terça-feira, 16 de abril de 2013

Audiência de Bubo Na Tchuto decorreu esta manhã em Nova Iorque

Defensora oficiosa do antigo chefe da marinha guineense recusa comentar o processo e diz que depois da audiência segue-se a fase de apreciação de provas
                                              

BISSAU — Os guineenses assistiram hoje com alguma expectativa o início júridico do julgamento do contra-almirante, José Américo Bubo Na Tchutu, preso pelas autoridades americanas, sob acusação de envolvimento no tráfico internacional de droga, de armas e de ter assassinado um agente norte-americano.
Basta dizer que os contornos da apreensão e julgamento de Bubo Na Tchutu prometem apresentar perspectivas e um quadro de crispação interna muito preocupante.
·         Audiencia de Na Tchutu

Isto, dias depois do Ministro do Interior, António Suca Ntchama, ter exonerado o Director dos Serviços de Informação do Estado, Serifo Mane, cujas relações não têm sido boas nos últimos tempos, conforme informações apuradas pela Voz de América.


Nada ainda se sabe sobre as razões profundas da demissão de Serifo Mane. Mas, verdade é que muitas vozes, dentro do Governo e de outras estruturas do poder, têm questionado de como é possível que agentes americanos desenvolveram e executaram uma operação desta magnitude, a de apreensão de Bubo Na Tchutu, sem que seja do conhecimento dos serviços da inteligência guineense.
Aliás, dentro das estruturas militares, há quem defenda que os americanos tiveram um empurrãozinho e colaboração de alguém em virtude das divergências que Na Tchutu apresentava com algumas altas patentes da estrutura militar guineense.

Em face ainda deste cenário, envolvendo o Presidente de Transição e o Chefe do Governo, ambos citados pelas agências internacionais, informações disponíveis indicam que o Estado-maior General das Forças Armadas emitiu um despacho, no qual proíbe a deslocação de qualquer oficial militar para o interior ou exterior do país, sem a autorização prévia do Ministro da Defesa, e no caso de oficiais paramilitares, sem a autorização do titular do Interior. Esta medida, considerado de sobreaviso, propõe conter prováveis ou eventuais detenções de mais outros possíveis visados militares ou paramilitares, tal como aconteceu ao almirante José Américo Bubu Na Tchtu.
De referir, entretanto, que o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do Governo de Transição, Faustino Fudut IMBALI, encontra-se em Dakar, Capital senegalesa, devendo seguir mais tarde para a Costa do Marfim e a Nigéria.
Aos jornalistas, afirma que a viagem visa informar da situação política vigente, sobretudo quando o país está na fase final do seu período de transição e quando o processo da reforma no sector da defesa e segurança entra numa etapa de execução, sob financiamento da CEDEAO.

Fudut Imbali é portador de uma mensagem do Presidente de Transição, Manuel Serifo NHAMADJO, aos seus homólogos, isto numa altura em que o próprio chefe de Estado de Transição é citado como uma das figuras supostamente envolvidas com o mundo de narcóticos, nomeadamente na aludida operação que resultou na captura de Bubu Na Tchutu.
E, justamente, sobre este particular, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, "não tem dúvidas que tudo não passa de insinuações e que estas mesmas informações são falsas e sem fundamento", fim de citação.

Lassana Casamá
15.04.2013

Violações de direitos humanos ameaçam democracia em Angola - ONG

Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos exige explicações sobre desparecimentos de activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule

                                   

Mário Domingos, organizador de uma a manifestação de 10 de Março , após ter sido agredido por desconhecidos em Luanda
O Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos (CCDH) considerou Segunda-feira em Luanda que os casos de violação dos direitos fundamentais dos cidadãos constituem um obstáculo, para a consolidação da democracia e da paz em Angola.



O coordenador adjunto do CCDH, Lauriano Paulo fez esta afirmação quando apresentava publicamente o balanço dos encontros mantidos com as instituições do executivo angolano, nomeadamente a  presidência da república, a provedoria, e ainda os ministérios da justiça e do Interior a quem apresentou as seguintes inquietações.

"Supostas mortes de cidadãos no Cacuaco, agressões a cidadãos presos na cadeia de Viana, a corrupção, as demolições de casas e deslocamento forcados de famílias" são algumas das violações mencionadas pelo conselho

O CCDH instou o executivo a explicar onde andam os dois activistas cívicos desaparecidos há um ano.

"Que o executivo esclareça o desaparecimento dos cidadãos Alves Kamulingue e Isaias Cassule," disse este activista.

Outra preocupação colocada ás autoridades do estado prende-se com o direito à manifestação e de reunião, garantido na Constituição angolana, artigo 47 e que, segundo disseram,  é constantemente atropelado pelo executivo.

Convidado à conferencia, o assistente da Embaixada Norte Americana em Angola, o especialista em politica Zeferino Teka pensa que a luta pelos direitos humanos 'è um processo e que o país está no caminho certo.

"Pesa-nos quando assistimos as realidades sobre violações de direitos humanos acontecerem mas acreditamos que é um processo continuo," disse
 

Bubo Na Tchuto volta ao tribunal americano em Julho

                                    

O antigo chefe da Armada da Guiné-Bissau, José Américo Bubo Na Tchuto, acusado de tráfico de droga ,tendo também como alegado destino os Estados Unidos, compareceu esta segunda-feira no Tribunal de Nova Iorque, na audiência onde alegou não ter meios para contratar um advogado privado. 

Os guineenses Bubo Na Tchuto, Papis Djeme e Tchamy Yala compareceram nesta segunda-feira no Tribunal de Nova Iorque para responderem à acusação de conspiração de importar droga rumo aos Estados Unidos. Os suspeitos arriscam-se a ser condenados a penas de prisão que se poderão estender até à prisão perpétua.

O caso está a ser conduzido pelo juiz Richard Berman recorde-se que tinham sido detidos por forças americanas no passado dia 5 de Abril, em águas internacionais, perto de Cabo Verde, e foram extraditados para os Estados Unidos.

O embaixador da Guiné-Bissau para a Organização das Nações Unidas, João Soares da Gama, presente ontem em tribunal, em entrevista a Miguel Martins, afirmou não ter possibilidade para contratar um advogado privado para o antigo chefe da Armada guineense.

Seguem-se, agora, 60 dias para analisar as provas recolhidas, a próxima audiência está prevista para o próximo dia 25 de Julho.
RFI

África21 entrevista José Ramos-Horta, representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau

                                     
                                  

"A chave do futuro do país está nas mãos do povo e dos seus líderes. Hoje têm uma oportunidade única de ultrapassar os erros do passado e de procederem a um virar de página", diz Ramos Horta em entrevista à revista África21.
Brasília - O diplomata timorense está ciente das dificuldades da sua missão, mas acredita que desta vez, com maior implicação da comunidade internacional, o país poderá virar a página da violência e da instabilidade. Com a condição das elites políticas guineenses se entenderem e aceitarem a ideia de um Governo inclusivo após as eleições gerais.

África21 Já fez mais de um mês na Guiné-Bissau e ouviu os protagonistas. Quais são as suas impressões?

JOSÉ RAMOS-HORTA - A chave do futuro do país está nas mãos do povo e dos seus líderes. Hoje têm uma oportunidade única de ultrapassar os erros do passado e de procederem a um virar de página. Estou relativamente otimista, que com mais diálogo, com mais concertação com a ONU e desta com os outros parceiros internacionais, encontraremos uma estratégia comum para retirar a Guiné do ciclo de violência e de instabilidade.

A situação guineense não é assim tão complicada, comparada com o Mali e a Somália. Depois da minha primeira semana de encontros em Bissau, em todas as capitais onde a seguir estive para harmonizar posições com os outros parceiros, constatei uma real vontade de apoiar a Guiné-Bissau.

O secretário-geral das Nações Unidas, mesmo com as sérias preocupações relativas ao Afeganistão, Síria, Mali e à RD do Congo, ainda arranja tempo para procurar uma solução para a crise guineense.
Tenho a sensação que os principais atores da crise, a classe política e os militares, parecem cansados e desgastados por estes constantes problemas. Assim, creio que a Guiné-Bissau possui um grande potencial para se tornar um oásis de paz e de prosperidade na sub-região.

É certo que as suas Forças Armadas são pobres e desorganizadas e que o Estado é frágil e minado pelo narcotráfico, mas não enfrenta um conflito étnico-religioso nem a violência existente na Líbia ou no Mali.

Vamos intensificar o diálogo e pensamos lançar os fóruns SRSG, isto é, debates temáticos promovidos pelo representante especial do secretário-geral das Nações Unidas sobre questões como a reforma e modernização das forças de Defesa e Segurança ou o papel da sociedade civil na democracia.

Tencionamos ainda propor uma sessão aberta, em que queremos desafiar os guineenses a encontrarem um tema da sua escolha, algo nobre, consensual e com capacidade mobilizadora, como foi a luta de libertação nacional. Cabe agora aos intelectuais refletirem sobre esta proposta.

O que acha da iniciativa de colocação dum representante da CPLP em Bissau?

Se a comunidade lusófona for coerente com a preocupação que manifesta com a crise e quiser ser solidária com o país, convinha de facto ter cá alguém. Por exemplo, uma personalidade de elevado perfil, ex-governante ou um general na reserva, disponível para assistir o país até à sua estabilização.

Apesar da atual tensão com a Guiné-Bissau, a CPLP tem uma simpatia genuína pela Guiné-Bissau e alguns dos seus membros, como Brasil, Angola e Moçambique, têm recursos suficientes para sustentar este posto.

Eu é que convidei o embaixador Murargy para vir tomar parte na reunião de reflexão e de concertação dos parceiros, incluindo os bilaterais, como Espanha, China e Rússia, a fim de adotarmos uma posição conjunta sobre o calendário político da transição, designadamente a questão da formação do Governo alargado. Cada parceiro identificará a área em que focalizará o seu apoio.