azuis, brancos ou vermelhos especialmente quando está stressado ou com frio 

Tratam-se de sintomas de doença de Raynaud, caracteriza pela descoloração dos dedos das mãos e/ou dos pés, e a mudança acontece devido a problemas de circulação. Isto significa que as mãos "não conseguem obter sangue suficiente para manter a sua tonalidade normal".

Além disso, em alguns casos, a doença em si, manifesta-se como um sintoma de outras condições como lupus, distúrbios de coagulação e artrite reumatoide. 


TRIBUNAL MILITAR QUER TRANSFERENCIA DOS DETIDOS NA TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO PARA BASE AÉRIA DE BISSAU

O Tribunal Militar solicitou a transferência dos reclusos do caso de 1 de fevereiro de 2022 que se encontram detidos nas celas da segunda esquadra da Polícia da Ordem Pública para o calabouço da Força aérea nacional na Base Aérea, no aeroporto, em Bissau.

A informação foi avançada à CFM por uma fonte que acompanha o processo, tendo citado uma carta com a data de 19 de setembro enviada à ministra do Interior, Adiatu Djaló Nandigna.

Mais de três dezenas de militares e civis estão presos há mais de um ano, sem uma acusação formal pelo tribunal civil da sua alegada participação no ataque armado contra a sede do Governo no dia 1 de fevereiro de 2022.

O confidente adiantou que o tribunal militar justificou o pedido por motivos de segurança e melhorares condições prisionais.

Por Notabanca, 20.09.2023

Rússia atacou instalações médicas após perder Kherson

© Getty Images

POR LUSA  20/09/23 

Uma investigação do Centro para a Resiliência da Informação (CIR) concluiu que a Rússia atacou deliberadamente infraestruturas médicas em Kherson, na Ucrânia, depois de perder o controlo da cidade em novembro.

Pelo menos sete instalações médicas em Kherson foram alvo de pelo menos 14 ataques executados por artilharia russa entre novembro de 2022 e maio deste ano, de acordo com um relatório do CIR a que a agência de notícias EFE teve acesso.

"O bombardeamento contínuo de hospitais, maternidades e centros de reabilitação pode colocar em risco a sustentabilidade e a operacionalidade do setor da saúde na cidade", sublinham os autores do estudo, alertando para o risco de a Rússia repetir este padrão de agressão contra outras localidades ucranianas.

Segundo os peritos desta organização não-governamental (ONG), dedicada a revelar violações dos direitos humanos e crimes de guerra através da análise de imagens de satélite e das redes sociais, a Rússia intensificou os ataques às infraestruturas civis em Kherson após a libertação da cidade a 11 de novembro.

Até então, sob o domínio russo, apenas tinha sido registado um incidente contra uma instalação médica.

No entanto, após a libertação de Kherson, as maternidades, os centros de cardiologia, os centros de reabilitação e os hospitais pediátricos foram atingidos por fogo de artilharia.

A maioria destas instalações foi atingida mais do que uma vez, o que constitui uma prova de assédio deliberado, de acordo com o relatório do CIR, que pode ser consultado aqui: https://www.info-res.org/post/kherson-after-occupation-mapping-russian-attacks-on-medical-infrastructure.

O primeiro destes bombardeamentos teve lugar apenas seis semanas após a expulsão das tropas russas. A maternidade do Hospital Clínico da Cidade de Kherson foi alvo de fogo de artilharia russa em 27 de dezembro de 2022, mas não foram registadas vítimas.

O mês com o maior número de ataques foi janeiro último, com cinco, enquanto em dezembro e fevereiro registaram-se três, dois em março e um em abril.

Entre maio e julho deste ano, registou-se uma diminuição do bombardeamento de instalações médicas, embora os trabalhadores médicos que retiravam civis após o colapso da barragem de Kakhovka tenham sido atacados em junho e, em agosto se tenham verificado danos no mesmo hospital clínico.

A ONG salienta que as ações de Moscovo fazem lembrar as táticas russas nas zonas de Idleb e Alepo, na Síria, controladas pelos rebeldes.


Leia Também: Rússia diz que abateu dois drones ucranianos em Oriol e Belgorod

INDONÉSIA: Condenada a prisão por fazer vídeo a comer bolachas de carne de porco

© Shutterstock

POR LUSA   20/09/23 

Um tribunal indonésio condenou uma mulher e influenciadora digital a dois anos de prisão por ter usado uma oração islâmica num vídeo no TikTok e noutras redes sociais antes de comer carne de porco, proibida pelo Islão.

O tribunal da cidade de Palembang, de maioria muçulmana, na ilha de Samatra, considerou Lina Mukherjee, de 32 anos, culpada de "difundir informações suscetíveis de fomentar o ódio contra certos indivíduos e grupos religiosos", de acordo com o veredicto publicado na terça-feira.

O tribunal condenou-a também a pagar uma multa de 250 milhões de rupias indonésias (15.205 euros) ou, em caso de incumprimento, mais três meses de prisão.

A influenciadora, que acumula cerca de um milhão de seguidores nas contas do TikTok, Instagram e Youtube, foi detida em março, depois de um utilizador a ter denunciado à polícia por blasfémia e discurso de ódio, cuja pena máxima na Indonésia pode ir até cinco anos de prisão.

No vídeo, Lina, que se identifica como muçulmana, recita a invocação "bismillah" ("em nome de Alá") e depois começa a comer bolachas de carne de porco "por curiosidade", reconhecendo ao mesmo tempo que está a "violar os pilares dos seis princípios básicos" do Islão, segundo o vídeo.

O consumo de carne de porco é estritamente proibido pela fé islâmica e pode ser considerado blasfémia, assim como invocar o nome de Alá de forma leviana.

Lina declarou-se culpada em tribunal e pediu desculpas publicamente antes do início do julgamento.

Depois de conhecer o veredicto, Lina disse aos jornalistas locais na terça-feira que aceitava a sentença e afirmou que, no futuro, só produziria "conteúdo engraçado que não ofendesse as pessoas".



Leia Também: Sismo de magnitude 5,9 abala Indonésia

Presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira falava a margem do comemoração do dia da fundação do partido e qualifica de importante a celebração de cinquentenário


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Leia Também:  Região de Gabú: Boé recebe barcaça para celebrar a independência.


À margem da 78.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas que decorre em Nova Iorque, Estados Unidos da América, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, recebe em audiência a Primeira-Ministra da Itália, Giorgia Meloni.

Na ocasião, foram abordadas as relações bilaterais entre os dois países e a situação de segurança na Região. 🇬🇼🇮🇹

 Presidência da República da Guiné-Bissau

Biden com líderes da Ásia central para reduzir influência chinesa e russa

© JIM WATSON/AFP via Getty Images

POR LUSA    20/09/23 

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reuniu-se na terça-feira com os líderes das cinco Repúblicas da Ásia central com o objetivo de diminuir a influência chinesa e russa na região.

O chefe de Estado norte-americano reuniu-se em Nova Iorque com os Presidentes do Cazaquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão, depois de proferir o seu discurso na sessão de abertura da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

No final da reunião, Biden afirmou que a relação entre os Estados Unidos e a Ásia central atravessa "um momento histórico" e deu como exemplo a "cooperação antiterrorista" e o financiamento norte-americano para a segurança na região.

Joe Biden também falou sobre uma nova plataforma para conectar empresas norte-americanas e da Ásia central e ainda citou o diálogo que estão a conduzir sobre minerais críticos para garantir a segurança energética daquela região asiática.

Numa clara referência à guerra na Ucrânia -- mas sem mencionar este país --, Biden sublinhou que tanto os Estados Unidos como os países da Ásia central estão "comprometidos com a soberania, independência e integridade territorial" dos Estados.

"Na minha opinião, estes princípios são mais importantes do que nunca", declarou o chefe de Estado norte-americano.

Os países da Ásia central não aderiram às sanções ocidentais contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, mas defendem uma solução diplomática e não apoiam abertamente a anexação russa de quatro regiões ucranianas.

A Ásia central, uma região tradicionalmente considerada uma zona de influência russa, é uma das poucas regiões para onde o Presidente russo, Vladimir Putin, viajou desde o início da guerra.

Washington está ciente de que neste momento não pode virar as costas à Ásia central, uma vez que não só faz parte da área de influência da Rússia, mas também é uma região onde a China está a expandir o seu papel.

Três dos países (Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão) têm fronteira com a China, que tem mantido uma posição ambígua na guerra na Ucrânia e solicitou o respeito pela "integridade territorial de todos os países", bem como pediu para ter em conta as "preocupações legítimas" da Rússia.

Num comunicado, a Casa Branca informou que Biden prometeu aos cinco líderes aumentar o investimento para desenvolver a rota comercial do Corredor Internacional Transcaspiano, que liga a Ásia central e a Europa, e que contorna o território da Rússia.



Leia Também: Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 instaram hoje a China a pressionar a Rússia para acabar com a guerra na Ucrânia, apelando também a Pequim para não alterar o 'status quo' de Taiwan.

EUA exigem que Azerbaijão cesse ações militares em Nagorno-Karabakh

© Getty Images

POR LUSA   20/09/23 

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, exigiu na terça-feira que o Azerbaijão termine com as ações militares na região de Nagorno-Karabakh, acusando o governo azeri de colocar em risco a paz com a Arménia.

"Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com as ações militares do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh e instam o país a cessar imediatamente tais ações", frisou Blinken, citado pelo Departamento de Estado norte-americano.

O governante manteve esta terça-feira uma conversa telefónica com o primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, a quem expressou total apoio pela "soberania, independência e integridade territorial da Arménia".

Blinken também falou com o Presidente do Azerbaijão Ilham Aliyev, instando as forças azeri a "cessar imediatamente as ações militares" e "a acalmar a situação".

O Exército do Azerbaijão afirmou ter tomado mais de 60 posições arménias na ofensiva desta terça-feira em Nagorno-Karabakh, região disputada com a Arménia há décadas, enquanto se multiplicam apelos internacionais ao fim dos confrontos armados.

Os separatistas de Nagorno-Karabakh declararam que os combates deixaram pelo menos 27 mortos, incluindo dois civis, e mais de 200 feridos nesta região, onde os cerca de 7.000 residentes de 16 localidades foram retirados.

Pelo seu lado, o Azerbaijão informou que dois civis morreram em áreas sob o seu controlo.

O chefe da diplomacia norte-americana realçou que esta operação pode estar a "piorar a já crítica situação humanitária" na região e a "desperdiçar as possibilidades de paz".

"Como já avisamos o Azerbaijão, o uso da força para resolver disputas é inaceitável e vai contra as tentativas de criar as condições para uma paz justa", sublinhou.

O secretário de Estado norte-americano apontou também a disponibilidade do Presidente azeri para "suspender as ações militares e para que os representantes do Azerbaijão e da população de Nagorno-Karabakh se reunissem".

Em junho, Blinken mediou conversações de paz entre o Azerbaijão e a Arménia que tiveram lugar em Washington sem quaisquer acordos concretos.

As tensões entre a Arménia e o Azerbaijão escalaram esta terça-feira, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, com a França a pedir uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para tomar nota de uma ofensiva "ilegal e injustificável" liderada por Baku.

A reunião de emergência do Conselho de Segurança de Nagorno-Karabakh poderá realizar-se "nos próximos dias", referiram à agência France-Presse (AFP) duas fontes diplomáticas, que apontaram para a possibilidade de decorrer na quinta-feira.

Paris espera obter uma condenação tão unânime quanto possível.



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