Ex-primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan, um dos candidatos inscritos
Por DW.COM
A oposição na Costa do Marfim não reconhece a validade das presidenciais de sábado, das quais Alassane Ouattara deverá sair vencedor. Partido no poder já avisou que não aceitará "qualquer tentativa de desestabilização".
"O RHDP adverte Affi N´Guessan [porta-voz da oposição] e outros contra qualquer tentativa de desestabilizar o país", disse o diretor executivo do partido, Adama Bictogo, numa conferência de imprensa.
Bictogo também acusou os responsáveis da oposição de serem os "patrocinadores" da violência que manchou as eleições de sábado (31.10) e que provocou pelo menos duas mortes.
Os principais partidos da oposição afirmaram que pelo menos 12 pessoas morreram em confrontos, enquanto decorriam as votações.
"Lamentamos os mortos", tendo os "agressores da oposição" como patrocinadores "os vários responsáveis da oposição, que são Affi N´Guessan, Guikahue, Mabri e outros", enumerou Adama Bictogo na conferência de imprensa.
O responsável apelou à "firmeza das autoridades" do país e disse que ninguém está acima da lei.
Oposição pede "transição civil"
A oposição, que boicotou as eleições presidenciais no sábado (31.10) e apelou à "desobediência civil" e a um "boicote ativo" em protesto contra a candidatura do Presidente Alassane Ouattara a um terceiro mandato, pediu uma "transição civil" para que sejam criadas as condições para a realização de um escrutínio justo e transparente.
"Os partidos e grupos políticos da oposição constatam o fim do mandato do Presidente Ouattara e apelam à abertura de uma transição civil a fim de serem criadas as condições para uma eleição presidencial justa, transparente e inclusiva", disse o ex-primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan, que faz parte dos candidatos inscritos.
Polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar apoiantes da oposição em AbidjanEste pedido foi feito antes do anúncio final dos resultados que devem dar uma vitória ao Presidente Alassane Ouattara, no poder há uma década.
A oposição "pede a mobilização geral dos marfinenses para derrotar a ditadura e a perda do mandato do Presidente cessante Alassane Ouattara", frisou Affi N'Guessan, que falava na residência do ex-presidente Henri Konan Bédié.
Resultados parciais dão vitória a Ouattara
A Comissão Eleitoral começou no domingo (01.11) a divulgar os resultados parciais das eleições, mas sem um adversário real devido ao boicote da oposição, o Presidente Ouattara deve vencer com uma pontuação favorável.
Alassane Ouattara, 78 anos, no poder há 10 anos, concorre contra o antigo chefe de Estado Henri Konan Bédié (no cargo de 1993 a 1999), de 86 anos.
Os dois candidatos mais jovens na corrida são o ex-primeiro-ministro de Laurent Gbagbo, Pascal Affi N'Guessan, 67 anos, e o independente Kouadio Konan Bertin, 51 anos, cujas candidaturas têm, segundo os analistas, poucas possibilidades.
Apenas quatro das 44 candidaturas apresentadas foram validadas pelo Conselho Constitucional, que deixou de fora outro dos líderes históricos do país, o ex-Presidente Laurent Gbagbo, 75 anos, no poder de 2000 a 2010, recentemente absolvido pelo Tribunal Penal Internacional.
Desde agosto, altura em que Ouattara, anunciou a sua recandidatura, vários incidentes e confrontos causaram já cerca de 30 mortes, reforçando os receios de uma escalada de violência étnica, dez anos após a crise pós-eleitoral de 2010 de que resultaram 3.000 mortos.