quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

África: Persistem ameaças terroristas apesar de ganhos militares em 2013

Al-Shabab
Os Estados Unidos da América e a União Europeia estão a seguir de perto as ameaças dos grupos terroristas em Africa e tal como outras potências ocidentais prometem meios para combater o extremismo no continente.

O ano de 2013 parece ter sido o momento em que o mundo se despertou acerca do terrorismo africano.

Houve vitórias militares contra grupos islâmicos extremistas no Mali e na Somália, entretanto seguidas de outros ataques terroristas em países vizinhos, demonstrando assim o carácter complexo e persistente das ameaças que ainda existem.

O ano de 2013 começou com a intervenção militar francesa no Mali. Combatentes ligados a al-Qaida que controlavam o norte do país estavam em avanço para o sul.

As tropas malianas não puderam resistir sozinhas. Mas mesmo após a liberação do norte pelas tropas francesas e africanas, os combatentes jihadistas lançaram ataques de represália contra as instalações de produção de gás de Ain Amenas, na Argélia, fazendo centenas de reféns e no final pelo menos 36 mortos - todos eles trabalhadores estrangeiros.

A Somália parecia estar no fim da picada no início de 2013. Tropas quenianas e da União Africana combateram o grupo de milícia al-Shabab nos principais centros urbanos onde tinham encontrado o refúgio.

Mas em Setembro, um pequeno grupo de militantes da al-Shabab atacou um centro comercial em Nairobi, matando mais de 60 pessoas deixando de rastos as agências de segurança e de inteligência quenianas.
O mundo viu através da televisão centenas de sobreviventes.

“Tudo quanto me lembro é das pessoas dizendo, deitem-se por terra. Todos se deitaram e rastejaram.”

A Nigéria anunciou que estava a apertar o cerco contra a crescente insurreição radical da Boko Haram, que tem vindo a combater desde 2009. No mês de Maio, tropas governamentais deram o início a ofensiva contra a seita. As Nações Unidas afirmam que a ofensiva que ainda continua já matou 1200 pessoas. Mas a Boko Haram continua a atacar.

Tudo o que tem vindo a acontecer em África, parece similar. Insurrectos islâmicos assumem o controlo de territórios, erguem esconderijos, e chegam mesmo a tentar governar. Mas logo que enfrenta acções militares, abandonam os centros urbanos e dispersam-se. Alguns são mortos, outros escapam-se para retaliar mais tarde, depois de reforçados por novos recrutas.

O pesquisador senegalês Bakary Sambe diz que a intervenção militar, em particular pelas forças ocidentais, exacerbam a radicação desses grupos.

“É absurdo dizer, pode-se fazer guerra contra o terrorismo que pela natureza está a expandir e regenerar-se constantemente. Também precisamos de combater as causas da radicalização: pobreza, o sentimento de frustração e de rejeição pelo estado, e o sub-desenvolvimento…o ponto crucial do terrorismo e de todo o extremismo violento é a exploração da miséria social. É acerca da exploração daqueles que se sentem abandonados económica e politicamente.”

Analistas afirmam que a al-Shabab continua a ser o grupo extremista em África mais organizado, e ate aqui a organização mais chegada à al-Qaida, e a publicidade que granjeou com o ataque ao centro comercial Westgate no Quénia revitalizou a sua acção no recrutamento no estrangeiro.

Os Estados Unidos da América e a União Europeia estão a seguir de perto as ameaças dos grupos terroristas em Africa. Mas a excepção da França, que continua combater os extremistas no Mali, as potências ocidentais afirmam que no futuro vão continuar a apoiar os esforços de financiamento para assistir e treinar tropas africanas com vista a conter o extremismo violento.

OPINIÃO- Um Senado para a Guiné-Bissau

PAULO MENDES PINTO , RUI LOMELINO DE FREITAS e FERNANDO CATARINO 26/12/2013 - 01:07

Urge criar soluções que possam dar à Guiné-Bissau uma nova fase de paz social.

Um país em construção apresenta um grupo de vantagens e, ao mesmo tempo, de desvantagens que reside na fragilidade das instituições do Estado. No caso da Guiné-Bissau, temos uma identidade coletiva construída em torno de grupos e de etnias, alguns deles transnacionais, cimentada essa identidade nos próprios processos de independência e na construção de uma vontade comum de daí construir um Estado.

No momento presente parece não carecer de grande demonstração a verificação da fragilidade das instituições do Estado guineense. Da mesma forma as sucessivas lutas, por vezes violentas, entre lideranças políticas demonstra também a inadaptação da aplicação de um modelo político ocidentalizado a uma realidade cultural muito específica. O desenvolvimento e instalação, nos últimos anos, de rotas de narcotráfico, é "apenas" um dos muitos corolários lógicos correspondentes a um duplo processo que se cruza no tempo:                                                                 Leia Mais...........