sábado, 20 de maio de 2017

DO PAÍS REAL AOS TRÊS SONHO DO JOMAV: UM CAMINHO SOMBRIO E ESPINHOSO!


Tenho acompanhado de perto os périplos do Presidente José Mário Vaz (Jomav), no âmbito da sua presidência aberta que o levou a percorrer todo o país, e, igualmente, tenho analisado, com elevado sentido crítico os seus discursos. Não obstante a preocupação pela forma como cada um, de acordo com a sua conveniência tem os interpretados (uns na perspetiva de tirar o maior proveito que possa ajudar a orientar o país e outros no sentido de minimizá-los). É chegada a hora de cada um assumir o debate sério e responsável sobre a nossa terra, senão nunca mais sairemos do presente status quo!

O Presidente Jomav repetiu várias vezes (nos seus discursos) os três sonhos que tem/assumiu consigo, enquanto Chefe de Estado, para com a Guiné-Bissau, nomeadamente: i) a paz e a estabilidade política e governativa; ii) a gestão rigorosa da coisa pública e, iii) a mão na lama.

Para o Jomav - o que também é a unanimidade nacional - é urgente encontrar a paz política e social para assim criar condições efetivas que possam catapultar a nação rumo ao desenvolvimento, a paz e a estabilidade, "sem a paz é impossível desenvolver o país", acreditou o Presidente Jomav.

Há mais de quatro décadas que a Guiné-Bissau vive de crise em crise, muitas das vezes (ou todas elas), consequência das crises internas dos partidos, com maior destaque ao PAIGC cujo mal chegou a levar o país a experimentar uma guerra civil (07 de Junho), assassinatos com cunhos políticos e espancamentos das figuras públicas, acontecimentos estes que têm minado todo um esforço para a reconciliação e a unidade entre os guineenses. O PAIGC desastrou o país!

O mais grave (de todo o desastre nacional provocado pelo PAIGC trágico) é assistir a repetição dos mesmos erros pelos mesmos protagonistas. Para mim (embora quem sou eu?), enquanto os guineenses (nós) não são capazes de conversar (olhos nos olhos) dentro dos limites da verdade e nos perdoar (pelas nossas falhas, um para com outro), e assim nos comprometemos viver e morrer pela Guiné-Bissau, nenhum sonho, mas nenhum sonho mesmo, seja ele individual ou coletivo, conhecerá a sua concretização, infelizmente!



Outro sonho de Jomav é "Dinheiro de Estado nos cofres de Estado". Antes de ser presidente é lhe (re)conhecido o rigor na gestão e isto, seguramente, o fez o empresário de sucesso, quiçá mesmo, o melhor do país. Nao é segredo para ninguém que controlar os cofres públicos é uma grande luta titãnica neste país, onde muitos que o tentaram ficaram pelo caminho (mortos ou política/publicamente banidos) porque o rigor na gestão do país é, para uns e outros, "ser inimigo do povo e do partido". Nunca são apologistas da eliminação do facilitalismo e da corrupção e, tudo que fazem ao longo do tempo é exterminar os opositores desses males que nos têm afogado no empobrecimento. Para mim, Senhor Presidente, é mais fácil encontrar a paz entre os palestinos e os israelitas que cultivar a cultura da transparência na gestão dos bens da coletividade no nosso país, mas não vou deixar de lhe desejar muita boa sorte, sei que vai precisar.

O terceiro sonho de Jomav é "mão na lama" ou seja, o trabalho sério, em todos os domínios da produção e em especial a agricultura, tido (segundo Amílcar Cabral) como a base da economia nacional, embora o próprio Jomav reconhece que sem os dois anteriores é impossível alcançar a verdadeira mão na lama. 

Também creio que não é segredo para ninguém que a nossa terra figura-se entre os cinco mais pobre do mundo; onde tudo faz falta; onde tudo é precário e arcaico e onde tudo, mas tudo é miserável, infelizmente! Por isso há toda uma necessidade e urgência em catapultar o país e permití-lo produzir com vista o seu enquadramento na competição global. Os recursos (naturais e humanos) para tal não faltam, o nosso problema é nunca canalizarmos o nosso esforço coletivo no combate a pobreza, mas sim, o despendimos nas futilidades, discutindo egos e perdendo tempos.

Senhor Presidente, como várias vezes falei, se a sua luta é para repor a dignidade a este povo; botar a comida na mesa das famílias; melhorar nosso sistema de ensino, de saúde e das infraestruturas, conta comigo!

Patrióticamente!

Ussumane Grifom Camara Matchom 

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