Busto de Amílcar Cabral no centro de Bissau. © Liliana Henriques / RFI
Por: Mussá Baldé RFI 20/01/2024
Na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, este sábado, pelos 51 anos da sua morte, recorda-se o legado de Amílcar Cabral, pai da independência desses dois países que completaria 100 anos no próximo mês de Setembro. Na Guiné-Bissau, onde a data não foi marcada por comemorações oficiais, a figura de Cabral foi homenageada por membros do partido fundado por ele e também por académicos.
Sem celebrações oficiais do Estado, Cabral foi evocado hoje, no dia em que se assinala a data do seu assassinato, mas que este ano foi aproveitado para evocar os 100 anos do seu nascimento.
Na Universidade Colinas de Boé, universidade do ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, João José Huco Monteiro, vários académicos e jovens estiveram reunidos numa tertúlia para ler e analisar os escritos e pensamentos de Cabral.
Destacam-se as presenças do ex-ministro Carlos Cardoso, um apaixonado por Amílcar Cabral, e da jurista Helena Neves Abrahamson.
"Cabral significa muito para os guineenses e cabo-verdianos, de forma particular, mas significa ainda muito mais para os africanos, devido ao seu papel na luta pela libertação do continente do jugo colonial", disse Geraldo Martins, ex-primeiro-ministro guineense e vice-presidente do PAIGC, partido fundado por Amílcar Cabral, PAIGC.
Uma delegação do PAIGC foi impedida de depositar coroas de flores no mausoléu nacional na fortaleza de Amura, onde repousam os restos mortais de Cabral.
Geraldo Martins diz ser uma "tristeza" que as autoridades públicas da Guiné-Bissau não estejam a celebrar Cabral que, na sua óptica, "não é uma figura qualquer".
O PAIGC ainda fez uma cerimónia de homenagem a Cabral na sua sede em Bissau, onde não faltaram palavras daqueles que o conheceram durante a luta armada em Conacri e também poemas alusivos à vida e obra de Amílcar Cabral.
Nos próximos tempos, há várias celebrações previstas para acontecer um pouco por toda a Guiné-Bissau para evocar o seu centenário.