terça-feira, 20 de novembro de 2018

Novo acordo de pesca poderá render 100 milhões de euros à Guiné-Bissau

Marinheiros guineenses criticam o novo acordo de pesca entre o Estado e a União Europeia. Dizem que não foram considerados pelo Estado. O Governo espera arrecadar 100 milhões de euros nos próximos cinco anos.


O novo acordo de pesca, assinado entre a Guiné-Bissau e a União Europeia (UE), que terá a duração de cinco anos, poderá render aos cofres do Estado guineense cerca de 100 milhões de euros, nos próximos cinco anos. A compensação financeira anual, calculada proporcionalmente à possibilidade de pesca que o país atribui à UE, subiu de 9,2 para 15, 6 milhões de euros e alguns países europeus podem pescar até 18 mil toneladas por ano nas águas territoriais guineenses.

Depois de seis rondas negociais, a União Europeia e o Estado guineense rubricaram, na passada quinta-feira (15.11.) um novo acordo de pesca. De acordo com o documento, os barcos da União Europeia passam a descarregar parte da produção para o abastecimento do mercado interno, a título gratuito para o Estado guineense, no sentido de ajudar a combater a insegurança alimentar no país, disse Henrique da Silva, técnico guineense que liderou as negociações.

"Os valores das licenças foram aumentados, em relação ao anterior acordo, tanto para crustáceos, como para os cefalópodes (polvos, lulas, chocos).Esses valores tiveram um aumento de cerca de 15%. O número de marinheiros guineenses a embarcar nos navios europeus aumentou por mais um, ou seja, barcos que antes levavam 5 passam a ter agora 6 marinheiros nacionais, e a outra novidade é a maior capacidade de pesca que nós atribuímos à UE, de 18 mil toneladas, que fez com que a compensação financeira aumentasse quase duas vezes em relação ao anterior acordo”, disse Henrique da Silva, destacando as grandes novidades de novo acordo.

Marinheiros excluídos do acordo

Porto de Bandim

Entretanto, também em entrevista à DW-África, o presidente da Associação dos Marinheiros da Guiné-Bissau, João Cá, criticou a postura do Governo, que acusa de assinar um acordo, sem ouvir as reivindicações dos três sindicatos do setor, precisamente no que concerne ao aumento do número de nacionais nos barcos pesqueiros da UE e à melhoraria das condições de trabalho.

João Cá diz que foi rubricado um acordo que não teve em conta o nível de desemprego entre os marinheiros guineenses qualificados, para além de não ter respeitado as leis no setor. "O Governo guineense não teve em consideração a questão do desemprego dos jovens marinheiros, e que estipula que os nacionais devem ser 75% da tripulação de um navio de pesca, mas infelizmente aceitaram apenas a presença de 5 ou 6 marinheiros nas embarcações. Isto é péssimo. Também a questão do salário não foi acautelada como manda uma recomendação da Organização Internacional do Trabalho, OIT, que diz que todos os trabalhadores do setor marítimo devem ter um salário de base 614 dólares. Os navios europeus pagam 400 dólares, não há condições de trabalho e só empregam os estrangeiros deixando os nacionais de fora. Não pode ser assim. Pedimos uma audiência com a ministra para exprimir a nossa preocupação, antes da assinatura do acordo, mas ela não nos recebeu", conta o líder sindical.

Segundo o acordo, a contrapartida financeira é de 15,6 milhões de euros anuais, 11,6 milhões serão canalizados para o Orçamento Geral do Estado guineense e os restantes quatro milhões para apoiar as infraestruturas da pesca, fiscalização das águas e ainda para a pesquisa. Henrique da Silva afirma que se acrescentar ainda os valores das licenças de pesca dos armadores o país terá cerca de 20 milhões de euros anuais e em cinco anos do acordo atingirá 100 milhões de euros.

É impossível fazer comparação com a Mauritânia

Alguns sectores da vida pública do país têm criticado o governo guineense, de que poderia conseguir mais e melhor para o novo acordo, tal como a Mauritânia que recebe 55 milhões de euros por ano de compensação financeira, atribuindo 240 mil toneladas aos países da União Europeia. Nas palavras de Henrique da Silva é impossível receber a mesma fatia da Mauritânia.

"A Mauritânia recebe 55 milhões de euros da compensação financeira anual, porque não concede 240 mil toneladas aos países europeus, contra 18 mil que a Guiné-Bissau atribui anualmente à UE. As possibilidades de pesca que a Mauritânia concede a União Europeia são largamente superiores às nossas capacidades. Os recursos atribuídos é que fizeram subir esta compensação financeira, porque as 240 mil toneladas têm mais valor. O montante que recebe é justificável pela quantidade de toneladas que disponibiliza para as frotas da União Europeia”, argumenta Henrique da Silva.

Tecnologia avançada na fiscalização

Porto comercial de Bissau.

No que toca a fiscalização marítima, a Guiné-Bissau, graças ao dinheiro destinado ao apoio institucional dos anteriores acordos de pesca, está a utilizar VMS, que é um Sistema de Monitorização de Navio por via de Satélite, um dos sistemas mais avançados em matéria de fiscalização, relata Henrique: "Todos os navios licenciados para o exercício da atividade de pesca na zona exclusiva da Guiné-Bissau, devem ter uma baliza que está conectada com sistema em terra. Esta baliza envia o sinal para o satélite, que por sua vez, o retransmite imediatamente para o centro de controlo em Bissau. A partir daí conseguimos controlar todas as atividades dos navios licenciados. Se navio entrar na zona proibida de pesca, nós aqui em terra, conseguimos detetar isso rapidamente”.

O país ainda enfrenta dificuldades no sistema de transmissão de dados eletrónicos, problema que se espera ficar resolvido com a assinatura do novo acordo de pesca. As autoridades já montaram três postos avançados de fiscalização, em Pontão e Cacine, no sul do país. Falta agora comprar meios logísticos para que - em caso de urgência - haja capacidade de chegar rapidamente à Zona Económica Exclusiva, ao invés de ter que sair de Bissau.

O acordo permite que navios de Espanha, Portugal, Itália, Grécia e França pesquem nas águas guineenses e inclui a pesca de atum, cefalópodes, camarão e espécies demersais (linguados e garoupas). Em troca, a União Europeia paga à Guiné-Bissau 15,6 milhões de euros.

DW

Guiné-Bissau: Polícias bloqueiam entrada no Gabinete do Ministro do Interior


Elementos da Polícia de Intervenção Rápida foram colocados nas portas que dão acesso ao interior do Gabinete do Ministro do Interior, impedindo assim a entrada de Mutaro Djaló exonerado das suas funções há mais de uma semana, confirmou fonte no Ministério do Interior à e-Global.

De acordo com a mesma fonte, trata-se de uma medida em vigor desde 09 de novembro, data em que Mutaro Djaló foi exonerado através de um Decreto presidencial, decisão que igualmente atingiu outros serviços da dependência directa do Gabinete do ministro, incluindo o gabinete do Chefe do Gabinete, das Secretárias do Ministro bem como o gabinete da Assessoria de Imprensa do Ministério do Interior.

Contactado pela e-Global, sobre o seu afastamento do cargo, uma fonte próxima do antigo ministro Mutaro Djaló disse desconhecer os motivos da exoneração, sublinhando que o antigo ministro não tinha dado ordens de espancamento das crianças durante a marcha dos estudantes a 08 de novembro. “Sei que ele não fiz nada”, disse o antigo ministro que questionou se foi a “primeira marcha no país em que as pessoas foram espancadas”.

Outra fonte disse à e-Global que na noite em que Mutaro Djaló foi afastado do cargo, foi observada a presença do antigo Ministro do Interior Botche Candé perto das instalações do Ministério

© e-Global Notícias em Português

«OPINIÃO» "CONTRACTOS LUDÍBRIOS" - CELINA TAVARES

Nenhum contracto até hoje beneficiou o país. Os que actuam cá dentro, estão-se enriquecendo em velocidade máxima, com paupérrimos serviços, como luz, água, Internet e telemóveis.

Com esses Contractos Tribofes, estão acabando com as nossas florestas, mares e o seu habitat, clima, beleza..enfim...
Será assim tão difícil prever, perante o já catastrófico presente, o futuro próximo, por esse caminhar? O dinheiro poderá parar a raiva e a punição da natureza?! E haverá dinheiro para responder a qualquer catástrofe, como a fome?!
Qual a pressa e pressa de quê e para quê e quem?!

Quer-se contractos que beneficiem o país e satisfaçam as necessidades do povo, não contractos com luvas elevadas beneficiando apenas alguns grupos, deixando o povo e o país no lamaçal em que nos encontramos.

- O povo quer ver um mercado de trabalho para se ocupar e se dignificar.

- Os estudantes querem escolas com qualidade para uma boa aprendizagem. Querem livrarias públicas, museus, centros juvenis, etc.

- Os doentes querem hospitais devidamente montados para que seja um local de salva vidas e não retira vidas.

- A cidade necessita de casas de banho público para acabar com a falta de higiene e desrespeito pelas esquinas das casas.

- O povo necessita de um país com cidades urbanizadas, ruas com seus devidos nomes e um serviço de correios à funcionar devidamente nas distribuições dos correios e terminar com a pouca vergonha da invasão de pessoas nos aeroportos para entregas indevidas de correspondências e encomendas para serem entregues aos familiares ou amigos em necessidade urgente de algo e sem meios para pagarem a exorbitante quantia que o DHL pede.

- Os idosos necessitam de um final com um pouco mais de atenção, um lar, um clube com TV, livros, jogos e demais programas para o seu tempo livre.

- As famílias querem habitações condignas para uma melhor orientação familiar. Necessitam de Centros de Atendimento Familiar, com técnicos à altura para prestação de serviços em todas as áreas.

- As crianças querem um parque para viverem a sua época e não pelos cantos dos bares vivenciando vulgaridade.

- O povo necessita de autocarros públicos, para acabar com a poluição na cidade dos toca tocas e taxis, que circulam em péssimas condições para a saúde.

- O povo necessita de contractos que interliguem energia e comunicação com novas tecnologias productivas, permitindo assim avanços no desenvolvimento do país.

- Os vendedores necessitam de um mercado montado em cada bairro, para acabar com a pouca vergonha de vendedores ambulantes pelas avenidas da chamada cidade/capital.

- O povo necessita de contractos com empresa capaz de alcatroar e não abarrotar estradas. Este país conheceu estradas alcatroadas no tempo colonial e ainda hoje existem resíduos do excelente trabalho feito há mais de 60 anos.

- As nossas futuras gerações não podem de forma alguma vir a herdar a miséria que se lhes está preparando, com contractos destruidores e dívidas impagáveis. Qual virá a ser o padrão de suas vidas por este caminhar, sem fonte de emprego e nível escolar?!

- Os quase 80% do povo com um nivel de vida deteriorado, quer contractos que se lhes assegure mínimas condições para viver.

- O povo necessita que este governo concentre seus esforços no prioritário, preparar eleições transparentes e justas. O futuro governo então poderá trabalhar nas demais prioridades, priorizando as reformas para retomar o desenvolvimento económico e social do país.

Tem-se fechado quase todas as portas para o desenvolvimento da nossa juventude, mas eles têm demonstrado persistência. Está-se a preparar uma péssima herança para os seus filhos, mas eles estão atentos. Quem não deve não teme. Apenas posso deixar aos mesmos um clamor, para que se recenciem todos, num processo devidamente fiscalizado e transparente, e no dia das eleições, sairem em massa e votar. Que não se esqueçam que esse voto, não só será a escolha para o vosso presente, mas também o vosso futuro e o futuro dos vossos filhos.

Enfim...Não há nada, não temos nada e nada estamos para ter se por este caminho se continuar a enveredar com esse espírito manuseador de alguns dos tantos que têm vindo por aí a circular como mandantes.

Um bem haja para todos os bons filhos deste país desamado.

Celina Tavares
Novembro 20, 2018
Bissau, Guiné-Bissau

conosaba.blogspot.com