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Notícias ao Minuto 30/11/22
A comissão de supervisão da polícia de São Francisco, no estado norte-americano da Califórnia, aprovou na terça-feira o uso de robôs com capacidade de fogo letal em situações de emergência, numa medida que tem causado alguma apreensão em organizações cívicas sobre a ideia de dar ferramentas mais agressivas às autoridades policiais.
Numa conferência de imprensa, citada pela ABC News, a supervisora Connie Chan disse que, apesar de compreender as hesitações, as autoridades devem ter todos os meios à sua disposição. Mas admitiu que "não é uma discussão fácil".
Segundo a medida aprovada, a polícia só pode mobilizar robôs depois de terem sido esgotados todos os meios alternativos, e o uso destes dispositivos estará apenas à disposição de oficiais de alta patente. De momento, a polícia da cidade de São Francisco tem uma série de robôs, usados primariamente para investigar potenciais explosivos.
Em comunicado, a polícia de São Francisco, através da porta-voz Allison Maxie, garantiu que não tem robôs previamente armados nem planeia dar armas a robôs, mas vincou que o departamento pode mobilizar robôs com explosivos para "contactar, incapacitar ou desorientar suspeitos violentos, armados e perigosos".
A discussão em torno dos métodos letais pela polícia norte-americana não é recente. A morte de George Floyd, em maio de 2020, reacendeu e escalou um debate em torno do financiamento excessivo das forças policiais que, em algumas cidades, desde as mais pequenas às grandes metrópoles, têm à sua disposição armas e veículos de cariz militar para lidar com protestos pacíficos (argumentando que são necessários para lidar com a criminalidade em zonas perigosas).
Em São Francisco, uma zona conhecida pela sua raiz progressista no que diz respeito a direitos cívicos, as autoridades têm tentado pedir mais recursos e, na terça-feira, o debate em torno do uso de robôs durou mais de duas horas.
O presidente da comissão, Shamann Walton, que votou contra a proposta, alertou que a disponibilização de recursos excessivos afetará sempre as comunidades mais desfavorecidas, especialmente a comunidade afroamericana.
"Pedem-nos constantemente para fazer coisas em nome do aumento de armamento de oportunidades para interações negativas entre os departamentos policiais e pessoas de diversas etnias. Esta é uma dessas coisas", argumentou.
Também o escritório do procurador-geral de São Francisco salientou que dar a capacidade de matar pessoas por via remota vai contra os direitos dos cidadãos e os valores progressistas da cidade.
Por outro lado, o supervisor Rafael Mandelman, que votou a favor da medida, insurgiu-se contra aquilo que considera ser um discurso de desconfiança em torno da atividade policial nos Estados Unidos.
A possibilidade de a polícia norte-americana usar robôs controlados remotamente para usar força tem sido abordado desde o mandato de Barack Obama mas, depois de imagens preocupantes de polícias a afastarem manifestantes antirracistas com equipamentos militares, o então presidente recuou nessas medidas. Donald Trump, um fervoroso adepto de militarizar a polícia com todos os meios armados à sua disposição, voltou a pedir que o programa avançasse.
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