domingo, 10 de julho de 2022

Cyril Ramaphosa pede ação da Polícia após tragédias na África do Sul

 

© Reuters

Notícias ao Minuto  10/07/22 

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, instou as autoridades de segurança e as comunidades a cooperarem na detenção dos responsáveis pelos ataques armados em várias tabernas, no país, que provocaram pelo menos 21 mortos nas últimas 24 horas.

"Como nação, não podemos permitir que sejamos aterrorizados dessa forma por criminosos, independentemente de onde tais incidentes possam ocorrer", salientou em comunicado o chefe de Estado sul-africano.

"Como governo, cidadãos e estruturas da sociedade civil, todos devemos trabalhar em conjunto ainda mais de perto para melhorar as condições sociais e económicas nas comunidades, reduzir o crime violento e acabar com a circulação ilícita de armas de fogo", adiantou.

Na ótica do Presidente sul-africano: "Cada morte violenta é inaceitável e preocupante, e assassinatos na escala que vimos no Soweto [arredores de Joanesburgo], em Pietermaritzburg [sudeste do país] e anteriormente em Khayelitsha [Cidade do Cabo] devem-nos estimular a um esforço coletivo para construir comunidades e tornar a África do Sul um lugar inseguro para criminosos".

No comunicado, o chefe de Estado sul-africano lamentou a ocorrência dos incidentes, enviando condolências às famílias das vítimas e votos de rápida recuperação aos sobreviventes.

No Soweto, o maior município de Joanesburgo com cerca de dois milhões de habitantes, homens encapuçados armados atacaram na madrugada de hoje uma taberna disparando aleatoriamente com armas automáticas de alto calibre e pistolas de 9mm, provocando pelo menos 15 mortos e 9 feridos, entre 19 e 35 anos, segundo um novo balanço da polícia sul-africana.

O incidente ocorreu cerca das 00:30, hora local, em Orlando Este, na taberna Mdlalose, situada no bairro informal de Nomzamo, horas antes da conferência provincial do ANC Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder, em Gauteng.

Anteriormente, as autoridades sul-africanas haviam confirmado no local a morte de 12 pessoas e transportaram 11 para o hospital, disse à televisão sul-africana o comissário da polícia de Gauteng Elias Mawela.

A polícia sul-africana confirmou ainda a ocorrência de um outro tiroteio numa taberna em Katlehong, no município de Ekurhuleni, sudeste de Joanesburgo, que provocou dois mortos e pelo menos dois feridos graves.

Em Pietermaritzburg capital da província do KwaZulu-Natal (KZN), sudeste do país, quatro pessoas foram também mortas a tiro numa taberna no sábado, segundo a polícia sul-africana.

Desconhecem-se os motivos dos ataques armados.

Há duas semanas, um tiroteio num bar da cidade de East London, na província do Cabo Oriental, sudeste do país, provocou a morte de 21 jovens durante uma celebração do fim dos exames, segundo as autoridades sul-africanas.

O ANC Governante, que registou uma queda acentuada de apoio eleitoral nas eleições locais do ano passado, enfrenta múltiplos escândalos de corrupção e divisões internas, preparando-se para realizar a sua conferência nacional eletiva em dezembro.


GUERRA NA UCRÂNIA - Papa pede fim à "loucura da guerra" na Ucrânia

© Lusa

Por LUSA  10/07/22 

O Papa Francisco expressou hoje a sua solidariedade para com o povo do Sri Lanka, que se revoltou contra a crise económica e provocou uma agitação civil que ditou o afastamento do Presidente da República e do primeiro-ministro.

"Uno-me à dor do povo do Sri Lanka, que continua a sofrer os efeitos da instabilidade política e económica", declarou o líder da Igreja Católica após a oração dominical do Angelus, acrescentando: "Juntamente com os bispos do país, renovo o meu apelo à paz e imploro aos responsáveis que não ignorem o grito dos pobres e as necessidades do povo".

A revolta popular no Sri Lanka levou à fuga do presidente do país asiático, Gotabaya Rajapaksa, antes de o seu palácio em Colombo ter sido invadido por manifestantes. Rajapaksa anunciou posteriormente que se irá demitir na quarta-feira, enquanto o primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, já apresentou a demissão e viu a sua residência privada ser incendiada.

O país está imerso numa das piores crises económicas desde a independência, em 1948, derivada do declínio das reservas em moeda estrangeira e de uma elevada dívida externa.

Francisco apelou ainda a "Deus para mostrar o caminho para pôr fim à loucura da guerra" na Ucrânia. O Papa renovou a sua proximidade em relação ao povo ucraniano "diariamente atormentado pelos ataques brutais" e salientou rezar "por todas as famílias, especialmente pelas vítimas, os feridos, os doentes, os idosos e as crianças".

Entretanto, o secretário para as relações com os Estados, o arcebispo Paul Richard Gallagher, não excluiu que o Papa Francisco pudesse viajar até à Ucrânia em agosto, dependendo de como se sente no seu regresso do Canadá, onde Francisco estará na última semana de julho.

Numa entrevista na televisão pública italiana RAI, o representante da Santa Sé para as relações externas assegurou que o Papa "está muito convencido de que se pudesse fazer esta visita poderia ter resultados positivos", sem deixar de notar que o Papa sempre demonstrou "a sua vontade de ir à Ucrânia e a Moscovo para se encontrar com as autoridades russas".

Por último, o sumo pontífice manifestou o seu desejo de que sejam encontradas "soluções convincentes" para a situação atual na Líbia com o apoio da comunidade internacional, ao recordar "o povo da Líbia e em particular os jovens e todos aqueles que sofrem devido aos graves problemas sociais e económicos do país".

Na passada quinta-feira, as duas instituições líbias rivais, reunidas em Genebra sob os auspícios das Nações Unidas (ONU), não conseguiram concluir um acordo para a realização de eleições devido a divergências sobre a elegibilidade dos candidatos presidenciais.


Dr. Fernando Seara (Ex-presidente da Câmara Municipal de Sintra) foi hoje a minha ilustre e fraterna companhia de final de tarde.

Braima Camará - Bá Di Povo

Daquelas amizades que por mais que o encontro seja breve a conversa vale sempre a pena.

Dos vários assuntos abordados, a preparação da sua participação como orador na conferência dos Quadros do MADEM-G15, que terá lugar nos dias 1 e 2 de agosto, acabou por ser o assunto central.

Um muito obrigado ao Dr. Fernando Seara, pela sua disponibilidade e vontade, em apoiar a Guiné-Bissau e o MADEM-G15.

Veja Também:

9 de julho de 2022
Um primo e amigo que atravessou a fronteira para passar esta festa de fé, comigo e com a minha família. Não tenho palavras para manifestar tamanho gesto de fraternidade.

Bori Fati, é o pai do nosso menino de ouro, o futebolista Ansu Fati, que joga no Barcelona ocupando o lugar de atacante. 

Ao nosso menino guineense, que herdou a camisola 10 do Lionel Messi, desejo um enorme sucesso em todos os sentidos.

Bem-haja!

#tabaski2

Use it or lose it... By: Business Unions 🚀

@Business_Unions

Este ano, 76 crianças guineenses já foram retiradas das ruas de Dacar

© Reuters

Por LUSA  10/07/22 

Na sede da Associação dos Amigos da Criança (AMIC) em Gabu, nordeste da Guiné-Bissau, o barulho é ensurdecedor com 23 crianças a tocarem tambor, a jogarem à bola ou simplesmente a rirem-se das brincadeiras dos outros.

Nos quartos, as camas estão feitas e as malas arrumadas nos armários. O corredor da casa é pista para corridas entre o pátio da frente e a sala das traseiras, para troca de sorrisos e cumplicidades.

Estas crianças, 21 meninos e duas meninas, são as últimas que a AMIC resgatou das ruas de Dacar, capital do Senegal, onde se encontravam a mendigar dinheiro. Um trabalho que realiza desde 2005 e que já fez regressar ao país, desde então, três mil crianças.

"O regresso deste efetivo de 23 crianças veio engrossar o leque de crianças resgatadas no Senegal. No ano passado conseguimos fazer o regresso de 150 crianças e este ano já estamos em 76 crianças", afirma à agência Lusa o secretário-geral da AMIC, Laudolino Medina.

Agora, a associação vai analisar as condições de reintegração destas crianças nas famílias. Todas as crianças são acompanhadas, as famílias apoiadas e sistematicamente avaliadas para não voltarem a enviar os filhos para fora do país.

Estas crianças são conhecidas como "talibés", estudantes do livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão, e existem em quase toda a África Ocidental.

O problema é que a maior parte destas crianças são entregues a falsos mestres corânicos, que põem as crianças a mendigar nas ruas, as obrigam a trazer dinheiro e quando não trazem são espancadas e sujeitas a outros maus-tratos.

"Muitas famílias mesmo tendo informação sobre as situações de vulnerabilidade em que as crianças se encontram no Senegal teimam em mandá-las, porque acreditam que o bom conhecimento se adquire fora e com sacrifício. E muitas famílias dizem que se a criança morrer nesse processo vai para a glória e a família também. Esta é a mentalidade das nossas comunidades", explica Laudolino Medina.

O problema também subsiste porque na Guiné-Bissau as escolas corânicas não funcionam e as famílias as enviam porque é menos uma boca para alimentar.

"Há falsos mestres corânicos que chegam durante as grandes festas muçulmanas, treinam crianças a citar os versos corânicos, e depois as famílias pedem aos mestres que levem os filhos e esses acabam por deixar as comunidades com muitas crianças. Há outros casos em que crianças que foram com esses falsos mestres corânicos servem agora de intermediários" para atrair mais crianças, diz o secretário-geral da AMIC.

Questionado sobre se há um aproveitamento da religião muçulmana para traficar estas crianças, Laudolino Medina considera que sim.

"A aprendizagem corânica é positiva, é um valor, e os pais têm o direito legítimo de orientar os filhos, o que não é normal nisso é colocar os filhos na rua a mendigar, a estender as mãos a um estranho, e ter de trazer imperativamente uma soma de dinheiro, caso contrário, é sujeito a maus-tratos", afirma.

Para Laudolino Medina, o mal não está na aprendizagem do Alcorão, mas na "exploração da mão de obra infantil".

Questionado pela Lusa sobre a razão pela qual o Estado não pune os pais das crianças, já que existe lei que criminaliza o tráfico de seres humanos, Laudolino Medina explica que até hoje ninguém foi presente à justiça, julgado e condenado.

"A justiça é uma das nossas grandes preocupações devido à morosidade e impunidade", diz.

Sobre a razão pela qual o fenómeno atinge sobretudo Gabu e Bafatá, Laudolino Medina explica que as duas regiões são fronteiriças, principalmente Gabu, que está muito próxima da fronteira com o Senegal e a Guiné-Conacri.

"As etnias que estão nestas duas regiões, além de serem muçulmanas têm muitas afinidades com as comunidades do outro lado da fronteira. Há fulas e mandingas em ambos os lados da fronteira", diz.

Mas, a Guiné-Bissau tem agora regras mais rígidas para a saída de menores do país, e, segundo Laudolino Medina o problema não reside nas passagens controladas pelas autoridades.

"As fronteiras são muito vulneráveis. Há casas que estão na Guiné-Bissau e os anexos no Senegal. Há famílias que uma parte está na Guiné-Bissau e a outra na Guiné-Conacri. É difícil de controlar", afirma.

A AMIC tem nos imames da Guiné-Bissau "excelentes colaboradores" e têm tido um papel preponderante, através da sensibilização, alertando para a existência de mais casos. São também quem muitas vezes avisa para a possibilidade de saída de crianças do país.

A AMIC iniciou recentemente com outras organizações não-governamentais um projeto de três anos, financiado pela União Europeia, para a prevenção do radicalismo e extremismo violento, que está a ser desenvolvido nas regiões de Gabu, Bafatá e Oio.

"Temos de trabalhar com as nossas crianças para evitar o pior e nada melhor do que a educação. Até recentemente havia apenas em Bafatá e Gabu um único liceu de Estado, agora é que já há liceus privados. Quando a população é abandonada, não há serviços sociais de base, não há educação, não há escola, o que podemos esperar das pessoas é a radicalização", afirma.

Por isso, diz, "o melhor instrumento para prevenir tudo isto que paira sobre o céu da Guiné-Bissau é trabalhar fortemente na área da educação". "Estamos a trabalhar em toda a rede nordeste, a dar respostas, e também a trabalhar com as comunidades", afirma.