Pedro Pires, antigo presidente de Cabo Verde
Liliana HenriquesO governo guineense expressou hoje o seu desagrado com os comentários tecidos pelo antigo presidente cabo-verdiano Pedro Pires que ontem numa conferência na cidade da Praia considerou que a situação política na Guiné-Bissau não passa de uma tentativa de interpretação exagerada dos poderes constitucionais por parte do chefe do Estado guineense.
Na óptica de Pedro Pires, a crise na Guiné-Bissau é motivada sobretudo pelo facto de o presidente guineense pretender mudar o regime político do país sem que a Constituição esteja revista. O antigo chefe de Estado de Cabo Verde referiu ainda que José Mário Vaz pretende ter mais poderes do que aquilo que a Constituição lhe dá.
Hoje em conferência de imprensa, o Ministro guineense do Turismo e novo porta-voz do governo, Fernando Vaz, reagiu e manifestou o desagrado do executivo, qualificando de "infelizes" as declarações de Pedro Pires. Do ponto de vista de Fernando Vaz, as afirmações do antigo Presidente de Cabo Verde são contraditórias uma vez que, refere o porta-voz do governo, o ex-líder cabo-verdiano afirma não acompanhar de perto a situação na Guiné-Bissau e ao mesmo tempo aponta o dedo ao chefe do Estado guineense pela crise.
Durante a mesma conferência de imprensa, o porta-voz do governo guineense mencionou as altercações ocorridas na Quarta-feira na sede do PAIGC em Bissau e considerou que se tratou de um acto isolado entre os militantes daquela formação política. Referindo-se, por outro lado, à perspectiva das eleições legislativas previstas para 2018, Fernando Vaz anunciou que o governo guineense já disponibilizou verbas para a actualização dos cadernos eleitorais.
Por RFI