domingo, 22 de outubro de 2023

Governo libanês diz que "Hezbollah não entrará imediatamente" na guerra

© Fadel Itani/NurPhoto via Getty Images

POR LUSA     22/10/23

O ministro libanês das Relações Exteriores, Abdullah Bou Habib, disse hoje que o grupo xiita "Hezbollah não entrará imediatamente" na guerra contra Israel, lembrando que "o Hamas pode resistir durante meses".

"O Hezbollah não entrará imediatamente na guerra quando a invasão terrestre tiver lugar. O Hamas diz que pode resistir durante meses e que não haverá reação do Hezbollah ou de qualquer organização regional no início da invasão", disse o ministro, numa entrevista à rede independente MTV Líbano.

Afirmando que "a primeira posição do Hezbollah", caso a situação não piore, é "a não-intervenção", o responsável esclareceu que o governo libanês "não tem qualquer controlo sobre eles", embora "haja sempre diálogo".

"Ouvimos o que os israelitas dizem todos os dias sobre o Líbano. O Hezbollah não diz nada. Claro que há palavras dos seus líderes, mas o Sr. Hassan [Nasrallah] ainda não disse nada. Não creio que ele queira a guerra", afirmou.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu hoje que se o grupo xiita libanês Hezbollah entrar em guerra contra Israel em apoio ao movimento islamita palestiniano Hamas "cometerá o pior erro da sua vida" e "terá saudades" do conflito de 2006.

Netanyahu respondia ao anúncio feito sábado pela formação libanesa, que admitiu intervir na atual guerra entre Israel e o Hamas caso seja necessário, embora Bou Habib tenha hoje minimizado o caráter imediato desta hipotética intervenção do Hezbollah.

Por outro lado, o ministro libanês dos Negócios Estrangeiros disse que "os americanos e outros devem continuar a pressionar Israel para não iniciar uma guerra no Líbano", enquanto o seu país está a trabalhar "com o Hezbollah para o controlar".

"As forças dos países vizinhos, que não vou nomear, estão prontas e já começaram a mover-se", alertou, concluindo que "quando há uma causa não se pode parar a resistência. Mesmo que consigam eliminar o Hamas, não o conseguirão fazer. Haverá outro Hamas porque as pessoas são oprimidas como são oprimidas".

Desde 08 de outubro, o Hezbollah e as forças israelitas têm-se envolvido em ataques cruzados nas zonas fronteiriças entre os dois países, onde também se registaram ações reivindicadas por fações palestinianas presentes em território libanês.

A escalada aumentou os receios de que o Líbano se possa tornar uma segunda frente na guerra, enquanto o governo libanês mantém contactos a nível interno e internacional para tentar contê-la.

O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impondo um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.


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ISRAEL: Tanque israelita "dispara acidentalmente" contra posto militar egípcio

© Lusa

POR LUSA    22/10/23 

As forças armadas israelitas informaram hoje que um dos seus tanques disparou "acidentalmente" contra um posto militar egípcio junto ao posto fronteiriço de Kerem Shalom.

"Há pouco tempo, um tanque das IDF [Forças de Defesa israelitas, na sigla em inglês] disparou acidentalmente e atingiu um posto egípcio adjacente à fronteira, na zona de Kerem Shalom", informou o exército israelita na rede social X, antigo Twitter.

"O incidente está a ser investigado e os pormenores estão a ser analisados", avança a mesma mensagem, sem especificar a que horas ocorreu o incidente.

A região fronteiriça de Kerem Shalom localiza-se no canto sul da Faixa de Gaza.

Não há, até ao momento, informações do lado egípcio relativas ao incidente nem sobre possíveis vítimas ou feridos.



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ONU diz que as forças de manutenção da paz "correm perigo" no Mali

 Mali Retirada das Nações Unidas

voaportugues.com   22/10/23

As forças de manutenção da paz da ONU retiraram-se antecipadamente do seu acampamento em Tessalit, no norte do Mali, porque as suas "vidas estavam em perigo", informou a missão das Nações Unidas no domingo.

No sábado, as tropas malianas tomaram conta do acampamento de Tessalit, informou o exército nas redes sociais, a primeira entrega na região de Kidal, onde os confrontos com grupos armados se intensificaram recentemente.

A retirada da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Mali (MINUSMA), após 13 anos, suscitou o receio de uma intensificação dos combates entre as tropas e as facções armadas pelo controlo do território.

A retirada foi efetuada "num contexto de segurança extremamente tenso e degradado, pondo em perigo a vida do pessoal", de acordo com um comunicado da MINUSMA recebido no domingo.

O pessoal da ONU já tinha sido "forçado a abrigar-se em bunkers várias vezes devido a tiroteios", refere o comunicado.

O comunicado dá o exemplo do dia 19 de outubro, quando os tiros atingiram um avião de transporte C130 quando aterrava em Tessalit. Não se registaram feridos ou danos graves.

Antes de abandonar a base, a MINUSMA afirmou ter tomado "a difícil decisão de destruir, desativar ou colocar fora de serviço equipamento dispendioso, como veículos, munições, geradores e outros artigos".

O último comboio deixou Tessalit no sábado, por estrada, em direção a Gao, a maior cidade do norte do Mali.

A junta no poder do Mali, que tomou o poder em 2020, tinha exigido em junho que a missão partisse, apesar de estar a braços com o jihadismo e com uma crise violenta.

A retirada de cerca de 11.600 soldados e 1.500 polícias deverá prolongar-se até 31 de dezembro e tem exacerbado as rivalidades entre os grupos armados presentes no norte do país.

Visita ao Centro de Instrução Militar - Cumeré



 Presidência da República da Guiné-Bissau 

ISRAEL: Netanyahu avisa Hezbollah para o risco devastador de entrar em guerra

© Reuters

POR LUSA  22/10/23 

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou hoje o grupo xiita libanês Hezbollah que "cometeria o erro da sua vida" se decidisse entrar em guerra contra Israel.

"Faremos com que se arrependam da segunda guerra do Líbano [em 2006]... atacaremos com um poder que não podem imaginar e que será devastador para o Estado do Líbano", declarou Netanyahu durante uma visita às tropas israelitas no norte do país.

Netanyahu insistiu que, em caso de uma frente de batalha com o Hezbollah, Israel "irá ripostar com uma força tal que não podem imaginar, ao ponto de ter consequências devastadoras tanto para o Hezbollah como para o país".

Aos militares israelitas, o primeiro-ministro israelita disse-lhes que estão perante "a batalha" das suas vidas. "É matar ou ser morto e vocês têm de os matar", afirmou o governante numa mensagem dirigida a todo o exército, no âmbito da guerra contra o Hamas.

Estas declarações surgem no dia seguinte ao anúncio do Hezbollah de que já tem militares na fronteira e que Israel pagará um preço alto sempre que iniciar uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza.

As palavras do vice-líder do grupo xiita libanês, Naim Kassem, ocorreram quando Israel bombardeava e fazia ataques com drones no sul do Líbano, enquanto o Hezbollah disparava foguetes e mísseis contra Israel. "Estamos a tentar enfraquecer o inimigo israelita e fazê-los saber que estamos prontos", disse.

Já as autoridades do grupo islamita Hamas tinham declarado que se Israel iniciar uma ofensiva terrestre em Gaza, o Hezbollah se juntará aos combates.



Guiné-Bissau : ONG denúncia caso de Mutilação Genital Feminina em Bafatá

Por Rádio Capital Fm

Bissau - (22.10.2023) - O Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas a saúde da Mulher e da Criança disse, em Comunicado, ter o conhecimento no dia 19 de outubro de 2023 de mais “um caso da prática de Mutilação Genital Feminina (MGF)”.

De acordo com os elementos que a organização afirma ter recolhido “a vítima de 4 anos de idade, que vive com os pais no Bairro Militar em Bissau, foi submetida a esta prática brutal e violadora dos direitos humanos, em Galomaro Cossé região de Bafatá, numa data ainda desconhecida”.

A Direção Nacional do Comité condena, no entanto, com firmeza este ato e apela as autoridades judiciárias no sentido de procederem “uma investigação abrangente, célere, transparente e conclusiva, com vista a responsabilização criminal de todos os envolvidos neste ato atentatório á saúde, dignidade e direitos humanos das mulheres e crianças”.

A organização defensora dos Direitos da mulheres e criança  lembrou ainda aos país e encarregados de educação e cidadãos em geral, de que “a prática de Mutilação Genital Feminina constitui um crime na Guiné-Bissau, previsto e punível nos termos da lei nº14/2011, de 6 de Julho”, pelo que , apelou  “o abandono da  prática”. 

Por CFM

Não temos direitos autorais da foto ilustrativa.

"Vi mães mortas em cima dos seus bebés, também mortos": médica voluntária descreve situação em Israel após ataques do Hamas

Uma médica voluntária em Israel relata à CNN Internacional os momentos de aflição que viveu quando tentou salvar as vítimas do ataque do Hamas, a 7 de outubro.


Atenção: conteúdo sensível

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GUINÉ-BISSAU: Guineenses em Portugal criticam visita de Embaló e apoio português

© Lusa

POR LUSA   22/10/23 

Estudantes e trabalhadores guineenses redigiram um manifesto contra a visita do Presidente da Guiné-Bissau a Portugal, entre segunda e quarta-feira, acusando o chefe de Estado e o Governo portugueses de "higienizar" a imagem de Umaro Sissoco Embaló.

Numa missiva dirigida ao Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro portugueses, o movimento Firkidja di Púbis, que congrega ativistas, estudantes e trabalhadores guineenses em Portugal, manifesta a sua "profunda indignação perante o apoio que o Estado português tem prestado a Umaro Sissoco Embaló".

Os subscritores definem Sissoco como um "Presidente autoritário e líder de uma ditadura à procura de renascer, após o povo soberano da Guiné-Bissau ter decretado o início do seu fim com a fulminante derrota, nas últimas eleições legislativas, dos partidos políticos que o acompanham no seu projeto de eliminação das liberdades democráticas, uma conquista inalienável do povo guineense".

"Durante três anos e meio, o nosso povo foi obrigado a viver num ambiente de perseguições políticas, através de instrumentalização de instituições de justiça, fundamentais para qualquer Estado que se quer de direito e democrático", com "raptos e espancamentos de cidadãos que ousam contrariar as sistemáticas violações dos direitos e liberdades cívicos fundamentais, nomeadamente as liberdades de expressão, de imprensa, sindical, de manifestação e de reunião", escrevem.

Nesse período, prossegue o documento, registaram-se "assaltos à mão armada à sede de um partido político, a um órgão de comunicação social e a casas de comentadores políticos e dirigentes partidários que não se alinham com a ditadura de um Presidente que se tem apresentado publicamente como sendo único chefe na Guiné-Bissau".

E durante esse tempo de "cerceamento das liberdades" na Guiné-Bissau, "o Estado português, através do seu Presidente da República e do seu primeiro-ministro, participou ativamente na higienização do Presidente guineense autoritário, Umaro Sissoco Embaló, a quem tanto o Presidente da República [português], Marcelo Rebelo de Sousa, como o primeiro-ministro [português], António Costa, ajudaram a retratar-se perante o mundo com as suas deslocações a Bissau em 2021 e 2022, respetivamente".

Os subscritores do manifesto criticam o facto de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa terem recebido Sissoco em Portugal, sem que o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau se pronunciasse legalmente sobre o desfecho da segunda volta das eleições presidenciais em 2020.

"Hoje, perante as tentativas denunciadas de Umaro Sissoco Embaló em forçar uma crise política que lhe dê possibilidades de dissolver a Assembleia Nacional Popular e, desta forma, destituir o Governo eleito pelo povo da Guiné-Bissau, após apenas dois meses em funções, o mesmo Presidente da República é recebido pelos titulares dos mais altos cargos do Estado português", prossegue a missiva.

Os autores afirmam que "os trabalhadores, estudantes e o povo guineense estão atentos e repudiam" a "cumplicidade" do Presidente da República e primeiro-ministro portugueses "com o líder de um projeto político absolutista e antidemocrático, na concretização da sua agenda populista, que intitula de ´diplomacia agressiva`, visando unicamente distrair os guineenses e os parceiros internacionais do nosso Estado dos seus intentos de inviabilização de um quadro governativo estável e democrático".

No passado dia 10 de outubro, o Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, anunciou que vai realizar uma visita de Estado a Portugal, entre segunda e quarta-feira.



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Egito. "Difícil" que cimeira gere cessar-fogo durante "fase de vingança"

© Getty Images

POR LUSA   22/10/23 

 A 'Cimeira da Paz do Cairo', sábado na capital egípcia, "dificilmente" resultará num cessar-fogo entre Hamas e Israel, mas prosseguem intensas movimentações diplomáticas no Médio Oriente, segundo analistas ouvidos pela agência Lusa.

Nações Unidas, União Europeia, Reino Unido, Alemanha, Jordânia, Qatar, Rússia, China e Emirados Árabes Unidos, reuniram-se no sábado no Cairo para discutir a entrada de ajuda humanitária na faixa de Gaza, um possível cessar-fogo entre o Hamas e Israel e ainda o futuro da "solução de dois Estados". 

Mohanad Hage Ali, vice-director de pesquisas no Malcom H. Kerr Carnegie Middle East Center, um centro de pesquisas baseado em Beirute, não considera que um cessar-fogo possa acontecer "nos próximos tempos".

"O que está a acontecer agora é uma guerra que Israel lançou para destruir o Hamas. Portanto, mesmo que o Hamas decida atenuar a situação, os Israelitas vão continuar a tentar atingir os seus objetivos", diz à Lusa Hage Ali.

"Não acredito [num cessar-fogo], não nesta fase. Isto é uma fase de vingança", diz.

Poucos minutos após o início da reunião, a passagem de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza, foi aberta e os 20 camiões das Nações Unidas com ajuda humanitária começaram a entrar no território palestiniano para grande alívio dos palestinianos.

No entanto a expectativa que a reunião possa produzir avanços para um cessar-fogo é baixa, especialmente por causa da notável ausência da reunião de oficiais norte-americanos, os principais aliados de Israel.

Durante a cimeira no Cairo, o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotaki disse que "a intervenção militar não pode substituir uma solução política viável", um apelo que foi repetido por outros líderes europeus como a primeira-ministra italiana e o Presidente de Chipre.

Entre os participantes da reunião de sábado, o presidente Egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, recebeu o ministro dos negócios estrangeiros da Turquia, Hakan Fidan. Tanto o Egipo como a Turquia apoiam a causa palestiniana e têm sido mediadores entre o Hamas e Israel por várias vezes ao longo dos anos.

Na Turquia, onde vivem vários membros do Hamas, as autoridades têm estado em negociações com o movimento islamita palestiniano para a libertação de reféns. Mohanad Hage Ali considera estas negociações um "primeiro passo", mas diz que o trabalho dos mediadores ainda é "muito difícil".

Também tem crescido a pressão sobre os países do Golfo, nomeadamente o Qatar, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Estes países estão estrategicamente posicionados: por um lado são históricos apoiantes da causa palestiniana, por outro são parceiros económicos dos Estados Unidos e, como os maiores produtores de petróleo do mundo, têm um poder de influência a nível global.

O Emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, foi um dos participantes da cimeira, para além do Presidente da Palestina, dos Emirados Árabes Unidos, o primeiro-ministro Iraquiano e ainda o Rei da Jordânia e o príncipe herdeiro do Kuwait.

O Qatar financia há vários anos o governo do Hamas e é onde vivem vários líderes do partido que controla Gaza. No entanto estes países árabes têm pouca influência sobre o Hamas e pouco poder de dissuasão neste conflito, defende Mohanad Hage Ali.

"O Hamas tem aliados mais pequenos, mais fracos, e podemos ver este balanço de poderes no número de mortes no terreno - que é muito maior em Gaza", diz à Lusa Hage Ali.

O analista diz que apesar do Qatar financiar o Hamas e de alojar parte da sua liderança, este apoio é "calibrado com os Estados Unidos e Israel" - dado que Doha tem relações fortes com Washington: as forças norte-americanas têm neste país a maior base militar na região.

Contudo, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita encontram-se numa situação diferente. Os Emirados Árabes Unidos, com o Bahrain e Marrocos, têm até desde 2020 um acordo económico com Israel, os chamados "acordos de Abraão", que foram mediados pelos Estados Unidos. Era sabido que a Arábia Saudita também se preparava para se juntar aos acordos, apesar de alguma resistência das populações muçulmanas da região, que veem esta normalização de relações com Israel como uma traição ao povo palestiniano. No entanto, a 20 de setembro deste ano o príncipe herdeiro Saudita reconheceu que um acordo estava "todos os dias mais perto".

Após o ataque do Hamas a 07 de outubro, tanto os Emirados como os sauditas mostraram o seu apoio aos palestinianos e apesar de não haver uma declaração formal, os acordos económicos com Israel consideram-se "congelados".

No entanto, os dois países - sobretudo a Arábia Saudita - continuam numa posição estrategicamente mais próxima de Israel e podem ter alguma influência no futuro do conflito, defende Kristian Coates Ulrichsen, investigador para o Médio Oriente no Baker Institute, um centro de pesquisas norte-americano.

"Por detrás do apoio público à Palestina, há provas que os Sauditas estão a tentar liderar esforços diplomáticos para prevenir que a guerra entre Israel e o Hamas degenere num confronto mais largo que possa sugar o Líbano, Irão e outros", diz Ulrichsen.

O especialista em países do Golfo diz que a Arábia Saudita pode ter uma "maior vantagem" no plano geopolítico porque "Israel e os Estados Unidos não vão querer que o conflito atual descarrile completamente" o processo de negociações de acordos económicos com Riade.

"Portanto pausar o processo faz sentido estrategicamente para a Arábia Saudita, por causa da demonstração de raiva no mundo islâmico sobre o que está a acontecer em Gaza - e dá à liderança saudita uma oportunidade para controlar a próxima fase daquilo que permanece um acontecimento extremamente delicado", diz o analista.

Apesar da Arábia Saudita não ter marcado presença na cimeira de sábado, o seu papel nos esforços diplomáticos tem sido ativo: o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman falou ao telefone com o Presidente iraniano Ebrahim Raisi - a primeira ligação entre os dois países desde que as relações entre Teerão e Riade foram restabelecidas em março após vários anos.

Poucos dias depois bin Salman também recebeu o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken.

Desde o início do conflito, o Irão anunciou o seu apoio incondicional ao Hamas, grupo que financia com milhões de euros anualmente. Teerão tem ainda atiçado o grupo xiita libanês Hezbollah contra Israel, através do lançamento de dezenas de mísseis que já provocaram mortes entre os israelitas e lançaram ondas de preocupação pelo mundo inteiro de que o Líbano possa ser sugado para o conflito.

Rapidamente, os Estados Unidos cancelaram um acordo prévio com o Irão, que visava o descongelar e dar acesso a quase 6 mil milhões de euros de fundos iranianos "presos" num banco do Qatar, como parte de um acordo para a troca de prisioneiros norte-americanos.

Esta semana, o embaixador iraniano no Líbano disse que a "entrada de outros nesta guerra" e a "abertura de uma nova frente" depende das ações de Israel, nomeadamente de uma operação terrestre israelita dentro da faixa de Gaza.

Teerão ameaça atacar não só do Líbano, de onde têm chovido mísseis há vários dias, mas também da Síria, de onde já foram lançados 'rockets' para dentro de Israel, e ainda do Iraque, onde bases norte-americanas foram atacadas por 'drones', e também do Iémen, de onde foram lançados 'drones' em direção a Israel na sexta-feira.

"Eles podem lançar uns foguetes aqui e ali, mas isto são atores muito pequenos", diz à Lusa Mohanad Hage Ali. "Não são de todo o tipo de atores que vão fazer a diferença".

"No terreno, estamos a falar de Israel que tem tecnologia de ponta e uma força maciça e um grande número de aliados, contra um grupo muito fraco a viver nas áreas mais empobrecidas do mundo e sem aliados", diz o analista.

A 07 de outubro, membros do Hamas mataram mais de 1.400 israelitas. Em retaliação, as forças israelitas lançaram uma ofensiva aérea contra a Faixa de Gaza e mataram 4,385 palestinianos na Faixa de Gaza, segundo números do Hamas.

Os ataques israelitas a civis e organizações humanitárias e o bloqueio da Faixa de Gaza geraram críticas da comunidade internacional.  

Os protestos pro-palestinianos em todo o mundo, e especificamente as críticas ao ataque a um hospital em Gaza, de que Israel e Hamas se acusam mutuamente, criaram alguma pressão nas forças israelitas.

"Mas o ataque do Hamas aos civis Israelitas basicamente levou a Europa e os Estados Unidos a mostrar a sua aceitação de um alto número de mortes de civis no lado palestiniano. Portanto, não há uma pressão real contra Israel de momento", diz o analista Mohanad Hage Ali.

"Eu suponho que quanto mais mortes de palestinianos, mais pressão, mais protestos que poderão levar a alguma mudança, mas não vejo isso a acontecer nos próximos tempos", diz.



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Radio TV Bantaba

Lancamento de livro de DSP _ CUMUS em Farim

 Radio Voz Do Povo 

Ataques israelitas desativam os dois principais aeroportos sírios

© AFP via Getty Images

 POR LUSA   22/10/23 

Os ataques israelitas aos dois principais aeroportos da Síria, em Damasco e Alepo, causaram um morto e levaram à desativação das infraestruturas aeroportuárias, informou a imprensa estatal, que cita uma fonte militar.

"Por volta das 05h25 (03h25 hora de Lisboa), o inimigo israelita efetuou um ataque aéreo contra os aeroportos internacionais de Damasco e Alepo, causando a morte de um funcionário do aeroporto de Damasco e ferindo outro", disse a fonte militar, citada pela agência oficial síria Sana.

"Os danos materiais causados nas pistas dos aeroportos colocaram-nos fora de serviço", disse a mesma fonte.

O grupo islamita do Hamas lançou a 7 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

O terminal de Rafah, no sul de Gaza e a única passagem para o Egito, vai permitir que a ajuda humanitária chegue ao território palestiniano.

O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.



Leia Também: O exército israelita afirmou hoje que matou "terroristas" que se abrigavam numa passagem subterrânea da mesquita de Al-Ansar, em Jenin, na Cisjordânia ocupada.

"Hezbollah está a agredir e a arrastar Líbano para a guerra", diz Israel

© Getty Images

POR LUSA    22/10/23 

O exército israelita acusou hoje o Hezbollah de procurar uma escalada militar na zona fronteiriça, correndo o risco de arrastar o Líbano para uma guerra, após novas trocas de tiros entre Israel e o grupo xiita.

"O Hezbollah está a agredir e a arrastar o Líbano para uma guerra da qual não ganhará nada, mas na qual se arrisca a perder muito", advertiu o porta-voz do exército israelita, Jonathan Cornicus, na rede social X (antigo Twitter).

Na sexta-feira, o Hezbollah afirmara que Israel vai pagar um preço alto sempre que iniciar uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza e avançou que já tem militares na fronteira, disse o vice-líder, Naim Kassem.

"Estamos a tentar enfraquecer o inimigo israelita e fazê-los saber que estamos prontos", acrescentou.

Já autoridades do Hamas disseram que se Israel iniciar uma ofensiva terrestre em Gaza, o Hezbollah se juntará aos combates.

Há preocupações de que o Hezbollah, apoiado pelo Irão, que possui um arsenal de armas composto por dezenas de milhares de foguetes e mísseis, bem como diferentes tipos de drones, possa tentar abrir uma nova frente na guerra Israel-Hamas com um ataque em grande escala no norte de Israel.

O grupo islamita do Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

O terminal de Rafah, no sul de Gaza e a única passagem para o Egito, vai permitir que a ajuda humanitária chegue ao território palestiniano.

O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.



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