terça-feira, 19 de agosto de 2025

Junta militar de Burkina Faso expulsa representante da ONU após relatório sobre abusos contra crianças no conflito jihadista

Carol Flore-Smereczniak, que é de Maurício, trabalhou por mais de duas décadas em áreas que estão passando por conflitos ou se recuperando deles. (Foto: UN)

Por  portaltela.com 19 de ago 2025

A junta militar de Burkina Faso expulsou a representante da ONU, Carol Flore-Smereczniak, após um relatório que documentou abusos contra crianças no contexto do conflito jihadista. A decisão foi anunciada após a divulgação de um estudo que revelou mais de 2.000 casos de recrutamento infantil, assassinatos e violência sexual, atribuindo responsabilidades a insurgentes islâmicos, soldados do governo e forças de defesa civil.

O governo, liderado pelo Capitão Ibrahim Traoré, que assumiu o poder em setembro de 2022, alegou que o relatório continha acusações infundadas e que não houve consulta prévia à junta. Em sua declaração, o governo não apresentou documentação que sustentasse as alegações de violações atribuídas aos "valentes lutadores burquinenses".

Contexto da Insurgência

Desde 2015, Burkina Faso enfrenta uma insurgência jihadista que resultou em milhares de mortes e milhões de deslocados. A instabilidade política se intensificou com dois golpes militares em 2022. O Capitão Traoré prometeu resolver a grave situação de segurança em um prazo de "dois a três meses". Contudo, a situação permanece crítica, com o grupo jihadista JNIM reportando mais de 280 ataques na primeira metade de 2025, o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior.

A expulsão de Flore-Smereczniak não é um caso isolado. Sua antecessora, Barbara Manzi, também foi declarada "persona non grata" em dezembro de 2022, após publicar um blog sobre os impactos da crise na educação e saúde. A ONU ainda não se manifestou oficialmente sobre a recente expulsão, mas o secretário-geral expressou sua preocupação em relação à decisão anterior.

Reações e Implicações

A junta rejeitou a assistência da França, ex-potência colonial, em favor de parcerias com a Rússia. Organizações de direitos humanos têm denunciado a repressão a civis e a limitação da liberdade de expressão sob o regime militar. Recentemente, a junta anunciou a extensão de seu governo por mais cinco anos e permitiu que Traoré se candidatasse à presidência em 2029, consolidando sua imagem como um líder pan-africanista.

Empresários da Crimeia financiam forças armadas ucranianas... Proprietários de várias empresas da Crimeia, anexada pela Rússia, transferiram cerca de 12,3 milhões de dólares (10,5 milhões de euros, ao câmbio atual) para as forças armadas ucranianas, noticiou hoje o jornal russo Izvestia.

Por LUSA 

Segundo uma investigação do jornal, o caso envolve sobretudo a empresa de iluminação naval Mayak e a família Kozlovski, cujos bens foram nacionalizados em março deste ano por "cumplicidade com o regime de Kiev".

Foram confiscadas sete empresas em nome de quatro membros da mesma família, que após o início da guerra na Ucrânia em 2022 nomearam um único proprietário externo ao núcleo familiar.

Uma das principais proprietárias reais é Sidonia Kozlovskaya, 80 anos, que também se dedicou ao setor do turismo regional, segundo o jornal, citado pela agência espanhola EFE.

Uma das filhas de Sidonia, Liudmila Kozlovskaya, é proprietária da Fundação para o Diálogo Aberto, organismo declarado indesejável pela Procuradoria-Geral da Rússia em 2024.

A fundação proclama como principal objetivo a integração europeia da Ucrânia e participa ativamente em diferentes projetos em países da União Europeia (UE).

De acordo com informações da fundação, citadas pelo Izvestia, Liudmila Kozlovskaya doou equipamento militar e humanitário ao exército ucraniano.

Em 2023, foram enviados 5.800 coletes à prova de bala, 1.100 capacetes, 170 câmaras térmicas, 45 'drones', 27 geradores elétricos, 86 estações de rádio, 11 veículos todo-o-terreno, três ambulâncias e 900 sacos-cama, entre outros equipamentos.

O Izvestia denunciou que o dinheiro da fundação foi fornecido por empresas localizadas na Crimeia, a península ucraniana que a Rússia anexou ilegalmente em 2014.

Tais empresas chegaram a cumprir quatro contratos encomendados pelo Ministério da Defesa da Rússia no valor de nove milhões de rublos (95.500 euros) e a colaborar com empresas navais russas ligadas à Defesa.

No entanto, todas as empresas da família Kozlovski declararam lucros muito baixos e até mesmo prejuízos nos últimos 10 anos.

O economista Nikita Krichevski, citado pelo jornal russo, atribuiu a discrepância ao desvio de capitais por meio de serviços de criptomoedas declarados como compra de títulos nas contas da empresa.

Krichevski disse que tal prática também permite transferir dinheiro facilmente e de forma opaca para a Ucrânia.

O jornal russo denunciou que há muitas empresas que trabalham dessa forma na península anexada.

Em fevereiro deste ano, o presidente do parlamento da Crimeia, Vladimir Konstantinov, anunciou um novo pacote de nacionalizações de bens de empresários ucranianos.

Desde 2022, a república anexada da Crimeia arrecadou receitas de 4.800 milhões de rublos (mais de 50 milhões de euros) com a reprivatização de empresas.

De acordo com a imprensa ocidental, os processos de nacionalização e posterior venda a particulares são realizados indiscriminadamente, devido à ausência de controlo legal em todos os territórios ucranianos anexados pela Rússia, com o objetivo de conquistar novos mercados.

Na Rússia, mais de 100 grandes empresas também foram nacionalizadas desde 2023, tendo muitas delas sido posteriormente vendidas a círculos próximos da presidência russa.


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O Executivo britânico disse hoje que os países da "Coligação dos Voluntários" vão trabalhar com os Estados Unidos sobre as garantias de segurança para a Ucrânia.


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A chamada entre Donald Trump e Vladimir Putin que ontem 'interrompeu' a reunião entre os líderes europeus voltar a 'dar que falar', dado que esta terça-feira é conhecido que o líder russo falou em Moscovo para um possível encontro om Volodymyr Zelenksy, que respondeu "não".


POP continua implacável na Combate à Criminalidade Organizada e Transnacional

Por Radio TV Bantaba  19/08/2025

A 3ª Esquadra da Polícia de Ordem Pública (POP), situada no Bairro Militar em Bissau, através da sua Secção de Informação Policial e Investigação Criminal, desmantelou uma rede envolvida em imigração ilegal e práticas de burla.

No âmbito da operação, foram intercetados 43 indivíduos, entre os quais 33 cidadãos da Guiné-Conacri (incluindo uma criança de 2 anos), 7 cidadãos malianos e 2 guineenses. Durante a mesma ação, foram ainda detidos 7 suspeitos ligados diretamente ao esquema criminoso.

As investigações revelaram que os suspeitos extorquiam valores compreendidos entre 200.000 e 400.000 francos CFA às vítimas, sob falsas promessas de empregos e facilitação de processos de imigração. Além disso, recorriam às próprias vítimas já enganadas para aliciar outras pessoas e obter maiores lucros ilícitos.

A POP apela a todos os cidadãos para que denunciem indivíduos que procurem aliciá-los com promessas de emprego ou oportunidades de imigração duvidosas, de modo a reforçar a segurança coletiva e prevenir este tipo de crime.

Fonte: CNPOPGB

COMUNICADO A IMPRENSA MADEM G15

 

‎CMB / INSS _Assinatura de acordo / Pagamento das dividas

Trump admitiu ir contra uma "linha vermelha do Kremlin" e a Ucrânia propõe pagar para que ele faça isso (ou algo parecido)

Por João Guerreiro Rodrigues   cnnportugal.iol.pt

Trump muda o tom e abriu a porta a dar aquilo que muitos europeus sempre quiseram: um "backstop"

A sombra da emboscada na Sala Oval, em fevereiro, pairava sobre o encontro em Washington desta segunda-feira. O presidente ucraniano, visivelmente tenso, preparava-se para enfrentar um Donald Trump que tinha acabado de estender o tapete vermelho para Vladimir Putin, no Alasca, dias antes. Mas, desta vez, Zelensky vestiu um fato, disse "thank you" várias vezes e o resultado foi diferente. O presidente americano não descartou a hipótese de enviar soldados americanos para o terreno como forma de dar garantias de segurança à Ucrânia, algo que os líderes europeus referiam que pode ser "histórico". Os especialistas ouvidos pela CNN admitem que a presença americana daria algo que os europeus não podem dar mas que pode ultrapassar "uma linha vermelha" do Kremlin.

"Tropas no terreno é uma linha vermelha. A proposta do presidente americano significa que a Ucrânia não entra na NATO, mas a NATO entra na Ucrânia. Isso é uma linha vermelha dos russos, que querem fazer com que a Ucrânia tenha o seu exército reduzido a uma guarda nacional. Se o vão conseguir ou não, é outra questão", explica o major-general Agostinho Costa. 

No passado, vários líderes europeus admitiram a possibilidade de enviar militares para a Ucrânia para apoiar um esforço de paz, particularmente França, Reino Unido e os Estados bálticos. Seria uma coligação liderada por Paris e Londres e incluía até 50 mil soldados para dissuasão em áreas estratégicas, como proteção do espaço aéreo e do Mar Negro. Só que este projeto nunca conseguiu ganhar forma por não ter força dissuasiva suficiente para travar um futuro ataque russo contra a Ucrânia. "Não é a presença de 30 mil europeus que vai dissuadir a Rússia", defende o tenente-general Marco Serronha. 

Em parte, essa intenção europeia recuou devido à relutância de outras potências em participar, principalmente a Alemanha e a Polónia, que levantavam sérias dúvidas em relação à capacidade de defesa europeia sem um "backstop" americano. Mas tanto Trump como o seu antecessor, Joe Biden, sempre recusaram esta possibilidade. Até agora. Esta segunda-feira, em declarações aos jornalistas, Trump admitiu que está disposto a "ajudar muito" os países europeus, que serão "a primeira linha de defesa" contra a Rússia no continente. Questionado acerca da possibilidade de enviar militares para o terreno para ajudar os europeus, Trump diz que está disposto "trabalhar com toda a gente" para garantir que a paz "seja de longa duração". E avançou que "talvez" ao fim do dia se soubesse se as tropas iam ou não ser enviadas: Trump não se comprometeu com nada, mas também não descartou a opção.

A mudança de tom de Trump, ao não descartar tropas americanas no terreno, marca uma viragem. “Garantias de segurança têm de ter alguma presença de soldados no terreno e isto pode não ser uma boa coisa”, considera Marco Serronha, apontando o risco de escalada. A possibilidade de uma força americana, mesmo que limitada a apoio logístico ou defesa aérea, oferece à Ucrânia uma dissuasão que a Europa não pode igualar, especialmente em termos de garantias nucleares, vistas como “o principal objetivo de dissuasão” por Kiev. Apesar de o Reino Unido e França terem o seu próprio arsenal nuclear, este não tem nem a dimensão do arsenal americano tem está apoiado pela tríade nuclear: a capacidade de lançar mísseis de terra, ar e mar.

"Garantias nucleares, esse é o principal objetivo de dissuasão que a Ucrânia quer. Quem dá garantias de segurança compromete-se a levar ao limite. Se não houver a garantia de que os EUA participam de forma positiva, a Rússia pode pensar que é um ataque", sugere o tenente-general Marco Serronha. 

Esta capacidade da presença dos EUA é crucial para Kiev, que ainda olha com remorso para a assinatura do Memorando de Budapeste, que levou à entrega do seu arsenal nuclear em troca de garantias de segurança de vários países, incluindo dos Estados Unidos. Por esse motivo, Zelensky e a sua equipa foram preparados para o encontro na Casa Branca. Não foi só o fato: a equipa ucraniana foi "munida" de uma oferta de compra de 100 mil milhões de dólares de armamento norte-americano em troca de garantias de segurança, de acordo com um documento revelado pelo Financial Times

Esse acordo prevê ainda um outro acordo, de 50 mil milhões de dólares, para produção de drones com empresas ucranianas que aperfeiçoaram esta tecnologia desde 2022 e que permitiram à Ucrânia travar os avanços de Moscovo no terreno. Ainda assim, o documento não especifica quais as armas em concreto que os ucranianos se comprometem a comprar, apesar de terem expressado publicamente a intenção de comprar 10 baterias antiaéreas Patriot.

Ainda assim, os especialistas acreditam que as negociações de paz - Donald Trump voltou a afastar a ideia de cessar-fogo inicialmente proposta por si próprio - enfrentam objetivos inconciliáveis. "No limite, a Rússia quer uma Ucrânia subordinada, o território é só um instrumento”, explica Marco Serronha, enquanto a Ucrânia exige a retirada russa e garantias de soberania. Num cenário minimalista, Kiev pode aceitar a ocupação temporária de territórios como a Crimeia e o Donbass, mas apenas com garantias realistas. A Rússia, por sua vez, insiste em limitar as forças ucranianas, rejeitando qualquer presença ocidental. 

O Kremlin reagiu rapidamente às declarações do presidente americano, com a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros a rejeitar a "presença na Ucrânia de um contingente militar com a participação de países da NATO". Mas continua sem se saber se a garantia de segurança sugerida por Donald Trump esta segunda-feira na Casa Branca foi discutida no Alasca com Vladimir Putin. Para o tenente-general Marco Serronha, pode ser perigoso para o Ocidente ter uma garantia de segurança acordada entre os EUA e a Rússia.

"Trump está a tentar arranjar uma espécie de meio termo que dê conforto À Rússia, mas garantias de segurança propostas pelos americanos aceites pela Rússia são sempre de desconfiar. Os russos só aceitarão um acordo que poderão explorar", considera o tenente-general. 

A abertura de Trump para tropas americanas no terreno é um divisor de águas, mas arriscado. A Rússia, que vê qualquer presença ocidental como uma “ameaça direta,” pode responder com escalada, enquanto a Europa, relegada a “primeira linha de defesa,” enfrenta o desafio de atuar sem clareza sobre o apoio dos EUA. “As garantias têm de ser dadas pela NATO. Tudo isto está preso por arames”, alerta Marco Serronha, para quem a paz na Ucrânia é um jogo de alto risco e a promessa de paz de Trump soa mais como uma aposta incerta, que corre o risco de acabar esmagada entre as exigências russas, as ambições ucranianas e uma Europa incapaz de se impor.