Uma plantação de caju na tabanca de Tarreiro e uma outra na tabanca de Pápia, todas elas em zonas de Ingoré, nas linhas de fronteira com o Senegal, ficaram queimadas este fim-de-semana, por bombas, resultante de intensos tiros de artilharia pesada, na zona de Casamance, alegadamente envolvendo as Forças Armadas do Senegal e elementos do Movimento da Frente Democrática de Casamance (MFDC).
São registos de primeiros prejuízos da parte da população guineense, habitantes nas zonas fronteiriça com o senegal, bem próximo de lugares onde desenrolam, há cerca de duas semanas, confrontos entre militares senegaleses e as forças de MFDC de casamance. O incidente aconteceu numa altura em que se avizinha a campanha de comercialização da castanha de caju.
Wuié N’doque tabanca de Tarreiro e Marcelino Mendes da Tabanca de Pápia, donos das plantações queimadas, confirmaram o sucedido.
“Um dos meus colegas me ligou que a bala caiu onde pratico a lavoura”, denunciam.
Na tabanca de Brengolom, crianças e mulheres foram evacuadas para uma outra tabanca por questão de segurança, informou o comité da tabanca, Alexandra da Silva.
Já em tabanca de Mangomica, também próxima da linha de fronteira com o Senegal, o Comité desta tabanca, Marcelino Correia, disse que estão tranquilos, apesar de intensos combates entre as forças senegalesa e elementos do Movimento da Frente Democrática de Casamance (MFDC) que se está a registar nos últimos dias.
Em Bigene, que fica também perto da fronteira com o Senegal, são audíveis os sons de tiros de artilharia pesada, porém apesar disso a população local contínua tranquila, segundo a informação avançada pelo diretor da Rádio Sol Mansi que esteve nesta localidade neste fim-de-semana.
Na zona de Ingoré, concretamente nas tabancas próximas da linha fronteiriça com o Senegal, onde se está a registar confrontos entre forças armadas senegalesa e elementos independentistas de casamance, nota-se o reforço significativo de efetivos militar guineense que, tranquilamente, fazem o patrulhamento da zona. Entretanto, há, também, relatos em como os militares guineenses, destacados nesta localidade, se têm deparado com algumas dificuldades, nomeadamente falta de pequeno-almoço, falta de sabão para manter seus uniformes limpos e também falta de materiais de prevenção a covid-19.
De lembrar que um comunicado divulgado na quinta-feira, ultima, atribuído ao MFDC avisa que toda agressão das Forças Armadas do Senegal desencadeadas, a partir da Guiné-Bissau, será considerada como uma declaração de guerra contra Casamance.
Os registos foram conseguidos graças a cortesia da rádio comunitária de Ingore (Rádio Balafom).
Por: Casimiro Jorge Cajucam
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