terça-feira, 9 de dezembro de 2025

EUA fazem aviso a Zelensky: restam-lhe dias para dizer ‘sim’ a acordo com a Rússia... De acordo com o Financial Times, a administração Trump deu apenas dias ao presidente da Ucrânia para aceitar o plano de paz proposto pelos EUA. Zelensky promete responder “em breve”.

Por SIC Notícias/Com Lusa

Os Estados Unidos da América (EUA) avisam a Ucrânia de que tem poucos dias para responder ao acordo que prevê a perda de território. 

O enviado especial norte-americano Steve Witkoff e o genro de Donald Trump, Jared Kushner, terão avisado Volodymyr Zelensky de que tem de tomar uma decisão sobre o acordo dentro de dias.  

Segundo o jornal Financial Times, o acordo prevê perdas de territoriais por parte da Ucrânia em troca de garantias de segurança dos Estados Unidos. 

Zelensky promete enviar "em breve" plano revisto 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, esta terça-feira, que vai enviar "em breve" uma versão revista do plano de paz proposto pelos Estados Unidos ao homólogo norte-americano, Donald Trump, após uma série de contactos com líderes europeus. 

"Estamos empenhados numa paz verdadeira e mantemos um contacto constante com os Estados Unidos. E, como os nossos parceiros nas equipas de negociação apontam corretamente, tudo depende de a Rússia estar preparada para tomar medidas eficazes para travar o derramamento de sangue e evitar que uma nova guerra ecloda", declarou numa mensagem divulgada na rede X, durante um encontro em Roma com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. 

A reunião ocorre depois de Volodymyr Zelensky se ter encontrado no dia anterior, em Londres e Bruxelas, com parceiros europeus e da NATO, e em plenas negociações bilaterais dos enviados da Casa Branca com a Rússia sobre o fim do conflito iniciado com a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.   

"Estamos a trabalhar ativamente em todos os elementos de possíveis medidas para o fim da guerra. As propostas ucranianas e europeias estão agora mais avançadas e estamos preparados para apresentá-las aos nossos parceiros nos Estados Unidos", indicou o Presidente ucraniano, que espera "tornar estas medidas viáveiso mais rapidamente possível". 

Ao receber Zelensky no pátio do Palácio Chigi, sede do Governo italiano, Meloni, aliada de Trump na Europa e que sempre demonstrou apoio a Kiev, cumprimentou-o com um abraço, tendo depois realizado uma reunião à porta fechada de uma hora e meia. 

Mais tarde, o Presidente ucraniano relatou, através da rede X, que a reunião tinha sido "excelente e muito substancial", na qual foram abordados "todos os aspetos" da situação diplomática. 

"Agradecemos o papel ativo da Itália na criação de ideias práticas e na definição de medidas para aproximar a paz. Informei-a sobre o trabalho da nossa equipa de negociação e estamos a coordenar os nossos esforços diplomáticos. Estamos extremamente gratos pelo apoio contínuo da Itália; isto é importante para a Ucrânia", expressou Zelensky. 

O presidente ucraniano agradeceu também à primeira-ministra italiana pelo pacote de ajuda prometido e pelo fornecimento de geradores de energia. 

"É exatamente isto que vai apoiar as famílias ucranianas, o nosso povo, as nossas crianças e o quotidiano nas nossas cidades e comunidades, que continuam a sofrer constantes ataques russos. Precisamos de proteger vidas. Obrigado, Itália!", concluiu. 

Antes de se reunir com Meloni, Zelensky visitou o Papa Leão XIV na sua residência em Castel Gandolfo, perto de Roma. Durante a audiência, o pontífice norte-americano reiterou "a necessidade de continuar o diálogo e renovou o seu desejo urgente de que as iniciativas diplomáticas em curso conduzam a uma paz justa e duradoura", segundo um comunicado da Santa Sé. 

O presidente ucraniano anunciou na segunda-feira que Kiev está a preparar um plano alternativo para apresentar aos negociadores de Washington, ao mesmo tempo que reafirmou que não cederá qualquer território à Rússia.  

Eleições? "Estou sempre pronto"

Por outro lado, Zelensky respondeu ainda aos jornalistas que o questionaram, à saída de um hotel em Roma, sobre o apelo de Trump para a realização de eleições na Ucrânia, deixada numa entrevista publicada pelo Politico.  

"Estou sempre pronto", respondeu sucintamente.  

O mandato de cinco anos de Zelensky deveria ter terminado em maio do ano passado, mas não foram realizadas eleições devido à lei marcial imposta por causa da guerra com a Rússia. 

A retirada da região do Donbass, bem como a renúncia da Ucrânia à adesão à NATO, a garantias de segurança e às reparações russas no pós-guerra, são alguns dos pontos em que nem as partes beligerantes nem os mediadores conseguiram chegar a um acordo. 

Na última semana, as negociações foram marcadas por encontros entre o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, e o líder russo, Vladimir Putin, em Moscovo, e com o negociador ucraniano Rustem Umerov em Miami, sem que tenha sido alcançado qualquer acordo até ao momento. 


Leia Também: "Não estamos numa feira de Natal e o nosso território não está à venda"

O representante de Kyiv na ONU, Andrii Melnyk, garantiu hoje que os territórios ucranianos não estão à venda como numa "feira de Natal", reiterando a sua oposição a conceções territoriais à Rússia.


Leia Também: Defesas aéreas reivindicam abate de drones em tentativa de ataque a Moscovo

As defesas aéreas russas abateram hoje quatro drones ucranianos que se dirigiam para Moscovo, obrigando ao encerramento temporário dos aeroportos da capital russa, informou o presidente da câmara, Serguei Sobyanin.


Sem comentários:

Enviar um comentário