Por: Gustavo Carona 26 de Outubro de 2020,  |
| "Ignorância sobre a doença é a única coisa que vai matar mais que a própria doença" LUSA/RODRIGO ANTUNES |
Por Jorge Herbert
A IGNORÂNCIA POLITIZADA NA GUINÉ-BISSAU...
Este artigo do meu colega Gustavo Carina serve também aos meus conterrâneos guineenses que tudo politizam e tentam desacreditar quando não vem do seu lado político, mesmo vindo do lado da ciência...
Na minha Guiné-Bissau, COVID começou por “não existir” e, segundo a lógica dos PAIGCistas, os primeiros doentes positivos foram inventados pelo governo para angariar financiamentos externos! Isso vindo de pessoas que se autoproclamavam como os mais inteligentes do país! Depois veio o questionamento da razão de, caso existirem esses doentes, porque não estavam internados e isolados da população, mesmo contra as evidências e recomendações internacionais de que os positivos asintomáticos ou com doença ligeira deveriam ser confinados no próprio domicílio. Como se não bastasse, houve os que enveredaram pela exigência de ventiladores, quando o país nas suas quatro décadas e meia de vida independente, nunca havia criado condições para ter o fornecimento seguro e continuo de Oxigénio, quanto mais uma verdadeira Unidade de Cuidados Intensivos ou até investir em formar um único médico ou enfermeira especialistas em Medicina Intensiva! Tudo isso, meus caros, de gentes que se autoproclamavam e ainda autoproclamam-se os mais inteligentes da praça de Bissau e arredores!
Depois de tudo isso, começaram a surgir os sintomáticos e algumas mortes, instalou-se o pânico e crenças em tudo o que se diz por aí tratar Coronavirus, inclusive um chá importado de Madagáscar!
Mas, conforme já tinha eu previsto, o impacto desta pandemia na Guiné-Bissau não teve o impacto que teve no continente europeu e americano, não só pelas características da nossa população que já havia referido, como também é evidente que testamos menos e documentamos as verdadeiras causas da morte...
Hoje, estamos na fase em que o guineense comum acredita que já não há COVID na Guiné-Bissau (“i kaba dja”), mas interrogam-se do porquê de todos os dias morrer alguém conhecido e jovem na Guiné-Bissau!
Ou aprendamos a ouvir e respeitar os que se debruçam profissionalmente sobre cada assunto da nossa vida coletiva e deixemos de politizar tudo, ou continuaremos todos metidos num comboio a alta velocidade, em direção ao caos...
Jorge Herbert
