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Por LUSA 23/06/22
A bióloga guineense Aissa Regalla de Barros alertou hoje para os riscos da exploração petrolífera para o ecossistema marinho, salientando que o mar ainda é bem utilizado pelos cidadãos.
A bióloga guineense, investigadora sénior ligada à conservação de espécies no Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) da Guiné-Bissau, afirmou que tirando alguma situação de pesca artesanal excessiva, através do uso de "algum material nocivo" para as espécies, o país faz um bom uso do mar.
"Não posso dizer que não haja bom uso. Ainda não temos um uso que seja muito excessivo do mar. Temos uma situação de sobrepesca sim, porque temos uma forte componente de pesca artesanal com uso de materiais ou de engenhos que são nocivos para a pesca", sublinhou Aissa de Barros.
A bióloga guineense é da opinião de que "até hoje o uso do mar tem sido, de certa forma, sustentável", uma situação que disse poder mudar com a exploração do petróleo de que se fala no país.
A investigadora defende ser urgente que o país faça uma marcação clara de zonas de interesses no mar ou à sua volta para que se saiba onde é permitida a atividade ecoturística, onde é possível pescar e em que lugar será a futura exploração do petróleo.
"Temos de nos sentar na mesa e decidir como é que vamos fazer o uso desse ecossistema marinho. Saber onde é que se pode praticar a pesca que não seja muito nociva, qual é a zona da prática do ecoturismo ou do turismo balnear, qual a zona das ações da conservação, porque toda a zona não pode ser conservada e ver como diminuir os impactos negativos dessas diferentes atividades", observou Aissa de Barros.
A Guiné-Bissau irá enviar uma delegação à Conferência dos Oceanos, que se realiza entre o próximo dia 27 e 01 de julho, em Lisboa.
O evento é organizado pelas Nações Unidas em conjunto com Portugal e o Quénia.
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Por LUSA 23/06/22
O nível de poluição dos mares da Guiné-Bissau é ainda fraco embora se note uma certa preocupação em relação ao cádmio, admitiu à Lusa a bióloga guineense, Aissa Regalla de Barros.
Segundo Aissa de Barros, técnica sénior no Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), tirando o cádmio, um metal raro presente em mariscos, ostras e peixes de água salgada, "as águas do território nacional da Guiné-Bissau são pouco poluídas".
"Em relação aos metais pesados, os micro poluentes, plásticos, até hoje notou-se que na Guiné-Bissau a concentração de todos os metais pesados tem sido muito fraca exceto o cádmio que é um bocadinho preocupante", observou Aissa de Barros.
A investigadora guineense referiu que o país tem tido esta informação a partir da monitorização que é feita às áreas protegidas, nomeadamente os oceanos.
Com base nessa atividade de monitorização, Aissa de Barros apontou os resultados que o país tem vindo a alcançar na chamada Economia Azul ou Carbono Azul, dando como exemplo o Parque Natural dos Tarrafes (mangais) de Cacheu.
"Temos uma área muito importante do mangal, o Parque Natural dos Tarrafes de Cacheu. A superfície da Guiné-Bissau são cerca de 10% a 11% de tarrafes (...) Esse ecossistema joga um papel muito importante na captação do carbono. Também é uma zona que é considerada protegida. Isso tudo acaba por permitir e reforçar a conservação dos nossos oceanos", defendeu a técnica do IBAP.
A Guiné-Bissau está fortemente empenhada na conservação dos oceanos desde os anos 80 e 12,5% da área marinha e costeira é protegida por lei, disse à Lusa a bióloga.
A técnica sénior explicou que o esforço da Guiné-Bissau na conservação dos oceanos quantifica-se pela extensão das áreas marinha e costeira protegidas pela lei, um trabalho que, disse, foi iniciado em 2001.
A bióloga guineense notou que país já vinha com algum interesse na temática desde 1980 aquando da abertura da delegação da UICN (União Internacional da Conservação da Natureza) em Bissau, daí a extensão de mais de 12% do território protegido como área do oceano, frisou Aissa de Barros.
"Quando se fala da conservação dos oceanos temos essa área que é considerada protegida, mas dentro dessa área temos várias ações que são levadas a cabo, por exemplo a fiscalização marítima que visa a proteção em termos de recursos haliêuticos para que não haja a sobrepesca, para que haja a proteção das zonas da desova e de crescimento desses recursos pesqueiros, das espécies de tartarugas, golfinhos, hipopótamos, espécies que usam a área marinha", referiu a bióloga guineense.
Aissa de Barros afirmou ainda que a Guiné-Bissau tem dedicado particular atenção à monitorização de espécies ameaçadas que habitam os oceanos, nomeadamente as tartarugas, contando também com apoios de cientistas portugueses.
"Temos mais de 20 anos de monitorização da população de tartarugas marinhas e também uma forte componente de investigação científica no qual trabalhamos com universidades portuguesas", observou a investigadora do IBAP.
A bióloga guineense destacou igualmente os trabalhos de investigações levados a cabo pelo Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA) da Guiné-Bissau, no fornecimento de informações que ajudam na conservação dos Oceanos.
A Guiné-Bissau irá enviar uma delegação à Conferência dos Oceanos, que se realiza entre o próximo dia 27 e 01 de julho, em Lisboa.
O evento é organizado pelas Nações Unidas em conjunto com Portugal e o Quénia.
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