domingo, 18 de setembro de 2022

ARMADORES CRITICAM “ALUGUER DO MAR” A ESTRANGEIROS E QUE PAÍS GANHA NADA COM O SEU PESCADO

Por: António Nhaga/Simaira de Carvalho JORNAL ODEMOCRATA  18/09/2022  

[REPORTAGEM_setembro de 2022] O presidente da Associação Nacional dos Armadores e Industriais das Pescas (ANAPI), Alberto Pinto Pereira, revelou que a Guiné-Bissau ganha nada com o pescado nacional, porque “o governo continua a alugar o mar a barcos de pescadores estrangeiros”. O armador considerou “errónea” essa situação, porque o pescado nacional deveria ser um produto estratégico da economia nacional, que fortaleceria o Produto Interno Bruto e melhoraria as condições de vida das populações.

Segundo Alberto Pinto Pereira, as populações dos Barcos de países estrangeiros, em particular os países membros da União Europeia que pescam nas zonas marítimas nacionais, têm acesso ao pescado nacional a um preço muito económico.

“Por exemplo, em todo o espaço da União Europeia, um quilo de pescado nacional é comprado a 28 Francos CFA.  No mercado nacional um quilo de pescado nacional é vendido a dois mil Francos CFA” criticou, afirmando que essa disparidade prova que a estratégia nacional de pesca está mal definida, quer no setor público como no setor privado.

GUINÉ-BISSAU ESPERA HÁ 35 ANOS DE UM PORTO DE PESCA INDUSTRIAL

Na fileira da pesca da Guiné-Bissau, tudo ainda é um desafio, não obstante a inquestionável importância do setor pesqueiro na economia nacional. Por outro lado, quem olha para a fileira pesqueira guineense descobre que há muitos estudos e planos estratégicos que identificaram todos os constrangimentos, quer a nível da pesca industrial, quer na pesca artesanal.

Todos os governantes que chegam ao Ministério das Pescas defendem que a resolução de todos os constrangimentos são “os desafios que estão na ordem do dia do seu executivo”. Mas, tudo não passa de uma mera manifestação de vontade, de “disponibilidade para propor e procurar soluções nacionais” para o setor das pescas. Mas, infelizmente, há 35 anos que se muda de Ministros, nada de vulto mudou. Os guineenses continuam a escutar a mesma música da disponibilidade dos novos titulares que chegam ao Ministério da Pesca a manifestar o desejo e a vontade de implementação “das grandes linhas estratégicas” para colocar um ponto final nos enormes constrangimentos que estão na ordem do dia e que desafiam diariamente os investidores nacionais e estrangeiros que pescam nas águas territoriais do país.

Há 35 anos que todos os guineenses sabem que o maior constrangimento da fileira da pesca nacional é a ausência de um verdadeiro Porto de Pesca industrial no país, para desembarcar peixe da faina industrial e artesanal. O país confronta-se, por outro lado, com uma “adequabilidade e obsolescência da legislação”, que ainda está em vigor no setor pesqueiro nacional. Todavia, os pesquisadores do Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA) não só apresentaram ao governo da Guiné-Bissau, há três décadas, um estudo sobre as espécies de peixes que existem no território marítimo guineense, também apresentaram ao executivo os maiores constrangimentos que existem nas fainas industriais e artesanais.

Os sucessivos Ministros das pescas que titularam essa instituição sabem, há 35 anos, que um dos maiores constrangimentos do setor pesqueiro nacional é a ausência de um porto de pesca industrial para desembarcar o pescado. O que poderia transformar o setor da pesca numa espécie de “Pesca-dólares” da economia nacional, porquanto poderia suportar a maior fatia económica do orçamento geral de Estado e empregar diretamente um número significativo da população ativa da Guiné-Bissau.

Quando se visita e se fala com os vários pesquisadores do CIPA e com o pessoal da Fiscalização Marítima do Ministério das Pescas, o discurso é unânime: “estamos afincadamente a trabalhar no sentido de fazer cumprir, de forma cabal, as leis em vigor, monitorando os intervenientes neste setor para o respeito rigoroso da legislação”. Mas, as opiniões divergem quando se confrontam   vários pesquisadores e técnicos do CIPA, do Ministério das Pescas com a dificuldade de o governo construir, há 35 anos pelo menos, um Porto de Pesca Industrial na Guiné-Bissau para acabar com o maior constrangimento que estrangula diariamente o setor pesqueiro nacional.

Em declaração à reportagem de O Democrata, muitos pesquisadores do CIPA gesticulam ombros e cabeças para provar que também nunca compreenderam a razão de o governo não ser capaz, há 35 anos, de construir um Porto de Pesca Industrial para dinamizar e rentabilizar, de uma vez por todas, a faina industrial e artesanal na economia da Guiné-Bissau. Mas, há outros investigadores do setor que asseguraram, com uma mão no microfone do repórter de O Democrata, para depois confirmarem de forma sorridente que “realmente não compreendem a situação, mas hoje é inegável e inquestionável que estamos a trabalhar para fazer a diferença”.

Também é visível hoje, entre os técnicos da fiscalização e investigadores do CIPA do Ministério das Pescas, uma vontade e uma visão clara da importância do setor das pescas na economia nacional. Todos, sem dúvida, estão adotados de conhecimento técnico e profissional profundo do setor pesqueiro nacional onde trabalham. Todos reconhecem que “o Ministério das Pescas é um setor transversal e um balão de oxigénio para a economia guineense”. Mas, na verdade, não obstante as várias pesquisas do CIPA, a Guiné-Bissau não tem ainda, até hoje, um certificado que a permita exportar o seu pescado para o espaço da União Europeia e toda a Europa em geral.

FALTA DE ABASTECIMENTO DO MERCADO INTERNO  

O abastecimento interno em pescado enfrenta ainda grandes dificuldades para cobrir todo o território nacional. Curiosamente, o país exporta pescado, via Senegal, para os países africanos, asiáticos e europeus. Todavia, até hoje o governo da Guiné-Bissau continua a lutar para encontrar uma estratégia própria e adequada para o abastecimento do pescado no mercado interno.

Esta ausência de estratégia nacional própria do governo para abastecer o mercado interno levou o Presidente da Associação Nacional dos Armadores e Industriais das Pescas (ANAPI), Alberto Pinto Pereira, a acusar os ministros dos sucessivos governos que geriram a pasta das Pescas de falta de interesse em construir um Porto de Pesca Industrial na Guiné-Bissau para desembarcar o pescado em Bissau e abastecer todo o território nacional.

Alberto Pinto Pereira diz não compreender como e porquê do nosso país continuar a não ter, até hoje, um Porto Industrial de Pesca, não obstante “todo o privilégio da natureza, do Mar que o nosso país possui na África Ocidental”.

Neste sentido, defendeu que “precisamos de um Porto Industrial de Pesca para desembarcarmos os nossos recursos pesqueiros e um certificado sanitário para uma boa fiscalização”.

O presidente da ANAPI lamentou a forma como o pescado nacional é desembarcado e exportado a partir do Porto de Dacar, Senegal.

“O nosso pescado é desembarcado no Porto da pesca industrial do Senegal e é exportado com o certificado sanitário do governo senegalês”, frisou Alberto Pinto Pereira, lamentando que “as exportações do nosso pescado a partir do Porto de Senegal não tenham refletido nos índices económicos do desenvolvimento do nosso país, mas sim no índice da economia do país vizinho”.

Alberto Pinto Pereira revelou que a Guiné-Bissau não ganha nada com o pescado nacional, porque “o governo continua a alugar o mar a barcos de pescadores estrangeiros” e considerou “errónea” essa situação, porque o pescado nacional deveria ser um produto estratégico da economia nacional que fortaleceria o Produto Interno Bruto e melhoraria as condições de vida das populações.

Para Pinto Pereira, a disparidade de preços de venda do pescado ao consumidor final da EU e do mercado nacional prova que a estratégia nacional de pesca está mal definida, quer no setor público como no privado da Guiné-Bissau.

O nosso país celebrou, em 2019, com a União Europeia um acordo de pesca com a duração de cinco anos e a compensação financeira anual é de 15 milhões e 600 mil Euros. Desta verba, 11 milhões são destinados ao Ministério das Finanças e 4 milhões para o apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal. A nível da sub-região, o governo celebrou também acordos de pesca com o governo do Senegal no domínio da pesca artesanal, cujo conteúdo centra-se mais na formação em diversas áreas de pesca. Mas, de acordo com o último anuário de inquérito, oficialmente pescam 132 navios nas águas territoriais da Guiné-Bissau. Em termos da abundância de espécies de pescado, o país está na lista dos cinco melhores países da Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO).

Não obstante as enormes dificuldades em abastecer o mercado nacional de pescado, o setor da pesca tem vindo a gerar alguns impactos na economia nacional. Neste momento, emprega mais de 120 mil pessoas e a maioria está na pesca artesanal, sobretudo a população das zonas costeiras. Oferece emprego, particularmente às mulheres que praticam a pesca a pé. Em suma, de acordo com o último inquérito socioeconómico do CIPA, as atividades de pesca contribuíram com cerca de 13 mil toneladas de pescado para o consumo no mercado nacional.

Também quando se fala da questão de repouso biológico, a opinião dos investigadores e dos especialistas do CIPA do Ministério das Pescas é unânime. Todos rejeitam a visão assustadora de que algumas espécies do pescado no nosso país poderão estar no limite de extinção. Para os técnicos, investigadores e os especialistas do CIPA do Ministério das Pescas, o repouso biológico foi estabelecido como forma de permitir que as espécies mais jovens possam reproduzir. O governo terá tomado esta decisão em outubro de 2020 para garantir o futuro da reprodução das espécies de pescado nas águas, mas apenas foi aplicado na prática em janeiro de 2022, proibindo a atividade pesqueira em todas as águas do território nacional.

Os investigadores da CIPA garantem que “a política do governo é de gerir os recursos pesqueiros”. Por isso, estabeleceu o período de repouso biológico na pesca para poder contribuir mais na preservação de recursos pesqueiros para a geração vindoura”. Os investigadores e especialistas do CIPA do Ministério das Pescas sustentam que o repouso biológico é uma forma de “gestão de atividade pesqueira”, estabelecido numa altura em que está a aumentar as necessidades dos seres humanos de consumo de peixe.

Defendem que em todos os países do mundo há a necessidade de gerir a atividade pesqueira, para não ter impactos negativos nas economias nacionais.

“A Guiné-Bissau não foge à regra. É neste sentido que o Ministério das Pescas estabeleceu o período de repouso biológico para permitir que a nova geração de peixes desove e gere mais peixes nas zonas exclusivas das águas territoriais.

MADEM G15: Rumo ao II° Congresso do MADEM-G15, em jeito de agradecimento o alto dirigente do partido Fidélis Forbs, acompanhado pela coordenação política do círculo eleitoral 24, simpatizantes, militantes e amigos, realizaram uma passeata no referido círculo.

Fidélis avaliou os resultados de 2019 como favoráveis, porém ambiciona nestas legislativas superar largamente os números do passado, que só será possível com profunda convicção e trabalho árduo.

 “Os pessimistas servem-nos de barómetro, mas é com os otimistas que vencemos!” palavras do camarada Fidélis Forbs que apela à união e coesão rumo ao congresso que terá lugar dia 30 de setembro a 2 de outubro, seguindo para o objetivo maior, que é ganhar as legislativas de 18 de dezembro com maioria absoluta!


#HoraTchiga

 Movimento para Alternância Democrática - MADEM G15

CORAÇÃO: Dor no peito, falta de ar e fadiga? Pode ser doença valvular cardíaca... Afeta, globalmente, uma em cada oito pessoas com mais de 75 anos. É tratável, mas nunca é demais relembrar: o diagnóstico precoce faz toda a diferença.

© Shutterstock

Notícias ao Minuto  18/09/22 

A doença valvular cardíaca é uma patologia ligada ao envelhecimento que está a aumentar rapidamente. Atualmente, afeta uma em cada oito pessoas com mais de 75 anos em todo o mundo. Em Portugal, estima-se que existam cerca de 32 mil casos. Mas a perspectiva é que este número duplique até 2040 e triplique até 2060, e numa população envelhecida, como a portuguesa, pode mesmo vir a tornar-se a próxima epidemia cardíaca. 

A propósito da Semana Europeia da Sensibilização para a Doença da Válvula Cardíaca, que se assinala esta semana, até dia 18 de setembro, a organização Global Heart Hub lançou a campanha #OuçaOSeuCoração, que se une à iniciativa Valve For Life e à campanha Corações de Amanhã, da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular. Esta tem como objetivo sensibilizar a população para a doença valvular cardíaca e os seus sintomas, promovendo a melhoria do diagnóstico, do tratamento e da gestão da patologia na Europa.

Rui Campante Teles © DR

Rui Campante Teles, cardiologista e coordenador da iniciativa Valve For Life, sublinha a importância da avaliação médica regular. "Uma simples auscultação com estetoscópio a partir dos 50 anos para que o doente possa ser encaminhado de imediato para um cardiologista, que poderá realizar exames complementares para confirmar o diagnóstico inicial, pode evitar desfechos mais graves", explica ao Lifestyle ao Minuto. Até porque, sublinha, "alguns doentes não apresentam sintomas durante muitos anos ou nunca chegam a apresentá-los".

A doença valvular cardíaca é frequente, mas poucos a conhecem. De que se trata?

O coração é constituído por quatro cavidades: as aurículas, esquerda e direita, e os ventrículos,  esquerdo e direito. Entre as aurículas e os ventrículos, tal como à saída de cada ventrículo, existe uma válvula cardíaca. As quatro válvulas cardíacas fazem com que o sangue dentro do coração flua em sentido único, impedindo o seu refluxo. A doença valvular cardíaca é causada por desgaste, doença ou dano de uma ou mais das quatro válvulas do coração, afeta o fluxo de sangue e divide-se em dois tipos principais: a estenose aórtica (estreitamento da válvula aórtica) ou a regurgitação mitral (degenerescência da válvula mitral).   

Alguns doentes com doença valvular cardíaca não apresentam sintomas durante muitos anos ou nunca chegam a apresentá-los, mesmo que a doença seja grave

Esta falta de informação sobre a patologia faz com que os sintomas acabem por ser menosprezados? 

Os principais sintomas desta doença (aperto ou dor no peito, falta de ar, fadiga, batimentos cardíacos irregulares e desmaios) são comuns em pessoas acima dos 65 anos, sendo muitas vezes desvalorizados e isto faz com que esta doença represente uma barreira para o envelhecimento ativo. 

Existem quantos casos diagnosticados globalmente e, mais especificamente, em Portugal?  

No total, a doença valvular cardíaca afeta pelo menos uma em cada oito pessoas acima dos 75 anos. Este é um valor que está a aumentar rapidamente, tendo em conta o envelhecimento da população. Os números globais mostram que este número poderá duplicar até 2040 e triplicar até 2060.

É uma condição comum que pode ser grave, resultando inclusivamente na morte do doente

Que grupos são mais afetados? 

São precisamente as pessoas acima dos 75 anos, uma vez que esta é uma doença que está ligada ao envelhecimento. Por isso, é crucial estar atento aos principais sintomas e fazer regularmente uma simples auscultação com estetoscópio a partir dos 50 anos para  que o doente possa ser encaminhado de imediato para um cardiologista, que poderá realizar exames complementares para confirmar o diagnóstico inicial, pode evitar desfechos mais graves. Alguns doentes com doença valvular cardíaca não apresentam sintomas durante muitos anos ou nunca chegam a apresentá-los, mesmo que a doença seja grave, o que pode dificultar o diagnóstico. 

De que riscos estamos a falar?

Esta é uma condição comum que pode ser grave, resultando inclusivamente na morte do doente. Ainda assim, é importante frisar que esta é tratável. Procurar ajuda especializada facilita assim o diagnóstico precoce e, consequentemente, a adoção do melhor tratamento.

Atualmente, a doença valvular cardíaca mais comum é a estenose aórtica. Em que consiste exatamente?

A aorta é a principal artéria do nosso corpo que transporta sangue para fora do coração e a válvula aórtica tem como função evitar que o sangue bombeado pelo coração volte para trás. Na presença de estenose, a válvula aórtica não abre completamente e vai ficando cada vez mais estreita, impedindo o fluxo sanguíneo para fora do coração.

Qual é a prevalência desta doença no país?

Esta doença afeta cerca de 32 mil portugueses, sobretudo acima dos 75 anos. 

E quais são os principais sintomas?

Os mais comuns são o cansaço, a dor no peito e os desmaios. Caso sinta algum ou vários destes sintomas, é fundamental procurar ajuda especializada. Depois disto, o diagnóstico pode ser confirmado com recurso à auscultação, ecocardiografia com doppler, seguindo-se muitas vezes um cateterismo cardíaco para completar o estudo quando se considera que é necessário efetuar um tratamento invasivo.

Além desta, a insuficiência mitral é também motivo de preocupação. O que é?

A insuficiência mitral é a segunda doença valvular mais comum, em todo o mundo ocidental. Carateriza-se por um refluxo de sangue pela válvula mitral. À medida que o ventrículo esquerdo se contrai, bombeando o sangue para a aorta, um pouco de sangue retorna em direção à aurícula esquerda, aumentando o volume de sangue e a pressão nesse local. Este aumento da pressão arterial na aurícula esquerda aumenta a pressão do sangue nas veias dos pulmões. Consequentemente, é bombeado menos sangue para a circulação e os pulmões ficam com excesso de sangue , o que gera a falta de ar e cansaço.

Como se manifesta?

Os principais sintomas desta doença, como acontece com a estenose aórtica, são comuns em pessoas de idades mais avançadas. Pessoas acima dos 65 anos devem estar atentos a falta de ar e cansaço.

É fundamental educar a população para esta doença

Sendo patologias comuns e que podem ser graves, é também importante sensibilizar a população para o facto de serem tratáveis.

No caso da estenose aórtica não tratada, grave e sintomática, por exemplo, a taxa de mortalidade é elevada, pois varia entre 25% e 50% por ano. Este valor que pode facilmente ser revertido através do tratamento adequado, que passa pelo implante de uma nova válvula cardíaca, que pode ser feito através de uma cirurgia convencional ou de tratamento percutâneo. O procedimento é realizado através de um cateter introduzido por uma artéria (geralmente na virilha), sem necessidade de parar o coração. Esta é uma técnica minimamente invasiva que assinalou este ano o seu vigésimo aniversário e é, para muitos especialistas, o grande avanço da cardiologia no século XXI.

No caso da insuficiência cardíaca, a cirurgia da válvula mitral, para reparar ou substituir a válvula cardíaca danificada, pode ser o tratamento mais indicado nos casos mais graves. No entanto, metade dos doentes encaminhados para cirurgia não são operados, por razões relacionadas com outras doenças concomitantes, pela disfunção do ventrículo esquerdo ou pela idade avançada.  Nos últimos anos, têm sido desenvolvidas inovações importantes no campo do tratamento e já existem em Portugal vários dispositivos percutâneos minimamente invasivos.

Como sensibilizar a população para esta doença e para a importância do diagnóstico precoce?

Essa é a primeira ação a realizar quando falamos de estratégias a adotar para evitar desfechos mais graves em relação à doença valvular cardíaca. Para o fazer, é fundamental educar a população para esta doença, uma vez que, segundo um estudo realizado em 2017 pela empresa Spirituc, 85% da pessoas com mais de 70 anos sabe que o coração tem válvulas, mas apenas 18,3% já ouviu falar de estenose aórtica e 19,7% ouviu falar de insuficiência mitral. Campanhas como a #OuçaOSeuCoração (#ListenToYourHeart), lançada esta semana pela organização Global Heart Hub para assinalar a Semana Europeia da Sensibilização para a Doença Valvular Cardíaca (12 a 18 de setembro), têm como objetivo contrariar estes números.  Com o apoio da iniciativa Valve For Life e da campanha Corações de Amanhã, da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular, o objetivo passa por aumentar a conscientização da população para a doença valvular cardíaca e os seus sintomas, promovendo a melhoria do diagnóstico, do tratamento e da gestão desta na Europa.  


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Estamos a Trabalhar

TAIWAN: Imagens mostram destruição causada pelo sismo de 6,8 em Taiwan... Moradores partilharam o cenário com que agora se deparam.

© Reprodução Redes Sociais

Notícias ao Minuto  18/09/22 

Após o sismo de 6,8 na escala de Ritcher que se fez sentir, na manhã deste domingo, na cidade de Yujing, em Taiwan, fica não só a destruição como a preocupação com um possível tsunami.

O Japão encontra-se agora em alerta, embora não haja registo de vítimas como consequência da catástrofe. 

Os moradores dos locais onde a terra tremeu - sendo que o sismo ocorreu a 42 quilómetros da cidade de Taitung - partilharam várias fotografias nas redes sociais do cenário com que agora terão que lidar.

Taiwan fica na confluência das placas filipina e euro-asiática, pelo que os sismos são frequentes na ilha.

De acordo com os media de Taiwan, um prédio residencial de dois andares desabou perto do epicentro. O sismo foi também sentido no extremo norte da ilha, na capital, Taipei.

Após o terramoto em Taiwan, a Agência Meteorológica do Japão emitiu um alerta para um tsunami de até um metro atingindo várias ilhas do sul do Japão. As autoridades meteorológicas pediram aos moradores dessas áreas que fiquem longe da costa.

A agência disse que as primeiras ondas podem atingir a ilha de Yonaguni, a ilha mais ocidental do Japão, a cerca de 250 quilómetros a nordeste de Taitung, às 16h10 locais (08h10 em Lisboa) e, posteriormente, três ilhas próximas.


Jornalista prevê mudança em Moscovo devido a guerra "insustentável"

© Getty

Por LUSA  18/09/22 

A jornalista britânica Catherine Belton antecipa que a insustentabilidade económica da invasão da Ucrânia pela Rússia vai levar a que haja mudanças no Kremlin, pela ação de elementos mais "progressistas" dentro da elite.

Em entrevista à agência Lusa, a propósito da publicação em Portugal do livro "Os Homens de Putin: Como o KGB se apoderou da Rússia e depois atacou o Ocidente", Belton reconheceu ter sido apanhada de surpresa pela invasão da Ucrânia, tal como a maioria dos peritos na Rússia, mas acredita que se veem cada vez mais sinais de uma saturação por parte das elites na Rússia.

"Penso que muitos nas elites, aqueles que fizeram as suas fortunas na era de Ieltsin, ficaram chocados e surpreendidos. A comunidade dos serviços secretos internacionais também, mas depois toda a gente se habituou. O mesmo com a população. Ligam a TV e fingem que não se passa nada. As sanções têm um impacto, mas a Rússia sobrevive. Substituem-se bens de consumo por outros provenientes da China, da Turquia, as coisas parecem iguais, mas não são e vai ficar muito, muito pior", afirmou a agora jornalista do Washington Post.

A antiga jornalista da Reuters e ex-correspondente do Financial Times em Moscovo acredita que a Rússia vai enfrentar um "aperto maciço devido à enorme quebra nas receitas de energia".

"Penso que vai haver muitas dificuldades pela frente. Embora os 'falcões' em torno [do Presidente russo, Vladimir] Putin tenham fortalecido a sua posição -- e são eles quem conduz o esforço da guerra -, acredito que, no final, não vai ser sustentável e a dada altura haverá elementos mais progressistas, possivelmente de dentro dos serviços de segurança, que vão tentar mudar a situação, porque precisam que a Rússia sobreviva", disse Belton.

Questionada sobre a leitura que faz de esse esforço de mudança ter de vir do topo e não da população em geral, Catherine Belton lembrou que a repressão é agora "quase total" e que um cidadão pode enfrentar 15 anos na cadeia por criticar a guerra.

Belton deu o exemplo de declarações de Mikhail Khodorkovsky que, numa palestra recente, questionava quem se lembrava de protestos de rua na Alemanha de Leste: "E porquê? Porque era uma ditadura muito autoritária e totalitária".

"Terá de vir da elite e não tenho dúvida de que vai acontecer, mas é uma questão de quanto tempo vai demorar. Quando se atinge o ponto em que se sabe que a economia do país vai ficar sem dinheiro, isso também pode gerar agitação de baixo para cima, porque as pessoas têm de comer", frisou a jornalista.

"Os Homens de Putin" chega às livrarias portuguesas no dia 22 de setembro, pela Ideias de Ler, depois de, em 2020, ter sido classificado como dos melhores livros do ano por publicações como o Financial Times ou a New Statesman.

Ao longo de mais de 500 páginas, que demoraram sete anos a ser preparadas, Belton traça o retrato do presidente russo e das pessoas que o rodearam e rodeiam na ascensão e manutenção do poder, incluindo os múltiplos esquemas económicos e políticos que lhes permitiram destruir opositores e reforçar as suas posições.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.


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© Contributor/Getty Images

Notícias ao Minuto  18/09/22

A jornalista britânica Catherine Belton, autora do livro "Os Homens de Putin", considera que a decisão do Presidente russo, Vladimir Putin, de invadir a Ucrânia terá partido de uma perspetiva de que seria "agora ou nunca".

"Penso que a maioria dos peritos sobre a Rússia esperava que [Putin] continuasse com as mesmas táticas disfarçadas, que apenas reconhecesse a independência de Donetsk e Lugansk, porque ele sempre tentou manter um grau de negação e isso é importante, tratando-se de um regime do [antigo serviço secreto soviético] KGB, que quer manter o seu 'soft power', as suas redes de influência", afirmou Belton, agora jornalista do Washington Post e autora de "Os Homens de Putin: Como o KGB se apoderou da Rússia e depois atacou o Ocidente", publicado no dia 22 em Portugal pela Ideias de Ler.

Em entrevista à Lusa, Belton reconheceu que só acreditou que a invasão da Ucrânia iria mesmo avançar no momento do seu anúncio e que, "apesar de passar sete anos a investigar o lado mais negro do regime de Putin nunca imaginaria que Putin quereria tirar a máscara, porque não fazia qualquer sentido racional".

"O que vimos, como resultado das suas ações violentas, foram sanções que esmagaram muitas das redes russas no Ocidente, todos estes oligarcas alvo de sanções, que passaram décadas a construir as suas reputações, a construir a sua influência de 'soft power', isso ficou agora completamente minado, mas talvez Putin tenha decidido que era agora ou nunca", disse à Lusa a jornalista, antiga correspondente em Moscovo do Financial Times.

Para Catherine Belton, Putin "obviamente sobrestimou a capacidade militar russa e cometeu um erro de cálculo em relação ao que o governo [do presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky faria".

"Penso que os governos ocidentais também o fizeram. Pensavam que Zelensky teria de ser retirado do país, que o regime cairia em três dias. Temos todos uma grande dívida para com o Presidente Zelensky por não ter fugido, por ter ficado lá, porque isso deitou abaixo muitos dos planos russos. Eles realmente esperavam entrar e tomar o país e que Zelensky fugiria ao primeiro avistamento do exército russo, tal como o presidente afegão fugiu ao ver os talibãs", afirmou a Belton, lembrando o "precedente" de o antigo presidente ucraniano pró-russo Viktor Yanukovich, que abandonou o país após a revolução de 2014.

Catherine Belton enfrentou, com a editora da versão original do livro, cinco processos de oligarcas russos (na maioria alvo de sanções após a invasão da Ucrânia) por difamação nos tribunais londrinos (conhecidos pela legislação que facilita as acusações contra jornalistas), e viu esses casos cair por terra, com exceção do movido por Roman Abramovich, que levou a que fosse alcançado um acordo que motivou ligeiras alterações em algumas passagens do livro.

Ainda assim, Belton mostra-se quase satisfeita por a situação se ter desenvolvido desta forma, visto que o seu caso foi um dos que abriram a discussão para uma reforma da legislação que permite que sejam movidos processos por difamação contra jornalistas no Reino Unido, naquilo que o Sindicato britânico dos Jornalistas já definiu como uma forma de "intimidação deliberada por litigantes ricos com os bolsos fundos".

"Os Homens de Putin" -- uma alusão, no título original, a "A Gente de Smiley", de John le Carré -- fez parte das listas de melhores livros de 2020 de publicações como The Economist, The Times e The New Statesman, entre outras.

Na obra, concebida ao longo de anos e com recurso a inúmeras fontes, Belton tece o retrato da ascensão de Putin à presidência russa e dos múltiplos esquemas políticos e económicos que rodearam - e rodeiam - o líder russo.

"Na Rússia, a cumplicidade voluntária do Ocidente ajudara a produzir uma simulação de uma economia de mercado normal pelo KGB. As instituições de poder e o mercado, que era suposto serem independentes, não eram, em boa verdade, mais do que fachadas do Kremlin. [...] O sistema judicial não era um sistema judicial, era um ramo do Kremlin. O mesmo se aplicava ao parlamento, às eleições e à oligarquia. Os homens de Putin controlavam tudo. Era um sistema fantasma de direitos fantasmas, para pessoas e empresas", escreve Belton, já no epílogo.

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