quinta-feira, 17 de outubro de 2024
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Morte de líder do Hamas marca "início do fim" da guerra em Gaza
© Amos Ben Gershom/GPO via Getty Images Por Lusa 17/10/24
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse hoje à noite que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, marca "o princípio do fim" da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano.
"Yahya Sinwar está morto. Foi morto em Rafah pelos corajosos elementos do Exército israelita. Isto não significa o fim da guerra em Gaza, mas o início do fim", sublinhou o líder do Governo israelita, numa mensagem vídeo em inglês divulgada na rede social X.
Benjamin Netanyahu transmitiu ainda uma mensagem ao "povo de Gaza", garantindo que a guerra pode "terminar amanhã se o Hamas pousar as suas armas e libertar os reféns".
"Israel irá garantir a segurança de todos os que libertarem os reféns. Mas para os que lhes fizerem mal, tenho outra mensagem, vamos caçar-vos e levar-vos à justiça", sublinhou.
Antes, Benjamin Netanyahu tinha afirmado que Israel "acertou as suas contas" com Yahya Sinwar, salientando, porém, que "a guerra ainda não terminou".
Numa intervenção transmitida em direto pela televisão, Netanyahu afirmou que a morte de Sinwar é "um passo importante" no declínio do Hamas.
"Gostaria de repetir, da forma mais clara: o Hamas não governará mais Gaza. Este é o início do dia depois do Hamas e esta é uma oportunidade para vocês, residentes de Gaza, finalmente se libertarem da sua tirania", tinha realçado Netanyahu na mesma intervenção.
Na declaração televisiva, de quatro minutos, Netanyahu reiterou a suposta importância da guerra que Israel trava em Gaza há mais de um ano, e que causou mais de 42.400 mortos palestinianos, a maioria civis, ao mesmo tempo que enviou uma mensagem à região, especificamente ao Líbano, onde as tropas israelitas iniciaram uma ofensiva terrestre no início deste mês.
"Ao povo da região eu digo: em Gaza, em Beirute, em toda a região, a escuridão recua e a luz emerge", disse Netanyahu, antes de enunciar os sobrenomes de seis líderes e comandantes, tanto do Hamas como do grupo xiita libanês Hezbollah, mortos por Israel nos últimos meses.
Israel confirmou hoje que matou o principal líder do Hamas e mentor dos ataques de 07 de outubro em Israel, Yahya Sinwar, o homem mais procurado do grupo islamita palestiniano na ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
Sinwar terá planeado cuidadosamente os ataques de 07 de outubro juntamente com o chefe das Brigadas al-Qasam, o braço armado do Hamas, Mohamed Deif, assassinado num ataque israelita em junho passado em Mawasi, no sul da Faixa de Gaza.
Nascido num campo de refugiados em Khan Yunis, cidade no sul de Gaza, Sinwar foi eleito líder do Hamas em Gaza em 2017, depois de estabelecer a reputação de inimigo ferrenho de Israel e no passado 06 de agosto - após o assassínio em Teerão do então chefe do gabinete político, Ismail Haniyeh - foi escolhido para ocupar a posição mais elevada no organograma do grupo islamita.
Sinwar representava a linha mais dura e beligerante do grupo e é considerado por Israel o mentor dos ataques de 07 de outubro contra o território israelita, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e outras 250 foram sequestradas, o que o tornou no homem mais procurado por Israel.
Leia Também: Os países ocidentais anteciparam hoje que a eliminação, pelas forças israelitas, do líder do Hamas, Yahya Sinwar, poderá permitir o fim das hostilidades, apesar de Israel ter já garantido que a guerra continua.
7 de Novembro de 2024 - Lançamento do livro “História de Angola” de Alberto Oliveira Pinto na UCCLA
Terá lugar, no dia 7 de novembro, às 18 horas, o lançamento da quarta edição da obra “História de Angola - Da Pré-História ao Início do Século XXI” da autoria de Alberto Oliveira Pinto, no auditório da UCCLA.
A obra, com a chancela da Guerra & Paz Editores, será apresentada por Jean-Michel Mabeko-Tali, Professor da Harward University.
O lançamento do livro terá transmissão, em direto, na página do Facebook da UCCLA através do link https://www.facebook.com/UniaodasCidadesCapitaisLinguaPortuguesa
Sinopse:
É a primeira e única História de Angola escrita em 50 anos de Independência de Angola.
Biografia do autor:
Alberto [Manuel Duarte de] Oliveira Pinto nasceu em Luanda, Angola, a 8 de janeiro de 1962. É Doutor (2010) e Mestre (2004) em História de África pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), onde colaborou como docente no Departamento de História. Lecionou, igualmente, noutras universidades portuguesas e também em universidades estrangeiras na qualidade do professor convidado. Presentemente é investigador da Universidade de Lisboa.
É autor de diversos romances e livros ensaísticos sobre a História de Angola, tendo ganho por duas vezes o Prémio Sagrada Esperança: em 1998, com o romance Mazanga, e em 2017, com o livro de ensaios Imaginários da História Cultural de Angola. O seu maior êxito foi História de Angola. Da Pré-História ao Início do Século XXI, primeira experiência no género em 40 anos de Independência de Angola, publicado em primeira edição em 2016 e agora em 4.ª edição.
Desde 2018, coordena o Curso Livre História de Angola da UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, de que decorre a série do Youtube Fragmentos da História de Angola, com Anabela Carvalho. Em 2021, criou com o filho, João Alberto Freire de Oliveira Pinto, igualmente no Youtube, o programa de sucesso Lembra-te, Angola.
Com os melhores cumprimentos,
Anabela Carvalho
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, confirmou, esta quinta-feira, que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) mataram o líder do Hamas, Yahya Sinwar.
© Getty Images Notícias ao Minuto 17/10/24
"Mal sofreu golpe muito duro". Netanyahu confirma morte de líder do Hamas
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, foi morto num ataque coordenado por Israel.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, confirmou, esta quinta-feira, que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) mataram o líder do Hamas, Yahya Sinwar.
Numa conferência de imprensa, Netanyahu vaticinou: "Ajustamos as nossas contas com ele. O Mal sofreu um golpe muito duro hoje, mas não completamos ainda a nossa missão".
O líder do governo israelita disse que o seu mais alto "compromisso", neste momento, é o "regresso" dos reféns feitos pelo Hamas no ataque de 7 de Outubro.
A morte de Sinwar é um "marco importante no declínio do reino do mal do Hamas", considerou, dirigindo-se, de seguida, ao "povo de Gaza": "Dizia que reinava, mas, na realidade, escondia-se numa pequena caverna escura".
"Está a chegar o fim da guerra. Para as pessoas da região, a escuridão está a recuar, a luz está a chegar", prometeu Netanyahu, afirmando que se abre, agora, uma "oportunidade" para ter um futuro "positivo" na região.
O líder do Hamas em Gaza assumiu igualmente as rédeas do gabinete político do grupo islamita a 06 de agosto, após o assassinato de Ismail Haniyeh em Teerão, num atentado atribuído a Israel.
Sinwar, que passou 22 anos numa prisão israelita até ser libertado em 2011, durante a troca de mais de mil prisioneiros palestinianos pelo soldado israelita Gilad Shalit, detido em Gaza, foi descrito por aqueles que o interrogaram como uma pessoa "extremamente inteligente".
Desde o início da guerra em Gaza, há mais de um ano, o seu paradeiro é praticamente desconhecido para Israel, que previu que o líder do Hamas estaria nos túneis, perto de alguns dos cerca de 100 reféns ainda detidos no enclave como proteção.
Nascido em Khan Yunis, um bastião do apoio palestiniano à organização Irmandade Muçulmana, Sinouar foi detido pela primeira vez por Israel em 1982, com 19 anos, por "atividades islâmicas", altura em que ganhou a confiança do fundador do Hamas, o xeque Ahmed Yassin.
Dois anos depois da fundação do Hamas, em 1987, Sinwar criou a temida divisão de segurança interna do grupo, a al-Majd, guardiã da "moral islâmica" e que atuava contra qualquer suspeito de colaborar com Israel.
Leia Também: MNE israelita confirma morte de líder do Hamas Yahya Sinwar ...A informação foi confirmada após testes de ADN.
O líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira encontrou-se hoje com os dirigentes que solitam explicações sobre o trajeto para as legislativas e as presidenciais. Os dirigentes políticos do Paigc integrantes do Governo da Iniciativa Presidencial defendem clarificação da situação para melhor enfrentar os embates eleitorais.
A taxa de pobreza absoluta em Cabo Verde caiu de 35,5% em 2015 para 24,75% em 2023, uma diminuição de 10,75 pontos percentuais, em oito anos, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) em comunicado de imprensa.
© Lusa Por Lusa 17/10/24
Pobreza absoluta cai de um terço para um quarto da população de Cabo Verde
A taxa de pobreza absoluta em Cabo Verde caiu de 35,5% em 2015 para 24,75% em 2023, uma diminuição de 10,75 pontos percentuais, em oito anos, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) em comunicado de imprensa.
O número faz parte da Estimativa de Pobreza calculada para 2023.
Noutro indicador, a pobreza extrema foi reduzida pela metade, passando de 4,56% em 2015 para 2,28% em 2023, utilizando o limiar internacional de 2,15 dólares por dia e por pessoa.
O Governo estabeleceu como meta a erradicação da pobreza extrema até 2026.
De acordo com o INE, os dados revelam desigualdades entre o mundo rural e urbano.
A pobreza nas zonas urbanas apresentou uma queda, de 28,08% em 2015 para 21,31% em 2023, recuo ainda mais acentuado nas zonas rurais, de 48,87% em 2015 para 35,23% em 2023.
A pobreza extrema nas áreas urbanas foi de 1,4% em 2023, enquanto nas áreas rurais foi de 4,97%.
Apesar da evolução no arquipélago, as zonas rurais continuam a ser mais desfavorecidas.
Segundo o INE, as estimativas são baseadas na metodologia SWIFT, desenvolvida pelo Banco Mundial, que utiliza dados de inquéritos às despesas familiares (IDRF) de 2015 e 2023 para calcular as taxas de pobreza.
Esta abordagem permitiu estimar a pobreza com maior precisão para áreas urbanas e rurais, ajustando-se a diferentes parâmetros para cada zona.
O INE usou diferentes linhas de pobreza para a avaliação: uma linha de pobreza absoluta para áreas urbanas de 95.908 escudos (868 euros) e outra para o mundo rural de 82.602 escudos (747 euros).
O conceito de pobreza absoluta difere da pobreza relativa porque diz respeito a quem não possui recursos para satisfazer necessidades básicas (alimentação, vestuário, abrigo e saúde), usando critérios universais, enquanto a pobreza em sentido mais genérico e relativo aplica-se a quem tem menos recursos em comparação com outros, na mesma sociedade, de acordo com critérios locais.
A pobreza extrema é uma forma mais severa de pobreza absoluta.
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O presidente ucraniano garante também que alguns oficiais da Coreia do Norte estão no território ucraniano ocupado pela Rússia.
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O presidente ucraniano diz não conhecer "outras alianças eficazes" para além da NATO e lamenta que a Ucrânia esteja atualmente em conflito após abdicar do seu arsenal nuclear.
PARTE_1: Quadros de Madem G15 sob liderança de Braima Camara em conferência de imprensa
Portugal registou menos 430 nascimentos nos primeiros nove meses do ano face ao período homólogo de 2023, segundo dados relativos ao "teste do pezinho", que analisaram 63.237 recém-nascidos, invertendo a tendência dos últimos dois anos.
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Nasceram menos bebés nos primeiros nove meses do ano face a 2023
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, "nos primeiros nove meses deste ano, foram estudados 63.237 recém-nascidos no âmbito Programa Nacional de Rastreio Neonatal, menos 430 do que em igual período do ano passado".
Portugal registou menos 430 nascimentos nos primeiros nove meses do ano face ao período homólogo de 2023, segundo dados relativos ao "teste do pezinho", que analisaram 63.237 recém-nascidos, invertendo a tendência dos últimos dois anos.
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), "nos primeiros nove meses deste ano, foram estudados 63.237 recém-nascidos no âmbito Programa Nacional de Rastreio Neonatal (PNRN), menos 430 do que em igual período do ano passado (63.667)".
Janeiro (7.683), julho (7.460) e agosto (7.268) foram os meses com maior número de recém-nascidos rastreados, enquanto os distritos com mais bebés testados foram Lisboa, Porto, Setúbal e Braga.
Por sua vez, Beja, Bragança, Guarda e Vila Real foram os distritos com menor número de recém-nascidos rastreados, com valores mensais abaixo de uma centena.
Os nascimentos em Portugal registaram em 2021 o menor número de que há registo (79.217), mas subiram nos dois anos seguintes, para 83.436 em 2022 e 85.764 em 2023, tendência que se inverteu nos primeiros nove meses deste ano.
O "teste do pezinho" permitiu identificar, em 2023, 150 casos de doenças raras entre os 85.764 bebés estudados, dos quais 54 são de doenças hereditárias do metabolismo, 50 de hipotiroidismo congénito, seis de fibrose quística, 34 de drepanocitose e seis de atrofia muscular espinal.
Coordenado pelo INSA, através da sua Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética, do Departamento de Genética Humana, o PNRN rastreia, desde 1979, 28 patologias, tendo até final de 2023 identificado 2.692 casos de doenças raras, na sequência do rastreio realizado a 4.224.550 recém-nascidos.
Segundo o instituto, a identificação da doença possibilitou que "todos os doentes iniciassem de imediato um tratamento específico, evitando défice intelectual e outras alterações neurológicas ou extraneurológicas irreversíveis, com a consequente morbilidade ou mortalidade".
Apesar de não ser obrigatório, o programa tem atualmente uma taxa de cobertura de 99,5%, sendo o tempo médio de início do tratamento de cerca de 10 dias.
O "teste do pezinho" é efetuado a partir do terceiro dia de vida do recém-nascido, através da recolha de umas gotículas de sangue no pé da criança.
Com Lusa
Coreia do Norte muda Constituição e Coreia do Sul passa a "Estado hostil"
© Lusa Por Lusa 17/10/24
A Coreia do Norte anunciou hoje que a Constituição do país passou a designar a Coreia do Sul como "Estado hostil", confirmando uma alteração prometida no início do ano pelo líder Kim Jong-un.
"Esta é uma medida inevitável e legítima, em que se define claramente a Coreia do Sul como um Estado hostil e que se deve às graves circunstâncias de segurança que conduzem à beira da guerra devido a provocações políticas e militares por parte de forças hostis", informou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.
A agência não avançou com mais informações sobre as alterações constitucionais.
A ordem dada por Kim em janeiro para reescrever a Constituição apanhou muitos especialistas estrangeiros de surpresa, porque foi vista como uma forma de eliminar a ideia de um Estado partilhado entre as Coreias divididas pela guerra e de romper com o sonho de antecessores de alcançar pacificamente uma Coreia unificada nos termos do Norte.
Alguns especialistas afirmam que Kim tem provavelmente como objetivo diminuir a influência cultural sul-coreana e reforçar o poder internamente.
Outros afirmam que o líder pretende ter margem de manobra legal para lançar ataques militares contra a Coreia do Sul, definindo-a como um Estado estrangeiro e não como parceiro de uma eventual unificação que partilha um sentimento de homogeneidade nacional.
Kim pode também querer negociar diretamente com os Estados Unidos o programa nuclear, e não através da Coreia do Sul, referem estes mesmos especialistas, citados pela agência de notícia Associated Press.
A Coreia do Norte fez explodir secções de 60 metros de comprimento de dois pares de estradas e caminhos-de-ferro - um na parte ocidental da fronteira intercoreana e o outro no lado oriental da fronteira, de acordo com a KCNA, que citou o Ministério da Defesa da Coreia do Norte.
Construídas em grande parte com dinheiro sul-coreano, as ligações rodoviárias e ferroviárias eram um símbolo da reconciliação intercoreana.
Nos anos 2000, as duas Coreias voltaram a ligar as rotas rodoviárias e ferroviárias pela primeira vez desde o fim da Guerra da Coreia de 1950-53, mas as operações foram interrompidas mais tarde, quando os rivais discutiram as ambições nucleares da Coreia do Norte, entre outras questões.
Na semana passada, a Coreia do Norte declarou que iria bloquear permanentemente a fronteira com o Sul e construir estruturas de defesa na linha da frente.
De acordo com as autoridades sul-coreanas, a Coreia do Norte tem vindo a acrescentar, desde o início do ano, barreiras antitanque e a colocar minas ao longo da fronteira.
Leia Também: A Coreia do Norte afirmou hoje que mais de um milhão de jovens se alistaram esta semana no exército, depois de Pyongyang acusar Seul de enviar 'drones' para território norte-coreano e ameaçar retaliar.
Leia Também: A Coreia do Norte confirmou quarta-feira que fez explodir estradas e caminhos-de-ferro que conduziam à Coreia do Sul na terça-feira, vias utilizadas para o comércio transfronteiriço, informou a agência noticiosa oficial KCNA.
Estudo: Mais de 50% da produção de alimentos em risco até 2050 por crise da água
© Shutterstock Por Lusa 16/10/24
A atual crise da água coloca em risco mais de metade da produção mundial de alimentos até 2050, alerta um grupo internacional de líderes e especialistas num relatório divulgado hoje.
Intitulada 'A Economia da Água: Valorizar o Ciclo Hidrológico como um Bem Comum Mundial', a análise prevê ainda, no mesmo período, uma perda de 8% em média do produto interno bruto (PIB) em países em todo o mundo, que pode ser de até 15% nos de baixo rendimento, se a situação não se alterar.
A Comissão Global sobre a Economia da Água, que realizou o trabalho, considera que "economias fracas, a utilização destrutiva da terra e a persistente má gestão dos recursos hídricos se juntaram ao agravamento da crise climática para colocar o ciclo global da água sob uma pressão sem precedentes" e pede "ousadia" para tentar novas abordagens ao problema.
Segundo um comunicado de divulgação do estudo, "quase três mil milhões de pessoas e mais da metade da produção mundial de alimentos encontram-se em áreas que sofrem com a seca ou onde a tendência é de desequilíbrio ao nível da disponibilidade de água".
O relatório, que a comissão classifica como "histórico", argumenta que as abordagens existentes levaram à crise da água, por não terem em conta o seu valor para a economia e a preservação dos ecossistemas.
Essa subvalorização da água também encoraja o seu "uso perdulário" e leva a que se instalem culturas e indústrias que mais a consomem, como centros de processamento de dados e centrais a carvão, em áreas com maior risco de "stress hídrico".
"Pela primeira vez na história da humanidade, estamos a desequilibrar o ciclo global da água. Já não podemos confiar na chuva, a fonte de toda a água doce, devido às alterações climáticas e de uso da terra causadas pela humanidade, que prejudicam a base do bem-estar humano e da economia mundial", refere Johan Rockström, diretor do Instituto de Potsdam de Investigação sobre Impactos Climáticos (PIK) e um dos quatro copresidentes da comissão, citado no comunicado.
Em julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o direito de todas as pessoas ao acesso a água suficiente para uso pessoal e doméstico, entre 50 e 100 litros por dia, mas a Comissão Global sustenta que "uma vida digna -- incluindo nutrição e consumo adequados -- requer um mínimo de cerca de 4.000 litros por pessoa por dia".
Para enfrentar a crise, é necessária uma "nova economia da água", baseada num "pensamento mais ousado e integrado e numa reformulação da estrutura das políticas", defende.
Reconhecer que "o ciclo da água deve ser governado como um bem comum mundial" é um primeiro passo, segundo a comissão, que adianta que tal exige uma ação coletiva, concertada em todos os países, uma "colaboração através de fronteiras e culturas".
A água deve ser valorizada de modo adequado à escassez e as economias moldadas nesse sentido, através de uma abordagem orientada por "missões" que "incentivarão inovações, capacitação e investimentos e serão avaliadas não em termos de custos e benefícios de curto prazo, mas sim pelo modo como podem favorecer benefícios de longo prazo para toda a economia".
A primeira missão deverá ser o lançamento de "uma nova revolução nos sistemas alimentares", transformando a agricultura para sustentar o planeta, através da micro irrigação, da redução da "dependência de fertilizantes à base de nitrogénio", da utilização da agricultura regenerativa e da mudança progressiva "de dietas de origem animal para dietas de origem vegetal".
A Comissão Global sobre a Economia da Água recomenda também que sejam conservados e restaurados 'habitats' naturais essenciais para proteger a "água verde", a "humidade nos solos e plantas, que retorna e circula pela atmosfera, gerando cerca de metade da chuva".
Em relação ao acordo alcançado na cimeira da ONU sobre alterações climáticas em 2022 para "conservar 30% das florestas e restaurar 30% dos ecossistemas degradados até 2030", a comissão aconselha a que seja dada "prioridade à proteção e restauração das áreas que mais podem contribuir para um ciclo estável da água".
Estabelecer uma economia circular da água, garantir a sustentabilidade e eficiência da aposta na energia renovável e na inteligência artificial, para que não se intensifique o consumo do líquido, e que "nenhuma criança morra por causa de água contaminada até 2030", são outras das missões recomendadas pela comissão.
Para a realização destes objetivos seria decisivo construir uma governação mundial da água, adianta.
"Só podemos resolver esta crise se pensarmos em termos muito mais amplos sobre como governamos a água. Reconhecendo as interações da água com as alterações climáticas e a biodiversidade. Mobilizando todas as nossas ferramentas económicas, e financiamento público e privado, para inovar e investir na água. Pensando e agindo multilateralmente", diz Tharman Shanmugaratnam, Presidente de Singapura e outro dos copresidentes da comissão.