Fonte: observador.pt
Censos 2021 revelam um "aumento expressivo" da população idosa e um decréscimo da população jovem em Portugal. Residentes são ainda menos do que se pensava.
A população portuguesa está ainda mais envelhecida: os resultados provisórios do Censos 2021 revelam um “aumento expressivo” da população idosa e um decréscimo da população jovem em Portugal. Neste momento, por cada 100 jovens portugueses, há 182 idosos. Segundo o Instituto Nacional da Estatística, se os idosos são quase um quarto de toda a população residente (23,4%), os jovens não chegam aos 13%.
O grupo etário dos 65 anos ou mais foi mesmo o único em que o número de indivíduos aumentou: são mais 20,6% em relação a 2001, passando de dois milhões para mais de 2,4 milhões. Já o grupo etário dos bebés, crianças e jovens até aos 14 anos segue em sentido contrário e regista o maior decréscimo: são menos 15,4 pontos percentuais, passando de quase 1,6 milhões para 1,3 milhões.
Oleiros (Castelo Branco), Alcoutim (Faro) e Almeida (Guarda) são os municípios do país mais envelhecidos: o primeiro tem 780 idosos por cada 100 jovens — quatro vezes mais que a média nacional —, o segundo regista um índice de 759 idosos e o terceiro de 722.
Em sentido contrário, Ribeira Grande (São Miguel), Lagoa (São Miguel) e Santa Cruz (Madeira) não só são os concelhos com os índices de envelhecimento mais baixos — 57, 78 e 98 idosos por cada 100 jovens, respetivamente —, como são os únicos com mais jovens do que pessoas acima dos 64 anos. Os Açores apresentam, aliás, as percentagens de população jovem e de jovem ativa (15-24 anos) mais elevadas.
Portugal perdeu ainda mais população do que se estimava: há menos 217 mil residentes
Os novos resultados provisórios dos Censos também revelam que Portugal perdeu ainda mais população nos últimos 10 anos do que se havia contabilizado numa primeira fase. Os dados publicados em julho pelo INE diziam que Portugal tinha agora 10.347.892 pessoas, menos sensivelmente 214 mil do que em 2001. A atualização publicada esta quinta-feira diz que, afinal, há menos 217 mil residentes em Portugal — são 10.344.802 pessoas, quando em 2001 eram 10.356.117.
Há mais de 4,9 milhões de homens e mais de 5,4 milhões de mulheres, o que significa que há ainda mais pessoas do sexo feminino do que do sexo masculino em Portugal do que em 2011. Os Censos de 2021 apontam que o país tem 90,7 homens por cada 100 mulheres no país, quando há dez anos eram 91,5 homens por 100 mulheres.
Ainda assim, há duas faixas etárias com mais pessoas do sexo masculino do que pessoas do sexo feminino: a dos zero aos 14 anos e a dos 15 aos 24 anos. Por outro lado, no grupo com idades acima dos 65 anos, o número de homens é “significativamente inferior” ao das mulheres por causa dos maiores níveis de mortalidade da população masculina.
Tal como o INE já tinha explicado, o decréscimo populacional é explicado pelo saldo natural negativo: os nascimentos verificados em Portugal são inferiores aos óbitos registados no país. O saldo migratório, ainda que positivo, não foi suficientemente elevado para compensar a perda populacional. Esta é a primeira quebra populacional desde os Censos de 1970, quando o número de residentes diminuiu por causa da elevada emigração da década de 1960.
Mesmo assim, a população estrangeira residente em Portugal cresceu 40% em relação a 2011 e fixa-se agora nas 555.299 pessoas. Os imigrantes representam 5,4% do total da população portuguesa, quando em 2001 eram 3,7% dos residentes. A esmagadora maioria (81,4%) vem de países que não pertencem à União Europeia. O Algarve continua a ser a região portuguesa em que uma maior percentagem da população estrangeira residente no país se fixa.
Odemira (distrito de Beja, 28,6%), Aljezur (Faro, 26,3%), Vila do Bispo (Faro, 26,1%) Lagos (Faro, 23,4%) e Albufeira (Faro, 20,4%) são os municípios onde a população estrangeira é mais representativa. Mas existem 13 municípios onde a população estrangeira é inferior a 1% da população residente, com Barrancos (Beja) e Mesão Frio (Vila Real), ambos com 0,5%, e Gavião (Portalegre, 0,6%) a registarem os valores mais baixos.
Há menos casados e mais divorciados agora do que em 2011
Os últimos 10 anos trouxeram a Portugal uma percentagem menor de população casada e maior de população divorciada. Os Censos revelaram que só 41,1% das pessoas estão casadas — menos do que em 2011 (43,2%). Se há uma década 6% das pessoas estava divorciada, agora a percentagem subiu para 8%. O número de solteiros é praticamente o mesmo (43%), mas esta é a primeira vez que a população com estado civil divorciado passa a ser superior ao valor da população com estado civil viúvo (7,5%).
E há diferenças entre homens e mulheres. Segundo o INE, os homens têm uma maior representatividade no estado civil solteiro (eles são 46,8%, contra 40,2% de mulheres); e as mulheres estão mais representadas no estado civil viúvo (11,7% dos viúvos são mulheres e só 3% são homens).
17% dos portugueses tem o ensino superior
O nível de escolaridade da população portuguesa aumento na última década. São 1.800.101 os indivíduos que cumpriram o ensino superior, o que representa 17,4% de toda a população residente — muito mais do que os 11,8% de 2011 e dos apenas 7,2% de 2001. E 60% são mulheres. A população com ensino secundário e pós-secundário também cresceu significativamente, aumentando de 14,2% em 2011 para 21,3% em 2021.
Ainda assim, 13,7% das pessoas não completaram qualquer nível de ensino. O nível de escolaridade correspondente ao 1º ciclo do ensino básico abrange 21,4% da população, enquanto os 2º e 3º ciclos do ensino básico representam 10,7% e 15,5%, respetivamente.
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