quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Quase 90% dos jornalistas do setor privado guineense ganham mal e não têm contratos de trabalho

Por rtp.pt  19 Outubro 2022

Quase 90% dos jornalistas dos órgãos de comunicação social privados da Guiné-Bissau auferem menos de 100.000 francos cfa (cerca de 150 euros) por mês e não têm contrato de trabalho, concluiu um relatório hoje apresentado.

Elaborado a pedido da Associação das Mulheres Profissionais da Comunicação Social, em parceria com a Associação para a Cooperação Entre Povos, e financiado pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, o relatório traça o perfil dos órgãos de comunicação social na Guiné-Bissau.

No que se refere à comunicação social privada, dominada pelas rádios, os dados indicam que naquele setor trabalham 229 profissionais e que a "esmagadora maioria é do sexo masculino".

"Daquele número 89% aufere menos de 100 mil francos cfa e quase 71% dos funcionários não têm contratos de trabalho formalizados, nem estão inscritos no sistema da segurança social. Factos que colocam em risco os princípios da independência e da objetividade no jornalismo guineense", salienta o documento.

O relatório refere também que apenas 14% dos profissionais da comunicação social têm o ensino superior e que 29% têm o 12.º ano concluído.

Os órgãos de comunicação social, segundo o relatório, têm uma "boa relação com certas estruturas sociais como o poder tradicional, o poder religioso, organizações da sociedade civil e organismos internacionais", mas, o mesmo não se pode dizer na relação com os políticos.

"A relação entre os `media` e os partidos políticos na Guiné-Bissau apresenta um certo de grau de suscetibilidade, o que, por vezes, pode originar choques e hostilidades em relação aos conteúdos jornalísticos na cobertura de eventos", salienta o relatório.

A situação financeira dos órgãos de comunicação social é fraca o que, sublinha o relatório, se "reflete negativamente na condição de trabalho de cada profissional" sem conseguirem "criar condições básicas que garantam o pagamento regular dos salários" ou "descontos para a segurança social".

O estudo recomenda mais formação e apoios à comunicação social e concluiu que neste setor "ainda há muito a fazer" e que a situação de deterioração está também relacionada com os conflitos e instabilidade política, violações da Lei da Imprensa e da liberdade de expressão.

"Os governantes guineenses estão no topo da violação de tais dispositivos legais, resultando no aumento da ingerência do Governo nos órgãos de comunicação estatais. O direito de acesso à informação não está garantido e os jornalistas continuam a autocensurarem-se quando fazem cobertura das deficiências do Governo, crime organizado e à contínua influência militar".

O relatório refere que os órgãos de comunicação social da Guiné-Bissau estão "desprovidos de meios financeiros e fracos apoios institucionais e isso impede o processo de desenvolvimento do setor".

Por outro lado, os "órgãos da classe têm sido limitados nas suas intervenções de promoção e de defesa dos seus membros devido às limitações estatuárias e condições financeiras".

Forças Armadas guineenses descobrem ossadas humanas em terreno junto a quartel

Por LUSA  19 Outubro 2022 

As Forças Armadas da Guiné-Bissau disseram hoje que descobriram um conjunto de ossadas humanas num terreno junto ao quartel de Cumeré, após um líder partidário guineense ter denunciado terça-feira a descoberta de uma vala comum.

Fonte daquela instituição militar, contactada pela Lusa, explicou que as ossadas foram descobertas durante uma série de trabalhos que foram efetuados naquele terreno ao lado do centro de instrução militar de Cumeré, no setor de Nhacra, na região de Oio.

A mesma fonte precisou que as ossadas são referentes ao período pós-independência, entre 1974 e 1980.

A Guiné-Bissau declarou unilateralmente a independência em 1973.

O líder do Partido de Unidade Nacional, Idrissa Djaló, denunciou terça-feira, em conferência de imprensa, a descoberta de uma vala comum num terreno junto a Cumeré.

"Neste momento, tenho uma informação, que peço ao general Biagué Na N´Tan [chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas] para confirmar se é verdade e tornar pública. Num terreno junto ao quartel de Cumerá foram encontradas valas comuns", disse.

"Muitos inocentes foram fuzilados lá sem julgamento", afirmou, salientando que muitas daquelas ossadas provavelmente poderiam ser de antigos comandos guineenses, que combateram por Portugal.

O líder do PUN pediu que, caso a informação seja confirmada, para Portugal ajudar a identificar os corpos através da recolha de ADN para que sejam entregues às suas famílias para fazer o luto.

MSE // PJA

PRESIDENTE DE CABO VERDE INICIA SEXTA-FEIRA VISITA OFICIAL À GUINÉ-BISSAU

 JORNAL ODEMOCRATA  19/10/2022  

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, inicia sexta-feira uma visita oficial de três dias à Guiné-Bissau, a primeira desde que tomou posse, há um ano, seguindo depois para o Senegal, anunciou hoje a Presidência da República de Cabo Verde.

De acordo com uma nota da Presidência da República cabo-verdiana, esta visita oficial insere-se “no quadro das relações históricas, de fraternidade, políticas e culturais” que unem Cabo Verde ao “país irmão” da Guiné-Bissau.

O chefe de Estado de Cabo Verde, que tomou posse em novembro de 2021, será acompanhado na visita a Bissau pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui Figueiredo Soares.

“Visando reforçar os laços de cooperação e de amizade que alicerçam as relações entre os dois povos e países que juntos trilharam os caminhos para a independência e a soberania”, explica a nota da Presidência da República, sobre a visita oficial de três dias.

Na tarde de sexta-feira, de acordo com o programa a que a Lusa teve acesso, logo após a chegada a Bissau está previsto um encontro restrito entre José Maria Neves e o homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló, no Palácio da República, seguido de um encontro entre as delegações dos dois países e de uma declaração conjunta à comunicação social.

“Momento em que serão passadas em revista as principais questões das relações bilaterais, bem como da nossa sub-região, mormente tendo em conta que a Guiné-Bissau assegura a presidência em exercício da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental]”, acrescenta a nota.

No sábado, José Maria Neves vai proferir uma conferência na Escola Nacional de Administração sobre o tema “Desafios dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento” e à tarde reúne-se com o primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam. Vai ainda visitar as obras de reabilitação das ruas da cidade de Bissau, acompanhado por Umaro Sissoco Embaló, antes de reunir com a comunidade cabo-verdiana radicada no país.

No domingo está prevista a visita do Presidente cabo-verdiano à fábrica de processamento de castanha de caju do grupo Santy Comercial e durante a tarde José Maria Neves vai reunir-se com as direções dos principais partidos guineenses: Madem-G15, PRS e PAIGC.

A partida de Bissau está prevista para segunda-feira, com destino ao Senegal, aonde José Maria Neves participa, com uma intervenção no mesmo dia, na oitava edição do Fórum Internacional Dakar Sobre Paz e Segurança em África, antes de regressar, ao final da tarde, à Praia.

In lusa

UCRÂNIA/RÚSSIA: Conselho de Segurança da ONU reúne-se à porta fechada devido a 'drones'

© Reuters

Por LUSA  19/10/22 

O Conselho de Segurança da ONU reúne-se hoje à tarde em Nova Iorque, a pedido dos membros ocidentais, devido à presença de 'drones' iranianos na guerra russa na Ucrânia, enquanto a União Europeia prepara sanções contra Teerão.

Os Estados Unidos, França e o Reino Unido, membros permanentes do Conselho, exigiram uma sessão à porta fechada, depois de uma reunião do Conselho dedicada à Somália, a partir das 15:00 locais (20:00 de Lisboa), segundo diplomatas da ONU e norte-americanos.

Não é esperada qualquer decisão após a sessão.

Em Bruxelas, a diplomacia europeia anunciou hoje ter reunido "provas suficientes" que demonstram que os 'drones' (aeronaves não-tripuladas) utilizados pela Rússia contra a Ucrânia foram fornecidos pelo Irão e disse estar a preparar sanções e "uma resposta europeia clara, rápida e firme".

Uma lista de sanções foi submetida à aprovação dos Estados-membros do bloco europeu e é esperada uma decisão "durante esta semana", disse uma fonte diplomática.

A Força Aérea ucraniana indicou hoje ter destruído 223 'drones' iranianos desde meados de setembro.

Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado sublinhou que "o fornecimento pelo Irão à Rússia deste tipo específico [de 'drones'] constitui uma violação da resolução 2231 (de 2015) do Conselho de Segurança", uma questão que deve ser abordada.

Enquanto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a Rússia dispõe de um direito de veto que lhe permite bloquear todas as resoluções apresentadas a votação e que sejam contrárias aos seus interesses.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 238.º dia, 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.


Leia Também: MNE de Madagáscar demitido após voto na ONU a condenar anexações russas

ECOLOGIA: Angola e Guiné-Bissau entre países em maior risco de choques ecológicos

© Lusa

Por LUSA  19/10/22 

Angola e Guiné-Bissau estão entre os países do mundo em maior risco de choques ecológicos, segundo o Relatório de Ameaças Ecológicas, divulgado hoje pelo Instituto de Economia e Paz.

Segundo o estudo, que analisa 228 países e territórios, Angola (10.ª posição) e Guiné-Bissau (16.ª) estão ameaçadas sobretudo pelo risco de escassez alimentar, rápido crescimento populacional e escassez de água.

O instituto, sediado na Austrália, sublinha que Angola será um dos países do mundo onde o risco de escassez de água sobe mais até 2040 e cuja população deverá crescer 132% até 2050 -- o segundo crescimento mais rápido a seguir ao Níger.

Também Moçambique é apontado pelo "Ecological Threat Report" (ETR) como um país em risco de escassez alimentar, tendo registado o quarto maior aumento mundial no nível de insegurança alimentar.

Os autores da terceira edição do Relatório concluem que existe uma "relação cíclica entre a degradação ecológica e conflitos", como guerra civil e terrorismo, dando Moçambique como um exemplo.

Inhambane, no sul de Moçambique, é ainda apontada como das oito regiões do mundo (todas situadas na África subsaariana) com maior risco de choques ecológicos "catastróficos".

Quanto ao Brasil, o instituto lembrou que foi o 12.º país com maior número de desastres naturais desde 1981, apontando para as metrópoles de São Paulo e Rio do Janeiro como os locais de maior risco.

O relatório aponta Portugal como um dos vários países europeus que deverão sentir o maior aumento no risco de escassez de água até 2040, juntamente com Grécia, Itália e Países Baixos.

O ETR sublinhou que existem atualmente mais de 1,4 mil milhões de pessoas em 83 países já em risco extremo de escassez de água.

O Burundi tem a pontuação geral mais alta no relatório, o que reflete a vulnerabilidade do país, seguido pela República Centro-Africana, Chade, Afeganistão, Haiti, Iraque e Síria.

O instituto estimou que o número de pessoas subnutridas no mundo aumentou 35% em 2021 para mais de 750 milhões e deverá continuar a aumentar devido ao impacto da degradação ecológica.

Pelo menos 41 países enfrentam atualmente "grave insegurança alimentar", algo que deverá agravar-se devido à "crescente degradação ecológica, inflação e guerra entre a Rússia e a Ucrânia", disse o ETR.

O presidente executivo e fundador do IEP, Steve Killelea, disse que, antes da cimeira COP27 no Egito, em novembro, os países devem procurar "soluções sistémicas" para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, investindo na "construção de resiliência de longo prazo", com programas de desenvolvimento que se concentrem em "microempresas que captem água e melhorem a agricultura e a manufatura de valor agregado".