© iStock
Por LUSA 15/05/22
O Mali anunciou hoje a saída do grupo regional G5 do Sahel e a retirada das suas tropas, em protesto por lhe ter sido até agora vedada a presidência da organização.
O G5 do Sahel é uma organização regional de coordenação e cooperação que junta, além do Mali, a Mauritânia, o Chade, o Burkina Faso e o Níger. Foi criada em 2014 na Mauritânia e tem desde 2017 uma força conjunta antiterroristas islâmicos.
"O Governo do Mali decidiu retirar-se de todos os organismos e instâncias do G5 do Sahel, incluindo a Força Conjunta", refere um comunicado divulgado hoje.
Uma conferência de chefes de Estado do G5 do Sahel estava prevista para fevereiro de 2022 em Bamaco, que deveria "consagrar o início da presidência maliana do G5", mas "quase um trimestre após a data indicada" esta reunião "ainda não teve lugar", lê-se na nota.
Bamaco "rejeita firmemente o argumento de um Estado-membro do G5 do Sahel, que apresenta a situação política interna nacional para se opor ao exercício do Mali da presidência do G5 do Sahel", disse o comunicado sem nomear o país em causa.
Segundo o Governo do Mali, "a oposição de certos Estados do G5 do Sahel à presidência do Mali está ligada às manobras de um Estado extra-regional que procura desesperadamente isolar o Mali". Também aqui não é especificado o país em questão.
As relações entre o Mali e os países europeus, a começar pela França, deterioraram-se significativamente nos últimos meses.
O Mali tem sido alvo desde janeiro de uma série de medidas económicas e diplomáticas por parte dos Estados da África Ocidental para sancionar a intenção da junta militar de permanecer no poder durante vários anos, após dois golpes de Estado, em agosto de 2020 e maio de 2021.
A junta optou por uma transição de dois anos, enquanto a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pede a Bamaco que organize eleições no prazo máximo de 16 meses.
Os golpes militares no Mali e no Burkina Faso, dois dos cinco membros da força anti-'jihadista' multilateral do G5 do Sahel, estão a minar a sua capacidade operacional, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, num relatório ao Conselho de Segurança enviado em 11 de maio.
"Estou profundamente preocupado com a rápida deterioração da situação de segurança no Sahel, bem como com o efeito potencialmente prejudicial que a situação política incerta no Mali, no Burkina Faso e não só terá nos esforços para tornar a força conjunta do G5 do Sahel mais operacional", afirmou António Guterres, citado pela agência France-Presse.