sábado, 19 de julho de 2025

Braima Camará : A assunção da Presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pela Guiné-Bissau e por Vossa Excelência, General Úmaro Sissoco Embaló, presidente da República da Guiné-Bissau, representa um momento de prestígio e responsabilidade para o nosso país e para todos os guineenses...

Por Braima Camará 

A assunção da Presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pela Guiné-Bissau e por Vossa Excelência, General Úmaro Sissoco Embaló, presidente da República da Guiné-Bissau, representa um momento de prestígio e responsabilidade para o nosso país e para todos os guineenses. 

Saúdo este marco com orgulho patriótico, reconhecendo nele uma oportunidade para afirmar o lugar da Guiné-Bissau no seio das nações que promovem a cooperação, o diálogo e o desenvolvimento sustentável.

A centralidade atribuída ao tema da soberania alimentar nesta Cimeira é, a meu ver, um sinal claro de que o futuro da nossa Nação está intrinsecamente ligado à valorização dos nossos recursos, à proteção da nossa terra e ao fortalecimento das capacidades produtivas do nosso povo. A segurança alimentar é hoje um imperativo de soberania, dignidade e paz social.

Neste contexto, reafirmo o meu compromisso firme e inabalável com o futuro da Guiné-Bissau, e com a construção de uma agenda política assente na responsabilidade, na inclusão e na reconciliação. O MADEM-G15, enquanto força política patriótica, está consciente dos grandes desafios que se avizinham, e é neste espírito que continuamos a trabalhar para a sua união e coesão, num momento crucial que antecede as eleições presidenciais e legislativas.

A reconciliação da família guineense representa, neste quadro, um novo sinal de maturidade e uma oportunidade renovada para que o Chefe de Estado continue a promover a reconciliação entre os guineenses, a estabilidade institucional e a coesão nacional.

O futuro exige de todos nós coragem, espírito de unidade e sentido de Estado. A Guiné-Bissau precisa de estabilidade, instituições fortes e lideranças capazes de colocar os interesses do país acima das disputas pessoais. É esse o caminho que me proponho a seguir — com humildade, mas também com determinação.

Desejo que esta Presidência da CPLP seja aproveitada com inteligência estratégica, para abrir portas, criar parcerias e mobilizar os recursos necessários ao nosso desenvolvimento sustentável.

A Guiné-Bissau tem pela frente uma oportunidade única. Ao assumir a presidência da CPLP, está sob os olhos da comunidade internacional. Pode, se quiser, transformar esta visibilidade em alavanca de reformas internas.

Chegou o momento de fazer convergir a diplomacia com a Constituição, e o prestígio internacional com o retorno pleno à legitimidade constitucional.

Juntos, com coragem e visão, construiremos uma Guiné-Bissau mais próspera, mais justa e mais respeitada.

Viva a Guiné-Bissau! Viva a CPLP! Viva o povo guineense!

Lisboa, 18 de Julho de 2025

Braima Camará

Coordenador Nacional do MADEM-G15

"Se os estrangeiros forem embora, o Japão não tem gente para trabalhar"

Por LUSA 

A extrema-direita fez da imigração um dos temas da eleição para a câmara alta do parlamento, no domingo, mas vários residentes lusófonos alertaram que o Japão precisa de estrangeiros para enfrentar o envelhecimento populacional.

"Se os estrangeiros forem embora daqui, o Japão já não tem para trabalhar. A mão-de-obra, até aqui, para nós também faltam pessoas", disse hoje à Lusa Rogério, de 43 anos, que trabalha num restaurante brasileiro em Osaka (centro-sul).

Nas últimas duas décadas, o número de trabalhadores no ativo diminuiu em cerca de três milhões. Até 2040, o Japão deverá enfrentar um défice de mão-de-obra de 11 milhões de pessoas, de acordo com uma estimativa do Recruit Works Institute.

"Sem estrangeiros, o Japão para. Japonês não quer trabalhar em qualquer serviço", explicou à Lusa outro brasileiro, Gilberto, que vive em Toyama, no centro do país.

No final de 2024, o Japão tinha 3,76 milhões de residentes estrangeiros, um máximo histórico, mas que apenas representa 3% da população. De acordo com a legislação em vigor, nenhum deles tem direito de voto nas eleições de domingo.

Mas isso não impediu a extrema-direita de apostar numa retórica abertamente xenófoba, ligando a criminalidade à imigração e prometendo regras mais apertadas para a atribuição de residência e excluir os estrangeiros dos benefícios sociais.

De acordo com dados oficiais, em 2024, estrangeiros, incluindo residentes e pessoas em situação irregular, cometeram 2,2% dos crimes registado no Japão.

"Claro que estamos tendo problemas hoje em questões de segurança. Tem muitos estrangeiros que estão vindo para o Japão e estão fazendo muitas coisas erradas", admitiu Rogério.

"Mas isso de mandar estrangeiro embora, tem tanta coisa na Internet, mas eu acho que é muito 'fake news' [notícias falsas]", sublinhou o brasileiro.

Fundado em 2020, o partido de extrema-direita Sanseito tem usado redes e plataformas sociais para disseminar teorias da conspiração e desinformação xenófoba, observou Jeffrey J. Hall.

O especialista da Universidade de Estudos Internacionais de Kanda explicou que as emissoras japonesas "são legalmente obrigadas a manter a neutralidade política durante as eleições, pelo que a sua cobertura é muitas vezes bastante monótona".

"Em contraste, os canais do YouTube demonstram um extremo alinhamento político e podem obter enormes visualizações quando promovem mensagens sensacionalistas contra estrangeiros", disse Hall.

"Os estrangeiros são usados como alvos para expressar descontentamento", disse Yu Uchiyama, professor de ciências políticas na Universidade de Tóquio, que estabeleceu um paralelo com a ascensão da extrema-direita na Europa e nos Estados Unidos.

Em 08 de julho, oito organizações de defesa dos direitos dos estrangeiros e refugiados denunciaram a inclusão de mensagens xenófobas na campanha eleitoral e sublinharam que os imigrantes não recebem tratamento preferencial no Japão.

Uma opinião confirmada por Rogério, que destaca ainda "a barreira da língua", que torna alguns estrangeiros vulneráveis à exploração.

As sondagens sugerem que o Sanseito, atualmente com dois lugares na Câmara dos Conselheiros, poderá conquistar mais de dez dos 125 lugares em disputa nas eleições de domingo para a câmara alta do parlamento, composta por 248 membros.

Com a coligação do primeiro-ministro Shigeru Ishiba em risco de perder a maioria na Câmara dos Conselheiros, o partido no poder adotou parcialmente o discurso anti-imigração.

Na terça-feira, Ishiba inaugurou um gabinete especial para tratar de questões relacionadas com residentes estrangeiros, dizendo que irá ouvir as preocupações dos japoneses, incluindo alegados abusos do sistema de segurança social.

Ironicamente, diz Rogério, que vive no Japão desde os 14 anos, "antigamente até que, sim, tinha 'bullying', tinha preconceito", porque o país "antes era muito mais fechado".

Daniel, um angolano que vive há 14 no Japão, admitiu o peso do choque cultural: "O povo japonês é muito severo e vais ter que deixar algumas coisas que estás habituado a fazer, porque aqui tens que seguir mesmo a linha dos japoneses".

Rogério, casado com uma japonesa e com filhos, sublinhou que atualmente as escolas japonesas "ajudam as crianças [de estrangeiros] a falar e a escrever o japonês".

"Eu hoje não vejo discriminação", garantiu o brasileiro. Quanto aos apelos anti-imigração, "o japonês não quer isso, ele é aberto aos estrangeiros", acrescentou.

O Chefe de Estado, recebeu hoje as Cartas Credenciais da Embaixadora Emília Fábián, representante extraordinária e plenipotenciária da Hungria junto à Guiné-Bissau. A diplomata transmitiu os cumprimentos do Primeiro-Ministro húngaro, Viktor Orbán, e reiterou o compromisso do seu país em aprofundar as relações de amizade e cooperação com o nosso Estado.

A Embaixadora, residente em Portugal, garantiu deslocações frequentes à Guiné-Bissau, com o objectivo de reforçar os laços bilaterais entre os dois países.


 Presidência da República da Guiné-BissauRadio Voz Do Povo

EUA rejeitam mudanças da OMS para combater pandemias: "Direito soberano"

Por LUSA 

O Governo de Donald Trump anunciou na sexta-feira que os Estados Unidos rejeitam as alterações adotadas em 2024 pelos países da Organização Mundial da Saúde (OMS) para combater pandemias, alegando que estas violam a soberania norte-americana.

Os países-membros da OMS adotaram em 2024 emendas ao Regulamento Sanitário Internacional, um quadro juridicamente vinculativo para responder a emergências de saúde pública, que mostrou limitações durante a pandemia da covid-19.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu assim que voltou ao poder, em janeiro, retirar os Estados Unidos desta agência da ONU. Mas, de acordo com o Departamento de Estado, essas alterações continuam a ser obrigatórias para o país.

"Estas alterações podem prejudicar indevidamente o nosso direito soberano de elaborar a nossa política de saúde", afirmaram, em comunicado, o secretário da Saúde norte-americano, Robert Kennedy Jr., conhecido pelas posições antivacinas, e o secretário de Estado do país, Marco Rubio.

"Colocaremos os americanos em primeiro lugar em todas as nossas ações e não toleraremos nenhuma política internacional que prejudique a liberdade de expressão, a privacidade ou as liberdades individuais dos americanos", acrescenta-se na nota.

As alterações introduzem os conceitos de "emergência pandémica" e "mais solidariedade e equidade", de acordo com a OMS.

Estas foram adotadas depois de, no ano passado, a organização não ter conseguido chegar a um acordo global mais ambicioso na luta contra as pandemias. Em 2025, esse acordo foi finalmente concluído, mas sem os Estados Unidos.

"Lamentamos a decisão dos Estados Unidos de rejeitarem as alterações", reagiu o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, num comunicado publicado na sexta-feira à noite na rede social X.

O responsável salientou que as alterações "são claras sobre a soberania dos Estados-membros", acrescentando que a OMS não pode decidir sobre confinamentos ou medidas semelhantes.

Washington, sob a presidência de Joe Biden, participou nas negociações em 2024, mas não conseguiu chegar a um consenso. Os Estados Unidos exigiam mais proteções em relação aos direitos de propriedade intelectual sobre as vacinas norte-americanas.

O antecessor de Marco Rubio, Antony Blinken, saudou posteriormente as alterações, classificando-as como um progresso.

"Elas [alterações] também não tratam adequadamente a vulnerabilidade da OMS à influência política e à censura, especialmente por parte da China, durante epidemias", acrescentaram os dois secretários norte-americanos para justificar a rejeição.

Sessão de Abertura da XV Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no dia 18 de julho de 2025, em Bissau. Intervenção de boas-vindas de Umaro Sissoco Embaló, Presidente da República da Guiné-Bissau e Presidente em exercício da CPLP.

Mutação em plantas de Cabo Verde sugere como culturas agrícolas podem resistir ao sal... A insularidade de Cabo Verde é um dos fatores que contribui para a sua biodiversidade e que tem despertado interesse científico em diversos domínios.

Por sicnoticias.pt

Um estudo científico sobre amostras de plantas recolhidas em Cabo Verde dá novas sugestões para desenvolvimento de culturas agrícolas em solos onde haja muito sal, por influência da água do mar, lê-se num artigo publicado na revista científica Science Advances.

"As nossas descobertas revelam um método baseado no conhecimento para desenvolver culturas resistentes ao sal, o que pode ser atraente tanto para a agricultura convencional como para a agricultura biológica", indicam os cientistas, ao detalhar as experiências laboratoriais realizadas.

O trabalho "Evolução paralela da tolerância à salinidade" em amostras da planta Arabidopsis thaliana recolhida em Cabo Verde foi publicado na última edição da revista Science Advances.

O artigo é partilhado por 15 autores de universidades e centros de investigação de França e Espanha e, embora não seja a primeira vez que a resistência de plantas à salinidade seja estudada, o estudo oferece provas genéticas e bioquímicas que podem fundamentar novas abordagens biotecnológicas.

"A salinização dos solos representa uma ameaça relevante à agricultura" e, no caso, as Ilhas de Cabo Verde "localizam-se a 600 quilómetros da costa de África e caracterizam-se por ambientes áridos e solos de elevada salinidade", assinalam os autores.

"Descobrimos que as plantas Arabidopsis thaliana nativas destas ilhas acumulam 'glucuronil-manose', que as protege do stress salino", um composto cuja produção os cientistas ligam a um gene específico, designado GH38cv.

As plantas portadoras de mutações de GH38cv "não apresentam defeitos de crescimento, nem de aptidão ou de resistência biótica em condições laboratoriais padrão, mas apresentam melhores taxas de germinação, raízes mais longas, melhor estado hídrico e maior aptidão do que as plantas não mutadas quando expostas ao stress salino".

Segundo o artigo, as mutações "evoluíram independentemente em duas ilhas distintas dentro do arquipélago de Cabo Verde", Santo Antão e Fogo, "ilustrando um exemplo de evolução paralela para a tolerância ao sal neste ambiente".

"As nossas descobertas podem ter implicações práticas para a agricultura (...). Em resumo, tanto a síntese como a aplicação de 'glucuronil-manose', bem como a edição genética dirigida de GH38cv, oferecem estratégias promissoras inspiradas na natureza para aumentar a tolerância ao sal em culturas e plantas ornamentais através de abordagens biotecnológicas", concluem.

A insularidade de Cabo Verde é um dos fatores que contribui para a sua biodiversidade e que tem despertado interesse científico em diversos domínios.

Em março, um outro grupo de cientistas indicou que um tipo de tamareira que se supõe já só existir em Cabo Verde pode ajudar árvores semelhantes a adaptarem-se às mudanças climáticas e outros problemas.


Tiroteio em mina de ouro na RCA gerida pelo grupo Wagner faz 11 mortos

Por LUSA 

Um tiroteio numa mina na República Centro-Africana (RCA), controlada pelo grupo russo de mercenários Wagner, matou pelo menos 11 pessoas, disseram hoje moradores e trabalhadores humanitários.

As vítimas foram mortas na noite de quarta-feira na mina de ouro em Ndassima, a cerca de 450 quilómetros a leste da capital do país, Bangui, disseram os residentes e os trabalhadores humanitários à agência de notícias Associated Press.

Os habitantes das aldeias vizinhas estão proibidos de aceder à mina controlada pela Wagner.

O morador Serge Pounematchi, cujo filho estava entre os mortos, disse que as vítimas estavam no local à procura de resíduos de ouro e cascalho quando foram sumariamente mortas, juntando-se a outros aldeões nos funerais das vítimas.

"É uma pena que o direito à vida não exista", sublinhou Pounematchi.

As autoridades ainda não confirmaram quaisquer pormenores sobre a violência e as autoridades locais não responderam até agora às perguntas colocadas pelos jornalistas.

Dois trabalhadores humanitários, que falaram sob condição de anonimato por receio de serem visados, confirmaram que as vítimas eram jovens das aldeias vizinhas e que a maioria foi morta a tiro.

Constantin Pounoukouzou, um residente de Ndassima, disse que alguns aldeões ainda estão desaparecidos. "Os jovens desempregados não têm outra opção senão ir para este sítio à noite (para) a gravilha", adiantou Pounoukouzou.

O grupo Wagner é frequentemente acusado de cometer violações dos direitos humanos e execuções extrajudiciais com pouca ou nenhuma responsabilidade na República Centro-Africana, onde se comprometeu a lutar contra grupos rebeldes e a restabelecer a paz.

Os mercenários têm servido como guarda-costas pessoais do Presidente Faustin Archange Touadera, ajudando-o a vencer um referendo constitucional em 2023, que poderá prolongar o seu poder indefinidamente.