terça-feira, 12 de novembro de 2013
Kumba Ialá quer "ajudar a consolidar a paz na Guiné-Bissau"
O representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guiné-Bissau, Ramos-Horta, anunciou hoje que o antigo Presidente guineense Kumba Ialá pretende "ajudar a consolidar a paz e a democracia" no país.
A declaração do responsável pela missão da ONU surgiu em comunicado, depois de reuniões que manteve no domingo com várias figuras políticas guineenses.
Kumba Ialá foi um dos cinco candidatos que se queixaram de fraude na primeira volta das eleições presidenciais de 2012, denúncias que antecederam o golpe de estado militar de 12 de abril - que impediu a realização da segunda volta e levou ao atual período de transição política.
As reuniões que Ramos-Horta manteve no domingo com responsáveis políticos aconteceram depois de um novo episódio de instabilidade, com um ministro de estado, Orlando Viegas, a ser espancado por desconhecidos, fardados e armados, na noite de terça-feira, à porta de casa.
O caso de violência estará relacionado com desentendimentos entre diferentes forças acerca do controlo do porto de Bissau (uma das principais fontes de receita pública), referiu o presidente de transição, Serifo Nhamadjo, ao comentar o assunto na última semana.
Orlando Viegas tem sido apontado como um dos responsáveis por um alegado estudo para privatização do porto da capital, que motivou contestação entre os trabalhadores.
Mas as polémicas remontam a 16 de agosto, quando Orlando Viegas suspendeu o então diretor-geral da Administração dos Portos da Guiné-Bissau (APGB), Augusto Cabi, e este se recusou a acatar a decisão.
Na altura, Cabi disse que estava a ser afastado devido a "lutas internas" no Partido da Renovação Social (PRS), principal força de oposição na Guiné-Bissau.
Na reunião de domingo, Ramos-Horta disse ter pedido a Kumba Ialá, antigo líder do PRS e figura histórica do partido, para contribuir "para a pacificação e consolidação da estabilidade na Guiné-Bissau".
Abordou igualmente "a necessidade de as elites políticas dialogarem entre si, tal como as elites militares e a própria sociedade civil, por forma a eliminar desconfianças e ultrapassar diferenças", sublinhou.
O objetivo é que "os esforços de todos se centrem nas eleições, previstas para o primeiro trimestre de 2014", para que decorram "com total tranquilidade e sem que haja vencidos", disse José Ramos-Horta.
"Nenhum partido poderá ter a veleidade de reclamar para si a exclusividade da posse de soluções, devendo estender a mão e convidar outras forças políticas ou personalidades independentes para, juntos, estabelecerem uma governação estável e eficaz", acrescentou, citando a conversa com Kumba Ialá.
Do antigo líder, diz ter recebido garantias de "apoio à paz".
No encontro, Ramos-Horta voltou a condenar o espancamento do ministro Orlando Viegas, que está a ser investigado por uma comissão de inquérito "urgente", segundo anunciou o Procurador-Geral da República, Abdu Mané.
Lusa 11 Nov, 2013, 21:03
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