© TwitterNotícias ao Minuto 01/03/22
Daria Kaleniuk fugiu de Kyiv e manifestou a sua revolta em frente ao primeiro-ministro britânico, exigindo que este implemente uma zona de exclusão aérea na guerra Rússia-Ucrânia porque são as crianças e mulheres que estão a pagar o preço.
Uma jornalista ucraniana, que fugiu de Kyiv, desfez-se hoje em lágrimas em frente ao primeiro-ministro britânico Boris Johnson e acusou-o de ter medo de agir.
Daria Kaleniuk censurou o primeiro-ministro do Reino Unido numa conferência de imprensa em Varsóvia, na Polónia, e exigiu que este implementasse uma zona de exclusão aérea para impedir que jatos russos matassem civis.
A jornalista começou por confrontar Boris Johnson afirmando ter uma mulher da sua equipa com filhos medo de ser morta.
"Uma mulher da minha equipa está em Bila Tserkva, ela tem dois filhos, e militares russos estão lá. Ela tem medo de ser baleada. A cidade onde estudei foi bombardeada hoje na praça central. Você fala sobre o estoicismo do povo ucraniano, mas as mulheres ucranianas e as crianças ucranianas vivem em profundo medo por causa das bombas e mísseis que caem do céu", começa por sublinhar Kaleniuk.
"O povo ucraniano pede desesperadamente que o Ocidente proteja o nosso céu, pedimos uma zona de exclusão aérea, mas dizem-nos que isso desencadeará a III Guerra Mundial", continua. De seguida, a ucraniana questiona qual é a alternativa.
"A alternativa é observar? As nossas crianças, em vez de aviões, estão a proteger a NATO das bombas?", confrontou a jornalista acrescentando que "neste momento, é impossível atravessar a fronteira". "Imagine com um bebé", continua acrescentando que Boris Johnson está na Polónia, não está em Kyiv ou Lviv porque "tem medo".
"A III Guerra Mundial já começou e são as crianças ucranianas que estão a pagar o preço", alerta.
Daria fala ainda do caso de Roman Abramovich que se encontra em Londres. “Você fala de mais sanções, senhor primeiro-ministro, mas Roman Abramovich não é sancionado, está em Londres, os seus filhos não estão nos bombardeios, estão em Londres", disse fazendo também referência aos filhos de Vladimir Putin que "estão na Holanda, na Alemanha, em mansões".
"Onde estão todas essas mansões confiscadas? Não vejo isso", apontou.
Em resposta, Boris Johnson admitiu que o que o Reino Unido pode fazer não é suficiente. O britânico recusou implementar uma zona de exclusão aérea, mas disse que poderia ajudar de outras maneiras.
“Infelizmente, a implicação disso [implementar uma zona de exclusão aérea] é de que o Reino Unido estaria envolvido em derrubar aviões russos, estaria envolvido num combate direto com a Rússia – isso não é algo que possamos fazer ou que tenhamos previsto", explicou o primeiro-ministro.
"As consequências disso seriam realmente muito difíceis de controlar", concluiu.
A jornalista deixa um apelo ao Ocidente: proteger o céu ucraniano numa altura em que os ucranianos agarram em "armas com proteção zero" para "combater o mal" das tropas russas.
Nas redes sociais, a jornalista reage à rejeição de Boris Johnson de implementar uma zona de exclusão aérea na Ucrânia indicando que são os bebés que vão sofrer com esta decisão.
"Não, os membros da NATO não vão fechar o céu sobre a Ucrânia. Líderes dos estados-membros da NATO virão à fronteira ocidental da Ucrânia para fazer conferências de imprensa. Serão estas crianças que enfrentarão os mísseis, não os sistemas de defesa aérea da NATO. Que vergonha, NATO", escreveu a ucraniana.
A Rússia lançou uma ofensiva militar sobre a Ucrânia na madrugada de dia 24 de fevereiro entrando hoje no sexto dia de invasão. Mais de 660 mil pessoas abandonaram o país, segundo os dados da ONU.